Dono de uma filmografia fantástica com projetos audiovisuais que se mostram atuais até hoje, o paulista filhos de austríacos Jorge Bodansky foi um dos homenageados do Bonito CineSur 2024. Em complemento a essa comemoração que brinda uma carreira impecável e vitoriosa, o festival exibiu o filme Terceiro Milênio, uma de suas obras preferidas e também uma das mais proféticas.
Pouco antes da aguarda sessão e homenagem, o aclamado cineasta de 81 anos conversou com o Cinepop:
Como você recebeu esse convite para ser homenageado aqui no Bonito CineSur, também com a exibição do seu filme ‘Terceiro Milênio’, que tem mais de 40 anos? Como está esse coração?
Jorge Bodansky: “Muito feliz de estar aqui. Ano passado não pude vir, foi exibido meu filme Amazonia, A Nova Miramata?. Feliz de estar aqui agora presente e apresentando o Terceiro Milênio que foi um filme que fiz no final dos anos 70, lançado em 81. Como o título diz, é um filme premonitório, foi feito no Amazonas numa campanha eleitoral de um senador que na época se candidatou ao governo do estado. O filme mostra que as coisas não mudaram, talvez até pioraram. É um filme que eu gosto demais.”
Você está sendo homenageado aqui e sua filha Laís Bodansky vai ser homenageada logo em sequência no Festival Internacional de Paraty. Muito orgulho dessa filha?
Jorge Bodansky: “Você está me contando agora em primeira mão (risos). É muito gostoso ter uma filha que segue a carreira do pai por mais que ela esteja na área de ficção e eu mais na área de documentário. Mas tudo é cinema. Um cinema contestador. Isso é muito gratificante.”
Sei que trabalhar com cinema, fotografia, ocupa demais o tempo. Mas você ainda encontra uma brecha pra ir ao cinema, ver filmes brasileiros? Consegue acompanhar o nosso cinema?
Jorge Bodansky: “Na medida do possível sim. Eu gosto muito. Sempre acompanhei e gosto de saber o que está acontecendo. Acho que vivemos um momento muito interessante no cinema. Tem uma grande novidade no cinema brasileiro que é o cinema indígena que traz uma visão, um novo olhar de cinema e do Brasil também. Acho essa a coisa mais importante que está acontecendo e devemos observar bem o cinema indígena.”
Quais as dicas que você pode dar pra quem está iniciando no audiovisual?
Jorge Bodansky: “O conselho que eu dou é: faz! Não espera financiamento, nem edital. Pega o seu celular, edita, exibe no Youtube…mas faz! Eu comecei cinema fazendo, a gente faz com o que a gente tem na mão. Acho que hoje temos tudo na mão para fazer um documentário, então não há desculpa pra não fazer.”