A beleza do cinema é conseguir enxergar além do que os olhos conseguem captar. Falar de cinema é uma grande prova de amor ao sentimento das curiosidades que afligem esse imenso mundão que vivemos. Todo tipo de filme, de qualquer gênero, busca o importante elo em apresentar emoções ao espectador, seja ele quem for. Pensando em entender melhor as razões do porquê o cinema é uma coisa tão rica para nossa existência como seres humanos, esse eterno jovem cinéfilo que vos escreve buscou cinéfilos espalhados pelo Brasil (alguns até pelo mundo) para contar um pouquinho da trajetória cinéfila deles para vocês.
Nosso convidado é cineasta, baiano, formado em história pela USP. Ganhador do prêmio Global Filmmaking do Festival de Sundance em 2013, e muito elogiado por toda sua bela filmografia com destaque para: Ferrugem em 2018 (lançado no Festival de Sundance), e Para minha Amada Morta, em 2015. Aly Muritiba é um dos cineastas mais premiados da nova geração do audiovisual brasileiro. Tendo o grande Michael Haneke como um de seus diretores preferidos, fico muito feliz por Aly poder participar desse nosso questionário/entrevista cinéfilo.
1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.
Cine Passeio é uma sala pública, com programação variada e voltada à filmes independentes e ingressos acessíveis.
2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente?
Jurassic Park do Steven Spielberg, o primeiro filme que eu vi numa sala de cinema.
3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?
Michael Haneke, Caché.
4) Qual seu filme nacional favorito e por quê?
Abril Despedaçado, a mais bela adaptação que o cinema brasileiro já produziu. O filme fala de um sertão profundo e violento onde a arte é apresentada como ferramenta capaz de romper o ciclo de morte.
5) O que é ser cinéfilo para você?
Amar, odiar, apreciar e rechaçar filmes, mas sempre respeitá-los através da análise crítica.
6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?
Não e não acho que devam. Cinema não necessariamente precisa ser “entendido”, mas antes experimentado.
7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?
Não sei se vão acabar, mas estão cada vez mais se tornando algo de galeria, elitizado e apartado do público. E se continuar nessa toada elitizada, prefiro que acabe.
8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.
Caché.
9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?
De modo algum. A vide é infinitamente mais importante que o cinema.
10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?
Temos feito filmes incríveis nos últimos anos e estamos buscando a reconciliação com o público, deixando um pouco de lado o hermetismo vazio de outros tempos.
11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.
12) Defina cinema com uma frase.
24 quadros de mentira por segundo. 24 quadros de verdade por segundo.
13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema.
Não lembro de nenhuma específica. É sempre pipoca, gente dormindo, gente falando, gente chorando, gente sorrindo, eventualmente gente se pegando.
14) Defina ‘Cinderela Baiana’ em poucas palavras…
Um clássico.
15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?
Tanto quanto um cinéfilo precisa ser diretor para apreciar um filme. Eu, por exemplo, não sou cinéfilo e dirijo meus filmes.
16) Você é cineasta e bastante conhecido pelos cinéfilos brasileiros. Que dica você daria para os jovens que futuramente pretendem trabalhar com cinema no Brasil?
Arranje uma turma e comece já.
17) Algum artista que você ainda não trabalhou mas quer muito trabalhar?
18) Diga o pior filme que você viu na vida.
Todo filme tem algo de bom. E quem o fez merece respeito, então não consigo fazer tal eleição.