Entre os grandes concorrentes ao Oscar deste ano, O Brutalista se destaca como uma das obras mais impactantes da temporada. Indicado em dez categorias, incluindo Melhor Filme, Direção e Ator, o longa de Brady Corbet estreou no Festival de Veneza no ano passado e chegou ao Brasil no último dia 20 de fevereiro. Guy Pearce, em entrevista exclusiva ao CinePOP, demonstrou simpatia ao falar sobre seu papel como Harrison Lee Van Buren e revelou: “Não precisei me inspirar em ninguém para construir o personagem, pois ele já estava bem definido no roteiro.”
A Construção de Harrison Lee Van Buren
Se Adrien Brody brilha no papel do arquiteto húngaro e sobrevivente do Holocausto László Tóth, Guy Pearce entrega uma das melhores performances de sua carreira como o enigmático e poderoso Van Buren. Conhecido por suas inesquecíveis interpretações em Amnésia (2000), de Christopher Nolan e Priscilla, a Rainha do Deserto (1994), de Stephan Elliott, — cuja sequência já foi confirmada e está em pré-produção —, esta é a primeira indicação do ator britânico 57 anos ao maior prêmio da academia de Hollywood.
Com uma performance acachapante, Guy Pearce dá vida a um aristocrata excêntrico, cuja relação com László Tóth oscila entre a admiração e a destruição. Durante a entrevista, Pearce destacou que não buscou referências diretas para compor o papel, pois o roteiro de Brady Corbet e Mona Fastvold já trazia uma clareza impressionante sobre quem era esse homem e suas motivações. “Eu não criei o personagem. Ele já estava ali no roteiro. Eu apenas me juntei à jornada e o interpretei“, afirmou.
Interpretação Soberba num Épico
A dinâmica entre Van Buren e Tóth é um dos pontos centrais da trama, abordando temas como poder, inveja e tensão cultural. Em sua conversa com o CinePOP, Pearce analisou a dualidade do personagem, que, apesar de reconhecer e admirar o talento do arquiteto, sente a necessidade de controlá-lo e, eventualmente, destruí-lo. “Ele se sente impotente em muitos aspectos de sua vida, então quando vê alguém como Laszlo, que tem essa confiança inabalável, ele acaba sendo consumido pelo desejo de dominá-lo”, explicou o ator.
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Essa dualidade entre esses personagens foi uma das principais razões do ator entrar no projeto, descrito por ele como os “dois lados da mesma moeda”. A cinematografia de Lol Crawley e a direção de arte de Judy Becker reforçam essa dicotomia e a grandiosidade da narrativa na iluminação e arquitetura, criando o palco perfeito para a tragédia moderna sobre ambição e destruição, na qual o protagonista foge do facismo para cair nos braços do capitalismo.
“Van Buren se apresenta como poderoso, conhecedor de tudo, tem dinheiro, controle e também ganância. Esse é o lado destrutivo do capitalismo presente nesse homem. Ele, entretanto, é mais complexo do que apenas uma representação do capitalismo, ele tem um senso e gosto refinado, porém está repleto de inveja.”, reflete Pearce.
Carimbo na História do Cinema
O Brutalista não só se destaca como um dos filmes mais marcantes do ano, mas também evoca o espírito dos grandes épicos do cinema. Assim como Ben-Hur (1959, 3h32 de duração) e Lawrence da Arábia (1962, 3h47), o filme constrói sua grandiosidade por meio de uma fotografia detalhada, cenários imponentes e uma narrativa que se desdobra ao longo dos anos, criando um impacto visual e emocional duradouro.
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Guy Pearce, em especial, entrega uma performance digna de prêmios ao lado de Adrien Brody e Felicity Jones. Sua corrida para o Oscar, no entanto, enfrenta uma forte concorrência, com Kieran Culkin, de A Verdadeira Dor, dominando a categoria de Ator Coadjuvante e garantindo uma série de reconhecimentos nesta temporada, como Globo de Ouro, BAFTA e SAG Awards.
A construção visual e narrativa de O Brutalista transforma o longa em uma experiência cinematográfica duradoura. Com performances viscerais e uma estética que remete à grandiosidade das narrativas antigas, o filme estabelece um diálogo entre o passado e o presente do cinema, consolidando-se como um marco da década.
Veja entrevista completa no YouTube:
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Assista:
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