terça-feira , 3 dezembro , 2024

Frances Ha

NOUVELLE VA

 

Com certo atraso, venho falar sobre Frances Ha. A demora é porque o novo trabalho de Noah Baumbach não me conquistou logo de cara – sabem como é, o hype foi grande; é o tipo de filme que revela suas qualidade a medida que vai se acomodando na nossa cabeça. E como ele fica melhor à medida que mais penso nele!



Muito se falou sobre as homenagens à Nouvelle Vague, o movimento francês da década de 1960 que revolucionou a cinematografia mundial. A coisa vai além do belo e plácido preto-e-branco. A movimentação de câmera leve, as locações reais, o ar de improviso, as sequências de rua, nas quais Frances anda e anda ou corre mesmo. Mais perceptível é a proximidade com a obra de François Truffaut. Frances Ha possui uma narrativa leve, com suas desventuras profissionais e amorosas, mas, acima de tudo, a leveza da vida, que também pode ser encontrada em Truffaut, mesmo em seus trabalhos mais dramáticos. Essa leveza está em Frances Ha.

Frances Ha 3

Outra coisa que o aproxima da vanguarda francesa é o desapego à narrativa clássica. No fundo, o filme de Noah Baumbach poderia ser resumido como o retrato de um período na vida de Frances Ha (Greta Gerwing). Vemos sua relação com a amiga Sophie (Mickey Sumner), sua temporada vivendo na casa de amigos, suas brigas, suas tentativas de tornar-se bailarina profissional, seus empregos, etc. Não há um problema central para resolver. Temos apenas o fluxo na vida de uma pessoa comum.

Comum nem tanto. A protagonista se aproxima da personagem disfuncional. Mas, o filme não pretende se travestir de comédia rasgada. Ele busca um meio tom. Frances passa por bons e maus momentos. Em ambos, Frances nunca perde sua confiança na vida, mesmo quando levada para rumos não desejados.

Frances Ha 2

Não temos nenhum instante de tragédia, nem de comédia absurda. Temos um cotidiano, movimentado, mas cotidiano. A força está em Frances. Mesmo triste, jamais perde a alegria de viver e de buscar uma saída melhor. O trifundo do filme está na capacidade do diretor Baumbach e da atriz Greta Gerwing (ambos roteiristas) de construir uma personagem incapaz de desistir da vida. Pode parecer artificial para alguns – quem seria tão otimista assim? – mas, Frances é uma figura real – ou a realidade do nosso lado otimista: alguém que resiste a entregar os pontos. Novamente, o filme expõe isso de forma leve. Enfim, Frances é a pessoa com quem costumamos conversas sobre a vida.

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Muito se falou sobre as homenagens à Nouvelle Vague, o movimento francês da década de 1960 que revolucionou a cinematografia mundial. A coisa vai além do belo e plácido preto-e-branco. A movimentação de câmera leve, as locações reais, o ar de improviso, as sequências de rua, nas quais Frances anda e anda ou corre mesmo. Mais perceptível é a proximidade com a obra de François Truffaut. Frances Ha possui uma narrativa leve, com suas desventuras profissionais e amorosas, mas, acima de tudo, a leveza da vida, que também pode ser encontrada em Truffaut, mesmo em seus trabalhos mais dramáticos. Essa leveza está em Frances Ha.

Frances Ha 3

Outra coisa que o aproxima da vanguarda francesa é o desapego à narrativa clássica. No fundo, o filme de Noah Baumbach poderia ser resumido como o retrato de um período na vida de Frances Ha (Greta Gerwing). Vemos sua relação com a amiga Sophie (Mickey Sumner), sua temporada vivendo na casa de amigos, suas brigas, suas tentativas de tornar-se bailarina profissional, seus empregos, etc. Não há um problema central para resolver. Temos apenas o fluxo na vida de uma pessoa comum.

Comum nem tanto. A protagonista se aproxima da personagem disfuncional. Mas, o filme não pretende se travestir de comédia rasgada. Ele busca um meio tom. Frances passa por bons e maus momentos. Em ambos, Frances nunca perde sua confiança na vida, mesmo quando levada para rumos não desejados.

Frances Ha 2

Não temos nenhum instante de tragédia, nem de comédia absurda. Temos um cotidiano, movimentado, mas cotidiano. A força está em Frances. Mesmo triste, jamais perde a alegria de viver e de buscar uma saída melhor. O trifundo do filme está na capacidade do diretor Baumbach e da atriz Greta Gerwing (ambos roteiristas) de construir uma personagem incapaz de desistir da vida. Pode parecer artificial para alguns – quem seria tão otimista assim? – mas, Frances é uma figura real – ou a realidade do nosso lado otimista: alguém que resiste a entregar os pontos. Novamente, o filme expõe isso de forma leve. Enfim, Frances é a pessoa com quem costumamos conversas sobre a vida.

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