TUDO EM DOBRO, MENOS O HUMOR
Fim de semana recheado de continuações de filmes de 2010 no Brasil. Depois de Percy Jackson e o Mar de Monstros, continuação de Percy Jackson e o Ladrão de Raios, ganhamos também esse Gente Grande 2, continuação do sucesso de público execrado pela imprensa especializada. O filme original foi acusado de tudo o que foi coisa, mas talvez a principal delas era o fato de que não tínhamos sequer uma história. Adam Sandler e seus comparsas simplesmente aparentavam terem saído de férias, rido muito, e rodado algumas imagens montadas como um filme. Bom, e lucrado muito também. Gente Grande rendeu para a Sony, mesmo sem uma história aparente, quase $300 milhões ao redor do mundo. O que é um absurdo.
Sandler possui seu público cativo, mas eu digo que você (lendo essa crítica) merece mais do que isso. Afinal somos nós quem pagamos pelas “férias” de um grupo preguiçoso, que se esforça pouco para criar cenas engraçadas e precisam apelar para a escatologia. Pense dessa forma, você gosta de se divertir e rir de pessoas caindo, e quando Kevin James (Professor Peso Pesado) cai ao bater contra uma árvore amarrada a uma corda (cena do primeiro filme). Lembre-se de que isso não é genuíno, e você estará rindo daquele amigo sem graça que apenas finge cair para chamar a atenção. Três anos depois e as coisas não melhoraram muito.
Gente Grande 2 abre com uma cena digna de Oscar, com Adam Sandler sendo visitado por um alce que invade sua casa e urina em sua cara (Ei, isso é entretenimento!) enquanto ainda está deitado na cama, e depois na cara de seu filho no banho. Os amigos se mudaram para a cidadezinha, onde apenas passavam férias no filme original. Mas enquanto o primeiro falava sobre os protagonistas, sobre a amizade e a transição para a vida adulta (eu sei, estou retirando à força uma trama do filme, pelo menos é o que a sinopse dizia), essa segunda investida na “saga” nem sequer foca neles.
O novo filme prefere apresentar situações desconexas, subtramas que não vão a lugar algum, e situações tão bizarras que seria muito mais interessante e curioso assistir às reuniões dessa turma enquanto desenvolviam esse “projeto”. O próprio Sandler levantou a questão durante sua entrevista no programa de David Letterman, consciente do pensamento geral sobre o fato do filme não fazer uso de um roteiro. O que acontece em Gente Grande 2 é: a personagem de Salma Hayek (Professor Peso Pesado) deseja um novo filho, coisa que seu marido, Sandler, não quer.
De resto são situações montadas como esquetes de programas como Zorra Total, e jogadas ao longo de 101 minutos para poderem soar como algo parecido com um filme. O ex-jogador de basquete Saquille O´Neal dá as caras como um policial, e dessa vez David Spade recebe a visita de um filho que não sabia ter, idêntico a ele, porém alto, forte e criminoso. O filme foca mais nas desventuras dos filhos dos protagonistas; e ao final tudo termina numa grande festa com temática dos anos 1980, onde muitos dos convidados (assim como o público atual de Sandler) não fazem a mínima ideia de quem são os homenageados com as fantasias.
Ah sim, ainda temos a participação do menino lobo da Saga Crepúsculo em pessoa, Taylor Lautner, realizando acrobacias reais na pele de um universitário encrenqueiro. E é claro, a cena final é uma grande briga generalizada. Temos também o irritante Nick Swardson (Dotado para Brilhar) em mais um de seus desempenhos “fascinantes” como um motorista de ônibus surreal e detestável. É claro que a maioria dos atores retornou, inclusive talentos como Maria Bello (que faz a esposa de Kevin James), afinal o salário é gordo para pouco trabalho. Mas quando nem Rob Schneider (usual colaborador de Sandler) aceita voltar, pode ser um sinal de que as coisas não vão bem…