quinta-feira , 21 novembro , 2024

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Qual o propósito de nossa existência? O que há além da vida? Para onde vamos quando morremos? O que significa o tempo? Essas são as grandes e básicas questões filosóficas e existencialistas que permeiam a mente humana desde os primórdios, e que nos faz, por exemplo, buscar respostas na religião como uma espécie de conforto. Esta é também a ideia usada como cerne desta produção independente protagonizada por Rooney Mara e Casey Affleck, intitulada A Ghost Story – no original.

Mesmo com o avassalador sucesso de crítica no ano passado, que o enalteceu como um dos melhores filmes de 2017, A Ghost Story (produção da A24) não encontrou lugar nos cinemas de nosso país (como muitas produções independentes norte-americanas, já que dos EUA nosso país consome demais as superproduções). Dos males o menor, e o longa aporta agora no mercado de home vídeo, no Telecine On Demand, trazido pela Universal com o título duvidoso Sombras da Vida.



A obra marca a reunião da dupla de atores citados com o diretor David Lowery, que os havia comandado em Amor Fora da Lei (Ain´t Them Bodies Saints, 2013), sucesso no Festival de Sundance em seu respectivo ano, comparado ao primeiro longa de Terrence Malick, Terra de Ninguém (Badlands, 1973). Novamente escrito e dirigido por Lowery, é reportado que Sombras da Vida foi produzido com o dinheiro arrecadado por Meu Amigo, o Dragão (2016), superprodução da Disney e filme mais ambicioso da carreira do cineasta. Isto é, produção ambiciosa e grandiosa, porque em questão de subtexto, a ideia por trás de Sombras da Vida resulta em sua obra de maior aspiração.

A trama é simples, porém, complexa, ao adereçar de forma muito honesta e minimalista questões universais – o resultado é mais que satisfatório. Na realidade, os próprios protagonistas possuem pouquíssimo tempo em cena. E o longa é realizado basicamente sem diálogos. Este é um daqueles filmes onde sensações são mais importantes que palavras – o que pode tirar muita gente de jogada. Pense por esse lado, se você busca algo mais imersivo, sensorial, intenso e poético, algo que vai além das palavras e da ação, então este é o filme para você. Caso contrário, é bom estar avisado.

Rodado com a imagem antiga no formato 4:3, aquele que nossas TVs quadradas possuíam, a trama apresenta o casal C (Affleck) e M (Mara), vivendo numa casa afastada da cidade. Até que um acidente termina por tirar a vida do sujeito. O que segue é, ao mesmo tempo em que a jovem viúva tenta lidar com a realidade da perda, o fantasma do falecido volta vagando até a casa. A forma curiosa com quem Lowery resolve representar o personagem em sua nova condição, coberto por um lençol com buracos nos olhos, reflete a inocência com a qual o diretor sempre imaginou fantasmas, e pode causar estranheza e comicidade inicial. Com maestria, Lowery contrapõe o humor implícito na imagem com uma melancolia tão latente, que ao final estaremos sentindo e nos emocionando com aquela figura graciosamente triste, confusa e perdida.

Esta é a sinopse básica do filme, mas Sombras da Vida surpreende por ir além e ser muito mais do que o descrito. Começa com a dor inenarrável de um jovem casal, e evolui para algo muito maior e significativo, como uma jornada espiritual através do tempo e espaço sem destino. É lisérgico e dolorido ao coração, transcendendo a separação a dois, nos fazendo perceber através de um choque criacional o quão insignificantes nossas vidas são perante o mundo, e este perante o universo. A cena chave que define o longa é a da festa, na qual o personagem vivido por Will Oldham narra nossa fútil tentativa egocêntrica de marcar a história, como forma de ficarmos eternizados na memória coletiva e jamais esquecidos. Exercício inútil quando o início de tudo chegar ao fim. É para deitar e refletir por horas. Woody Allen já avisava…

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Mesmo com o avassalador sucesso de crítica no ano passado, que o enalteceu como um dos melhores filmes de 2017, A Ghost Story (produção da A24) não encontrou lugar nos cinemas de nosso país (como muitas produções independentes norte-americanas, já que dos EUA nosso país consome demais as superproduções). Dos males o menor, e o longa aporta agora no mercado de home vídeo, no Telecine On Demand, trazido pela Universal com o título duvidoso Sombras da Vida.

A obra marca a reunião da dupla de atores citados com o diretor David Lowery, que os havia comandado em Amor Fora da Lei (Ain´t Them Bodies Saints, 2013), sucesso no Festival de Sundance em seu respectivo ano, comparado ao primeiro longa de Terrence Malick, Terra de Ninguém (Badlands, 1973). Novamente escrito e dirigido por Lowery, é reportado que Sombras da Vida foi produzido com o dinheiro arrecadado por Meu Amigo, o Dragão (2016), superprodução da Disney e filme mais ambicioso da carreira do cineasta. Isto é, produção ambiciosa e grandiosa, porque em questão de subtexto, a ideia por trás de Sombras da Vida resulta em sua obra de maior aspiração.

A trama é simples, porém, complexa, ao adereçar de forma muito honesta e minimalista questões universais – o resultado é mais que satisfatório. Na realidade, os próprios protagonistas possuem pouquíssimo tempo em cena. E o longa é realizado basicamente sem diálogos. Este é um daqueles filmes onde sensações são mais importantes que palavras – o que pode tirar muita gente de jogada. Pense por esse lado, se você busca algo mais imersivo, sensorial, intenso e poético, algo que vai além das palavras e da ação, então este é o filme para você. Caso contrário, é bom estar avisado.

Rodado com a imagem antiga no formato 4:3, aquele que nossas TVs quadradas possuíam, a trama apresenta o casal C (Affleck) e M (Mara), vivendo numa casa afastada da cidade. Até que um acidente termina por tirar a vida do sujeito. O que segue é, ao mesmo tempo em que a jovem viúva tenta lidar com a realidade da perda, o fantasma do falecido volta vagando até a casa. A forma curiosa com quem Lowery resolve representar o personagem em sua nova condição, coberto por um lençol com buracos nos olhos, reflete a inocência com a qual o diretor sempre imaginou fantasmas, e pode causar estranheza e comicidade inicial. Com maestria, Lowery contrapõe o humor implícito na imagem com uma melancolia tão latente, que ao final estaremos sentindo e nos emocionando com aquela figura graciosamente triste, confusa e perdida.

Esta é a sinopse básica do filme, mas Sombras da Vida surpreende por ir além e ser muito mais do que o descrito. Começa com a dor inenarrável de um jovem casal, e evolui para algo muito maior e significativo, como uma jornada espiritual através do tempo e espaço sem destino. É lisérgico e dolorido ao coração, transcendendo a separação a dois, nos fazendo perceber através de um choque criacional o quão insignificantes nossas vidas são perante o mundo, e este perante o universo. A cena chave que define o longa é a da festa, na qual o personagem vivido por Will Oldham narra nossa fútil tentativa egocêntrica de marcar a história, como forma de ficarmos eternizados na memória coletiva e jamais esquecidos. Exercício inútil quando o início de tudo chegar ao fim. É para deitar e refletir por horas. Woody Allen já avisava…

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