sexta-feira , 22 novembro , 2024

E aí, querido cinéfilo?! – Nossa Coluna de Entrevista | Parte 9: João Daniel Tikhomiroff

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Não existe caminho para o cinema, o cinema é o caminho. Buscando curiosidades e respondendo a perguntas sobre o universo cinematográfico do Brasil e do mundo, essa humilde coluna desse jovem cinéfilo busca encontrar outros cinéfilos para juntos falarmos sobre uma das coisas que mais amamos nesse planeta que vivemos: cinema.

Nosso entrevistado de hoje tem mais de quarenta anos de experiência no mercado audiovisual brasileiro. Sócio da Mixer Films, e com 41 leões (nome do prêmio) conquistados no Festival Internacional de Publicidade de Cannes, João Daniel Tikhomiroff tornou-se referência na produção publicitária. O cinema sempre foi a paixão dessa mente criativa do audiovisual, ele debutou como cineasta em Besouro no ano de 2009, depois dirigiu mais dois filmes: Didi e o segredo dos anjos (2014) e Os saltimbancos trapalhões rumo à Hollywood (2017).



E como a internet é tão boa para encontrarmos almas cinéfilas que talvez nunca encontraríamos na realidade, João sempre está pelo Facebook comentando sobre a sétima arte e tenho a honra de tê-lo como amigo por lá, sempre com ótimas dicas.

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação à programação? Detalhe o porquê da escolha.

Cine Belas Artes. Permanente cuidado na qualidade de programação, com diversidade e inteligência. Filmes que não passam no grande circuito ou que não voltarão a passar (no caso de “cult movie”).

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente?

Os Pássaros, de Alfred Hitchcock. Assisti na cabine da Universal Pictures, onde meu pai era diretor, e o projecionista começava a me mostrar algumas produções que chegavam ao Brasil, antes da exibição ao público. Eu tinha 9 anos de idade. Ali tive uma certeza: eu queria ser diretor de cinema.

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Tenho vários… de várias fases e motivações. Mas pra escolher apenas um, será o mais completo de todos: Stanley Kubrick. E meu favorito dele será o filme que é uma aula completa de cinema: 2001: uma Odisseia no Espaço.

 4) Qual seu filme nacional favorito e por que?

Tenho vários: Macunaíma, Deus e o Diabo na Terra do Sol, Terra em Transe, São Paulo S.A. , Azyllo Muito Louco, … mas para escolher apenas um, fico com Vidas Secas. Nelson Pereira dos Santos fez um filme incrível, tristíssimo, onde nos coloca nas vísceras da miséria nordestina, com uma condução precisa e talentosa. Filme inesquecível.

5) O que é ser cinéfilo para você?

É você ter o cinema como a grande paixão da sua vida. Ser a prioridade.

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possui programação feita por pessoas que entendem de cinema?

Não. Definitivamente não.

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Não acredito. Apesar do Covid 19, e outros vírus que deverão surgir, a magia de uma sala de cinema é insubstituível. Uma experiência que movimenta as emoções. Ninguém chora ou ri tão forte quanto ao “contágio” de uma sala de cinema cheia. Assim como o teatro não morreu, que os shows ao vivo não morreram… ao contrário, os jovens sempre buscarão essas experiências.

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Toby Dammit, de Frederico Fellini. Brilhante. Um dos três episódios que compõe o filme Histórias Extraordinárias, baseado em contos do Edgar Alan Poe. Apenas o episódio feito pelo Fellini é excelente. Até hoje, surpreende.

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a Covid-19?

Difícil dar uma opinião no meio de uma pandemia. Um vírus que os médicos e a ciência estão tentando entender e controlar. Não arrisco minha opinião.

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

No mesmo nível do cinema mundial: ruim. Mas sempre encontramos algum bom, em ambos.

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Nem brasileiro, nem estrangeiro. Não perco um filme bom, ou promissor. Não importa quem sejam os atores. Mas tem atores que me fazem fugir da sala de cinema… Nicolas Cage, por exemplo. Perdeu o critério de escolha de papel…

12) Defina cinema com uma frase.

Viver uma magia, intensamente.

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema.

No meio de uma sessão normal do filme Sacco & Vanzetti, um sujeito se levantou comovido e gritou: “eu não aguento, pô! Muito revoltante. Não venho ao cinema pra sofrer!”… e foi embora. Aliás, recomendo muito assistir a esse incrível filme, dirigido pelo Giuliano Montaldo, e trilha musical do gênio Ennio Morricone (e participa Joan Baez).

14) Defina ‘Cinderela Baiana’ em poucas palavras…

Hahahahahaha…

15) Você é um dos sócios da Mixer Films. Desde o tempo em que você começou até hoje, qual a dificuldade de um jovem sonhador querer trabalhar com audiovisual no Brasil?

As dificuldades são imensas. Sempre foram, mas agora está ainda mais difícil. Não existe uma mentalidade nem cultural, nem investidora no audiovisual do Brasil. Por isso é uma batalha movida à paixão. Não é aberto à pessoas “normais”…

As plataformas de streaming estão mudando o cenário. As séries ganharam relevância e ousadia, muitas vezes mais que o cinema hoje. Desde Twin Peaks, de David Lynch, à antológica Família Soprano, passando por Breaking Bad, The Handmaid’s Tale, Black Mirror… e mesmo o infanto-juvenil Stranger Things, tem trazido frescor à dramaturgia audiovisual.

Fizemos na Mixer algumas séries que nos trouxeram prêmios e muito sucesso internacional como Julie e os Fantasmas, O Negócio, a infantil Escola de Gênios, entre outras. Mas claro que cinema é cinema, e sempre será.

16) Você é cinéfilo mas sabemos que nem todos os cineastas brasileiros são. É importante ser cinéfilo para um diretor de cinema?

Acho que sim. Para fazer cinema você precisa ser um apaixonado pelo ofício. Mas sempre vai existir exceção à regra, brasileiro ou não. Mas desconfio de cineasta que não seja um cinéfilo…

17) Qual o pior filme que você viu na vida?

Alguns vão querer me matar… mas diria que foi um ganhador de Oscar: Coração Valente (Braveheart), de Mel Gibson. Dos raros filmes que me levantei da cadeira e fui embora do cinema, no meio do filme.

18) Como cineasta, como você lida com as críticas dos jornalistas sobre seus filmes quando elas são negativas?

Sempre procuro não me impregnar, nem com as ruins nem com as boas. Críticos são feitos pra criticar. Assim deve ser. Mas se você se influenciar com essas opiniões, pode perder o foco. Para o bem ou para o mal. Muitos cineastas adotam essa postura: evitam ler. Elogios ou críticas negativas. Não importam.

Mas sempre respeito. Mesmo evitando ler. Mas confesso que uma crítica super elogiosa de meu filme, que chegou às minhas mãos, vinda do Hollywood Reporter durante o Festival de Berlim, eu não resisti e li. Hahahaha…!

19) Se algum jovem quisesse começar hoje a ser cinéfilo, qual filme você indicaria para ser o primeiro dele começar a ver?

Playtime, de Jacques Tati.

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Não existe caminho para o cinema, o cinema é o caminho. Buscando curiosidades e respondendo a perguntas sobre o universo cinematográfico do Brasil e do mundo, essa humilde coluna desse jovem cinéfilo busca encontrar outros cinéfilos para juntos falarmos sobre uma das coisas que mais amamos nesse planeta que vivemos: cinema.

Nosso entrevistado de hoje tem mais de quarenta anos de experiência no mercado audiovisual brasileiro. Sócio da Mixer Films, e com 41 leões (nome do prêmio) conquistados no Festival Internacional de Publicidade de Cannes, João Daniel Tikhomiroff tornou-se referência na produção publicitária. O cinema sempre foi a paixão dessa mente criativa do audiovisual, ele debutou como cineasta em Besouro no ano de 2009, depois dirigiu mais dois filmes: Didi e o segredo dos anjos (2014) e Os saltimbancos trapalhões rumo à Hollywood (2017).

E como a internet é tão boa para encontrarmos almas cinéfilas que talvez nunca encontraríamos na realidade, João sempre está pelo Facebook comentando sobre a sétima arte e tenho a honra de tê-lo como amigo por lá, sempre com ótimas dicas.

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação à programação? Detalhe o porquê da escolha.

Cine Belas Artes. Permanente cuidado na qualidade de programação, com diversidade e inteligência. Filmes que não passam no grande circuito ou que não voltarão a passar (no caso de “cult movie”).

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente?

Os Pássaros, de Alfred Hitchcock. Assisti na cabine da Universal Pictures, onde meu pai era diretor, e o projecionista começava a me mostrar algumas produções que chegavam ao Brasil, antes da exibição ao público. Eu tinha 9 anos de idade. Ali tive uma certeza: eu queria ser diretor de cinema.

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Tenho vários… de várias fases e motivações. Mas pra escolher apenas um, será o mais completo de todos: Stanley Kubrick. E meu favorito dele será o filme que é uma aula completa de cinema: 2001: uma Odisseia no Espaço.

 4) Qual seu filme nacional favorito e por que?

Tenho vários: Macunaíma, Deus e o Diabo na Terra do Sol, Terra em Transe, São Paulo S.A. , Azyllo Muito Louco, … mas para escolher apenas um, fico com Vidas Secas. Nelson Pereira dos Santos fez um filme incrível, tristíssimo, onde nos coloca nas vísceras da miséria nordestina, com uma condução precisa e talentosa. Filme inesquecível.

5) O que é ser cinéfilo para você?

É você ter o cinema como a grande paixão da sua vida. Ser a prioridade.

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possui programação feita por pessoas que entendem de cinema?

Não. Definitivamente não.

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Não acredito. Apesar do Covid 19, e outros vírus que deverão surgir, a magia de uma sala de cinema é insubstituível. Uma experiência que movimenta as emoções. Ninguém chora ou ri tão forte quanto ao “contágio” de uma sala de cinema cheia. Assim como o teatro não morreu, que os shows ao vivo não morreram… ao contrário, os jovens sempre buscarão essas experiências.

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Toby Dammit, de Frederico Fellini. Brilhante. Um dos três episódios que compõe o filme Histórias Extraordinárias, baseado em contos do Edgar Alan Poe. Apenas o episódio feito pelo Fellini é excelente. Até hoje, surpreende.

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a Covid-19?

Difícil dar uma opinião no meio de uma pandemia. Um vírus que os médicos e a ciência estão tentando entender e controlar. Não arrisco minha opinião.

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

No mesmo nível do cinema mundial: ruim. Mas sempre encontramos algum bom, em ambos.

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Nem brasileiro, nem estrangeiro. Não perco um filme bom, ou promissor. Não importa quem sejam os atores. Mas tem atores que me fazem fugir da sala de cinema… Nicolas Cage, por exemplo. Perdeu o critério de escolha de papel…

12) Defina cinema com uma frase.

Viver uma magia, intensamente.

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema.

No meio de uma sessão normal do filme Sacco & Vanzetti, um sujeito se levantou comovido e gritou: “eu não aguento, pô! Muito revoltante. Não venho ao cinema pra sofrer!”… e foi embora. Aliás, recomendo muito assistir a esse incrível filme, dirigido pelo Giuliano Montaldo, e trilha musical do gênio Ennio Morricone (e participa Joan Baez).

14) Defina ‘Cinderela Baiana’ em poucas palavras…

Hahahahahaha…

15) Você é um dos sócios da Mixer Films. Desde o tempo em que você começou até hoje, qual a dificuldade de um jovem sonhador querer trabalhar com audiovisual no Brasil?

As dificuldades são imensas. Sempre foram, mas agora está ainda mais difícil. Não existe uma mentalidade nem cultural, nem investidora no audiovisual do Brasil. Por isso é uma batalha movida à paixão. Não é aberto à pessoas “normais”…

As plataformas de streaming estão mudando o cenário. As séries ganharam relevância e ousadia, muitas vezes mais que o cinema hoje. Desde Twin Peaks, de David Lynch, à antológica Família Soprano, passando por Breaking Bad, The Handmaid’s Tale, Black Mirror… e mesmo o infanto-juvenil Stranger Things, tem trazido frescor à dramaturgia audiovisual.

Fizemos na Mixer algumas séries que nos trouxeram prêmios e muito sucesso internacional como Julie e os Fantasmas, O Negócio, a infantil Escola de Gênios, entre outras. Mas claro que cinema é cinema, e sempre será.

16) Você é cinéfilo mas sabemos que nem todos os cineastas brasileiros são. É importante ser cinéfilo para um diretor de cinema?

Acho que sim. Para fazer cinema você precisa ser um apaixonado pelo ofício. Mas sempre vai existir exceção à regra, brasileiro ou não. Mas desconfio de cineasta que não seja um cinéfilo…

17) Qual o pior filme que você viu na vida?

Alguns vão querer me matar… mas diria que foi um ganhador de Oscar: Coração Valente (Braveheart), de Mel Gibson. Dos raros filmes que me levantei da cadeira e fui embora do cinema, no meio do filme.

18) Como cineasta, como você lida com as críticas dos jornalistas sobre seus filmes quando elas são negativas?

Sempre procuro não me impregnar, nem com as ruins nem com as boas. Críticos são feitos pra criticar. Assim deve ser. Mas se você se influenciar com essas opiniões, pode perder o foco. Para o bem ou para o mal. Muitos cineastas adotam essa postura: evitam ler. Elogios ou críticas negativas. Não importam.

Mas sempre respeito. Mesmo evitando ler. Mas confesso que uma crítica super elogiosa de meu filme, que chegou às minhas mãos, vinda do Hollywood Reporter durante o Festival de Berlim, eu não resisti e li. Hahahaha…!

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