AINDA FOCADA EM REAPRESENTAR AS PERSONAGENS, GAME OF THRONES TEM SEU MELHOR EPISÓDIO
Tenho notado que muitas pessoas estão achando Game Of Thrones – GoT está enchendo linguiça para estender a trama desnecessariamente. O que para muitos parece ser uma barriga de roteiro, parece-me apenas a decisão dos roteiristas de dedicar mais tempo à psicologia das personagens. Os três primeiros episódios – eps. foram menos agitados do que um Casamento Vermelho, mas não podemos negar que esta quinta temporada está acelerando a cada ep. Não sei por quanto tempo os roteiristas irão levar esse compasso mais lento – se arrastarem por muito tempo, vou concordar com as críticas – mas, há grandes chances do ep. 04 ser o melhor até agora, capaz de agradar aos fãs. Por enquanto, mesmo sem ser unanimidade, o título de melhor ep. da temporada fica com o terceiro, mais dinâmico, com muitos núcleos abordados e mais adrenalina.
Não foi como nos seus sonhos, mas Sansa (Sophie Tuerner) retornou para Winterfell. O Norte, agora, é domínio dos Bolton. E Baelish (Aidan Gillen) selou aliança com Lord Bolton (Michael McEhatton) para que Sansa case-se com Ramsay (Iwan Rheon). Três momentos importantes para conhecermos melhor o estado de coisas em que se encontram essas figuras e o Norte. Numa conversa com Ramsay, Lord Bolton demonstrou ser um conciliador e confirmou seu lado estratégico. Enquanto Ramsay, com suas práticas violentas na cobrança de impostos, continua a provar-se um sádico.
Não faço ideia de como será a relação entre Sansa e Ramsay. Se esta se demonstrar bem menos ingênua, suas atitudes serão muito mais críveis, graças às mudanças que ela vem passando desde a temporada passada; a conversa entre Baelish e Sansa foi como uma coroação de sua mutação. O terceiro momento foi quando uma senhora falou para Sansa que o Norte não esqueceu, uma frase que dá uma dimensão mítica à família Stark.
Em Porto Real, Tommem (Dean-Charles Chapman) e Margaery (Natalie Dormer) se casaram. Mas, foi o confronto entre esta e Cersei (Lena Headey) o foco, uma disputa para manipular Tommem. Mesmo rindo pelas costas, Margaery está em vantagem. Imaginem, Tommem é um menino novo, envolvido pelos encantos femininos. Dificilmente uma mãe tem força diante de um “pussy power”. Mas, é Cersei a personagem que mais chama a atenção. Lena Headey tem imprimido uma melancolia a uma personagem que, de uma hora para outra, viu-se sem apoio do pai e acosada por inimigos por todos os lados.
Quem também não se encontra em lençóis muito confortáveis é Jon Snow (Kit Harington). Stannis (Stephen Dillane) e Davos Seaworth (Liam Cunningham) tentaram alertá-lo dos riscos de estar cercado de inimigos. Mas, parece que ele tem alguma dificuldade para aprender. Não se governa sozinho, nem com grande oposição. Se a decisão de mandar os inimigos para longe tem uma qualidade questionável, a falta de clemência de Jon por seu companheiro de irmandade pode refletir em maiores dificuldades para seu mandato. Não podemos deixar de registrar a rima visual entre a posição de Jon Snow neste ep. 3 com a de Ned Stark (Sean Bean) no primeiro ep. da série.
Arya (Maisie Williams) está tentando integrar-se aos membros da irmandade. Todas as suas cenas deixam pistas do futuro dela, mas, foi a tentativa de deixar de ser Arya Stark e tornar-se uma ninguém que emocionou este crítico. Lançar nas águas suas roupas, mas esconder sua espada-agulha foi uma síntese visual do conflito pelo qual a personagem passa.
O diálogo mais comovente deste 3º ep. foi entre Brienne (Gwendoline Christie) e Podrick (Daniel Portman). Ela lhe contou o seu passado e a dificuldade de, sendo fora dos padrões de beleza, se adaptar aos padrões sociais e conhecemos como surgiu seu amor por Renly Baratheon (Gethin Anthony). Nesses momentos, não tenho dúvidas da qualidade dos roteiristas de GoT.
Encerrando o ep., Tyrion (Peter Dinklage) e Lord Varys (Conleth Hill) chegaram à cidade de Volantis. Com a passagem pelo prostíbulo, vimos o quanto Shae (Sibel Kekilli) ainda pesa no coração de Tyrion. O ep. terminou com Jorah Mormont (Iain Glen) prendendo Tyrion.
Talvez, a lentidão que muitos estão vendo nos eps. pode ser mesmo uma maneira de explorar a psique das personagens, criando um terreno firme para os próximos eventos da temporada. Contudo, não podemos esquecer que os roteiristas e todas as torcidas de futebol do Brasil sabem que George R. R. Martin ainda não concluiu o sexto livro da série. Se as barrigas sumirem nos próximos eps., é sinal que os roteiristas não perderam o pulso da série. Mas, se os eps. ficarem mais obesos, será sinal de que eles fizeram uma triste escolha para aguardar o sexto livro.