domingo , 22 dezembro , 2024

E aí, querido cinéfilo?! – Nossa Coluna de Entrevista | Parte 3: Clarissa Kuschnir

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O que os cinéfilos mais gostam nessa vida, fora assistir a todos os filmes possíveis durante o ano, é bater papo sobre cinema com pessoas que tenham a mesma paixão que ele. Ser cinéfilo é amar a sétima arte de forma a entender todas as formas de pensar e sentir um filme, uma história. Nós cinéfilos não brigamos, nós argumentamos com emoção.

Pensando nesse sentimento bonito que existe entre a comunidade cinéfila espalhada por todo o Brasil e pelo mundo, resolvi eu, um humilde cinéfilo carioca, entrevistar de maneira bem objetiva, e aproveitando para matar a saudade dos pensamentos cinéfilos dos amigos, diversos amantes da sétima arte. Famosos ou não, que trabalham com cinema no Brasil e/ou no mundo ou não.



Nesse terceiro volume, convidamos Clarissa Kuschnir, jornalista especializada em cinema que começou sua carreira no audiovisual em algumas revistas como Dvd Magazine e Preview. Além das publicações citadas, a nossa convidada já trabalhou em diversas áreas da indústria cinematográfica brasileira: já foi repórter, crítica, assessora de imprensa, júri em festivais de cinema, curadora e produtora. Fatores que contribuíram para ser cada vez mais cinéfila, se tornando inclusive uma grande colecionadora de filmes. Nas redes sociais, Clarissa sempre comenta com bastante argumentação sobre os mais diversos assuntos ligados a essa arte que amamos.

 

Assista também:
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1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação à programação? Detalhe o porquê da escolha.

Em relação à programação mais independente fico com o CineSesc, que durante o ano inteiro promove mostras de diferentes diretores mundiais. Nos últimos meses, antes da quarentena, eu vinha frequentando bastante também a Cinemateca. Me bate uma tristeza de saber o que estão fazendo com esse nosso patrimônio. Quanto ao circuito comercial, eu gosto muito das salas do Cinépolis, principalmente as do complexo JK Iguatemi.

2) Qual o primeiro filme que você  lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente?

São tantas lembranças da infância. Frequento salas de cinema desde muito pequena. E eu ia muito aos cinemas de rua da Avenida Santo Amaro, aqui em São Paulo (entregando a idade *risos*). Minha mãe me lembrou outro dia que eu fiquei encantada com a animação Bernardo e Bianca, da Disney. Mas dois filmes que mexeram muito comigo foram: Os Saltibancos Trapalhões (nunca esqueço minha emoção ao final do filme) e E.T., que eu tive a oportunidade de assistir naquelas salas enormes do centro de São Paulo (os meus tios-avós me levaram). E eu lembro que eu tive que ficar sentada no chão, pois o cinema estava lotado.

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Sergio Leone, e claro, Era Uma Vez na América.

4) Qual seu filme nacional favorito e por que?

Poxa, difícil de responder, pois sou muito ligada ao nosso cinema. Mas vamos lá. Depois que assisti A História da Eternidade, do pernambucano Camilo Cavalcante, ele se tornou meu filme número 1 da lista. Acho que A História da Eternidade é tão universal. Ele é pura poesia, retrata um Brasil que muitos desconhecem, mas de forma muito sutil, encantadora e muito emocional. Sem contar as belezas do sertão sendo retratadas ali, com uma das mais belas fotografias que eu já vi no cinema nacional.

5) O que é ser cinéfilo para você?

Eu acho que o cinema me traz tantos aprendizados, além de entreter, claro. Sem contar que ele já me levou para tantos lugares, tantos festivais e me fez conhecer tantas pessoas bacanas. Mesmo nos momentos mais difíceis, não tem como um bom filme não nos fazer bem. A prova disso é pelo momento mundial que estamos passando e os filmes, além da arte, são um bálsamo para nós. Sem contar que esse é o meu trabalho. Foi o que sempre quis fazer.  E Já fiz tantas coisas dentro desse universo. Agora só falta dirigir…

 6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possui programação feita por pessoas que entendem de cinema?

Eu acho que cada cinema tem seu público especifico. Então, para cada tipo de complexo, há um tipo de programação. O que eu penso é que alguns programadores poderiam olhar melhor para o cinema independente, autoral e para o cinema nacional. E sou defensora de que se possa trazer de volta os curtas para as salas de cinema. Mas para isso acontecer é preciso ir atrás, aprender e até entender melhor o que acontece fora dos grandes circuitos comerciais.

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Isso eu nunca achei. Nem mesmo na época do boom do mercado de vídeo (e olha que minha formação cinéfila se deve muito a esse mercado) eu achei que os cinemas fossem acabar. A experiência de se assistir a um filme na sala de cinema é única. É uma imersão de algumas horas ali sem o contato com o mundo, que traz as mais diferentes emoções.

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Eu vou citar aqui o ótimo e divertido filme uruguaio Whisky do diretor Juan Pablo Rebella (falecido em 2006) e Pablo Stoll, que eu acho que muitas pessoas não viram. Se puderem vejam!!!

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a Covid-19?

Outra pergunta complexa para nós cinéfilos, pois mesmo com todos os protocolos de segurança, acho muito complicado (pelo menos para mim) entrar em uma sala de cinema nos próximos meses. O problema é que no Brasil as pessoas não respeitam as regras. Se nas ruas muitas pessoas não estão respeitando nem o uso de máscaras, imagine em um lugar fechado (mesmo com a obrigação do uso). Como será esse controle? Tanto de limpeza quanto de controle de público.

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Sou suspeita para falar. Acompanho há muitos anos, afinal de contas cresci vendo o cinema dos Trapalhões. E, desde a retomada, em meados dos anos 90, e com a criação da Ancine nos anos 2000, além de leis de incentivo, nosso cinema tem se diversificado e muito. Sem contar os cineastas que fazem cinema na guerrilha. Temos muita coisa de qualidade, mas que muitas vezes esses filmes não têm uma boa distribuição e não chegam ao grande público. Sem contar que a cada ano o número de curtas metragens tem aumentado em quantidade e qualidade. Temos muito festivais independentes acontecendo (principalmente no interior). O nosso maior problema agora é a nossa atual política que ameaça toda uma cadeia que levou tantos anos para se consolidar.

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Irandhir Santos.

12) Defina cinema com uma frase.

Quanto mais cinema melhor.

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema.

Eu frequentava muito o Cine Mam (que não tem mais), aqui em São Paulo. Aí uma vez eu estava assistindo ao filme Tokyo-Ga em uma Mostra do Wim Wenders. Estava tudo silencioso, até que um maluco começou a mexer em um saco plástico. Mesmo com as pessoas chamando a atenção dele, ele não parava. Ele ficou praticamente o filme inteiro, mexendo naquele saco. Pode uma coisa dessas???

 

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O que os cinéfilos mais gostam nessa vida, fora assistir a todos os filmes possíveis durante o ano, é bater papo sobre cinema com pessoas que tenham a mesma paixão que ele. Ser cinéfilo é amar a sétima arte de forma a entender todas as formas de pensar e sentir um filme, uma história. Nós cinéfilos não brigamos, nós argumentamos com emoção.

Pensando nesse sentimento bonito que existe entre a comunidade cinéfila espalhada por todo o Brasil e pelo mundo, resolvi eu, um humilde cinéfilo carioca, entrevistar de maneira bem objetiva, e aproveitando para matar a saudade dos pensamentos cinéfilos dos amigos, diversos amantes da sétima arte. Famosos ou não, que trabalham com cinema no Brasil e/ou no mundo ou não.

Nesse terceiro volume, convidamos Clarissa Kuschnir, jornalista especializada em cinema que começou sua carreira no audiovisual em algumas revistas como Dvd Magazine e Preview. Além das publicações citadas, a nossa convidada já trabalhou em diversas áreas da indústria cinematográfica brasileira: já foi repórter, crítica, assessora de imprensa, júri em festivais de cinema, curadora e produtora. Fatores que contribuíram para ser cada vez mais cinéfila, se tornando inclusive uma grande colecionadora de filmes. Nas redes sociais, Clarissa sempre comenta com bastante argumentação sobre os mais diversos assuntos ligados a essa arte que amamos.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação à programação? Detalhe o porquê da escolha.

Em relação à programação mais independente fico com o CineSesc, que durante o ano inteiro promove mostras de diferentes diretores mundiais. Nos últimos meses, antes da quarentena, eu vinha frequentando bastante também a Cinemateca. Me bate uma tristeza de saber o que estão fazendo com esse nosso patrimônio. Quanto ao circuito comercial, eu gosto muito das salas do Cinépolis, principalmente as do complexo JK Iguatemi.

2) Qual o primeiro filme que você  lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente?

São tantas lembranças da infância. Frequento salas de cinema desde muito pequena. E eu ia muito aos cinemas de rua da Avenida Santo Amaro, aqui em São Paulo (entregando a idade *risos*). Minha mãe me lembrou outro dia que eu fiquei encantada com a animação Bernardo e Bianca, da Disney. Mas dois filmes que mexeram muito comigo foram: Os Saltibancos Trapalhões (nunca esqueço minha emoção ao final do filme) e E.T., que eu tive a oportunidade de assistir naquelas salas enormes do centro de São Paulo (os meus tios-avós me levaram). E eu lembro que eu tive que ficar sentada no chão, pois o cinema estava lotado.

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Sergio Leone, e claro, Era Uma Vez na América.

4) Qual seu filme nacional favorito e por que?

Poxa, difícil de responder, pois sou muito ligada ao nosso cinema. Mas vamos lá. Depois que assisti A História da Eternidade, do pernambucano Camilo Cavalcante, ele se tornou meu filme número 1 da lista. Acho que A História da Eternidade é tão universal. Ele é pura poesia, retrata um Brasil que muitos desconhecem, mas de forma muito sutil, encantadora e muito emocional. Sem contar as belezas do sertão sendo retratadas ali, com uma das mais belas fotografias que eu já vi no cinema nacional.

5) O que é ser cinéfilo para você?

Eu acho que o cinema me traz tantos aprendizados, além de entreter, claro. Sem contar que ele já me levou para tantos lugares, tantos festivais e me fez conhecer tantas pessoas bacanas. Mesmo nos momentos mais difíceis, não tem como um bom filme não nos fazer bem. A prova disso é pelo momento mundial que estamos passando e os filmes, além da arte, são um bálsamo para nós. Sem contar que esse é o meu trabalho. Foi o que sempre quis fazer.  E Já fiz tantas coisas dentro desse universo. Agora só falta dirigir…

 6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possui programação feita por pessoas que entendem de cinema?

Eu acho que cada cinema tem seu público especifico. Então, para cada tipo de complexo, há um tipo de programação. O que eu penso é que alguns programadores poderiam olhar melhor para o cinema independente, autoral e para o cinema nacional. E sou defensora de que se possa trazer de volta os curtas para as salas de cinema. Mas para isso acontecer é preciso ir atrás, aprender e até entender melhor o que acontece fora dos grandes circuitos comerciais.

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Isso eu nunca achei. Nem mesmo na época do boom do mercado de vídeo (e olha que minha formação cinéfila se deve muito a esse mercado) eu achei que os cinemas fossem acabar. A experiência de se assistir a um filme na sala de cinema é única. É uma imersão de algumas horas ali sem o contato com o mundo, que traz as mais diferentes emoções.

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Eu vou citar aqui o ótimo e divertido filme uruguaio Whisky do diretor Juan Pablo Rebella (falecido em 2006) e Pablo Stoll, que eu acho que muitas pessoas não viram. Se puderem vejam!!!

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a Covid-19?

Outra pergunta complexa para nós cinéfilos, pois mesmo com todos os protocolos de segurança, acho muito complicado (pelo menos para mim) entrar em uma sala de cinema nos próximos meses. O problema é que no Brasil as pessoas não respeitam as regras. Se nas ruas muitas pessoas não estão respeitando nem o uso de máscaras, imagine em um lugar fechado (mesmo com a obrigação do uso). Como será esse controle? Tanto de limpeza quanto de controle de público.

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Sou suspeita para falar. Acompanho há muitos anos, afinal de contas cresci vendo o cinema dos Trapalhões. E, desde a retomada, em meados dos anos 90, e com a criação da Ancine nos anos 2000, além de leis de incentivo, nosso cinema tem se diversificado e muito. Sem contar os cineastas que fazem cinema na guerrilha. Temos muita coisa de qualidade, mas que muitas vezes esses filmes não têm uma boa distribuição e não chegam ao grande público. Sem contar que a cada ano o número de curtas metragens tem aumentado em quantidade e qualidade. Temos muito festivais independentes acontecendo (principalmente no interior). O nosso maior problema agora é a nossa atual política que ameaça toda uma cadeia que levou tantos anos para se consolidar.

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Irandhir Santos.

12) Defina cinema com uma frase.

Quanto mais cinema melhor.

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema.

Eu frequentava muito o Cine Mam (que não tem mais), aqui em São Paulo. Aí uma vez eu estava assistindo ao filme Tokyo-Ga em uma Mostra do Wim Wenders. Estava tudo silencioso, até que um maluco começou a mexer em um saco plástico. Mesmo com as pessoas chamando a atenção dele, ele não parava. Ele ficou praticamente o filme inteiro, mexendo naquele saco. Pode uma coisa dessas???

 

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