terça-feira , 5 novembro , 2024

Do Pior ao Melhor: Filmes do Festival Varilux de Cinema Francês 2020

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Em maio deste ano o Festival Varilux de Cinema Francês promoveu uma versão online com obras de suas edições anteriores. Contudo, o espaço digital não foi suficiente para os organizadores do evento, no qual registrou 666.514 visualizações na plataforma Looke. Ávidos por trazer os recentes títulos franceses aos cinemas brasileiros e prestar a devida homenagem aos 60 anos da Nouvelle Vague, o festival apresenta uma programação inédita e nostálgica por todo o país a partir de 19 de novembro até meados de fevereiro. 

Com a reabertura dos cinemas nacionais em outubro, o projeto é um chamariz para trazer o público de volta às salas de maneira segura. Por conta da pandemia da Covid-19, espaços de projeção têm declarado fechamento de portas, como o Cine Joia, no Rio de Janeiro, e o Petra Belas Artes, em São Paulo, ambos na última semana. Com objetivo de atender às necessidades do público, os filmes do festival ficarão em cartaz por até três meses. 

Ainda sem uma vacina para proteger a população, as medidas sanitárias e porte de máscaras são as principais barreiras contra a disseminação do vírus e a manutenção da indústria cultural no país. Para isso, o Festival Varilux de Cinema Francês caprichou na programação e o CinePOP apresenta a lista detalhada de obras obrigatórias para os amantes da sétima arte e, principalmente, os apaixonados pela cultura francesa

Com base nas notas do termômetro de crítica francês, Sens Critique (SC), o CinePOP apresenta uma lista de pior ao melhor da seleção do festival deste ano. Confira abaixo: 

18. Persona Non Grata (2019, SC – 4.7)

Em seu quinto longa como diretor, Roschdy Zem (Chocolate), realiza a adaptação do brasileiro O Invasor (2001), de Beto Brant. Sem Marcos Rica e Alexandre Borges, o filme conta a história dos sócios José (Nicolas Duvauchelle) e Maxime (Raphaël Personnaz), que diante de uma dificuldade financeira, encontra uma saída para um futuro melhor de maneira ilícita. Como no romance de Marçal de Aquino, a lógica desse suspense policial é que o “homem é o lobo do homem”. 

17. Donas da Bola (2020, SC – 5.1)

Com o mote de driblar o patriarcado, a comédia Une Belle Équipe apresenta uma equipe de jogadoras de futebol de uma pequena cidade na França. Contra o costume local e com a intenção de salvar o time da região, o treinador Marco (Kad Merad) tem a ideia de colocar as mulheres em campo e mudar o cotidiano e os velhos costumes da ultrapassada cidade. Amor pelo esporte e transposição de velhas normas sociais dão o resultado de uma agradável comédia. 

16. A Boa Esposa (2020, SC – 5.6)

Encabeçado por Juliette Binoche, La Bonne Épouse é uma comédia que brinca com o papel social da esposa. Na trama, Paulette (Binoche) dirige uma escola de donas de casa, onde as mulheres aprendem a manter uma casa e cumprir os deveres conjugais. Após a morte repentina do seu marido e à beira da falência, ela começa a duvidar do seu trabalho e a questionar sua liberdade. Antes dos movimentos de maio de 68, a comédia é uma engraçada caricatura patriarcal encarnada por excelentes atrizes, como ​​Yolande Moreau (O Fabuloso Destino de Amélie Poulain) e Noémie Lvovsky (Camille Outra Vez).

15. Meu Primo (2020, SC – 5.6)

À primeira vista, Mon Cousin é uma típica comédia francesa de exageros, diálogos rápidos e mal entendidos. Contudo, o cineasta Jan Kounen (Coco Chanel & Igor Stravinsky) discute a relação de dois primos com o trabalho e os seus modos de vida, um sendo o louco na visão do outro. Pierre (Vincent Lindon), o executivo de uma grande empresa familiar, precisa da assinatura do seu primo Adrien (François Damiens) para fechar um ótimo negócio. O segundo, no entanto, quer aproveitar a visita do primo para aventurar-se com ele, enquanto o sério empresário quer apenas resolver a questão o mais cedo possível. Ou seja, situações inusitadas para no fazer rir. 

14. Notre Dame (2019, SC – 5.8)

Dirigido, escrito e protagonizado por Valérie Donzelli (A Guerra está Declarada), Notre Dame é uma comédia romântica sobre a vida atribulada da mulher moderna na capital francesa. Na pele da arquiteta Maud Crayon, mãe de dois adolescentes e às voltas com o ex-marido, Donzelli busca em seu quinto filme fazer um retrato bem-humorado de uma sociedade galopante em desordem e frustração. Após o infortúnio incêndio da Catedral Notre Dame de Paris em 2019, o nome do filme nos remete também a um tom melancólico da cidade. 

13. O Capital do Século XXI (2019, CS – 6.0)

Adaptação do livro do economista francês Thomas Piketty, com mais de 25 milhões de exemplares vendidos no mundo, Le Capital au XXIe siècle apresenta referências da cultura pop para explicar o ciclo do capitalismo no mundo. Com direção do neozelandês Justin Pemberton, o documentário conta com a participação de outros especialistas para descortinar a contraposição da riqueza e o poder de um lado e o progresso social e as desigualdades de outro, além de apresentarem as suas perspectivas para o amanhã. 

12. Apagar o Histórico (2020, SC – 6.1)

Se objetivo é rir do cotidiano digital, Effacer l’historique é a indicação certa. A dupla de diretores e roteiristas Benoît Delépine e Gustave Kervern conta a aventura de três vizinhos em pé de guerra com as redes sociais e novas tecnologias. Eles têm os seus motivos, afinal Marie (Blanche Gardin) é vítima de chantagem com uma sextape, já Bertrand (Denis Podalydès) sofre com o assédio moral da filha na escola, enquanto Christine (Corinne Masiero), uma motorista particular, vive irritada com as notas de seus clientes no aplicativo. Juntos, eles unem forças para destruir os gigantes da internet. Será que eles têm alguma chance? 

11. DNA (2020, SC – 6.1)

Após os pungentes Polisse (2011) e Meu Rei (2015), Maïwenn apresenta a composição das origens francesas neste drama protagonizado pelas estrelas Louis Garrel (Adoráveis Mulheres) e Fanny Ardant (Os Belos Dias), selecionado para o Festival de Cannes 2020. Com uma mensagem tocante sobre laços familiares, Neige (Maïwenn) explora sua herança e suas raízes argelinas a partir do falecimento do seu avô. O longa disputa ao lado de Mignonnes, de Maïmouna Doucouré, e Verão de 85, de François Ozon, o posto para representar a França no Oscar 2021

10. Sou Francês e Preto (2020, SC – 6.2)

Lançado logo após a reabertura dos cinemas na França este ano, a comédia dirigida, escrita e protagonizada por Jean-Pascal Zadi, em parceria com John Wax, levou mais 700 mil pessoas aos cinemas no país. De forma burlesca, a obra debruça-se sobre a questão das múltiplas identidades étnicas na França, principalmente a situação dos negros. Para mudar o atual cenário, JP, um ator mal sucedido de 40 anos, decide organizar um grande protesto pela causa negra no país, mas seus malfadados encontros com personalidades influentes da comunidade o fazem refletir sobre os seus verdadeiros anseios.

9. Verão de 85 (2020, SC – 6.4)

Na disputa por representar a França no Oscar 2021, o drama de François Ozon foi agraciado pela crítica francesa e desponta como um dos melhores filmes do país neste ano. Com uma atmosfera idílica, Ozon nos envolve na história de amor jovem de Alexis (Félix Lefebvre), de 16 anos, e David (Benjamin Voisin), de 18 anos, nas praias da Normandia durante as férias de verão. Graças ao trabalho fantástico dos atores, o filme nos embala em momentos trágicos, tocantes e com a canção de Rod Stewart em nossos ouvidos até os créditos finais. 

8. A Garota da Pulseira (2020, SC – 6.7)

Enigmático até o último minuto, o terceiro longa-metragem de Stéphane Demoustier acompanha o julgamento de Lise Bataille, uma adolescente de 18 anos acusada de matar sua melhor amiga. Com um semblante completamente blasé a novata atriz Melissa Guers provoca os espectadores a decidir seu veredito antes da sentença final. Contudo, a narrativa explora a confusão dos pais da jovem, vividos por Chiara Mastroianni e Roschdy Zem, a cada nova revelação do processo judicial. A advogada de acusação (Anaïs Demoustier) destaca-se por sua veemência no caso, no qual o moralismo dos espectadores é posto à prova para condenar ou defender a jovem.

7. Slalom (2020, SC – 6.7)

Selecionado oficial do Festival de Cannes 2020, Slalom é o longa-metragem de estreia da cineasta Charlène Favier. Em época do movimento #MeToo, a diretora coloca o cinema em pauta para discutir abuso sexual no esporte com base em sua própria trágica experiência. Na ficção, é Lyz (Noée Abita), uma jovem de 15 anos, que dá voz ao tema. Determinada ao sucesso, a adolescente entra para uma prestigiosa equipe de esqui, no entanto, o ex-campeão Fred (Jérémie Renier) assume o papel de seu treinador e, infelizmente, dominador da sua vida. 

6. Minhas Férias com Patrick (2020, SC – 6.8)

Também selecionado para o Festival de Cannes 2020, Antoinette dans les Cévennes levou mais 500 mil franceses aos cinemas neste ano. Protagonizado pela comediante Laure Calamy, conhecida pela série francesa Dix per cent (2015-2020), o filme retrata as férias não planejadas de Antoinette. Após ser deixada de lado pelo amante, que parte a Cévennes com esposa e a filha, a jovem decide segui-lo até lá. No entanto, ela encontra apenas Patrick, um asno que a seguirá durante a sua jornada nas montanhas. Há quem diga que a cineasta Caroline Vignal encontrou inspiração nas obras de Éric Rohmer para esta aventura. 

5. A Famosa Invasão dos Ursos na Sicília (2019, 6.9)

 

Esta é uma bela fábula de animação com uma forte mensagem por trás. Tudo começa na Sicília, quando Tonio, filho do rei dos ursos Léonce, é sequestrado por caçadores. Acometido por um rigoroso inverno e falta de provisões, o rei Léonce e o seu povo decidem procurar Tonio e invadir a planície onde vivem os homens. Com a ajuda de seu exército e de um mágico, ele finalmente encontra Tonio e assume o controle do país. A partir de perspectivas diferentes, o longa de Lorenzo Mattotti apresenta os dilemas entre os povos dos ursos e dos homens nesse embate sobre poder e equilíbrio. 

4. Belle Epoque (2019, SC – 7.1)

Em seu segundo longa, Nicolas Bedos evoca a nostalgia para embalar o seu roteiro. Nesta bela trama, o sexagenário Victor (Daniel Auteuil) sente sua vida sacudir após conhecer Antoine (Guillaume Canet), um empresário que oferece a seus clientes a chance de mergulhar de volta em qualquer época de sua escolha. Você, com certeza, já ouviu esse enredo antes, não é? Contudo, Bedos pode te surpreender. O protagonista escolhe reviver a semana mais memorável de sua vida, 40 anos antes, quando conheceu o amor. A questão do filme é: recriar lembranças nos faz senti-las novamente?

3. Mais Que Especiais (2019, SC – 7.3)

Dos diretores dos filmes Intocáveis (2011) e Samba (2014), Eric Toledano e Olivier Nakache, Hors Normes é um filme humanista e tocante. Os personagens Bruno (Vincent Cassel) e Malik (Reda Kateb) vivem em um mundo à parte há 20 anos, aquele formado pelas crianças e adolescentes com autismo. Eles se dedicam à formação de jovens vindos de bairros problemáticos e buscam lidar com os casos considerados mais complexos pela sociedade. Sem recorrer ao melodrama, os diretores misturam humor e emoção para apresentar o delicado tema, tal como em suas obras anteriores. 

2. Acossado  (1960, SC – 7.3)

Clássico do cinema mundial, À Bout de Souffle é o grande representante da nova onda (nouvelle vague) de cinema verdade proposta por François Truffaut, Jean-Luc Godard, Éric Rohmer, Claude Chabrol, Jacques Rivette, Alain Resnais, Louis Malle, Agnès Varda e Jacques Demy, entre o fim dos anos 1950 e início dos 1970. Em resumo, o roteiro de Truffaut segue um contraventor (Jean-Paul Belmondo) pela cidade de Paris e, pelas lentes de Godard, observamos o romance do meliante com uma estudante de jornalismo norte-americana (Jean Seberg), a qual ele tenta convencer a fugir com ele para Itália. O resto é uma ótima surpresa. 

Leia mais sobre Acossado na matéria 10 Filmes Para Conhecer Paris sem Clichês. 

1. Gagarine (2020, SC – 7.4)

Presente na seleção do Festival de Cannes deste ano, o filme de estreia da dupla Fanny Liatard e Jérémy Trouilh segue Youri (Alseni Bathily), de 16 anos, que cresceu em Gagarine, um enorme conjunto habitacional em Ivry-sur-Seine, periferia de Paris. O jovem sonha em tornar-se cosmonauta e ao saber da ameaça de demolição de sua moradia, ele e outros moradores se unem para salvar o local. Com um toque de surrealismo, o ambiente de luta transforma-se em uma batalha galáctica. Vale dizer que o filme é derivado de um curta dos próprios criadores, de 2015. Esta é uma das cinco obras na corrida para representar a França na cerimônia do Oscar 2021.

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Letícia Alassë
Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

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Em maio deste ano o Festival Varilux de Cinema Francês promoveu uma versão online com obras de suas edições anteriores. Contudo, o espaço digital não foi suficiente para os organizadores do evento, no qual registrou 666.514 visualizações na plataforma Looke. Ávidos por trazer os recentes títulos franceses aos cinemas brasileiros e prestar a devida homenagem aos 60 anos da Nouvelle Vague, o festival apresenta uma programação inédita e nostálgica por todo o país a partir de 19 de novembro até meados de fevereiro. 

Com a reabertura dos cinemas nacionais em outubro, o projeto é um chamariz para trazer o público de volta às salas de maneira segura. Por conta da pandemia da Covid-19, espaços de projeção têm declarado fechamento de portas, como o Cine Joia, no Rio de Janeiro, e o Petra Belas Artes, em São Paulo, ambos na última semana. Com objetivo de atender às necessidades do público, os filmes do festival ficarão em cartaz por até três meses. 

Ainda sem uma vacina para proteger a população, as medidas sanitárias e porte de máscaras são as principais barreiras contra a disseminação do vírus e a manutenção da indústria cultural no país. Para isso, o Festival Varilux de Cinema Francês caprichou na programação e o CinePOP apresenta a lista detalhada de obras obrigatórias para os amantes da sétima arte e, principalmente, os apaixonados pela cultura francesa

Com base nas notas do termômetro de crítica francês, Sens Critique (SC), o CinePOP apresenta uma lista de pior ao melhor da seleção do festival deste ano. Confira abaixo: 

18. Persona Non Grata (2019, SC – 4.7)

Em seu quinto longa como diretor, Roschdy Zem (Chocolate), realiza a adaptação do brasileiro O Invasor (2001), de Beto Brant. Sem Marcos Rica e Alexandre Borges, o filme conta a história dos sócios José (Nicolas Duvauchelle) e Maxime (Raphaël Personnaz), que diante de uma dificuldade financeira, encontra uma saída para um futuro melhor de maneira ilícita. Como no romance de Marçal de Aquino, a lógica desse suspense policial é que o “homem é o lobo do homem”. 

17. Donas da Bola (2020, SC – 5.1)

Com o mote de driblar o patriarcado, a comédia Une Belle Équipe apresenta uma equipe de jogadoras de futebol de uma pequena cidade na França. Contra o costume local e com a intenção de salvar o time da região, o treinador Marco (Kad Merad) tem a ideia de colocar as mulheres em campo e mudar o cotidiano e os velhos costumes da ultrapassada cidade. Amor pelo esporte e transposição de velhas normas sociais dão o resultado de uma agradável comédia. 

16. A Boa Esposa (2020, SC – 5.6)

Encabeçado por Juliette Binoche, La Bonne Épouse é uma comédia que brinca com o papel social da esposa. Na trama, Paulette (Binoche) dirige uma escola de donas de casa, onde as mulheres aprendem a manter uma casa e cumprir os deveres conjugais. Após a morte repentina do seu marido e à beira da falência, ela começa a duvidar do seu trabalho e a questionar sua liberdade. Antes dos movimentos de maio de 68, a comédia é uma engraçada caricatura patriarcal encarnada por excelentes atrizes, como ​​Yolande Moreau (O Fabuloso Destino de Amélie Poulain) e Noémie Lvovsky (Camille Outra Vez).

15. Meu Primo (2020, SC – 5.6)

À primeira vista, Mon Cousin é uma típica comédia francesa de exageros, diálogos rápidos e mal entendidos. Contudo, o cineasta Jan Kounen (Coco Chanel & Igor Stravinsky) discute a relação de dois primos com o trabalho e os seus modos de vida, um sendo o louco na visão do outro. Pierre (Vincent Lindon), o executivo de uma grande empresa familiar, precisa da assinatura do seu primo Adrien (François Damiens) para fechar um ótimo negócio. O segundo, no entanto, quer aproveitar a visita do primo para aventurar-se com ele, enquanto o sério empresário quer apenas resolver a questão o mais cedo possível. Ou seja, situações inusitadas para no fazer rir. 

14. Notre Dame (2019, SC – 5.8)

Dirigido, escrito e protagonizado por Valérie Donzelli (A Guerra está Declarada), Notre Dame é uma comédia romântica sobre a vida atribulada da mulher moderna na capital francesa. Na pele da arquiteta Maud Crayon, mãe de dois adolescentes e às voltas com o ex-marido, Donzelli busca em seu quinto filme fazer um retrato bem-humorado de uma sociedade galopante em desordem e frustração. Após o infortúnio incêndio da Catedral Notre Dame de Paris em 2019, o nome do filme nos remete também a um tom melancólico da cidade. 

13. O Capital do Século XXI (2019, CS – 6.0)

Adaptação do livro do economista francês Thomas Piketty, com mais de 25 milhões de exemplares vendidos no mundo, Le Capital au XXIe siècle apresenta referências da cultura pop para explicar o ciclo do capitalismo no mundo. Com direção do neozelandês Justin Pemberton, o documentário conta com a participação de outros especialistas para descortinar a contraposição da riqueza e o poder de um lado e o progresso social e as desigualdades de outro, além de apresentarem as suas perspectivas para o amanhã. 

12. Apagar o Histórico (2020, SC – 6.1)

Se objetivo é rir do cotidiano digital, Effacer l’historique é a indicação certa. A dupla de diretores e roteiristas Benoît Delépine e Gustave Kervern conta a aventura de três vizinhos em pé de guerra com as redes sociais e novas tecnologias. Eles têm os seus motivos, afinal Marie (Blanche Gardin) é vítima de chantagem com uma sextape, já Bertrand (Denis Podalydès) sofre com o assédio moral da filha na escola, enquanto Christine (Corinne Masiero), uma motorista particular, vive irritada com as notas de seus clientes no aplicativo. Juntos, eles unem forças para destruir os gigantes da internet. Será que eles têm alguma chance? 

11. DNA (2020, SC – 6.1)

Após os pungentes Polisse (2011) e Meu Rei (2015), Maïwenn apresenta a composição das origens francesas neste drama protagonizado pelas estrelas Louis Garrel (Adoráveis Mulheres) e Fanny Ardant (Os Belos Dias), selecionado para o Festival de Cannes 2020. Com uma mensagem tocante sobre laços familiares, Neige (Maïwenn) explora sua herança e suas raízes argelinas a partir do falecimento do seu avô. O longa disputa ao lado de Mignonnes, de Maïmouna Doucouré, e Verão de 85, de François Ozon, o posto para representar a França no Oscar 2021

10. Sou Francês e Preto (2020, SC – 6.2)

Lançado logo após a reabertura dos cinemas na França este ano, a comédia dirigida, escrita e protagonizada por Jean-Pascal Zadi, em parceria com John Wax, levou mais 700 mil pessoas aos cinemas no país. De forma burlesca, a obra debruça-se sobre a questão das múltiplas identidades étnicas na França, principalmente a situação dos negros. Para mudar o atual cenário, JP, um ator mal sucedido de 40 anos, decide organizar um grande protesto pela causa negra no país, mas seus malfadados encontros com personalidades influentes da comunidade o fazem refletir sobre os seus verdadeiros anseios.

9. Verão de 85 (2020, SC – 6.4)

Na disputa por representar a França no Oscar 2021, o drama de François Ozon foi agraciado pela crítica francesa e desponta como um dos melhores filmes do país neste ano. Com uma atmosfera idílica, Ozon nos envolve na história de amor jovem de Alexis (Félix Lefebvre), de 16 anos, e David (Benjamin Voisin), de 18 anos, nas praias da Normandia durante as férias de verão. Graças ao trabalho fantástico dos atores, o filme nos embala em momentos trágicos, tocantes e com a canção de Rod Stewart em nossos ouvidos até os créditos finais. 

8. A Garota da Pulseira (2020, SC – 6.7)

Enigmático até o último minuto, o terceiro longa-metragem de Stéphane Demoustier acompanha o julgamento de Lise Bataille, uma adolescente de 18 anos acusada de matar sua melhor amiga. Com um semblante completamente blasé a novata atriz Melissa Guers provoca os espectadores a decidir seu veredito antes da sentença final. Contudo, a narrativa explora a confusão dos pais da jovem, vividos por Chiara Mastroianni e Roschdy Zem, a cada nova revelação do processo judicial. A advogada de acusação (Anaïs Demoustier) destaca-se por sua veemência no caso, no qual o moralismo dos espectadores é posto à prova para condenar ou defender a jovem.

7. Slalom (2020, SC – 6.7)

Selecionado oficial do Festival de Cannes 2020, Slalom é o longa-metragem de estreia da cineasta Charlène Favier. Em época do movimento #MeToo, a diretora coloca o cinema em pauta para discutir abuso sexual no esporte com base em sua própria trágica experiência. Na ficção, é Lyz (Noée Abita), uma jovem de 15 anos, que dá voz ao tema. Determinada ao sucesso, a adolescente entra para uma prestigiosa equipe de esqui, no entanto, o ex-campeão Fred (Jérémie Renier) assume o papel de seu treinador e, infelizmente, dominador da sua vida. 

6. Minhas Férias com Patrick (2020, SC – 6.8)

Também selecionado para o Festival de Cannes 2020, Antoinette dans les Cévennes levou mais 500 mil franceses aos cinemas neste ano. Protagonizado pela comediante Laure Calamy, conhecida pela série francesa Dix per cent (2015-2020), o filme retrata as férias não planejadas de Antoinette. Após ser deixada de lado pelo amante, que parte a Cévennes com esposa e a filha, a jovem decide segui-lo até lá. No entanto, ela encontra apenas Patrick, um asno que a seguirá durante a sua jornada nas montanhas. Há quem diga que a cineasta Caroline Vignal encontrou inspiração nas obras de Éric Rohmer para esta aventura. 

5. A Famosa Invasão dos Ursos na Sicília (2019, 6.9)

 

Esta é uma bela fábula de animação com uma forte mensagem por trás. Tudo começa na Sicília, quando Tonio, filho do rei dos ursos Léonce, é sequestrado por caçadores. Acometido por um rigoroso inverno e falta de provisões, o rei Léonce e o seu povo decidem procurar Tonio e invadir a planície onde vivem os homens. Com a ajuda de seu exército e de um mágico, ele finalmente encontra Tonio e assume o controle do país. A partir de perspectivas diferentes, o longa de Lorenzo Mattotti apresenta os dilemas entre os povos dos ursos e dos homens nesse embate sobre poder e equilíbrio. 

4. Belle Epoque (2019, SC – 7.1)

Em seu segundo longa, Nicolas Bedos evoca a nostalgia para embalar o seu roteiro. Nesta bela trama, o sexagenário Victor (Daniel Auteuil) sente sua vida sacudir após conhecer Antoine (Guillaume Canet), um empresário que oferece a seus clientes a chance de mergulhar de volta em qualquer época de sua escolha. Você, com certeza, já ouviu esse enredo antes, não é? Contudo, Bedos pode te surpreender. O protagonista escolhe reviver a semana mais memorável de sua vida, 40 anos antes, quando conheceu o amor. A questão do filme é: recriar lembranças nos faz senti-las novamente?

3. Mais Que Especiais (2019, SC – 7.3)

Dos diretores dos filmes Intocáveis (2011) e Samba (2014), Eric Toledano e Olivier Nakache, Hors Normes é um filme humanista e tocante. Os personagens Bruno (Vincent Cassel) e Malik (Reda Kateb) vivem em um mundo à parte há 20 anos, aquele formado pelas crianças e adolescentes com autismo. Eles se dedicam à formação de jovens vindos de bairros problemáticos e buscam lidar com os casos considerados mais complexos pela sociedade. Sem recorrer ao melodrama, os diretores misturam humor e emoção para apresentar o delicado tema, tal como em suas obras anteriores. 

2. Acossado  (1960, SC – 7.3)

Clássico do cinema mundial, À Bout de Souffle é o grande representante da nova onda (nouvelle vague) de cinema verdade proposta por François Truffaut, Jean-Luc Godard, Éric Rohmer, Claude Chabrol, Jacques Rivette, Alain Resnais, Louis Malle, Agnès Varda e Jacques Demy, entre o fim dos anos 1950 e início dos 1970. Em resumo, o roteiro de Truffaut segue um contraventor (Jean-Paul Belmondo) pela cidade de Paris e, pelas lentes de Godard, observamos o romance do meliante com uma estudante de jornalismo norte-americana (Jean Seberg), a qual ele tenta convencer a fugir com ele para Itália. O resto é uma ótima surpresa. 

Leia mais sobre Acossado na matéria 10 Filmes Para Conhecer Paris sem Clichês. 

1. Gagarine (2020, SC – 7.4)

Presente na seleção do Festival de Cannes deste ano, o filme de estreia da dupla Fanny Liatard e Jérémy Trouilh segue Youri (Alseni Bathily), de 16 anos, que cresceu em Gagarine, um enorme conjunto habitacional em Ivry-sur-Seine, periferia de Paris. O jovem sonha em tornar-se cosmonauta e ao saber da ameaça de demolição de sua moradia, ele e outros moradores se unem para salvar o local. Com um toque de surrealismo, o ambiente de luta transforma-se em uma batalha galáctica. Vale dizer que o filme é derivado de um curta dos próprios criadores, de 2015. Esta é uma das cinco obras na corrida para representar a França na cerimônia do Oscar 2021.

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Letícia Alassë
Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

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