Ao longo do tempo entre tantas histórias que acompanhamos no mundo magico do cinema algumas abordam questões existenciais nas relações entre pessoas e animais. Nem sempre é aquela saga de amor e superação onde um animal, muitas vezes um cachorrinho, ajuda a pessoa a enfrentar os problemas e etc. Essa relação pode ser encontrada de muito mais formas, nos fazendo refletir muito sobre nossa sociedade. Sendo assim, buscando sair de filmes muito óbvios como Marley e Eu, apresento nessa lista abaixo alguns excelentes trabalhos que mostram as profundas interações entre as pessoas e os animais:
White God
Quase sempre é preciso um golpe de loucura para se construir um novo destino. E vem da Hungria um dos roteiros mais significativos e inovadores dos últimos tempos no Universo do Cinema. White God, vencedor do prêmio de Melhor Filme da Mostra Um Certo Olhar no Festival de Cannes em 2014, é uma fita corajosa que mostra todas as habilidades do cineasta húngaro Kornél Mundruczó. Misturando inusitadas situações, envolvendo praticamente uma guerra entre cachorros e pessoas, o longa-metragem é uma grande lição sobre os limites que todos nós devemos navegar. Para tudo que é vida no planeta ter um certo tipo de evolução, precisamos nos entender como seres humanos urgentemente.
A fé pode mover muito mais que montanhas. O trabalho de Ang Lee é visualmente magnífico, tecnicamente perto da perfeição e seu enredo é envolvente chegando a emocionar nos momentos chaves, esse é As Aventuras de Pi. Falando sobre fé e recheado de personagens cativantes, o longa-metragem vai agradar a todos os tipos de público. O que, a princípio você possa achar que é um filme para criança, pode ter certeza, caro cinéfilo, que a fita passa longe de ser uma produção voltada ao público infantil.
Pig
E se você pudesse recriar momentos com sua arte? E se mesmo assim não fosse suficiente para se ter tudo na vida? Afinal, o que é ter tudo na vida? Em seu primeiro longa-metragem (dirigindo e escrevendo), após três curtas e co-dirigir dois seriados, o cineasta Michael Sarnoski consegue encontrar uma fórmula mágica, intimista, mostrando ao público dentro do inusitado universo de um homem atrás de um porco que lhe fora sequestrado. Aos poucos vamos percebendo que há toda uma impactante história por trás, mostrada na tela tecnicamente de forma sublime, dentro de uma fotografia maravilhosa. É a grande atuação da carreira de Nicolas Cage! É uma profundidade impressionante que alcança para seu complexo personagem. Somos testemunhas da ressurreição de sua carreira. Com trabalhos nos últimos anos, em sua maioria, bastante questionáveis, quando Cage acerta vira algo inesquecível.
Tudo na vida tem começo, meio e fim. Um homem e seus conflitos em certa etapa da vida, consumido pelo stress de um cotidiano caótico em não encontrar um oásis dentro das obrigações que se amontoam em sua vida. Durante mais de 200 dias na África do Sul, resolve interagir todo esse tempo com um polvo e assim acaba embarcando em uma série de descobertas sobre como vive esse molusco de oito tentáculos e que possui uma série de ventanas. Uma narrativa detalhista, emocionante, que mexe com nossos campos reflexivos nos paralelos que encontramos entre as leis da vida de um polvo e nós que estamos fora da água. Professor Polvo, produzido pela Netflix, venceu o Oscar de Melhor Documentário em 2021.
Após o eletrizante Rush: No Limite da Emoção, o cineasta vencedor do Oscar Ron Howard voltou aos longas-metragens anos atrás dessa vez para contar ao público uma história complementar a do clássico Moby Dick. No Coração do Mar conta as verdades não ditas sobre um grupo de marinheiros que enfrentaram um dos maiores animais do planeta no meio de um dos oceanos, a milhas e milhas longe da terra. Com um orçamento que beirou os 50 milhões de dólares, o filme possui efeitos especiais maravilhosos, ótima edição, trilha sonora eficaz, além de uma forte e sólida trama que prende o espectador. Um destaque na atuação vai para o experiente Brendan Gleeson que emociona bastante com seu sofrido personagem.
A amizade não se busca, não se sonha, não se deseja; ela exerce-se. Escrito e dirigido pelo genial cineasta sul coreano Joon-ho Bong (dos espetaculares Parasita, Expresso do Amanhã, Mother e The Host), Okja é uma baita crítica à indústria dos alimentos além de uma metáfora poética sobre a amizade. Com personagens fascinantes, principalmente o fofíssimo Okja, super carismático, um roteiro cirúrgico que escancara argumentos profundos sobre os limites de mega indústrias e o caótico arranjo da indústria alimentícia esse projeto é um dos filmes inesquecíveis do ano de 2017.
A amizade está contida em qualquer lugar onde tenha boas almas que busquem o sonhar. Baseado no livro de Helen Aberson, que foi imortalizado pelo famoso desenho de décadas atrás que conquistou plateias de todo o mundo, Dumbo, aqui dirigido pelo genial Tim Burton, consegue manter a mesma atmosfera emocionante adicionando um tom equilibrado entre as alegrias e a tristeza que o pequeno elefantinho e seus amigos vivem ao longo de toda a aventura. Burton consegue novamente criar um filme empolgante e com mensagens tão lindas para todas as gerações.
A arte de andar na chuva. Chegou aos cinemas brasileiros, quase de que maneira desapercebida anos atrás um lindo filme que além de falar sobre amizade, universo canino, diz muito sobre o poder de nossos sonhos e a importância que a família tem em nossa vida. Dirigido pelo britânico Simon Curtis (A Dama Dourada), baseado em um roteiro adaptado do livro de Garth Stein, dos mesmos produtores de Marley e Eu, Meu Amigo Enzo é uma grande jornada ao redor da vida de um amoroso e carinhoso piloto profissional de carros. Dividido em arcos bem definidos, vamos nos aproximando da história através da narração de Enzo, o cãozinho que vive os dias mais intensos da vida do protagonista.