CHOQUE
Falar que uma obra é chocante eleva as expectativas do leitor, que pode concluir que o “crítico estava exagerando”. Mas, realmente, chocante é o melhor termo para definir este oitavo ep. de Game of Thrones – GoT. Ou, pelo menos, sua parte final.
O ep. 08 já começou todo trabalhado no vermelho sangue! Os selvagens atacaram Vila Toupeira. Nos episódios iniciais da temporada, Sam (John Bradley) levou Gilly (Hannah Murray) e o bebê para um prostíbulo local; queria protegê-los dos seus companheiros de Patrulha. Coitado! Não fosse por Ygritte (Rose Leslie), Gilly e a criança estariam mortas. Apesar da tristeza, Sam não perdeu as esperanças de que Gilly esteja bem. O massacre na Vila Toupeira foi um prelúdio do que o final nos guardava.
Outro momento de choque – mais emocional do que plástico – ocorreu em Meereen. Daenerys (Emilia Clarke) descobriu que, por certo tempo, Jorah Mormont (Iain Glen) vazou informações suas para o Trono de Ferro. Khaleesi foi dura, e lhe deu a opção de ser decapitado ou de ir embora. O único sinal de que Daenerys estava com algum tipo de dor era sua face virada para o alto.
Mas, veio de Meereen um dos poucos momentos “fofos” deste oitavo ep. A declaração de amor do imaculado Verme Cinzento (Jacob Anderson) para Missandei (Nathalie Emmanuel). Foi uma declaração de amor bem adequado ao espírito da série.
Quem alcançou a glória foi Ramsay Snow, digo, Ramsay Bolton (Iwan Rheon). Lord Bolton (Michael McElhatton) reconheceu Ramsey como filho. Sua vitória particular veio por causa de sua vitória militar. Tudo indica que o Casa Bolton ganhará mais e mais poder ao longo da série. Confesso não saber o que pensar sobre Theon Greyjoy (Alfie Allen). Sua degradação física, moral e mental parece sem volta. R. R. Martin sente um estranho prazer em triturar suas personagens, que ultrapassam seus limites até acabarem trituradas.
No Vale, Sansa (Sophie Turner) finalmente começa a se mostrar uma jogadora. Como se dizia antigamente, foi seu desbunde! Com apenas um depoimento, ela salvou o pescoço de Lord Baelish (Aidan Gillen) e ganhou a confiança dos anciões do Vale. E, ao que tudo indica, fará uma maquiavélica aliança com Baelish para assumir o poder no Ninho da Águia. Essa mudança foi inclusive visual: enquanto Baelish doutrinava com Robin (Lino Facioli), Sansa surge de uma contraluz em um vestido negro. Uma imagem entre o erótico e o mau agouro.
Antológica já é a risada de Arya Stark (Maisie Williams)! Sério, um momento rápido que se tornará lendário nas crônicas de Westeros. Ao chegarem ao Ninho da Águia, Sandor Clegane (Rory McCann), que busca uma recompensa por ter salvo Arya, ficou paralisado ao saber da morte de Lyse Arryn (Kate Dickie). Arya gargalhou! Foi um dos momentos mais simples e geniais de GoT!
Mas, falemos do grande choque da noite! Nada, absolutamente nada, nem mesmo o casamento vermelho, havia nos preparado para o desfecho da luta entre Oberyn Martell (Pedro Pascal) e Gregor Clegane (Hafþór Júlíus Björnsson). Repito, NADA! Quando pensamos que R. R. Martin esgotou seu saco de maldade, ele nos surpreende.
O diálogo entre Tyrion (Peter Dinklage) e Jaime (Nikolaj Coster-Waldau) não foi um prelúdio, mas um respiro para o que nos aguardava.
Quem não leu o livro nem recebeu spoiler foi pego de surpresa. Embora com um estilo todo performático de lutar, Oberyn estava vencendo. Ele colocava para fora todo o ódio pela morte da irmã. Mas, sua vingança o cegou. Quando poderia ter matado Gregor, este o derrubou no chão e, gritando o nome Elia Martell, afundou os olhos de Oberyn, até esmagar sua cabeça. Foi uma cena plasticamente chocante, mas principalmente foi um choque sentimental. Oberyn apareceu na série de forma marcante, e logo tornou-se personagem importante. Profundo e complexo, em qualquer outro tipo de obra narrativa, teria longa vida. Ao optar por matar grandes personagens, R. R. Martin não cria apenas um real sensação de perigo, também provoca no espectador instantes de profunda tristeza.