domingo , 29 dezembro , 2024

E aí, querido cinéfilo?! – Nossa Coluna de Entrevista | Parte 32: Fernando Vasconcelos

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A beleza do cinema é conseguir enxergar além do que os olhos conseguem captar. Falar de cinema é uma grande prova de amor ao sentimento das curiosidades que afligem esse imenso mundão que vivemos. Todo tipo de filme, de qualquer gênero, busca o importante elo em apresentar emoções ao espectador, seja ele quem for. Pensando em entender melhor as razões do porquê o cinema ser uma coisa tão rica para nossa existência como ser humano, esse eterno jovem cinéfilo que vos escreve buscou cinéfilos espalhados pelo Brasil (alguns até pelo mundo) para contar um pouquinho da trajetória cinéfila deles para vocês.

Nosso convidado de hoje é de Recife, e sempre observei ótimas dicas e argumentos sobre cinema nos seus comentários pelo Facebook. Formado em Design Gráfico na UFPE, já fez coberturas de grandes mostras de cinema pelo Brasil, curadorias e júri, eventos, cursos, um grande universo de caminhos ligados ao audiovisual. Uma grande honra ter toda a bagagem cinéfila de Fernando Vasconcelos em nosso especial.



1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Aqui no Recife temos o histórico Cinema São Luiz, que faz parte da minha descoberta afetiva do cinema quando criança nos anos 70, mas a sala preferida hoje é o Cinema da Fundação Joaquim Nabuco, são duas salas modernas e tecnicamente perfeitas, com excelente curadoria e mostras, assistimos lá desde clássicos do cinema até sucessos de bilheteria como Parasita Bacurau. Era frequentador assíduo, antes da pandemia.

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Assista também:
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Desde a infância eu sempre tive a percepção da sala de cinema como algo especial, mais como ir a igreja do que assistir TV em casa. Tenho anotações e assistir TUBARÃO aos 12 anos em 1976 acho que foi a primeira vez que pensei em como o cinema pode criar com efeitos especiais e fazer você acreditar no que está vendo, mesmo sabendo que é uma trucagem.

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Billy Wilder. Considero pelo menos 5 filmes dele de excelência máxima, mas pra escolher só um vou de SE MEU APARTAMENTO FALASSE.

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

PIXOTE de Hector Babenco. Porque é obra-prima do cinema brasileiro.

5) O que é ser cinéfilo para você?

Adoro assistir filmes, como entretenimento e cultura, mas não vivo profissionalmente de cinema nem acho que algum filme mudou minha vida ou tenho ansiedade por algum novo filme. Claro que tenho diretores prediletos, cuja obra me marcam como identificação de olhar sobre a vida. O termo cinéfilo como consumidor de filmes por quantidade, bater meta de ver tantos filmes por ano ou ver obra completa de um diretor não me define.

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Acredito que só salas fora do circuitão tem programadores bem formados em cinema. O circuito multiplex atende uma demanda de mercado, não precisa entender de cinema, basta ser um bom administrador da área de entretenimento.

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Acho que sim, as mudanças de forma de consumo de filmes tem sido muito velozes no nosso tempo. Talvez pelos próximos 20 ou 30 anos ainda teremos cinemas e depois só reste alguns espaços especiais, como salas históricas preservadas e multiplexes mais próximos do formato parque de diversões.

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Até no Netflix encontramos jóias pouco vistas, como por exemplo o recente italiano LAZZARO FELICE.

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Podem reabrir até antes de uma vacina mas eu só entrarei num cinema me sentindo seguro quando as mortes diárias pelo Covid-19 no Brasil estiverem próximas de zero, e está muito longe desse momento ainda.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

O cinema brasileiro está num bom momento, infelizmente com filmes que até premiados não alcançam bom público. Gosto especialmente dos filmes que vem de Minas Gerais: ArábiaTemporadaNo Coração do Mundo, muita gente boa fazendo cinema de qualidade. Sou pernambucano e tivemos boa produção nos últimos 20 anos, incluindo o sucesso e repercussão dos três longas de Kleber Mendonça Filho. Mas, bem, eu tenho 56 anos, vivi uma época que o cinema brasileiro era mais popular, sinto saudade disso.

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Não perdia nenhum filme de Carlos Reinchenbach, que faleceu em 2012.

12) Defina cinema com uma frase:

“Cinema é a maior diversão.”

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema

Lembro que numa pré-estreia bem lotada de WATCHMEN tem um momento no filme, em torno das 2h de duração, com Dr. Manhattan e uma música, acho que de David Bowie, entra com o maior clima de final de filme, todo mundo levanta pra ir embora e abrem a porta de saída do lado da tela, uma confusão, os fãs gritando que não terminou, o maior fluxo de gente saindo, gente na dúvida voltando, um mar de gente pra lá e pra cá, e o filme passando na tela, até todo mundo votar e se aquietar foram uns 15 minutos de filme, foi engraçado.

14) Defina ‘Cinderela Baiana’ em poucas palavras…

Eu nunca assisti, só conheço o trecho do número musical final, que é bem divertido.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Hoje em dia é natural que cineastas tenham uma bagagem de cinéfila mas cineastas mais antigos não eram cinéfilos e faziam filmaços.

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E aí, querido cinéfilo?! – Nossa Coluna de Entrevista | Parte 32: Fernando Vasconcelos

A beleza do cinema é conseguir enxergar além do que os olhos conseguem captar. Falar de cinema é uma grande prova de amor ao sentimento das curiosidades que afligem esse imenso mundão que vivemos. Todo tipo de filme, de qualquer gênero, busca o importante elo em apresentar emoções ao espectador, seja ele quem for. Pensando em entender melhor as razões do porquê o cinema ser uma coisa tão rica para nossa existência como ser humano, esse eterno jovem cinéfilo que vos escreve buscou cinéfilos espalhados pelo Brasil (alguns até pelo mundo) para contar um pouquinho da trajetória cinéfila deles para vocês.

Nosso convidado de hoje é de Recife, e sempre observei ótimas dicas e argumentos sobre cinema nos seus comentários pelo Facebook. Formado em Design Gráfico na UFPE, já fez coberturas de grandes mostras de cinema pelo Brasil, curadorias e júri, eventos, cursos, um grande universo de caminhos ligados ao audiovisual. Uma grande honra ter toda a bagagem cinéfila de Fernando Vasconcelos em nosso especial.

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Aqui no Recife temos o histórico Cinema São Luiz, que faz parte da minha descoberta afetiva do cinema quando criança nos anos 70, mas a sala preferida hoje é o Cinema da Fundação Joaquim Nabuco, são duas salas modernas e tecnicamente perfeitas, com excelente curadoria e mostras, assistimos lá desde clássicos do cinema até sucessos de bilheteria como Parasita Bacurau. Era frequentador assíduo, antes da pandemia.

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Desde a infância eu sempre tive a percepção da sala de cinema como algo especial, mais como ir a igreja do que assistir TV em casa. Tenho anotações e assistir TUBARÃO aos 12 anos em 1976 acho que foi a primeira vez que pensei em como o cinema pode criar com efeitos especiais e fazer você acreditar no que está vendo, mesmo sabendo que é uma trucagem.

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Billy Wilder. Considero pelo menos 5 filmes dele de excelência máxima, mas pra escolher só um vou de SE MEU APARTAMENTO FALASSE.

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

PIXOTE de Hector Babenco. Porque é obra-prima do cinema brasileiro.

5) O que é ser cinéfilo para você?

Adoro assistir filmes, como entretenimento e cultura, mas não vivo profissionalmente de cinema nem acho que algum filme mudou minha vida ou tenho ansiedade por algum novo filme. Claro que tenho diretores prediletos, cuja obra me marcam como identificação de olhar sobre a vida. O termo cinéfilo como consumidor de filmes por quantidade, bater meta de ver tantos filmes por ano ou ver obra completa de um diretor não me define.

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Acredito que só salas fora do circuitão tem programadores bem formados em cinema. O circuito multiplex atende uma demanda de mercado, não precisa entender de cinema, basta ser um bom administrador da área de entretenimento.

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Acho que sim, as mudanças de forma de consumo de filmes tem sido muito velozes no nosso tempo. Talvez pelos próximos 20 ou 30 anos ainda teremos cinemas e depois só reste alguns espaços especiais, como salas históricas preservadas e multiplexes mais próximos do formato parque de diversões.

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Até no Netflix encontramos jóias pouco vistas, como por exemplo o recente italiano LAZZARO FELICE.

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Podem reabrir até antes de uma vacina mas eu só entrarei num cinema me sentindo seguro quando as mortes diárias pelo Covid-19 no Brasil estiverem próximas de zero, e está muito longe desse momento ainda.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

O cinema brasileiro está num bom momento, infelizmente com filmes que até premiados não alcançam bom público. Gosto especialmente dos filmes que vem de Minas Gerais: ArábiaTemporadaNo Coração do Mundo, muita gente boa fazendo cinema de qualidade. Sou pernambucano e tivemos boa produção nos últimos 20 anos, incluindo o sucesso e repercussão dos três longas de Kleber Mendonça Filho. Mas, bem, eu tenho 56 anos, vivi uma época que o cinema brasileiro era mais popular, sinto saudade disso.

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Não perdia nenhum filme de Carlos Reinchenbach, que faleceu em 2012.

12) Defina cinema com uma frase:

“Cinema é a maior diversão.”

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema

Lembro que numa pré-estreia bem lotada de WATCHMEN tem um momento no filme, em torno das 2h de duração, com Dr. Manhattan e uma música, acho que de David Bowie, entra com o maior clima de final de filme, todo mundo levanta pra ir embora e abrem a porta de saída do lado da tela, uma confusão, os fãs gritando que não terminou, o maior fluxo de gente saindo, gente na dúvida voltando, um mar de gente pra lá e pra cá, e o filme passando na tela, até todo mundo votar e se aquietar foram uns 15 minutos de filme, foi engraçado.

14) Defina ‘Cinderela Baiana’ em poucas palavras…

Eu nunca assisti, só conheço o trecho do número musical final, que é bem divertido.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

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