Hoje, dia 30 de setembro, o jovem ator americano Ezra Miller completa 30 anos. Lançado à fama no início da década passada, Miller logo foi escalando rapidamente em sua carreira, realizando trabalhos significativos. Os elogios dos críticos para suas atuações e presença única nas telas lhe rendeu o prestígio que precisava para embarcar em algumas das maiores franquias da atualidade – como o derivado de Harry Potter, Animais Fantásticos, e principalmente se tornar o herói veloz The Flash em filmes do universo cinematográfico da DC; ambas as franquias dentro da Warner, onde Miller se tornou um “menino de ouro”.
Desde que o mundo é mundo, estudiosos pesquisam os efeitos da fama desenfreada em uma celebridade, nas pessoas que a cercam e na sociedade em geral. É indiscutível que hoje vivemos num mundo onde ser uma celebridade, mesmo que uma instantânea (sem ter feito muito por isso), é almejado por qualquer pessoa que tenha em seu alcance um celular, e viva e respire nas redes sociais. Ser uma celebridade se tornou uma profissão: venda de ideias e de um estilo de vida. Conteúdo é outra história. Mas é preciso ter responsabilidade, afinal tudo vem com um custo. Ao longo da história também diversas estrelas da maior meca de cinema do mundo, Hollywood, foram completamente “engolidas” por esta fama – desde Marilyn Monroe até Britney Spears. E agora chegamos ao caso de Ezra Miller.
De figura exótica e ator elogiado pelos especialistas, Ezra Miller rapidamente se tornou uma personalidade problemática. Quando a excentricidade de certos astros afeta unicamente sua própria vida, isso pode se tornar um marketing até positivo, como é o caso com Lady Gaga, por exemplo. Mas quando começa a se tornar um comportamento tóxico e afetar pessoas ao redor, é que começa a se ligar o sinal de alerta. Prestes a lançar o filme solo do herói Flash, Miller se viu no centro de diversos escândalos, desde agressões em bares e a pessoas na rua, até mesmo uma mulher (enforcada pelo ator), passando a acusações de manter outra mulher em cárcere privado, desaparecimentos e culminando em relatos de uma visão distorcida e completamente assustadora de mundo, na qual o ator teoricamente se veria como a personificação de Jesus Cristo e teria criado um altar para si próprio.
Deixando as especulações e as fofocas de lado, o fato é que a Warner estaria preocupada com tais escândalos na hora de promover The Flash, com lançamento programado para 2023. Esperamos sinceramente que Ezra Miller resolva todas as suas questões e não jogue fora a oportunidade de ouro que a vida lhe deu, e que muitos buscam por anos sem sucesso. Somos esperançosos e não deixamos de acreditar que tudo irá acabar bem. Seguindo por essa linha, resolvemos homenagear o ator selecionando alguns de seus trabalhos mais relevantes para você conhecer um pouco mais de sua carreira. Confira.
Precisamos Falar Sobre o Kevin (2011)
Ezra Miller já havia feito participações em séries badaladas como Lei & Ordem: Unidades de Vítimas Especiais (2009), Californication (2008) e Royal Pains (2010), quando atuou neste drama independente que serviria de divisor de águas em sua carreira. Aqui foi onde verdadeiramente o mundo ficou conhecendo o ator. Ou melhor, uma parte dos cinéfilos, já que este é um filme pequeno que teve apelo maior no circuito de festivais e ainda hoje, 11 anos depois de sua estreia, ainda é desconhecido por grande parte do público – que deveria correr para assisti-lo. Cria do festival de Cannes, o longa tem direção de Lynne Ramsay e é um relato pesadíssimo do pesadelo de qualquer mãe: ter um filho psicopata. A grande Tilda Swinton interpreta Eva (numa analogia bíblica), uma mulher desesperada pela maternidade. A relação problemática de mãe e filho culmina no aniversário de 16 anos do menino (já vivido por Miller), quando ele realiza atos indescritíveis de assassinato.
As Vantagens de Ser Invisível (2012)
Um ano depois do impacto do filme acima, Ezra Miller adentrava um projeto mais leve e voltado ao público adolescente. Isso não significa que esta obra dirigida pelo próprio autor do livro em que é baseada, Stephen Chbosky, não seja imensamente rica em suas questões sobre o amadurecimento de jovens, lidando com problemas bem delicados – como depressão, suicídio, doenças mentais, abuso e sexualidade. Quem protagoniza é o jovem sumido Logan Lerman, o menino de 15 anos Charlie, que encara o suicídio do melhor amigo enquanto enfrenta seus próprios distúrbios. Ele termina conhecendo e fazendo amizade com uma dupla um pouco mais velha, Sam (Emma Watson) e Patrick (Ezra Miller). Ele termina se apaixonando pela primeira e os três formam um trio quase inseparável – isto é, até de fato precisarem seguir caminhos diferentes. Miller vive Patrick, um rapaz extrovertido, assumindo sua sexualidade gay.
O Experimento de Aprisionamento de Stanford (2015)
Exibido em Sundance, este thriller dramático independente não chegou aos cinemas brasileiros, sendo lançado diretamente no mercado de vídeo e streamings em nosso país. A esta altura, Ezra Miller já era conhecido por suas escolhas de papeis, digamos, não muito ortodoxas – sempre optando por papeis desafiadores e sombrios, que casavam bem com os filmes impactantes nos quais estava. Baseado no livro de Philip Zimbardo, que por sua vez relata eventos reais ocorridos em 1971, a trama fala sobre um experimento na faculdade de Stanford, com estudantes de psicologia. A proposta era dividir os estudantes entre guardas e detentos de uma prisão fictícia a fim de estudar o poder e o controle de um ser humano em relação ao outro. No entanto, a simulação se tornou tão real e fervorosa que terminou por sair totalmente do controle. Este é um filme que você precisa encontrar e assistir.
Batman vs Superman / Esquadrão Suicida (2016)
O ano de 2016 traria uma nova guinada na carreira de Ezra Miller, elevando ainda mais seu status. Isso porque ele se tornava o menino de ouro da Warner, estrelando duas de suas maiores franquias. Começaremos com o universo da DC nas telonas, onde o ator foi escolhido dentre diversos outros concorrentes para ser o herói Flash nas telonas. Antes de ganhar o seu tão aguardado filme solo, porém, Miller apareceria na pele do personagem em três blockbusters. Na verdade, 2016 trouxe apenas um gostinho antes mesmo de sua primeira aparição oficial. Em Batman vs. Superman era introduzido o conceito da união dos maiores heróis do estúdio, e Miller era vislumbrado em uma câmera de segurança como o homem mais rápido do mundo. Ele reprisaria a participação no estilo piscou perdeu em Esquadrão Suicida no mesmo ano.
Franquia Animais Fantásticos (2016, 2018, 2022)
Após o enorme sucesso e fenômeno mundial que a franquia Harry Potter se tornou, a Warner quis dar continuidade ao universo bruxo criado pela autora J.K. Rowling, e para isso usou um livro sobre o catálogo dos animais e criaturas místicas encontradas nesse mundo mágico. Esse catálogo foi transformado no filme Animais Fantásticos, o primeiro derivado de Harry Potter que viria a se tornar uma série no cinema também. Ezra Miller estrelou o primeiro filme como Credence, um personagem coadjuvante muito parecido com os tipos de papeis pelos quais o ator ficou conhecido. Ou seja, é um sujeito introvertido, teoricamente abusado por sua mãe ultra religiosa e autoritária, mas que vem a se revelar o verdadeiro algoz e um psicopata dono de poderes sobrenaturais fortíssimos, que precisam ser parados. Miller retornaria como Credence nas duas sequências do longa.
Liga da Justiça (2017)
Agora sim, a estreia oficial de Ezra Miller como o Flash num filme da DC/ Warner. Curiosamente, este é o personagem que mais foge do estilo associado ao ator. Isto é, em partes, já que seu Barry Allen é também um sujeito meio esquisitão e solitário, que diz não ter amigos e é meio inadequado socialmente. Apesar disso, o Flash é também o alívio cômico do filme, um personagem piadista cuja dinâmica é toda montada em frases de efeitos, tiradas e gags – nem todas funcionam, mas serviu para dar o tom do que esperar em seu filme solo. Essa persona seria repetida na versão do diretor Zack Snyder para o mesmo filme, finalmente lançado em 2021. Miller ainda reprisaria seu Flash em séries de TV como Arrow (em 2020) e em Pacificador este ano.
Asking for It (2021)
O trabalho mais recente de Ezra Miller antes de se meter em encrencas na sua vida pessoal foi este thriller com toques de sátira e crítica social, que ainda não chegou ao Brasil. Este é um daqueles filmes que vêm sendo muito produzidos atualmente, tentando pegar carona em pautas sociais relevantes e em vigor, mas que ao invés de criarem uma boa história e um filme convincente para acompanhar, terminam apenas servindo para levantar bandeira sem conteúdo. Aqui o tópico é o feminismo, e a luta de um grupo de mulheres radicais para banir através da violência o abuso desferido contra elas. Vanessa Hudgens, Alexandra Shipp e Kiersey Clemons são três membros desse grupo secreto, que age por debaixo dos panos como vigilantes para erradicar supremacistas brancos. Miller vive justamente o líder machistas dos vilões. Curiosamente, o filme repete a dobradinha de Miller com a atriz Clemons, no universo da DC o casal formado por Flash e sua namorada Iris Allen.