segunda-feira , 30 dezembro , 2024

Festival Varilux | O Último Suspiro – Terror apocalíptico francês pega emprestado de Stephen King

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Fim dos Tempos

Mistura dos livros de Stephen King com um episódio de séries como Black Mirror, O Último Suspiro é uma das mais inventivas produções cinematográficas dentro do acervo do Festival Varilux deste ano. Misto de ficção científica e terror (não deixe o título semi-romântico te enganar), o filme traz como chamariz as presenças do francês Romain Duris (Todo o Dinheiro do Mundo) e a ucraniana Olga Kurylenko (007 – Quantum of Solace) – exibindo domínio indefectível da língua francesa – como o casal protagonista.

Na trama, Duris e Kurylenko são marido e mulher separados, pais de uma jovem que possui uma doença grave e terminal. Sua condição exige que a menina viva dentro de uma “bolha”, extremamente tecnológica, o que levanta a questão se o filme estaria se passando alguns anos no futuro. Em outro trecho, a personagem da ex-bond girl usa um computador de mesa que soa mais avançado do que o normal, corroborando para a teoria. O enfoque, no entanto, não é dado para tal fato. O foco aqui é o apocalipse – que chega na forma de uma densa bruma espalhada através de Paris.



Em mais um dia normal nos arredores da cidade francesa, Mathieu (Duris) chega de viagem e vai direto visitar a família (ex-mulher e filha) no prédio de frente ao seu. Após um grande estrondo, muito semelhante a um terremoto (desastre natural anunciado na TV um pouco antes, em países da Europa), o sujeito parte para a rua e encontra somente o pânico das pessoas. A correria generalizada tem como motivo a nuvem de fumaça saída do solo (ou do subsolo de estações de metrô) que rapidamente se espalha e mata com tremenda facilidade todos que a respiram.

O ataque, à primeira vista, é confundido com um ato terrorista, comum em países europeus. Mas, depois de devidamente instalados num apartamento vizinho no último andar de um prédio, o ex-casal (ao lado de um casal de velhinhos) percebe que a névoa permanece em uma determinada altura, deixando sua locomoção restrita aos telhados parisienses ou, através do uso de máscaras de gás (às vezes improvisadas), pelo nível térreo.

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De fato, O Último Suspiro tem como forte teor a semelhança com algum episódio da clássica serie Além da Imaginação, na qual uma realidade fantástica e assustadora é a nova ordem do dia, fazendo personagens comuns precisarem lutar por suas vidas. Outro mote aqui é a respiração. A cada momento, os sobreviventes precisarão testar seu fôlego em cenas incrivelmente tensas, que farão o público igualmente puxar o ar a cada reviravolta, sabendo que seu maior antagonista é um nevoeiro de elevado nível tóxico.

Escrito por Guillaume Lemans (72 Horas), Jimmy Bemon e Mathieu Delozier, O Último Suspiro é criativo e imprime certa originalidade ao tema do fim do mundo. O roteiro cria cenas gélidas que se acumulam e só escalam. É uma situação de sobrevivência que acrescenta novos elementos a cada guinada, seja um feroz cão solto pelas ruas, a falta de ar proporcionada por instrumentos defeituosos ou até mesmo a paranoia humana, que transforma cidadãos pacatos em algozes mortais.

Duris convence como herói de ação, com sua fachada de homem comum, e Kurylenko igualmente imprime charme e renome ao projeto. A direção de Daniel Roby é dinâmica e não dá muito descanso ao espectador durante seus 90 minutos de projeção. Um dos maiores acertos do longa, no entanto, e algo que o cinema europeu sabe fazer bem, é não dar respostas demais, deixando a maior parte do trabalho à nossas imaginações. Não sabemos de onde veio esta ameaça, nem seu motivo. Tudo o que precisamos saber é que ela necessita ser circundada para a nossa sobrevivência. Ah sim, e acrescentando ainda mais à aura cult por natureza do filme, a conclusão é tipicamente dúbia e desesperançosa.

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Mistura dos livros de Stephen King com um episódio de séries como Black Mirror, O Último Suspiro é uma das mais inventivas produções cinematográficas dentro do acervo do Festival Varilux deste ano. Misto de ficção científica e terror (não deixe o título semi-romântico te enganar), o filme traz como chamariz as presenças do francês Romain Duris (Todo o Dinheiro do Mundo) e a ucraniana Olga Kurylenko (007 – Quantum of Solace) – exibindo domínio indefectível da língua francesa – como o casal protagonista.

Na trama, Duris e Kurylenko são marido e mulher separados, pais de uma jovem que possui uma doença grave e terminal. Sua condição exige que a menina viva dentro de uma “bolha”, extremamente tecnológica, o que levanta a questão se o filme estaria se passando alguns anos no futuro. Em outro trecho, a personagem da ex-bond girl usa um computador de mesa que soa mais avançado do que o normal, corroborando para a teoria. O enfoque, no entanto, não é dado para tal fato. O foco aqui é o apocalipse – que chega na forma de uma densa bruma espalhada através de Paris.

Em mais um dia normal nos arredores da cidade francesa, Mathieu (Duris) chega de viagem e vai direto visitar a família (ex-mulher e filha) no prédio de frente ao seu. Após um grande estrondo, muito semelhante a um terremoto (desastre natural anunciado na TV um pouco antes, em países da Europa), o sujeito parte para a rua e encontra somente o pânico das pessoas. A correria generalizada tem como motivo a nuvem de fumaça saída do solo (ou do subsolo de estações de metrô) que rapidamente se espalha e mata com tremenda facilidade todos que a respiram.

O ataque, à primeira vista, é confundido com um ato terrorista, comum em países europeus. Mas, depois de devidamente instalados num apartamento vizinho no último andar de um prédio, o ex-casal (ao lado de um casal de velhinhos) percebe que a névoa permanece em uma determinada altura, deixando sua locomoção restrita aos telhados parisienses ou, através do uso de máscaras de gás (às vezes improvisadas), pelo nível térreo.

De fato, O Último Suspiro tem como forte teor a semelhança com algum episódio da clássica serie Além da Imaginação, na qual uma realidade fantástica e assustadora é a nova ordem do dia, fazendo personagens comuns precisarem lutar por suas vidas. Outro mote aqui é a respiração. A cada momento, os sobreviventes precisarão testar seu fôlego em cenas incrivelmente tensas, que farão o público igualmente puxar o ar a cada reviravolta, sabendo que seu maior antagonista é um nevoeiro de elevado nível tóxico.

Escrito por Guillaume Lemans (72 Horas), Jimmy Bemon e Mathieu Delozier, O Último Suspiro é criativo e imprime certa originalidade ao tema do fim do mundo. O roteiro cria cenas gélidas que se acumulam e só escalam. É uma situação de sobrevivência que acrescenta novos elementos a cada guinada, seja um feroz cão solto pelas ruas, a falta de ar proporcionada por instrumentos defeituosos ou até mesmo a paranoia humana, que transforma cidadãos pacatos em algozes mortais.

Duris convence como herói de ação, com sua fachada de homem comum, e Kurylenko igualmente imprime charme e renome ao projeto. A direção de Daniel Roby é dinâmica e não dá muito descanso ao espectador durante seus 90 minutos de projeção. Um dos maiores acertos do longa, no entanto, e algo que o cinema europeu sabe fazer bem, é não dar respostas demais, deixando a maior parte do trabalho à nossas imaginações. Não sabemos de onde veio esta ameaça, nem seu motivo. Tudo o que precisamos saber é que ela necessita ser circundada para a nossa sobrevivência. Ah sim, e acrescentando ainda mais à aura cult por natureza do filme, a conclusão é tipicamente dúbia e desesperançosa.

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