Michael Mann, renomado diretor de clássicos do cinema como ‘Fogo Contra Fogo’ e ‘Miami Vice’, é conhecido por sua obsessão pela realidade e pela construção de personagens complexos. Em uma entrevista ao France Culture, ele discutiu sua paixão pelo cinema e as técnicas inovadoras que utiliza para dar vida às suas histórias.
Mann rejeita a ideia de personagens bidimensionais, preferindo explorar a profundidade da psique humana. “Eu me tornei muito ambicioso em não reduzir os personagens a códigos bidimensionais. Para mim, todo mundo tem uma vida, todo mundo tem uma família, todo mundo tem conflitos. É a própria natureza da vida. E então a gente morre, é isso. Sempre fui atraído pela ideia de dimensionar os personagens para torná-los situações humanas reais”.
Ele cita Vincent Hanna (‘Fogo Contra Fogo’) como exemplo: “O personagem interpretado por Al Pacino em ‘Fogo Contra Fogo’, Vincent Hanna, é viciado em sua experiência aumentada de vida como caçador. Ele é um caçador, um pesquisador, um explorador, um descobridor. Ele está perseguindo Neil McCauley. Há um momento no hospital, depois que Natalie Portman tenta se suicidar, onde ele está sentado com Justine. Ela pergunta: ‘Podemos voltar juntos?’ É um momento de sabedoria e ele responde: ‘Não vai dar certo. Tudo o que sou é aquele que persigo.’ E isso é a verdade”.
Em seu trabalho mais recente, ‘Ferrari’, Mann explica como queria fugir do comum de filmar a velocidade, preferindo capturar as expressões dos pilotos. “Eu não queria filmar a velocidade. É fácil dar a impressão de que algo está indo rápido. Também é relativamente fácil obter imagens muito líricas, em teleobjetiva, de carros serpentando belas estradas do campo. Isso não era de todo o que eu estava procurando. O que eu queria era subjetivar a experiência vivida. Isso envolvia uma abordagem completamente diferente de como filmar e posicionar as câmeras”.
Ele explica como posicionou as câmeras: “Eu tive que posicionar as câmeras de forma que pudesse sentir tanto a concentração do piloto quanto o fato de ele não estar ciente do que seu corpo está passando. Na verdade, o piloto está concentrado na distância. Ele não pensa onde está, mas projeta-se um ou dois viradas à frente. Então foi essa experiência que eu estava buscando e não a observação externa.”
Baseado no livro “Enzo Ferrari: O Homem e a Máquina”, de Brock Yates, o enredo de ‘Ferrari’ se passa no verão de 1957, quando o ex-piloto de corridas Enzo Ferrari enfrenta uma crise. A falência ameaça a empresa que ele e sua esposa, Laura, construíram ao longo de dez anos. Enfrentando o luto por um filho e o reconhecimento de outro, Ferrari decide apostar em uma corrida de mil milhas pela Itália, a famosa Mille Miglia.
Dirigido por Michael Mann, indicado ao Oscar por ‘Colateral’, ‘Ferrari’ também conta com Penélope Cruz como Laura Ferrari, Shailene Woodley como Lina Lardi (amante de Ferrari), Patrick Dempsey como o piloto italiano de Fórmula 1 Piero Taruffi, e o brasileiro Gabriel Leone no papel do malfadado piloto espanhol Alfonso de Portago.
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No site agregador de críticas Rotten Tomatoes, o longa debutou com uma aprovação de 86%, e uma nota média de 6.8/10.
Confira algumas avaliações:
“Um drama bem feito, interpretado com competência, mas no final das contas bastante vazio.” – Times (UK)
“A Ferrari demora, depois deslumbra e finalmente faz barulho.” – The Wrap
“Esta é uma produção refinada, requintada e cara, mas a Ferrari não acelera o ritmo rápido e furioso o suficiente para ter um apelo mais amplo.” – Screen International
“É um filme flexível e elegante, o tipo de longa que você esperaria de um veterano como Mann, que não faz um filme desde 2015” – TIME Magazine
“Depois que o que está em jogo foi pacientemente definido… é como se uma injeção de nitro tivesse ocorrido sob o capô do filme. As cenas de direção são surpreendentes – tão eletrizantemente reais quanto qualquer coisa na história do gênero.” – Daily Telegraphy
“Afastando-se das emoções e mirando ao drama familiar, ‘Ferrari’ se beneficia de outra grande atuação de Adam Driver e de um punhado de cenas de corrida coreografadas com maestria, mas, em última análise, é muito avessa ao risco.” – IGN
