Estreia nesta quinta-feira (15) um dos filmes mais esperados do ano. O nono trabalho da louvável carreira do diretor Quentin Tarantino chega com muita expectativa do público, abordando a relação entre Rick Dalton (Leonardo DiCaprio), um ator em crise existencial que vive marcado por um personagem, e seu dublê, Cliff Booth (Brad Pitt), em meio à onda de ataques do Serial Killer Charles Manson.
O longa tem o padrão Tarantino de qualidade. Com uma história simples e momentos de pura tensão, o conto hollywoodiano acerta em cheio ao recriar estúdios, avenidas e toda a atmosfera californiana dos anos 60. É um trabalho lindo de ambientação e que vai levar o espectador a vivenciar a época em suas quase três horas de duração.
Agora, se você espera o frenesi Tarantinesco, tome cuidado! Apesar do trailer ter prometido um dos maiores filmes de ação do ano, o produto entregue é extenso e com ritmo mais lento, variando com picos de adrenalina e cenas memoráveis. E esse é provavelmente o grande desafio que o longa do Tarantino vai enfrentar: superar as expectativas do público.
Talvez dono do material promocional mais aclamado do ano, Era Uma Vez em Hollywood não é aquele filme de ação ininterrupta e violência explícita que o povo costuma associar ao diretor. Até por abordar, mesmo que de forma leve, um caso de muita comoção no meio do cinema, o assassinato da atriz Sharon Tate – interpretada pela talentosíssima Margot Robbie, pela seita de Manson. Ele constrói um clima tenso no entorno da personagem, mas nunca chega a ser desrespeitoso com a memória da atriz.
A abordagem que vai criar problema é a de Bruce Lee. Os fãs da Lenda das Artes Marciais devem se sentir ofendidos ao verem o artista ser representado sob estereótipos asiáticos hollywoodianos e com uma personalidade arrogante, bem ao estilo de outro grande nome dos filmes de artes marciais: o belga Jean-Cleaude Van Damme. Fica aquele gosto amargo em quem for assistir esperando uma homenagem ou até mesmo uma grande participação de Bruce Lee, vivido por Mike Moh.
Fora a decepção que o filme pode causar por conta das expectativas, podemos afirmar que o penúltimo filme da carreira de Tarantino, afirmação feita pelo próprio diretor, é uma grande obra cinematográfica. As atuações são espetaculares, com destaque para a dupla protagonista. DiCaprio é um monstro e Brad Pitt convence muito no papel de dublê misterioso. Há algumas surpresas ao longo da história, mas o foco mesmo acaba sendo nesses dois. Outro ponto que é importante comentar é sobre o conhecimento que o filme exige do público. Você consegue entender o roteiro se não souber das histórias de bastidores dos anos 60, ou até mesmo a trama sombria acerca do assassinato de Sharon Tate, mas se você tiver essa bagagem, esse conhecimento, vai conseguir aproveitar bem mais e ter uma melhor experiência.
Então é isso, caro leitor. Corra para o cinema e deixe as expectativas em casa. Aproveite o filme e se surpreenda por uma versão meio diferente do Tarantino. Se apaixone por Rick “Fucking” Dalton, se encante com a Sharon Tate e se divirta com Cliff Booth. Enfim, curta o cinema!
Era Uma Vez Em Hollywood estreia em 16 de Agosto de 2019