Há um tempo, o CinePOP falou sobre a chega dos Pixar SparkShorts ao catálogo do Disney+. Porém, uma ausência chamou atenção. Assim que chegou ao Brasil, o Disney+ colocou praticamente a coleção inteira dos Pixar SparkShorts para que os assinantes pudessem assistir e repercutir esses curtas mais autorais de nomes ainda não tão famosos no mercado das animações. No entanto, o curta Out, que ficou famoso por trazer o primeiro casal LGBT da Disney não foi inserido, o que causou certa polêmica na internet.
E como no exterior houve países que fizeram petições exigindo que o curta fosse removido do catálogo – a mais significativa teve mais de 29 mil assinaturas -, alguns membros da comunidade LGBT brasileira protestaram contra o serviço, perguntando por que “Out” ainda não havia chegado ao Brasil. Algumas pessoas chegaram até a chamar a Disney de homofóbica e coisas do tipo, pensando que o curta havia sido propositalmente removido da plataforma. Porém, se nem as petições estrangeiras foram capazes de censurar a história de Greg e seu cachorro, não seria no Brasil que isso aconteceria. Acontece que o mal entendido se deu porque a empresa tem adotado o formato de lançamento semanal. Ou seja, conteúdos originais e antigas produções do estúdio são adicionados toda semana. Out, que chegou ao Disney+ brasileiro na sexta-feira (18/12), passou a constar no catálogo com o nome Segredos Mágicos.
Na trama do curta, Greg é um homem comum, cuja vida muda completamente após ganhar um filhotinho de cachorro. Junto ao doguinho, ele consegue uma nova perspectiva e consegue se entender melhor como pessoa. E toda a espera pela chegada de Segredos Mágicos valeu a pena, porque, segundo foi apontado pelo Almanaque Disney, a versão brasileira do curta traz um casal LGBT de dubladores, Lucas Gama e Fernando Mendonça, para dar voz a Greg e Manuel. Foi uma ideia maravilhosa, já que nada melhor do que um curta sobre representatividade exercer a inclusão independentemente do país em que ele é lançado.
Conheça o projeto ‘Pixar SparkShorts’
Lançado há cerca de um ano na gringa, os SparkShorts revivem um tipo de conteúdo que ajudou a consolidar a Pixar nos cinemas: os curtas animados. Quem foi criança nos anos 1990 e 2000 provavelmente lembra da empolgação de ir aos cinemas para ver um filme da Pixar e se encantar e divertir com um filminho animado que passava antes do longa. Nos últimos anos, as animações da Disney passaram a ter alguns curtas também, geralmente não tão criativos quanto os da Pixar, mas ainda assim divertidos. Sem a necessidade de serem lançados nos cinemas, as mentes criativas por trás dos SparkShots puderam então trabalhar em curtas mais conceituais, independentes.
“O programa dos SparkShots foi feito para estimular a descoberta de novos contadores de histórias, explorar novas maneiras de contar histórias e experimentar novos modelos de produção. Esses filmes são diferentes de tudo que já fizemos na Pixar, proporcionando uma oportunidade de expandir o potencial de artistas independentes e suas filmagens criativas e abordagens em escala menor do que a que normalmente fazemos”, comentou o presidente da Pixar, Jim Morris.
Seguindo essa ideia de filmes criativos, mas não tão megalomaníacos, a coleção de sete curtas está quase toda completa no catálogo do Disney+. Conheça os sete curtas e descubra quais estão disponíveis!
Esse curta platônico te leva para uma realidade diferente, onde as situações são pé no chão, mas ao mesmo tempo existe uma magia por trás das coisas. Nele, um menino e sua avó ficam presos em um abismo sem fim conhecido. Sonhando com a vida fora dali, eles coletam diversos materiais para conseguirem fugir dali e viver com qualidade longe do abismo.
Fitas talvez seja o menos palatável dos curtas justamente por mexer com uma realidade que está muito próxima do nosso mundo, mas, ainda assim, sofra com o preconceito: o autismo. Na trama, duas crianças estão em um lago de acampamento. A menina é autista e parece ser isolada pelas outras crianças. O menino chega atrasado e é direcionado pelo instrutor a fazer dupla com a menina para que eles brincassem com as canoas no lago. Contrariado, o garoto aceita o direcionamento e acaba descobrindo diversas coisas sobre a menina. A menina é a primeira personagem abertamente autista da Disney a se comunicar de forma não verbal.
Na trama, um pai descobre que seu bebê é completamente diferente das crianças normais, já que ele é capaz de flutuar. Tentando evitar que eles sofram retaliação e preconceito das outras pessoas, ele decide esconder as habilidades do bebê, o que é feito a muito custo. Até o momento em que as coisas saem de controle e ele precisa decidir entre se esconder da sociedade e largar a criança para o julgamento popular ou aceitar seu filho como ele é e dar todo o apoio que ele precisa. A mensagem oculta aqui é bem clara e o curta é um dos mais incríveis da série.
Utilizando uma animação mais estilizada e que foge ao padrão básico das animações da Pixar, Kitbull aborda o preconceito ao mostrar o nascimento de uma relação de amizade entre duas espécies “rivais” na natureza: um gatinho agressivo e um pit bull bobalhão. Juntos, eles descobrem que mesmo estando em posições diferentes na vida, não precisam se odiar.
Com um visual espetacular, Smash and Grab até parece um episódio da série antológica Love, Death & Robots. No curta, dois robôs velhos, que estão fora de linha e sem grande valorização laboral, trabalham há anos dentro da sala de máquinas de uma locomotiva gigantesca. Cansados da escravidão, eles vão colocar tudo em risco para conseguirem colocar em prática o sonho de liberdade de uma vida fora da sala de máquinas.
Ridiculamente criativo, reflexivo e divertido, Purl conta a história de um pomposo novelo de lã que pena para conseguir um emprego. No caos do dia a dia, ele consegue um trabalho em uma start-up formada exclusivamente por homens. O ritmo de trabalho é frenético e o ambiente de trabalho está longe de ser saudável. Conforme ele vai trabalhando, certas situações de trabalho começam a surgir e ele precisa decidir se vai tolerar essas coisas para ser aceito pelos colegas de escritório ou se vai se manter fiel aos seus ideais. Afinal, até que ponto certas coisas são aceitáveis para se sentir incluído?