terça-feira , 24 dezembro , 2024

Disney+ | Os 35 anos de O Ratinho Detetive – A vez em que “Sherlock Holmes” esteve na Disney

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Disponível no Disney Plus, animação de 1986 completa 35 anos

Ao longo do século XX a Disney produziu algumas das animações mais importantes de todos os tempos, principalmente na segunda metade do período. Mesmo assim, entre os anos 70 e 80, é curioso o número de produções do estúdio que embora tenham demonstrado sucesso à época de lançamento, hoje mal são lembradas pelo estúdio ou comunidade de fãs. Dentre elas existe um caso em específico de obra esquecida, lançada em 1986.



A produção de As Peripécias do Ratinho Detetive (The Great Mouse Detective) se desenrolou em um momento muito crítico para o departamento de animação da casa do Mickey. Um ano antes eles haviam se arriscado com sua produção mais madura até então, Caldeirão Mágico, pondo nela enormes esforços não só de pessoal mas também financeiros. A ideia era que esse fosse o primeiro capítulo de uma nova franquia baseada nos livros das Crônicas de Prydain.

A aura assustadora do projeto, bem como as menções diretas a morte e assassinato transformaram o filme em um fracasso de público; o alto investimento posto nele acabou por desencadear uma crise interna então sem precedentes, com a regra vigente voltando a ser para apostar em produções mais familiares e tradicionais.

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“Caldeirão Mágico” foi uma das apostas mais arriscadas da Disney.

Altamente pressionado o então presidente da Disney, Ron Miller, deu sinal verde para o início de uma nova animação; a princípio ela seria baseada em uma sugestão de Joe Hale, artista veterano da empresa com participações em clássicos como 101 Dálmatas e Bela Adormecida, para adaptar a série de livros Basil of Baker Street de Eve Titus, ainda nos anos 70. Essa é uma reimaginação das histórias escritas por Sir Arthur Conan Doyle e protagonizadas por Sherlock Holmes, porém, nessa versão todos os personagens humanos são substituídos por versões roedoras.

De início a ideia foi rejeitada pelo chefe, pois a concepção do projeto era muito similar a de um outro filme que ainda seria lançado pela Disney em 1977: Bernardo e Bianca. Em ambas as histórias os protagonistas seriam ratos e teriam a função de realizar algum tipo de salvamento; com isso a ideia tinha ido temporariamente para a geladeira até 1985. 

Com o novo contexto ele escolheu a dupla John Musk e Ron Clements para resgatarem a ideia de uma adaptação dos livros de Eve Titus, foi então encomendado que eles elaborassem um rascunho do roteiro e o apresentassem. Porém, um acontecimento extra-estúdio iria lançar uma nova dúvida sobre a ideia. Por volta de 1985 a Paramount lançou O Enigma da Pirâmide, esta sendo uma aventura com a dupla Holmes\Watson ainda na idade juvenil tendo que resolver seu primeiro caso.

Havia a preocupação, por parte da diretoria, que esse novo projeto pudesse ficar muito parecido com “Bernardo e Bianca”.

Mesmo tendo a produção de Steven Spielberg e apresentando um avanço importante no uso da computação gráfica, o filme foi considerado um fracasso pelo estúdio. Dessa forma, internamente a Disney estava muito desconfiada quanto às chances de sucesso de um novo projeto adaptando a marca de Sherlock Holmes vindo tão próximo desse caso de insucesso. Além do mais, Caldeirão Mágico estava já demonstrando problemas nos estágios finais de produção.

A problemática era tão intensa que até mesmo o orçamento de Ratinho Detetive teve que sofrer um corte para sanar os gastos que Caldeirão Mágico, àquela altura atingindo a casa dos US$ 40 milhões em orçamento, estava requisitando. Com isso, a adaptação da obra de Eve Titus precisou operar com “apenas” US$ 10 milhões (mais tarde tendo um leve aumento para 14 milhões).

Atualmente o filme carrega a fama de ser a primeira animação a compor uma cena inteiramente em CGI, mas isso aconteceu, inicialmente, como um tapa buraco. Originalmente o filme tinha previsão de lançamento para 1987, porém a alta cúpula da Disney adiantou a data para 1986. Com pouco tempo e dinheiro, a equipe teve que apelar para o uso da então nova tecnologia para gerar um ambiente inteiro.

Lançado mundialmente em 2 de julho, O Ratinho Detetive foi o sucesso que o departamento de animação do estúdio precisava. Ao final de seu período em cartaz ele gerou um lucro de US$ 50 milhões mundialmente (somando a bilheteria doméstica e estrangeira), bem como conquistando aclamação geral por parte da crítica, esta ressaltando constantemente a fluidez e qualidade geral da animação.

A aventura de Basil foi o sucesso que a Disney precisava.

A película também apresentou para o público um leque inesquecível de personagens carismáticos. Entretanto, é certo que o protagonista Basil (que, assim como sua contraparte nos livros, possui esse nome em homenagem ao melhor ator a ter interpretado Sherlock nos cinemas: Basil Rathbone) e o antagonista Ratagão roubam todas as cenas. Enquanto o primeiro é um arquétipo do herói clássico do estúdio, o segundo tem em seu divertimento com vilanias um carisma que também é comum na maior parte dos vilões do estúdio (além de uma dublagem exemplar de Vincent Price).

De quebra ainda existe uma referência muito interessante para os fãs dos filmes de Sherlock Holmes da década de 40; durante a cena de introdução de Basil e Dawson é perceptível que a morada deles também é na 221b da Baker Street (a casa de Holmes) além de que é possível ouvir o próprio detetive falando em outro cômodo. A voz utilizada nesse momento veio de arquivos sonoros do próprio Basil Rathbone durante uma leitura de A Liga dos Cabeças Vermelhas, escrito por Conan Doyle, gravado pela Caedmon Records em 1966.

Ainda que não tenha envelhecido como uma das obras mais populares do estúdio, O Ratinho Detetive aplica perfeitamente todos os elementos que tornaram a Disney o que ela é. De quebra ainda é um tributo muito agradável para os fãs do famoso detetive, do qual todos os famosos elementos de suas histórias são respeitados ao máximo. Esse sem dúvida é um clássico da Disney que necessita de maior atenção, principalmente pela valorização nos últimos anos da propriedade Sherlock Holmes, e certamente é uma pérola escondida no serviço do Disney Plus.

 

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A produção de As Peripécias do Ratinho Detetive (The Great Mouse Detective) se desenrolou em um momento muito crítico para o departamento de animação da casa do Mickey. Um ano antes eles haviam se arriscado com sua produção mais madura até então, Caldeirão Mágico, pondo nela enormes esforços não só de pessoal mas também financeiros. A ideia era que esse fosse o primeiro capítulo de uma nova franquia baseada nos livros das Crônicas de Prydain.

A aura assustadora do projeto, bem como as menções diretas a morte e assassinato transformaram o filme em um fracasso de público; o alto investimento posto nele acabou por desencadear uma crise interna então sem precedentes, com a regra vigente voltando a ser para apostar em produções mais familiares e tradicionais.

“Caldeirão Mágico” foi uma das apostas mais arriscadas da Disney.

Altamente pressionado o então presidente da Disney, Ron Miller, deu sinal verde para o início de uma nova animação; a princípio ela seria baseada em uma sugestão de Joe Hale, artista veterano da empresa com participações em clássicos como 101 Dálmatas e Bela Adormecida, para adaptar a série de livros Basil of Baker Street de Eve Titus, ainda nos anos 70. Essa é uma reimaginação das histórias escritas por Sir Arthur Conan Doyle e protagonizadas por Sherlock Holmes, porém, nessa versão todos os personagens humanos são substituídos por versões roedoras.

De início a ideia foi rejeitada pelo chefe, pois a concepção do projeto era muito similar a de um outro filme que ainda seria lançado pela Disney em 1977: Bernardo e Bianca. Em ambas as histórias os protagonistas seriam ratos e teriam a função de realizar algum tipo de salvamento; com isso a ideia tinha ido temporariamente para a geladeira até 1985. 

Com o novo contexto ele escolheu a dupla John Musk e Ron Clements para resgatarem a ideia de uma adaptação dos livros de Eve Titus, foi então encomendado que eles elaborassem um rascunho do roteiro e o apresentassem. Porém, um acontecimento extra-estúdio iria lançar uma nova dúvida sobre a ideia. Por volta de 1985 a Paramount lançou O Enigma da Pirâmide, esta sendo uma aventura com a dupla Holmes\Watson ainda na idade juvenil tendo que resolver seu primeiro caso.

Havia a preocupação, por parte da diretoria, que esse novo projeto pudesse ficar muito parecido com “Bernardo e Bianca”.

Mesmo tendo a produção de Steven Spielberg e apresentando um avanço importante no uso da computação gráfica, o filme foi considerado um fracasso pelo estúdio. Dessa forma, internamente a Disney estava muito desconfiada quanto às chances de sucesso de um novo projeto adaptando a marca de Sherlock Holmes vindo tão próximo desse caso de insucesso. Além do mais, Caldeirão Mágico estava já demonstrando problemas nos estágios finais de produção.

A problemática era tão intensa que até mesmo o orçamento de Ratinho Detetive teve que sofrer um corte para sanar os gastos que Caldeirão Mágico, àquela altura atingindo a casa dos US$ 40 milhões em orçamento, estava requisitando. Com isso, a adaptação da obra de Eve Titus precisou operar com “apenas” US$ 10 milhões (mais tarde tendo um leve aumento para 14 milhões).

Atualmente o filme carrega a fama de ser a primeira animação a compor uma cena inteiramente em CGI, mas isso aconteceu, inicialmente, como um tapa buraco. Originalmente o filme tinha previsão de lançamento para 1987, porém a alta cúpula da Disney adiantou a data para 1986. Com pouco tempo e dinheiro, a equipe teve que apelar para o uso da então nova tecnologia para gerar um ambiente inteiro.

Lançado mundialmente em 2 de julho, O Ratinho Detetive foi o sucesso que o departamento de animação do estúdio precisava. Ao final de seu período em cartaz ele gerou um lucro de US$ 50 milhões mundialmente (somando a bilheteria doméstica e estrangeira), bem como conquistando aclamação geral por parte da crítica, esta ressaltando constantemente a fluidez e qualidade geral da animação.

A aventura de Basil foi o sucesso que a Disney precisava.

A película também apresentou para o público um leque inesquecível de personagens carismáticos. Entretanto, é certo que o protagonista Basil (que, assim como sua contraparte nos livros, possui esse nome em homenagem ao melhor ator a ter interpretado Sherlock nos cinemas: Basil Rathbone) e o antagonista Ratagão roubam todas as cenas. Enquanto o primeiro é um arquétipo do herói clássico do estúdio, o segundo tem em seu divertimento com vilanias um carisma que também é comum na maior parte dos vilões do estúdio (além de uma dublagem exemplar de Vincent Price).

De quebra ainda existe uma referência muito interessante para os fãs dos filmes de Sherlock Holmes da década de 40; durante a cena de introdução de Basil e Dawson é perceptível que a morada deles também é na 221b da Baker Street (a casa de Holmes) além de que é possível ouvir o próprio detetive falando em outro cômodo. A voz utilizada nesse momento veio de arquivos sonoros do próprio Basil Rathbone durante uma leitura de A Liga dos Cabeças Vermelhas, escrito por Conan Doyle, gravado pela Caedmon Records em 1966.

Ainda que não tenha envelhecido como uma das obras mais populares do estúdio, O Ratinho Detetive aplica perfeitamente todos os elementos que tornaram a Disney o que ela é. De quebra ainda é um tributo muito agradável para os fãs do famoso detetive, do qual todos os famosos elementos de suas histórias são respeitados ao máximo. Esse sem dúvida é um clássico da Disney que necessita de maior atenção, principalmente pela valorização nos últimos anos da propriedade Sherlock Holmes, e certamente é uma pérola escondida no serviço do Disney Plus.

 

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