Esse ano algumas produções de muito sucesso completam 10 anos de seu lançamento. Umas já se tornaram icônicas, e outras viveram até mesmo para se tornar novos clássicos do cinema. Afinal, quem esquecerá tão cedo filmes como A Origem, A Rede Social, O Discurso do Rei, Cisne Negro, Meu Malvado Favorito, entre outros tantos. Existem também aqueles que tinham grandes aspirações e criaram uma enorme expectativa nos fãs, mas que, apesar do fracasso retumbante, ainda conseguem se manter na “boca do povo” no típico esquema do falem mal, mas falem de mim: dentre os quais alguns casos notórios são O Último Mestre do Ar, Demônio, Gente Grande, Percy Jackson, Enrolados e Fúria de Titãs, por exemplo.
No entanto, nesta matéria iremos abordar um terceiro tópico de filme que está completando 10 anos em 2020. Um item que é ainda mais triste do que os fracassos famosos. O caso dos filmes que passaram tão em branco que, mesmo com certo prestígio de diretores e atores renomados envolvidos, você não ficou sequer sabendo que tinham sido lançados. Vamos conhecer abaixo e diga se você de fato já tinha ouvido falar deles ou se até mesmo teve a sorte de assisti-los.
Entre Segredos e Mentiras
Indicado para dois Oscar de melhor ator, Ryan Gosling se tornou um dos intérpretes preferidos dos cinéfilos devido a suas escolhas de projetos interessantes, a maioria fora da caixinha e donos de muita criatividade. Mesmo quando se envolve em uma grande produção de estúdio, sua opção é por algo do nível de Dois Caras Legais (2016) ou O Primeiro Homem (2018). E até quando não funcionavam cem por cento, vide Caça aos Gângsteres (2013), a intenção do que poderia ter sido é sempre mais louvável. Quando pensamos no ator, obras como La La Land (2016), Drive (2011), Blade Runner 2049 (2017) e até mesmo o cult Namorados para Sempre (2010) são as obras que primeiro vem à mente.
No mesmo ano do drama romântico estarrecedor citado, porém, era lançado Entre Segredos e Mentiras, suspense dramático baseado na história real de Robert Durst, um homem com severo desvio de personalidade, suspeito pelo desaparecimento de sua esposa em 1982. Este filme pra lá de sombrio e impactante é desconhecido de muitos, apesar de contar com ótimos desempenhos dos protagonistas Gosling e Kirsten Dunst – que acredita ser esta sua melhor interpretação da carreira.
A Ocasião Faz o Ladrão
Keanu Reeves sentiu uma revigorada em sua carreira após se tornar crush da internet e do sucesso de sua mais recente franquia: John Wick. O ator até mesmo deu uma turbinada em Bill & Ted, e vem aí com um novo Matrix. Mas diga de verdade se você já tinha ouvido falar neste A Ocasião Faz o Ladrão. Misto de drama criminal com comédia, no filme Reeves vive um sujeito sendo liberado da prisão após cumprir pena por um crime que não cometeu. É então que ele decide realmente roubar o banco pelo qual foi acusado. O longa une Reeves pela primeira vez em tela com os indicados ao Oscar Vera Farmiga e James Caan, e ainda conta com Judy Greer, Bill Duke e Fisher Stevens no elenco. O roteiro é assinado por Sacha Gervasi, de O Terminal (2004) e Hitchcock (2012).
As Múmias do Faraó
Essa é para quem curte aventuras de matinê no estilo Indiana Jones e, é claro, seu “clone” mais bem sucedido, A Múmia (1999), com Brendan Fraser. E talvez um dos motivos pelo qual você pode nunca ter ouvido falar nesta produção de Luc Besson é justamente por se tratar de um blockbuster francês. Besson tem um estilo visual e narrativo únicos, que aproximam todos os seus filmes de “adaptações de quadrinhos”, mesmo quando não o são.
Afinal você conseguiria dizer dentre filmes como O Quinto Elemento (1997), Nikita (1990), O Profissional (1994), Arthur e os Minimoys (2006), Lucy (2014) e Valerian e a Cidade dos Mil Planetas (2017) quais são baseados em HQs e quais são ideias originais suas. Bem, com As Múmias do Faraó o cineasta realmente adapta para as telonas as histórias criadas por Jacques Tardi sobre a escritora e aventureira Adèle Blanc-Sec (Louise Bourgoin) e suas encrencas reais e sobrenaturais (como diz o título original da obra) no início do Século XX. O clima para toda a família impera, e o elenco conta ainda com atores renomados da França como Mathieu Amalric e Gilles Lellouche.
A Sétima Alma
Primeiro filme de terror na lista e aqui contamos com a direção de nenhum outro senão o saudoso mestre do gênero Wes Craven. Para os que viveram debaixo de uma rocha nos últimos 40 anos, Craven é o responsável por algumas das franquias mais notáveis do horror, vide A Hora do Pesadelo e Pânico. Mas até os gênios cometem seus deslizes. Além de Amaldiçoados (sobre o qual comento neste link) – tentativa de uma franquia sobre lobisomem moderno que o diretor lançou em 2005 -, Craven dava bola fora há 10 anos com este “My Soul to Take”.
Neste slasher lançado um ano antes de Pânico 4, o cineasta cria uma história sobre um serial killer (na tentativa de criar uma nova persona icônica na trilha de Freddy Krueger e Ghostface) que, teoricamente, retorna dos mortos para perseguir sete jovens de uma pequena cidade, todos nascidos no mesmo dia em que ele foi abatido. No elenco, Danai Gurira, Frank Grillo, Max Thieriot, John Magaro e Emily Meade são os rostos mais conhecidos.
Twelve – Vidas Sem Rumo
Seguindo pelo universo de filmes com personagens jovens e prestigiados diretores saudosos, chegamos a este Twelve que foi igualmente o penúltimo trabalho de Joel Schumacher, responsável por obras elogiadas como Os Garotos Perdidos (1987), O Cliente (1994) e Tempo de Matar (1996), e outras… bem, você lembra dos Batman com mamilos? Nesta produção, Schumacher voltava lá para o início de sua carreira, de filmes como O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas (1985), para se reconectar com a juventude.
Baseado no romance de Nick McDonell, este é também um drama criminal, que aborda o mundo das drogas, seus usuários e traficantes. O protagonista, papel de Chace Crawford, é um pequeno traficante passando por um dos piores momentos de sua vida, precisando encarar o assassinato de seu primo e a prisão de seu melhor amigo. O elenco traz nomes como Emma Roberts, Zoë Kravitz, Rory Culkin, Billy Magnussen, o rapper 50 Cent e Emily Meade (ela de novo), além de veteranos como Elle Barkin e o usual colaborador de Schumacher, Kieffer Sutherland.
A Grande Mentira
Você lembra daquele filme no qual Jessica Chastain interpretou Helen Mirren jovem? Pois é, a verdadeira pergunta seria se alguma delas lembra. O thriller político tem por trás realizadores pra lá de tarimbados, mas sequer foi lançado nos cinemas brasileiros. Com roteiro de Peter Straughan (O Espião que Sabia Demais), Jane Goldman (Kick-Ass) e Matthew Vaughn (X-Men: Primeira Classe), o longa é na verdade uma adaptação do israelense ‘Ha-Hov’ (2007).
Com direção de John Madden (indicado ao Oscar por Shakespeare Apaixonado), a história fala sobre a missão de três agentes do Mossad para prender um nazista na Alemanha Ocidental de 1965. Nesta fase, a protagonista Rachel Singer é vivida por uma Jessica Chastain em início da fama. Trinta anos depois, agora nas formas da Dama Helen Mirren, o passado volta para assombrar os mesmos agentes. O elenco conta ainda com Sam Worthington e os veteranos Tom Wilkinson e Ciarán Hinds.
O Anjo do Desejo
O que fazem Bill Murray, Mickey Rourke e uma Megan Fox alada num filme? Parece até início de piada, mas na verdade é uma produção bem real, e lançada já faz dez anos. Na época, Fox estava no auge de sua popularidade, saindo de filmes como Transformers 2 e Garota Infernal, e era provavelmente a mulher mais desejada do planeta. Por isso, ela acabou topando este papel num filme independente e de menor orçamento.
Escrito e dirigido por Mitch Glazer (produtor de Encontros e Desencontros), o cineasta escala o colega Bill Murray para viver um gangster que tem uma preciosidade em seu acervo pessoal: uma de suas strippers possui asas, podendo ser a personificação de um anjo na Terra. O ser mitológico é vivido por ninguém menos que a própria Megan Fox, aumentando ainda mais, mesmo que no universo cult desta vez, seu status de musa. Completando o trio, a moça voadora cai nas graças de um trompetista falido, interpretado por Mickey Rourke. E você, sabia dessa?
Burke & Hare
Voltando para os diretores renomados, John Landis foi definitivamente um dos grandes ícones dos anos 1980. Isso porque o cineasta esteve no comando de algumas preciosidades da época, como Os Irmãos Cara de Pau (1980), Um Lobisomem Americano em Londres (1981), Trocando as Bolas (1983) e Um Príncipe em Nova York (1988), além de ter dirigido também o clipe Thriller, de Michael Jackson – provavelmente o mais famoso de sua carreira.
No entanto, uma polêmica envolvendo a morte de três atores (dois eram crianças) no set de No Limite da Realidade (1983) voltaria para assombrar Landis, e sua carreira começaria a perder a força já na década seguinte. Hoje, semi aposentado, Landis faz apenas alguns episódios de séries esporádicos e não assinava um filme desde 1998. Foi quando decidiu investir nesta produção britânica de humor negro sobre a história real de dois infames ladrões de túmulos e assassinos, cuja lenda faz parte do folclore inglês. Burke e Hare são vividos respectivamente por Simon Pegg e Andy Serkis. O elenco principal tem ainda Isla Fisher, Tom Wilkinson e Tim Curry.
Mistério da Rua 7
Voltando a um tópico que amamos aqui no CinePOP, este é mais um exemplar de terror na lista. Para alguns atores a exposição excessiva devido a um papel pode servir como um tiro pela culatra. Foi o caso com o jovem Hayden Christensen, que imaginava sua entrada na franquia Star Wars (uma das maiores do cinema) como porta para o estrelato. Críticas severas tanto à sua atuação quanto à qualidade da trilogia prequel em si, fizeram de Christensen uma figura de “pouco prestígio” em Hollywood.
Aqui, o jovem tem a chance de protagonizar novamente dirigido por um cineasta talentoso: Brad Anderson (de O Operário, 2004). Ao lado do ator, Thandie Newton dá respaldo à trama, que aborda elementos sobrenaturais em uma premissa apocalíptica. Em Mistério da Rua 7, a população de Detroit quase toda desapareceu, sobrando somente poucas pessoas. Porém, a noite começa a chegar novamente, trazendo mau agouro. John Leguizamo fecha o trio principal.
Super
Quando falamos em James Gunn qual filme de super-herói você lembra imediatamente? Acertou quem disse Guardiões da Galáxia (2014), da Marvel, e sua continuação (2017). Os mais apressadinhos podem mencionar o vindouro O Esquadrão Suicida (2021) e os diferentões podem citar sua participação em produções como Scooby Doo – O Filme e Brightburn – Filho das Trevas, os quais escreveu e produziu respectivamente. Mas quantos realmente tem conhecimento de Super, uma investida muito violenta de Gunn no subgênero.
No mesmo ano em que os aficionados viam o lançamento de Kick-Ass: Quebrando Tudo (já envolto em certa controvérsia devido aos níveis elevados de violência), Gunn, como sempre, foi ainda mais longe causando. No filme, seu segundo longa para o cinema, temos um azarado (Rainn Wilson) que surta, perdendo de vez a noção. Ao ser deixado pela mulher (Liv Tyler), ele investiga o novo companheiro dela (Kevin Bacon) e descobre que o sujeito é na verdade um criminoso. Assim, decide adotar para si a identidade do herói Crimson Bolt. No caminho de sua insanidade, o “herói” arruma até mesmo uma ajudante, papel da indicada ao Oscar Ellen Page.