quinta-feira , 26 dezembro , 2024

Crítica | Terra Selvagem – novo suspense do roteirista de ‘Sicario’

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Terra Fria

Taylor Sheridan começou sua carreira no cinema como ator, mas conseguiu destaque mesmo foi como roteirista, ao ponto de se tornar um dos mais celebrados da atualidade no mercado de Hollywood. E isso com apenas dois trabalhos (agora três) no currículo. A explosão veio logo na estreia, quando criou a história da pancada Sicario: Terra de Ninguém (2015), dirigido por um cineasta igualmente em ascensão – hoje, muito estabelecido – o franco-canadense Denis Villeneuve (Blade Runner 2049). Foi o caso de simbiose perfeita do texto de Sheridan com a direção precisa e nervosa de Villeneuve.

No ano seguinte, Sheridan emplacava novamente, e agora se consagrava com uma indicação ao Oscar, escrevendo assim seu nome nas estrelas. É claro que estou falando do texto de A Qualquer Custo (Hell or High Water), indicado a quatro prêmios no último Oscar, incluindo melhor filme. Agora, o autor, assim como Aaron Sorkin (A Grande Jogada), outro roteirista sensação da atualidade, dá o salto para o comando de um longa com Terra Selvagem, como de costume confeccionando também a história.



A trama se passa na gelada cidadezinha de Lander, Wyoming, na qual o assassinato de uma jovem nativo-americana irá desencadear uma tensa investigação envolta em muito mistério. O duas vezes indicado ao Oscar Jeremy Renner (Guerra ao Terror e Atração Perigosa) é o protagonista na pele de Cory, um rastreador / caçador com fortes laços na comunidade nativo-americana local. Como todo protagonista sofrido, o sujeito tem no passado uma mancha negra que o assombra constantemente e que o separou da esposa.

Quando Cory encontra por acidente o corpo surrado e estuprado da jovem mulher, enquanto seguia a trilha de uma leoa e suas crias, é que a trama começa a girar. Logo, o FBI envia a agente mais próxima do local, a novata Jane Banner, papel de Elizabeth Olsen, que como boa Clarice Starling da vez (Jodie Foster em O Silêncio dos Inocentes, 1991) terá um curso relâmpago em uma jornada de sobrevivência, somando muito para sua experiência no departamento.

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Terra Selvagem resulta no esforço menos satisfatório da carreira de Sheridan. Na direção, mesmo que inexperiente, o roteirista realiza um bom trabalho, mas demonstra falta de ritmo, em especial na primeira metade do filme. O primeiro momento, que serve como construção tanto de personagens quanto da premissa a ser descortinada, demora a desenvolver seus alicerces, ficando sempre a um passo atrás do público e não se posicionando à frente dele. Os personagens são apenas rascunhados e não existe muito além a ser descoberto do que o mostrando em um primeiro plano.

Nesse sentido deve-se colocar em cheque também o Sheridan roteirista, que no passado já criou personagens mais bem trabalhados e complexos, envoltos em muitos questionamentos. Terra Selvagem, no entanto, assim como seus personagens, é dono de uma linearidade simplista, que liga o ponto A ao B sem grandes desvios, caminhos secundários ou estradas entrelaçadas. No entanto, sua ideologia dura e direta, que remete ao cinema da década de 1980, segue presente, prometendo levantar debates sobre validade de atos, como a justiça com as próprias mãos.

Sheridan consegue criar boas cenas, duas em especial, caprichando no nível de tensão, que certamente absorveu dos diretores com quem trabalhou no passado. Ambas as cenas (o tiroteio final envolvendo a personagem de Olsen e a reviravolta, com a revelação do assassinato em si, trecho que guarda a presença sempre ilustre de Jon Bernthal) fazem uso de muita adrenalina nos momentos que precedem a ação, mostrando que o roteirista tem bom domínio de técnica e cenas que exigem um compasso mais acelerado. Sua deficiência, no entanto, e o que deveria ter procurado com os mesmos diretores citados, são os momentos mais calmos, de atuações, que servem para a base da estrutura narrativa de qualquer filme, não importando seu gênero.

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Taylor Sheridan começou sua carreira no cinema como ator, mas conseguiu destaque mesmo foi como roteirista, ao ponto de se tornar um dos mais celebrados da atualidade no mercado de Hollywood. E isso com apenas dois trabalhos (agora três) no currículo. A explosão veio logo na estreia, quando criou a história da pancada Sicario: Terra de Ninguém (2015), dirigido por um cineasta igualmente em ascensão – hoje, muito estabelecido – o franco-canadense Denis Villeneuve (Blade Runner 2049). Foi o caso de simbiose perfeita do texto de Sheridan com a direção precisa e nervosa de Villeneuve.

No ano seguinte, Sheridan emplacava novamente, e agora se consagrava com uma indicação ao Oscar, escrevendo assim seu nome nas estrelas. É claro que estou falando do texto de A Qualquer Custo (Hell or High Water), indicado a quatro prêmios no último Oscar, incluindo melhor filme. Agora, o autor, assim como Aaron Sorkin (A Grande Jogada), outro roteirista sensação da atualidade, dá o salto para o comando de um longa com Terra Selvagem, como de costume confeccionando também a história.

A trama se passa na gelada cidadezinha de Lander, Wyoming, na qual o assassinato de uma jovem nativo-americana irá desencadear uma tensa investigação envolta em muito mistério. O duas vezes indicado ao Oscar Jeremy Renner (Guerra ao Terror e Atração Perigosa) é o protagonista na pele de Cory, um rastreador / caçador com fortes laços na comunidade nativo-americana local. Como todo protagonista sofrido, o sujeito tem no passado uma mancha negra que o assombra constantemente e que o separou da esposa.

Quando Cory encontra por acidente o corpo surrado e estuprado da jovem mulher, enquanto seguia a trilha de uma leoa e suas crias, é que a trama começa a girar. Logo, o FBI envia a agente mais próxima do local, a novata Jane Banner, papel de Elizabeth Olsen, que como boa Clarice Starling da vez (Jodie Foster em O Silêncio dos Inocentes, 1991) terá um curso relâmpago em uma jornada de sobrevivência, somando muito para sua experiência no departamento.

Terra Selvagem resulta no esforço menos satisfatório da carreira de Sheridan. Na direção, mesmo que inexperiente, o roteirista realiza um bom trabalho, mas demonstra falta de ritmo, em especial na primeira metade do filme. O primeiro momento, que serve como construção tanto de personagens quanto da premissa a ser descortinada, demora a desenvolver seus alicerces, ficando sempre a um passo atrás do público e não se posicionando à frente dele. Os personagens são apenas rascunhados e não existe muito além a ser descoberto do que o mostrando em um primeiro plano.

Nesse sentido deve-se colocar em cheque também o Sheridan roteirista, que no passado já criou personagens mais bem trabalhados e complexos, envoltos em muitos questionamentos. Terra Selvagem, no entanto, assim como seus personagens, é dono de uma linearidade simplista, que liga o ponto A ao B sem grandes desvios, caminhos secundários ou estradas entrelaçadas. No entanto, sua ideologia dura e direta, que remete ao cinema da década de 1980, segue presente, prometendo levantar debates sobre validade de atos, como a justiça com as próprias mãos.

Sheridan consegue criar boas cenas, duas em especial, caprichando no nível de tensão, que certamente absorveu dos diretores com quem trabalhou no passado. Ambas as cenas (o tiroteio final envolvendo a personagem de Olsen e a reviravolta, com a revelação do assassinato em si, trecho que guarda a presença sempre ilustre de Jon Bernthal) fazem uso de muita adrenalina nos momentos que precedem a ação, mostrando que o roteirista tem bom domínio de técnica e cenas que exigem um compasso mais acelerado. Sua deficiência, no entanto, e o que deveria ter procurado com os mesmos diretores citados, são os momentos mais calmos, de atuações, que servem para a base da estrutura narrativa de qualquer filme, não importando seu gênero.

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