sexta-feira , 22 novembro , 2024

FLOPOU! As 10 Comédias MAIS FRACASSADAS do Cinema que Completam 20 Anos em 2022

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A comédia é um dos gêneros mais adorados do cinema e do entretenimento nas artes de forma geral. A dramaturgia clássica inclusive, muito antes do advento da sétima arte, era dividida somente em dois gêneros: a comédia e o drama. Dissertações importantes abordam o fato de como a mesma história pode ser vista de diferentes olhares se tratada como comédia ou como drama.

Algo que o filme Melinda & Melinda (2004), de Woody Allen, retratou por exemplo. Todos os outros gêneros, falando agora de cinema, parecem funcionar nestes dois âmbitos. Por exemplo, podemos ter musicais mais voltados para a comédia ou para o drama, ou romances mais voltados para um ou para o outro. Além é claro, de produções que resolvem criar uma mescla de ambos, com dramas com toques cômicos, ou comédias de teor dramático. A sétima arte é definitivamente um jardim rico e florido.



Aqui, nesta nova matéria, não iremos falar de riquezas, no entanto, mas sim de pobreza. Como bons fãs da sétima arte que somos, torcemos para que todos os filmes sejam bem-sucedidos em suas propostas, o que infelizmente nem sempre é o caso.

Como a arte é subjetiva e o que pode agradar a alguns, também pode desagradar a tantos outros, escolhemos uma abordagem diferente aqui. Não me leve a mal, sei que alguns, ou quem sabe todos, os filmes abordados na matéria podem possuir seus defensores, alguém que goste deles, que tenha visto algo que ninguém mais viu, ou possua valor afetivo. Mas além do consenso da crítica e público em sites agregadores, um fator determinante para saber se um filme foi sucesso ou fracasso, e que se baseia em ciência exata e numérica imutável, são as bilheterias.

O valor que foi gasto para produzir o filme precisa ser menor do que seu retorno financeiro. Ponto. Caso isso não ocorra, gera prejuízo para o estúdio e seus realizadores – independente de quantas pessoas o tem como filme de estimação, ou de quantos críticos rasgaram elogios a ele.

Sendo assim, confira abaixo as comédias que completam 20 anos em 2022 e que não atingiram seu potencial junto ao grande público.

Mestre do Disfarce

Seja sincero, você já tinha ouvido falar deste filme? O humorista Dana Carvey fez sucesso no início dos anos 1990 ao interpretar pela primeira vez o roqueiro Garth no esquete do programa Saturday Night Live, ao lado do amigo Mike Myers (que vivia Wayne). Um tempinho depois e Wayne’s World ganhava filme (no Brasil intitulado Quanto Mais Idiota Melhor), que fez tanto sucesso que ainda ganharia uma sequência. Depois, mesmo tendo espaço para mais um filme, Myers seguiu solo, desfazendo a dupla, e foi obter sucesso com outra criação: Austin Powers. Assim, sobrou para Carvey tentar fazer o mesmo. E no ano em que Myers entregava o terceiro Austin Powers, Carvey sonhava com sua própria franquia em Mestre do Disfarce – produção da Revolution Studios, da Happy Madison (de Adam Sandler) em parceria com a Nickelodeon Movies, com distribuição da Columbia / Sony. A trama fala sobre um garçom italiano que herda o dom do disfarce. Não rolou. O filme nem foi um fracasso retumbante de bilheteria, com um orçamento de US$16 milhões, rendendo US$43 milhões mundiais. Porém, foi o suficiente para pôr uma pedra numa possível continuação ou franquia. Segundo muitos críticos e fãs, este é um dos piores filmes dos últimos 20 anos.

Com a Cor e a Coragem

Outra comédia que com certeza a maioria não ouviu falar, esta foi uma tentativa de injetar representatividade no subgênero das comédias sobre policiais e de espiões, vide Corra que a Polícia Vem Aí e Austin Powers. A ideia saiu de uma série da internet, que trazia o tal Undercover Brother do título original, o “irmão infiltrado”, um policial que utiliza todo os estereótipos associados aos negros, e os clichês do gênero blaxploitation, para fazer graça. Quem protagoniza é Eddie Griffin, e o filme conta ainda com Denise Richards e a indicada ao Oscar deste ano Aunjanue Ellis no elenco. Com produção da Universal Pictures, o longa tem direção de Malcolm D. Lee, especialista em comédias com atores negros, como Amigos Indiscretos (1999) e Viagem das Garotas (2017). Este foi outro que não fez tão feio nas bilheterias, apesar de ter ficado longe do sucesso, terminando qualquer possibilidade de uma franquia. Mesmo assim uma sequência foi lançada em 2019 – com outros atores. Com um orçamento de US$25 milhões, o filme rendeu US$41 milhões.

 

A Máfia Volta ao Divã

Talvez os mais novos não conheçam muito bem a comédia Máfia no Divã, de 1999, e não saibam sua importância e sucesso na época. Num ano dominado por superproduções como Star Wars – A Ameaça Fantasma, Matrix e A Múmia, e sucessos surpresa como O Sexto Sentido, a comédia citada foi um grande acerto que se espremeu entre estes blockbusters e encontrou seu lugar ao sol, arrecadando quase US$200 milhões nas bilheterias ao redor do mundo. Um feito impressionante. Fora isso, dava a chance do consagrado Robert De Niro brincar bastante com o tipo de papel que dominou sua carreira: o gangster. Assim, tínhamos um mafioso com crise de consciência, deprimido e com síndrome do pânico – assunto muito discutido atualmente. A ideia é simplesmente brilhante. E o filme disse tudo o que tinha para dizer sobre o tema, contrabalanceando o humor através do psicólogo vivido por Billy Crystal. Como o dinheiro foi alto, a Warner deu sinal verde para uma desnecessária continuação. E o filme provou o adjetivo citado, com uma comédia desprovida de graça e risadas. A Máfia Volta ao Divã, um dos maiores desperdícios dos últimos 20 anos no cinema, custou ao estúdio US$60 milhões e sequer se pagou, arrecadando US$55 milhões – mesmo assim sendo o mais bem sucedido da lista, espere para ver o que virá abaixo.

A Serviço de Sara

Ter uma série de TV de sucesso não é garantia de que um ator irá fazer a transição conseguindo emplacar no cinema igualmente. É o caso com todo o elenco de Friends, talvez o seriado de comédia mais famoso e querido de todos os tempos. Tirando Jennifer Aniston, o resto do elenco vive numa eterna luta para fazer sucesso novamente, seja na telinha ou nas telonas. Um dos que mais tentou foi Matthew Perry, o Chandler. E há exatos 10 anos no passado, lá estava o ator lançando mais um filme. Nesta comédia com distribuição da Paramount, Perry vive um oficial de justiça tentando entregar os papeis de divórcio para uma mulher, esposa de um ricaço da indústria do petróleo, que irá fugir dele igual o diabo da cruz. É claro que no percurso o sujeito irá se apaixonar pela mulher escorregadia, vivida por Elizabeth Hurley. Curiosamente, o elenco conta ainda com Amy Adams, Terry Crews e Bruce Campbell. Com orçamento de US$29 milhões, a comédia falhou em se pagar, rendendo US$20 milhões.

Cruzeiro das Loucas

Até então na lista, vimos apenas filmes ruins. No entanto, a partir deste item entramos também na categoria do mau gosto e de filmes politicamente incorretos pelos padrões de hoje. Bem, é verdade que este longa já esticava bastante a corda do aceitável em sua época de lançamento. Veja esta história: Cuba Gooding Jr. e Horatio Sanz são amigos acreditando terem embarcado em um cruzeiro repleto de belas mulheres, um verdadeiro paraíso para os solteiros. Porém, a dupla foi enganada, sendo colocada num cruzeiro para homens gays. Assim, os dois passam a fingir que são homossexuais a fim de se aproximar de algumas mulheres do local por quem se apaixonaram. Estratégia de “jênio”. O problema maior é perceber a forma ofensiva e caricata como o filme trata os gays. Com orçamento de US$20 milhões, a comédia recuperou apenas US$15 milhões.

 

Ali G Indahouse – O Filme

Hoje, o comediante Sacha Baron Cohen é uma verdadeira sensação mundial com seu humor tipicamente incorreto, porém, ficando mais consciente e crítico também em suas piadas. O maior exemplo na filmografia do ator é Borat, fenômeno de 2006, que rendeu uma sequência igualmente popular em 2020. Tanto Borat, quanto esse Ali G, e também o repórter gay Bruno são personagens criados pelo humorista para um programa de TV, que terminaram ganhando seus próprios filmes, de variados níveis de sucesso. O primeiro deles foi justamente este Ali G, um sujeito aspirante a rapper, que conseguiu ganhar espaço até mesmo num clipe da Madonna. E ainda bem que Cohen não desistiu e seguiu tentando até nos entregar Borat. Isso porque o filme de Ali G ficou bem longe do conquistado por Borat. Com distribuição da Universal Pictures, o filme contou com um orçamento de US$5 milhões aproximadamente, e rendeu US$23 milhões. Você já tinha ouvido falar?

Curvas Perigosas

Ainda na categoria de pessoas fingindo ser o que não são, seja na orientação sexual ou no gênero, temos mais uma comédia que talvez seja vista com maus olhos atualmente. Este filme acha que seria engraçado ver três homens machistas vestidos de mulher a fim de conseguirem permanecer no campus da universidade. Todas as piadas são feitas em cima do fato de serem homens vestidos de mulheres. Hilário – só que não. Quem protagoniza são Harland Williams, Michael Rosenbaum e Barry Watson. Com produção da Disney, através da Touchstone Pictures, a comédia contou com um orçamento de US$12 milhões e por muito pouco conseguiu apenas se pagar, rendendo os mesmos US$12 milhões. Você já tinha ouvido falar desta desgraça?

Grande Problema

É relativamente esperado que uma comédia sem grandes nomes no elenco, produção ou direção passe em branco ou resulte num fiasco de crítica e bilheteira. A surpresa acontece é quando filmes que possuem elenco e realizadores de prestígio seguem pelo mesmo caminho. É o caso deste Grande Problema, que traz na direção ninguém menos que o bem-sucedido Barry Sonnenfeld, diretor de A Família Addams e Homens de Preto. Detalhe, este longa foi lançado no mesmo ano de MIB 2, também de Sonnenfeld. Baseado num livro, a comédia mostra a vida de diversas pessoas diferentes se entrecruzando. O elenco grandioso conta com nomes como Rene Russo, Tim Allen, Johnny Knoxville, Zooey Deschanel, entre outros. Novamente com produção da Disney, através da Touchstone, o filme custou US$40 milhões, rendendo apenas US$8 milhões, resultando assim num dos maiores fracassos financeiros dos anos 2000.

 

Seu Marido e Minha Mulher

Quando escrevi recentemente sobre os maiores fracassos do cinema que completam 20 anos em 2022, um dos filmes da lista foi o thriller Encurralada, estrelado por Charlize Theron, que rendeu prejuízo para a Columbia / Sony. Hoje, a loira sul-africana é uma das maiores estrelas de Hollywood, mas há 20 anos, quando não possuía o peso de hoje, somava mais um fiasco ao seu currículo. Este, uma comédia produzida pela Miramax dos irmãos Weinstein. Esta pseudo comédia dramática a certa altura de seu estágio de desenvolvimento chegou a ter o casal Brad Pitt e Jennifer Aniston vinculados ao projeto – a dupla desistiu em prol de outras produções (uma decisão acertadíssima). Quem terminou protagonizando foram Theron e Billy Bob Thornton, então marido de Angelina Jolie, com quem Pitt se casaria após a separação com Aniston. O mundo dá voltas e no fim tudo se conecta. Na trama, dois casais saem em viagem pelas estradas dos EUA, Theron e o marido (Patrick Swayze), e Thornton e a mulher (a falecida Natasha Richardson). As mulheres são melhores amigas, mas isso não impede de Theron dormir com Thornton, causando caos na relação de todos. O orçamento do filme não é divulgado, mas duvidamos muito que tenha sido menor que sua arrecadação, que não chegou sequer a US$1 milhão mundial – com US$300 mil ao redor do planeta.

Morra, Smoochy, Morra

Provavelmente a comédia de maior renome e maior hype da lista, este era um filme muito promissor há 20 anos, que gerava muita expectativa por grande parte dos fãs. Primeiro por fazer uso de um humor sombrio e incorreto, que contava com Robin Williams e Edward Norton protagonizando, numa história sobre uma guerra entre duas personalidades famosas de programas infantis. Era uma sátira aos bastidores de tais programas, algo como uma guerra entre a Xuxa e a Mara, ou Angélica no Brasil. Ou o Bozo e o dinossauro roxo Barney – do qual, inclusive, o filme tira sarro. E segundo por ser uma produção comandada por Danny DeVito, responsável por sucessos do gênero, vide Jogue a Mamãe do Trem (1987) e A Guerra dos Roses (1989). Com orçamento de US$50 milhões, esta superprodução cômica da Warner rendeu apenas US$8 milhões, se tornando um dos maiores fiascos da década de 2000.

Bônus: Tudo por um Segredo

Não acreditamos que muitos conheçam esta comédia sobre roubo que conta com a participação de George Clooney e um elenco renomado. Produzido pela Warner, um dos grandes chamarizes deste filme obscuro, pelo menos nos dias de hoje, é a direção dos irmãos Joe e Anthony Russo, cineastas que todo bom fã de superproduções de super-heróis conhece muito bem – sendo eles os realizadores de Vingadores: Guerra Infinita (2018) e Vingadores: Ultimato (2019), alguns dos maiores filmes de todos os tempos. Escrito e dirigido pelos irmãos Russo, esse foi o primeiro grande trabalho da então promissora dupla, que a esta altura só tinha no currículo a comédia independente Pieces e um curta. A Warner confiou no taco dos irmãos e o entregou um elenco de nomes como Sam Rockwell, William H. Macy, Patricia Clarkson, Isaiah Washington, Luis Guzmán, Gabrielle Union e Jennifer Esposito, além do maior astro aqui, o citado Clooney. Custando US$12 milhões ao estúdio, o filme fez de volta apenas US$4 milhões mundiais.

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A comédia é um dos gêneros mais adorados do cinema e do entretenimento nas artes de forma geral. A dramaturgia clássica inclusive, muito antes do advento da sétima arte, era dividida somente em dois gêneros: a comédia e o drama. Dissertações importantes abordam o fato de como a mesma história pode ser vista de diferentes olhares se tratada como comédia ou como drama.

Algo que o filme Melinda & Melinda (2004), de Woody Allen, retratou por exemplo. Todos os outros gêneros, falando agora de cinema, parecem funcionar nestes dois âmbitos. Por exemplo, podemos ter musicais mais voltados para a comédia ou para o drama, ou romances mais voltados para um ou para o outro. Além é claro, de produções que resolvem criar uma mescla de ambos, com dramas com toques cômicos, ou comédias de teor dramático. A sétima arte é definitivamente um jardim rico e florido.

Aqui, nesta nova matéria, não iremos falar de riquezas, no entanto, mas sim de pobreza. Como bons fãs da sétima arte que somos, torcemos para que todos os filmes sejam bem-sucedidos em suas propostas, o que infelizmente nem sempre é o caso.

Como a arte é subjetiva e o que pode agradar a alguns, também pode desagradar a tantos outros, escolhemos uma abordagem diferente aqui. Não me leve a mal, sei que alguns, ou quem sabe todos, os filmes abordados na matéria podem possuir seus defensores, alguém que goste deles, que tenha visto algo que ninguém mais viu, ou possua valor afetivo. Mas além do consenso da crítica e público em sites agregadores, um fator determinante para saber se um filme foi sucesso ou fracasso, e que se baseia em ciência exata e numérica imutável, são as bilheterias.

O valor que foi gasto para produzir o filme precisa ser menor do que seu retorno financeiro. Ponto. Caso isso não ocorra, gera prejuízo para o estúdio e seus realizadores – independente de quantas pessoas o tem como filme de estimação, ou de quantos críticos rasgaram elogios a ele.

Sendo assim, confira abaixo as comédias que completam 20 anos em 2022 e que não atingiram seu potencial junto ao grande público.

Mestre do Disfarce

Seja sincero, você já tinha ouvido falar deste filme? O humorista Dana Carvey fez sucesso no início dos anos 1990 ao interpretar pela primeira vez o roqueiro Garth no esquete do programa Saturday Night Live, ao lado do amigo Mike Myers (que vivia Wayne). Um tempinho depois e Wayne’s World ganhava filme (no Brasil intitulado Quanto Mais Idiota Melhor), que fez tanto sucesso que ainda ganharia uma sequência. Depois, mesmo tendo espaço para mais um filme, Myers seguiu solo, desfazendo a dupla, e foi obter sucesso com outra criação: Austin Powers. Assim, sobrou para Carvey tentar fazer o mesmo. E no ano em que Myers entregava o terceiro Austin Powers, Carvey sonhava com sua própria franquia em Mestre do Disfarce – produção da Revolution Studios, da Happy Madison (de Adam Sandler) em parceria com a Nickelodeon Movies, com distribuição da Columbia / Sony. A trama fala sobre um garçom italiano que herda o dom do disfarce. Não rolou. O filme nem foi um fracasso retumbante de bilheteria, com um orçamento de US$16 milhões, rendendo US$43 milhões mundiais. Porém, foi o suficiente para pôr uma pedra numa possível continuação ou franquia. Segundo muitos críticos e fãs, este é um dos piores filmes dos últimos 20 anos.

Com a Cor e a Coragem

Outra comédia que com certeza a maioria não ouviu falar, esta foi uma tentativa de injetar representatividade no subgênero das comédias sobre policiais e de espiões, vide Corra que a Polícia Vem Aí e Austin Powers. A ideia saiu de uma série da internet, que trazia o tal Undercover Brother do título original, o “irmão infiltrado”, um policial que utiliza todo os estereótipos associados aos negros, e os clichês do gênero blaxploitation, para fazer graça. Quem protagoniza é Eddie Griffin, e o filme conta ainda com Denise Richards e a indicada ao Oscar deste ano Aunjanue Ellis no elenco. Com produção da Universal Pictures, o longa tem direção de Malcolm D. Lee, especialista em comédias com atores negros, como Amigos Indiscretos (1999) e Viagem das Garotas (2017). Este foi outro que não fez tão feio nas bilheterias, apesar de ter ficado longe do sucesso, terminando qualquer possibilidade de uma franquia. Mesmo assim uma sequência foi lançada em 2019 – com outros atores. Com um orçamento de US$25 milhões, o filme rendeu US$41 milhões.

 

A Máfia Volta ao Divã

Talvez os mais novos não conheçam muito bem a comédia Máfia no Divã, de 1999, e não saibam sua importância e sucesso na época. Num ano dominado por superproduções como Star Wars – A Ameaça Fantasma, Matrix e A Múmia, e sucessos surpresa como O Sexto Sentido, a comédia citada foi um grande acerto que se espremeu entre estes blockbusters e encontrou seu lugar ao sol, arrecadando quase US$200 milhões nas bilheterias ao redor do mundo. Um feito impressionante. Fora isso, dava a chance do consagrado Robert De Niro brincar bastante com o tipo de papel que dominou sua carreira: o gangster. Assim, tínhamos um mafioso com crise de consciência, deprimido e com síndrome do pânico – assunto muito discutido atualmente. A ideia é simplesmente brilhante. E o filme disse tudo o que tinha para dizer sobre o tema, contrabalanceando o humor através do psicólogo vivido por Billy Crystal. Como o dinheiro foi alto, a Warner deu sinal verde para uma desnecessária continuação. E o filme provou o adjetivo citado, com uma comédia desprovida de graça e risadas. A Máfia Volta ao Divã, um dos maiores desperdícios dos últimos 20 anos no cinema, custou ao estúdio US$60 milhões e sequer se pagou, arrecadando US$55 milhões – mesmo assim sendo o mais bem sucedido da lista, espere para ver o que virá abaixo.

A Serviço de Sara

Ter uma série de TV de sucesso não é garantia de que um ator irá fazer a transição conseguindo emplacar no cinema igualmente. É o caso com todo o elenco de Friends, talvez o seriado de comédia mais famoso e querido de todos os tempos. Tirando Jennifer Aniston, o resto do elenco vive numa eterna luta para fazer sucesso novamente, seja na telinha ou nas telonas. Um dos que mais tentou foi Matthew Perry, o Chandler. E há exatos 10 anos no passado, lá estava o ator lançando mais um filme. Nesta comédia com distribuição da Paramount, Perry vive um oficial de justiça tentando entregar os papeis de divórcio para uma mulher, esposa de um ricaço da indústria do petróleo, que irá fugir dele igual o diabo da cruz. É claro que no percurso o sujeito irá se apaixonar pela mulher escorregadia, vivida por Elizabeth Hurley. Curiosamente, o elenco conta ainda com Amy Adams, Terry Crews e Bruce Campbell. Com orçamento de US$29 milhões, a comédia falhou em se pagar, rendendo US$20 milhões.

Cruzeiro das Loucas

Até então na lista, vimos apenas filmes ruins. No entanto, a partir deste item entramos também na categoria do mau gosto e de filmes politicamente incorretos pelos padrões de hoje. Bem, é verdade que este longa já esticava bastante a corda do aceitável em sua época de lançamento. Veja esta história: Cuba Gooding Jr. e Horatio Sanz são amigos acreditando terem embarcado em um cruzeiro repleto de belas mulheres, um verdadeiro paraíso para os solteiros. Porém, a dupla foi enganada, sendo colocada num cruzeiro para homens gays. Assim, os dois passam a fingir que são homossexuais a fim de se aproximar de algumas mulheres do local por quem se apaixonaram. Estratégia de “jênio”. O problema maior é perceber a forma ofensiva e caricata como o filme trata os gays. Com orçamento de US$20 milhões, a comédia recuperou apenas US$15 milhões.

 

Ali G Indahouse – O Filme

Hoje, o comediante Sacha Baron Cohen é uma verdadeira sensação mundial com seu humor tipicamente incorreto, porém, ficando mais consciente e crítico também em suas piadas. O maior exemplo na filmografia do ator é Borat, fenômeno de 2006, que rendeu uma sequência igualmente popular em 2020. Tanto Borat, quanto esse Ali G, e também o repórter gay Bruno são personagens criados pelo humorista para um programa de TV, que terminaram ganhando seus próprios filmes, de variados níveis de sucesso. O primeiro deles foi justamente este Ali G, um sujeito aspirante a rapper, que conseguiu ganhar espaço até mesmo num clipe da Madonna. E ainda bem que Cohen não desistiu e seguiu tentando até nos entregar Borat. Isso porque o filme de Ali G ficou bem longe do conquistado por Borat. Com distribuição da Universal Pictures, o filme contou com um orçamento de US$5 milhões aproximadamente, e rendeu US$23 milhões. Você já tinha ouvido falar?

Curvas Perigosas

Ainda na categoria de pessoas fingindo ser o que não são, seja na orientação sexual ou no gênero, temos mais uma comédia que talvez seja vista com maus olhos atualmente. Este filme acha que seria engraçado ver três homens machistas vestidos de mulher a fim de conseguirem permanecer no campus da universidade. Todas as piadas são feitas em cima do fato de serem homens vestidos de mulheres. Hilário – só que não. Quem protagoniza são Harland Williams, Michael Rosenbaum e Barry Watson. Com produção da Disney, através da Touchstone Pictures, a comédia contou com um orçamento de US$12 milhões e por muito pouco conseguiu apenas se pagar, rendendo os mesmos US$12 milhões. Você já tinha ouvido falar desta desgraça?

Grande Problema

É relativamente esperado que uma comédia sem grandes nomes no elenco, produção ou direção passe em branco ou resulte num fiasco de crítica e bilheteira. A surpresa acontece é quando filmes que possuem elenco e realizadores de prestígio seguem pelo mesmo caminho. É o caso deste Grande Problema, que traz na direção ninguém menos que o bem-sucedido Barry Sonnenfeld, diretor de A Família Addams e Homens de Preto. Detalhe, este longa foi lançado no mesmo ano de MIB 2, também de Sonnenfeld. Baseado num livro, a comédia mostra a vida de diversas pessoas diferentes se entrecruzando. O elenco grandioso conta com nomes como Rene Russo, Tim Allen, Johnny Knoxville, Zooey Deschanel, entre outros. Novamente com produção da Disney, através da Touchstone, o filme custou US$40 milhões, rendendo apenas US$8 milhões, resultando assim num dos maiores fracassos financeiros dos anos 2000.

 

Seu Marido e Minha Mulher

Quando escrevi recentemente sobre os maiores fracassos do cinema que completam 20 anos em 2022, um dos filmes da lista foi o thriller Encurralada, estrelado por Charlize Theron, que rendeu prejuízo para a Columbia / Sony. Hoje, a loira sul-africana é uma das maiores estrelas de Hollywood, mas há 20 anos, quando não possuía o peso de hoje, somava mais um fiasco ao seu currículo. Este, uma comédia produzida pela Miramax dos irmãos Weinstein. Esta pseudo comédia dramática a certa altura de seu estágio de desenvolvimento chegou a ter o casal Brad Pitt e Jennifer Aniston vinculados ao projeto – a dupla desistiu em prol de outras produções (uma decisão acertadíssima). Quem terminou protagonizando foram Theron e Billy Bob Thornton, então marido de Angelina Jolie, com quem Pitt se casaria após a separação com Aniston. O mundo dá voltas e no fim tudo se conecta. Na trama, dois casais saem em viagem pelas estradas dos EUA, Theron e o marido (Patrick Swayze), e Thornton e a mulher (a falecida Natasha Richardson). As mulheres são melhores amigas, mas isso não impede de Theron dormir com Thornton, causando caos na relação de todos. O orçamento do filme não é divulgado, mas duvidamos muito que tenha sido menor que sua arrecadação, que não chegou sequer a US$1 milhão mundial – com US$300 mil ao redor do planeta.

Morra, Smoochy, Morra

Provavelmente a comédia de maior renome e maior hype da lista, este era um filme muito promissor há 20 anos, que gerava muita expectativa por grande parte dos fãs. Primeiro por fazer uso de um humor sombrio e incorreto, que contava com Robin Williams e Edward Norton protagonizando, numa história sobre uma guerra entre duas personalidades famosas de programas infantis. Era uma sátira aos bastidores de tais programas, algo como uma guerra entre a Xuxa e a Mara, ou Angélica no Brasil. Ou o Bozo e o dinossauro roxo Barney – do qual, inclusive, o filme tira sarro. E segundo por ser uma produção comandada por Danny DeVito, responsável por sucessos do gênero, vide Jogue a Mamãe do Trem (1987) e A Guerra dos Roses (1989). Com orçamento de US$50 milhões, esta superprodução cômica da Warner rendeu apenas US$8 milhões, se tornando um dos maiores fiascos da década de 2000.

Bônus: Tudo por um Segredo

Não acreditamos que muitos conheçam esta comédia sobre roubo que conta com a participação de George Clooney e um elenco renomado. Produzido pela Warner, um dos grandes chamarizes deste filme obscuro, pelo menos nos dias de hoje, é a direção dos irmãos Joe e Anthony Russo, cineastas que todo bom fã de superproduções de super-heróis conhece muito bem – sendo eles os realizadores de Vingadores: Guerra Infinita (2018) e Vingadores: Ultimato (2019), alguns dos maiores filmes de todos os tempos. Escrito e dirigido pelos irmãos Russo, esse foi o primeiro grande trabalho da então promissora dupla, que a esta altura só tinha no currículo a comédia independente Pieces e um curta. A Warner confiou no taco dos irmãos e o entregou um elenco de nomes como Sam Rockwell, William H. Macy, Patricia Clarkson, Isaiah Washington, Luis Guzmán, Gabrielle Union e Jennifer Esposito, além do maior astro aqui, o citado Clooney. Custando US$12 milhões ao estúdio, o filme fez de volta apenas US$4 milhões mundiais.

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