Impossível entendermos determinadas loucuras. Escrito, dirigido e protagonizado pela artista britânica Alice Lowe (do ótimo Turistas – Sightseers, 2012), Prevenge, com sessões no Festival do Rio desse ano, é um filme pra lá de maluco que tenta agir pela curiosidade em relação a mente conturbada de uma grávida, sofrendo um forte trauma perto da data em que descobriu a gravidez.
O foco do roteiro é essa questão da maternidade. De forma bastante inusitada, adicionando o elemento psicológico conturbado, o filme se projeta a uma grande matança provocado pela protagonista em atos sobre pessoas diferentes, que cercam, mesmo de forma distante, seu passado recente de alguma forma.
Na trama, conhecemos a complicada Ruth (Alice Lowe), que está grávida de quase nove meses. Até aí tudo bem, não fosse o fato dela iniciar uma verdadeira carnificina orientada pela filha, que ainda está em sua barriga. Exibido nos festivais de Veneza e Toronto em 2016, Prevenge chega a ser intrigante em alguns momentos, e sonolento em outros. Explora um assunto complicado de maneira quase debochada.
O simples fato da mãe receber instruções de sua filha que ainda nem nasceu já gera um grande estranhamento do lado de cá da telona. É um drama complexo com pitadas de humor negro que nos leva em uma trajetória de sangue, ao mesmo tempo que tentamos de alguma forma entender o que se passa na cabeça da personagem principal. A violência das mortes que acontecem em sequência são oriundas da raiva de Ruth em relação a toda uma sociedade que, na maneira dela de pensar e agir, puniu o pai de sua filha.
Conforme os arcos vão passando, a trama começa a fazer certo sentido, principalmente em um dos últimos diálogos no qual aprendemos mais detalhes sobre o pai de sua filha e como estava o relacionamento deles perto da tragédia que aconteceu. Mas as curtas explicações podem ter vindo muito tarde, o sono pode tomar conta da sala de cinema.