quinta-feira , 21 novembro , 2024

Dossiê 007 | O Espião que me Amava (1977) – Roger Moore emplaca de vez como James Bond em 10º Filme

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007 – Sem Tempo para Morrer, o vigésimo quinto filme oficial da franquia mais duradora do cinema, tem estreia programada para o dia 7 de outubro de 2021 – após ser adiado do ano passado devido à pandemia. Como forma de irmos aquecendo os motores para esta nova superprodução que, como dito, faz parte de uma das maiores, mais tradicionais e queridas franquias cinematográficas da história da sétima arte, resolvemos criar uma nova série de matérias dissecando um pouco todos os filmes anteriores, trazendo a você inúmeras curiosidades e muita informação.

Depois de uma estreia, digamos, tímida em Viva e Deixe Morrer, Roger Moore passou sufoco logo no ano seguinte com o apressado O Homem com a Pistola de Ouro. Dessa vez era um “vai ou racha” decisivo para o ator no papel – e os produtores sabiam disso. O esforço foi valorizado e em seu terceiro longa como James Bond, Roger Moore finalmente se assentava no papel, descobrindo um jeito único de interpretá-lo e de quebra entregando não apenas sua melhor incursão num filme da série, mas também uma das melhores produções da franquia. Conheça abaixo detalhes sobre a produção do décimo filme de 007James Bond no cinema.



Dossiê 007 | O Homem com a Pistola de Ouro (1974) – Roger Moore vs Christopher Lee em 9º Filme

Produção

Como dito, Roger Moore não havia estreado fazendo muito barulho no papel do maior espião do cinema. Em partes devido ao “vai, não vai” com Sean Connery e George Lazenby. Assim, quando o terceiro ator foi escolhido para viver James Bond, ao que parece ninguém estava prestando mais muita atenção. Não ajudou em nada o fato de ambos os filmes que ele havia estrelado não serem recebidos da forma mais positiva. Em especial O Homem com a Pistola de Ouro não se saiu nada bem com a crítica ou com o público.

Para piorar as coisas de forma irremediável, os produtores e donos da franquia Harry Saltzman e Albert R. Broccoli estavam se desentendendo constantemente, ao ponto de começarem a revezar filmes, com cada um deles no comando de determinada produção. Em 1975, Saltzman começou a se aventurar na produção de outras obras, deixando sua maior franquia relativamente de lado. A situação escalou e após o fracasso de O Homem com a Pistola de Ouro, Saltzman optou por pular fora da produtora EON, que havia ajudado a criar. O produtor vendeu sua parte pelo valor de 20 milhões de libras, deixando Broccoli sozinho para tocar os vindouros filmes.

Assim, Broccoli e o resto da equipe estavam com a corda no pescoço, na maior pressão de suas vidas profissionais. Era literalmente um “vai ou racha”. A decisão por uma história (ou seja, escolher um dos livros de Ian Fleming para adaptar) se mostrou a tarefa mais ingrata da franquia até então. Como desgraça pouca é bobagem, Kevin McClory, um dos produtores que havia comprado os direitos de um dos livros de Fleming no passado e que havia coproduzido com a EON A Chantagem Atômica (1965), começava a anunciar aos quatro cantos que iria fazer um novo filme com sua propriedade, a ser intitulado James Bond of the Secret Service. O fato proibia a EON a utilizar a SPECTRE novamente em seus filmes. Por opção a organização terrorista havia descansado na era Moore até agora, mas Broccoli tinha planos de trazê-la de volta neste filme como forma de impulsioná-lo mais ainda com os fãs.

O primeiro passo foi decidir por um diretor para o novo longa. Guy Hamilton, o diretor dos filmes de Moore na franquia até aqui, havia sido a primeira opção novamente. Mas o cineasta se encontrava indisponível, tendo optado o comando de Superman – O Filme (1978), eventualmente sendo substituído por Richard Donner em tal projeto. Então entrava em cena Lewis Gilbert, outro diretor veterano da franquia, saído de Só Se Vive Duas Vezes (1967).

James Bond

Roger Moore retornava para protagonizar seu terceiro filme como James Bond. Infelizmente, até o momento o ator ainda não havia deixado sua marca no papel, em grande parte devido ao roteiro de tais filmes, que pareciam ainda escrever para uma persona como a de Sean Connery – não casando bem com o tipo de Moore. Desta vez, o diretor Lewis Gilbert e o roteirista Christopher Wood optaram por moldar Moore em seu próprio estilo no personagem. Ao contrário de Connery que era duro e suave no papel, o texto enfatizaria a suavidade para se adaptar à persona de Moore, criando um James Bond mais brincalhão – e desta forma dando origem à era mais “galhofeira” do agente.

Missão Secreta

O livro de Fleming escolhido para servir de base para o novo filme foi O Espião que me Amava. Ao contrário de todas as outras adaptações da franquia, mesmo os que modificavam muitas partes da história do autor, esse foi um longa que nada aproveitou da trama, a não ser o título. A obra de Fleming mostrava uma turista canadense encontrando James Bond na estrada (007 aqui era apenas um coadjuvante da narrativa), que depois a salva de um sequestro.

A história do filme, por outro lado, utiliza a Guerra Fria como pano de fundo para uma história de amor. Um terrorista megalomaníaco planeja instigar a guerra entre a Inglaterra e a União Soviética, a fim de começar do zero uma nova sociedade mundial (não seria um vilão de Bond sem tais características). Descobrindo a trama e dispostos a pará-lo, o serviço secreto britânico envia 007, e a União Soviética escala seu melhor espião – que seria o equivalente de Bond: a Major Anya Amasova, conhecida como a agente triplo X (e não, não é o careca vivido por Vin Diesel no filme homônimo). Inicialmente inimigos vindos de lados distintos da causa, por dividirem um objetivo em comum, 007 e Triplo X terminam se unindo e se apaixonando.

Bondgirls e Aliados

A nova iorquina Barbara Bach ficaria marcada como a melhor Bondgirl da era Roger Moore da franquia, e uma das melhores de todos os filmes. Bach foi a escolhida para dar vida à espiã Soviética Anya Amasova – pela primeira vez na série, uma Bondgirl que era muito mais do que uma “donzela em perigo”. Mesmo em filmes anteriores que haviam apresentado protagonistas femininas fortes, ou até mesmo agentes secretas, como a desastrada Britt Ekland de O Homem com a Pistola de Ouro, elas nunca eram equivalentes aos talentos de James Bond no campo. A personagem de Bach abriu precedentes para todas as que viriam depois, como as personagens de Michelle Yeoh, Halle Berry e da vindoura Lashana Lynch.

Fora isso, Bernard Lee (M), Lois Maxwell (Moneypenny) e Desmond Llewelyn (Q) marcaram presença pela décima vez na franquia. Em especial Q entrega um dos gadgets mais memoráveis de toda a série: o carro Lotus Espirit branco que, entre outras coisas se transformava num submarino.

Vilões

Como não puderam utilizar a SPECTRE em sua narrativa como desejavam, assim como seu líder Blofeld, a EON tratou de criar seu próprio “clone” do personagem: o milionário genocida Stromberg (Curd Jürgens). Suas ações são muito derivativas de Blofeld, sendo basicamente um chefe criminoso de sua própria organização terrorista. Aqui os planos nucleares de Stromberg visam destruir o mundo e iniciar uma nova sociedade aquática. Assim como A Chantagem Atômica, O Espião que me Amava tem um forte contexto submarino em sua narrativa, chegando ao ponto de apresentar o grande vilão da trama como mini nadadeiras nas mãos, entre os dedos.

Mais memorável do que Stromberg em si, o décimo filme apresentou o inimigo de Bond que seria uma das marcas registradas da franquia. O grandalhão Jaws (Tubarão, ainda se adequando ao tema submarino) de dentes de metal é o principal capanga aqui. Jaws, é claro, seria eternizado nas formas do “gigante” Richard Kiel. Essa não seria a última vez que viríamos o personagem na franquia.

Relatório

Nas palavras do próprio Roger Moore, O Espião que me Amava foi seu filme preferido dos que participou na franquia. E tenho certeza que nove entre dez fãs concordam com o saudoso ator. Foi o filme no qual esteve mais relaxado e que iria definir o tom para a personalidade de Moore como Bond. Fora isso, o prestígio do décimo filme da franquia se estendia para além de sua trama e em seus bastidores, a cena do clímax, por ter sido gravada num dos maiores sets da época, precisou recorrer à ajuda de Stanley Kubrick para aconselhar sobre a iluminação do grande estúdio. A direção de arte do longa acabou recebendo uma muito merecida indicação ao Oscar.

Outra categoria que terminou nomeado ao maior prêmio da sétima arte foi a canção tema de Carly Simon, “Nobody Does it Better”, além da trilha composta desta vez por Marvin Hamlisch, substituindo John Barry. O sucesso planejado se concretizou e O Espião que me Amava dobrou em bilheteria o alcançado por seu predecessor, além de arrecadar em sua maioria críticas positivas. O mais importante êxito que conquistava, no entanto, era definir de uma vez por todas Roger Moore como “o” 007 dos anos 70. Curiosamente, os créditos finais do filme prometiam a sequência de Somente para Seus Olhos, porém, o maior competidor de qualquer filme para o ano de 1977, uma pequena produção chamada Star Wars, iria alterar a ordem dos fatores para o próximo filme. Mas isso é assunto para a próxima matéria.

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007 – Sem Tempo para Morrer, o vigésimo quinto filme oficial da franquia mais duradora do cinema, tem estreia programada para o dia 7 de outubro de 2021 – após ser adiado do ano passado devido à pandemia. Como forma de irmos aquecendo os motores para esta nova superprodução que, como dito, faz parte de uma das maiores, mais tradicionais e queridas franquias cinematográficas da história da sétima arte, resolvemos criar uma nova série de matérias dissecando um pouco todos os filmes anteriores, trazendo a você inúmeras curiosidades e muita informação.

Depois de uma estreia, digamos, tímida em Viva e Deixe Morrer, Roger Moore passou sufoco logo no ano seguinte com o apressado O Homem com a Pistola de Ouro. Dessa vez era um “vai ou racha” decisivo para o ator no papel – e os produtores sabiam disso. O esforço foi valorizado e em seu terceiro longa como James Bond, Roger Moore finalmente se assentava no papel, descobrindo um jeito único de interpretá-lo e de quebra entregando não apenas sua melhor incursão num filme da série, mas também uma das melhores produções da franquia. Conheça abaixo detalhes sobre a produção do décimo filme de 007James Bond no cinema.

Dossiê 007 | O Homem com a Pistola de Ouro (1974) – Roger Moore vs Christopher Lee em 9º Filme

Produção

Como dito, Roger Moore não havia estreado fazendo muito barulho no papel do maior espião do cinema. Em partes devido ao “vai, não vai” com Sean Connery e George Lazenby. Assim, quando o terceiro ator foi escolhido para viver James Bond, ao que parece ninguém estava prestando mais muita atenção. Não ajudou em nada o fato de ambos os filmes que ele havia estrelado não serem recebidos da forma mais positiva. Em especial O Homem com a Pistola de Ouro não se saiu nada bem com a crítica ou com o público.

Para piorar as coisas de forma irremediável, os produtores e donos da franquia Harry Saltzman e Albert R. Broccoli estavam se desentendendo constantemente, ao ponto de começarem a revezar filmes, com cada um deles no comando de determinada produção. Em 1975, Saltzman começou a se aventurar na produção de outras obras, deixando sua maior franquia relativamente de lado. A situação escalou e após o fracasso de O Homem com a Pistola de Ouro, Saltzman optou por pular fora da produtora EON, que havia ajudado a criar. O produtor vendeu sua parte pelo valor de 20 milhões de libras, deixando Broccoli sozinho para tocar os vindouros filmes.

Assim, Broccoli e o resto da equipe estavam com a corda no pescoço, na maior pressão de suas vidas profissionais. Era literalmente um “vai ou racha”. A decisão por uma história (ou seja, escolher um dos livros de Ian Fleming para adaptar) se mostrou a tarefa mais ingrata da franquia até então. Como desgraça pouca é bobagem, Kevin McClory, um dos produtores que havia comprado os direitos de um dos livros de Fleming no passado e que havia coproduzido com a EON A Chantagem Atômica (1965), começava a anunciar aos quatro cantos que iria fazer um novo filme com sua propriedade, a ser intitulado James Bond of the Secret Service. O fato proibia a EON a utilizar a SPECTRE novamente em seus filmes. Por opção a organização terrorista havia descansado na era Moore até agora, mas Broccoli tinha planos de trazê-la de volta neste filme como forma de impulsioná-lo mais ainda com os fãs.

O primeiro passo foi decidir por um diretor para o novo longa. Guy Hamilton, o diretor dos filmes de Moore na franquia até aqui, havia sido a primeira opção novamente. Mas o cineasta se encontrava indisponível, tendo optado o comando de Superman – O Filme (1978), eventualmente sendo substituído por Richard Donner em tal projeto. Então entrava em cena Lewis Gilbert, outro diretor veterano da franquia, saído de Só Se Vive Duas Vezes (1967).

James Bond

Roger Moore retornava para protagonizar seu terceiro filme como James Bond. Infelizmente, até o momento o ator ainda não havia deixado sua marca no papel, em grande parte devido ao roteiro de tais filmes, que pareciam ainda escrever para uma persona como a de Sean Connery – não casando bem com o tipo de Moore. Desta vez, o diretor Lewis Gilbert e o roteirista Christopher Wood optaram por moldar Moore em seu próprio estilo no personagem. Ao contrário de Connery que era duro e suave no papel, o texto enfatizaria a suavidade para se adaptar à persona de Moore, criando um James Bond mais brincalhão – e desta forma dando origem à era mais “galhofeira” do agente.

Missão Secreta

O livro de Fleming escolhido para servir de base para o novo filme foi O Espião que me Amava. Ao contrário de todas as outras adaptações da franquia, mesmo os que modificavam muitas partes da história do autor, esse foi um longa que nada aproveitou da trama, a não ser o título. A obra de Fleming mostrava uma turista canadense encontrando James Bond na estrada (007 aqui era apenas um coadjuvante da narrativa), que depois a salva de um sequestro.

A história do filme, por outro lado, utiliza a Guerra Fria como pano de fundo para uma história de amor. Um terrorista megalomaníaco planeja instigar a guerra entre a Inglaterra e a União Soviética, a fim de começar do zero uma nova sociedade mundial (não seria um vilão de Bond sem tais características). Descobrindo a trama e dispostos a pará-lo, o serviço secreto britânico envia 007, e a União Soviética escala seu melhor espião – que seria o equivalente de Bond: a Major Anya Amasova, conhecida como a agente triplo X (e não, não é o careca vivido por Vin Diesel no filme homônimo). Inicialmente inimigos vindos de lados distintos da causa, por dividirem um objetivo em comum, 007 e Triplo X terminam se unindo e se apaixonando.

Bondgirls e Aliados

A nova iorquina Barbara Bach ficaria marcada como a melhor Bondgirl da era Roger Moore da franquia, e uma das melhores de todos os filmes. Bach foi a escolhida para dar vida à espiã Soviética Anya Amasova – pela primeira vez na série, uma Bondgirl que era muito mais do que uma “donzela em perigo”. Mesmo em filmes anteriores que haviam apresentado protagonistas femininas fortes, ou até mesmo agentes secretas, como a desastrada Britt Ekland de O Homem com a Pistola de Ouro, elas nunca eram equivalentes aos talentos de James Bond no campo. A personagem de Bach abriu precedentes para todas as que viriam depois, como as personagens de Michelle Yeoh, Halle Berry e da vindoura Lashana Lynch.

Fora isso, Bernard Lee (M), Lois Maxwell (Moneypenny) e Desmond Llewelyn (Q) marcaram presença pela décima vez na franquia. Em especial Q entrega um dos gadgets mais memoráveis de toda a série: o carro Lotus Espirit branco que, entre outras coisas se transformava num submarino.

Vilões

Como não puderam utilizar a SPECTRE em sua narrativa como desejavam, assim como seu líder Blofeld, a EON tratou de criar seu próprio “clone” do personagem: o milionário genocida Stromberg (Curd Jürgens). Suas ações são muito derivativas de Blofeld, sendo basicamente um chefe criminoso de sua própria organização terrorista. Aqui os planos nucleares de Stromberg visam destruir o mundo e iniciar uma nova sociedade aquática. Assim como A Chantagem Atômica, O Espião que me Amava tem um forte contexto submarino em sua narrativa, chegando ao ponto de apresentar o grande vilão da trama como mini nadadeiras nas mãos, entre os dedos.

Mais memorável do que Stromberg em si, o décimo filme apresentou o inimigo de Bond que seria uma das marcas registradas da franquia. O grandalhão Jaws (Tubarão, ainda se adequando ao tema submarino) de dentes de metal é o principal capanga aqui. Jaws, é claro, seria eternizado nas formas do “gigante” Richard Kiel. Essa não seria a última vez que viríamos o personagem na franquia.

Relatório

Nas palavras do próprio Roger Moore, O Espião que me Amava foi seu filme preferido dos que participou na franquia. E tenho certeza que nove entre dez fãs concordam com o saudoso ator. Foi o filme no qual esteve mais relaxado e que iria definir o tom para a personalidade de Moore como Bond. Fora isso, o prestígio do décimo filme da franquia se estendia para além de sua trama e em seus bastidores, a cena do clímax, por ter sido gravada num dos maiores sets da época, precisou recorrer à ajuda de Stanley Kubrick para aconselhar sobre a iluminação do grande estúdio. A direção de arte do longa acabou recebendo uma muito merecida indicação ao Oscar.

Outra categoria que terminou nomeado ao maior prêmio da sétima arte foi a canção tema de Carly Simon, “Nobody Does it Better”, além da trilha composta desta vez por Marvin Hamlisch, substituindo John Barry. O sucesso planejado se concretizou e O Espião que me Amava dobrou em bilheteria o alcançado por seu predecessor, além de arrecadar em sua maioria críticas positivas. O mais importante êxito que conquistava, no entanto, era definir de uma vez por todas Roger Moore como “o” 007 dos anos 70. Curiosamente, os créditos finais do filme prometiam a sequência de Somente para Seus Olhos, porém, o maior competidor de qualquer filme para o ano de 1977, uma pequena produção chamada Star Wars, iria alterar a ordem dos fatores para o próximo filme. Mas isso é assunto para a próxima matéria.

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