domingo , 22 dezembro , 2024

E aí, querido cinéfilo?! – Nossa Coluna de Entrevista | Parte 29: Marcelo Ikeda

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A beleza do cinema é conseguir enxergar além do que os olhos conseguem captar. Falar de cinema é uma grande prova de amor ao sentimento das curiosidades que afligem esse imenso mundão que vivemos. Todo tipo de filme, de qualquer gênero, busca o importante elo em apresentar emoções ao espectador, seja ele quem for. Pensando em entender melhor as razões do porquê o cinema ser uma coisa tão rica para nossa existência como ser humano, esse eterno jovem cinéfilo que vos escreve buscou cinéfilos espalhados pelo Brasil (alguns até pelo mundo) para contar um pouquinho da trajetória cinéfila deles para vocês.

Nosso entrevistado de hoje é um grande estudioso sobre essa arte que tanto amamos. Mestre formado pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e economista de formação, Marcelo Ikeda trabalhou na Agência Nacional do Cinema (ANCINE) entre 2002 e 2010, ocupando diversas funções. Como crítico de cinema, escreveu para vários veículos, organizou mostras e escreveu um livro. Com tanta experiência no audiovisual brasileiro, é uma grande honra ter Ikeda em nosso especial cinéfilo.



 

1)  Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Assista também:
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Em Fortaleza, onde atualmente moro, o Cinema do Dragão, mantido pelo Governo do Estado do Ceará. No Rio de Janeiro, uma sala pela qual sempre tive muito carinho, muito importante para minha formação, é a Cinemateca do MAM.

 

2)  Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

NÃO AMARÁS, do Kieslowski. Quando vi esse filme, tinha uns 12 anos de idade, e foi como uma anunciação. Logo ao final desse filme, percebi imediatamente que o cinema passava a fazer parte da minha vida, como uma sombra, de modo que, sem ele, eu não existiria.

 

3)  Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

São tantos rs. Vou citar dois. Jonas Mekas (Walden). Chantal Akerman (Jeanne Dielman ou News From Home).

 

4)  Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Aopção, do Ozualdo Candeias. O porquê está aqui rs. http://www.cinecasulofilia.com/2008/04/ave-candeias-vi-aopo.html

 

5)  O que é ser cinéfilo para você?

Ser cinéfilo é se dedicar profundamente a realmente querer compreender o que de fato é um filme.

 

 

 

6)  Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Infelizmente não. Me parece que a maior parte das pessoas que programam atualmente as salas de cinema entende de comércio, e não de cinema.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Não. Elas já não têm e não terão a importância que já tiveram um dia, pois hoje há outras formas de ver cinema para além das salas de cinema, o que têm aspectos positivos e negativos. Mas a sala de cinema nunca vai acabar.

 

8)  Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Nossa, são tantos rs. Vou citar O SOL DO MARMELEIRO, do Victor Erice. Um filme luminoso sobre a relação entre criação e vida. Quero citar também um filme brasileiro: O QUE SE MOVE, de Caetano Gotardo, um filme sombrio e delicado sobre como tudo pode estar prestes a ruir, mesmo sem nenhuma explicação plausível.

 

9)  Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não cabe a mim dizer, pois essa decisão deve ser feita por especialistas em políticas sanitárias, especialmente médicos. No entanto, aqui na Europa, vejo muito mais riscos em aglomerações em ambientes como bares e aviões do que em salas de cinema.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

O cinema brasileiro vive um momento de grande pluralidade, de muitas coisas diferentes sendo feitas, algumas delas de muita qualidade. Mas os principais filmes brasileiros do seu tempo não são vistos, são vistos por muito poucos, apenas em festivais de cinema. E vivemos um momento de desmonte, de uma tentativa de reduzir o impacto da arte e da cultura brasileira, o que é muito grave.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

André Novais OliveiraPetrus Cariry.

 

12) Defina cinema com uma frase.

Inspirado pelo movimento do mundo, o cinema é uma forma de criar outros possíveis, outros modos de ser, ativando nossa experiência sensível diante do mundo.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema.

Uma vez eu fechei os olhos numa sala de cinema e, quando os abri, estava em outro mundo.

 

14) Defina ‘Cinderela Baiana’ em poucas palavras…

O fim (e o fracasso) de um modelo de produção do cinema brasileiro.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não necessariamente. Adoro diretores cinéfilos, mas, mais que unicamente pelo cinema, os cineastas devem ser tocados não só por outras formas artísticas mas especialmente pelo movimento do mundo. Como diziam os neorrealistas italianos: não estamos interessados propriamente no cinema, mas sobretudo no homem e na natureza.

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A beleza do cinema é conseguir enxergar além do que os olhos conseguem captar. Falar de cinema é uma grande prova de amor ao sentimento das curiosidades que afligem esse imenso mundão que vivemos. Todo tipo de filme, de qualquer gênero, busca o importante elo em apresentar emoções ao espectador, seja ele quem for. Pensando em entender melhor as razões do porquê o cinema ser uma coisa tão rica para nossa existência como ser humano, esse eterno jovem cinéfilo que vos escreve buscou cinéfilos espalhados pelo Brasil (alguns até pelo mundo) para contar um pouquinho da trajetória cinéfila deles para vocês.

Nosso entrevistado de hoje é um grande estudioso sobre essa arte que tanto amamos. Mestre formado pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e economista de formação, Marcelo Ikeda trabalhou na Agência Nacional do Cinema (ANCINE) entre 2002 e 2010, ocupando diversas funções. Como crítico de cinema, escreveu para vários veículos, organizou mostras e escreveu um livro. Com tanta experiência no audiovisual brasileiro, é uma grande honra ter Ikeda em nosso especial cinéfilo.

 

1)  Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Em Fortaleza, onde atualmente moro, o Cinema do Dragão, mantido pelo Governo do Estado do Ceará. No Rio de Janeiro, uma sala pela qual sempre tive muito carinho, muito importante para minha formação, é a Cinemateca do MAM.

 

2)  Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

NÃO AMARÁS, do Kieslowski. Quando vi esse filme, tinha uns 12 anos de idade, e foi como uma anunciação. Logo ao final desse filme, percebi imediatamente que o cinema passava a fazer parte da minha vida, como uma sombra, de modo que, sem ele, eu não existiria.

 

3)  Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

São tantos rs. Vou citar dois. Jonas Mekas (Walden). Chantal Akerman (Jeanne Dielman ou News From Home).

 

4)  Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Aopção, do Ozualdo Candeias. O porquê está aqui rs. http://www.cinecasulofilia.com/2008/04/ave-candeias-vi-aopo.html

 

5)  O que é ser cinéfilo para você?

Ser cinéfilo é se dedicar profundamente a realmente querer compreender o que de fato é um filme.

 

 

 

6)  Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Infelizmente não. Me parece que a maior parte das pessoas que programam atualmente as salas de cinema entende de comércio, e não de cinema.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Não. Elas já não têm e não terão a importância que já tiveram um dia, pois hoje há outras formas de ver cinema para além das salas de cinema, o que têm aspectos positivos e negativos. Mas a sala de cinema nunca vai acabar.

 

8)  Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Nossa, são tantos rs. Vou citar O SOL DO MARMELEIRO, do Victor Erice. Um filme luminoso sobre a relação entre criação e vida. Quero citar também um filme brasileiro: O QUE SE MOVE, de Caetano Gotardo, um filme sombrio e delicado sobre como tudo pode estar prestes a ruir, mesmo sem nenhuma explicação plausível.

 

9)  Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não cabe a mim dizer, pois essa decisão deve ser feita por especialistas em políticas sanitárias, especialmente médicos. No entanto, aqui na Europa, vejo muito mais riscos em aglomerações em ambientes como bares e aviões do que em salas de cinema.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

O cinema brasileiro vive um momento de grande pluralidade, de muitas coisas diferentes sendo feitas, algumas delas de muita qualidade. Mas os principais filmes brasileiros do seu tempo não são vistos, são vistos por muito poucos, apenas em festivais de cinema. E vivemos um momento de desmonte, de uma tentativa de reduzir o impacto da arte e da cultura brasileira, o que é muito grave.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

André Novais OliveiraPetrus Cariry.

 

12) Defina cinema com uma frase.

Inspirado pelo movimento do mundo, o cinema é uma forma de criar outros possíveis, outros modos de ser, ativando nossa experiência sensível diante do mundo.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema.

Uma vez eu fechei os olhos numa sala de cinema e, quando os abri, estava em outro mundo.

 

14) Defina ‘Cinderela Baiana’ em poucas palavras…

O fim (e o fracasso) de um modelo de produção do cinema brasileiro.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não necessariamente. Adoro diretores cinéfilos, mas, mais que unicamente pelo cinema, os cineastas devem ser tocados não só por outras formas artísticas mas especialmente pelo movimento do mundo. Como diziam os neorrealistas italianos: não estamos interessados propriamente no cinema, mas sobretudo no homem e na natureza.

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