O renomado cineasta Guillermo del Toro, conhecido por seus filmes de fantasia e terror, expressou recentemente suas preocupações com o crescente uso da inteligência artificial na indústria cinematográfica, especialmente no campo da animação.
Em uma entrevista à Forbes, o diretor afirmou que a IA, apesar de suas aplicações em áreas como a contabilidade, representa uma ameaça para a animação tradicional.
“A animação precisa ser feita à mão — é uma das poucas disciplinas que está em perigo pela forma como a IA está sendo apresentada. Acho que a IA é como o Bitcoin — não será o que as pessoas acham que será! Infelizmente, não está nas mãos dos artistas, mas contornando o artista para cair nas mãos dos contadores, provavelmente será mal utilizada antes de ser usada corretamente, se é que alguma vez será”, disse Del Toro.
Del Toro teme que a IA seja utilizada de forma indiscriminada, levando à padronização e à desumanização da arte.
“Acho que é um momento muito perigoso para a animação. Quando se usa o termo animação por computador, a maioria das pessoas pensa que os computadores fazem a animação. Agora, as pessoas acham que animação é dar comandos e o computador faz isso”, aponta Del Toro.
Ele questiona se uma obra gerada por inteligência artificial seria capaz de provocar as mesmas emoções profundas que uma pintura como a Mona Lisa ou um filme como ‘O Labirinto do Fauno’.
“A IA demonstrou que pode fazer protótipos semi-interessantes! Essencialmente, o valor da arte não está em quanto custa ou quão pouco esforço requer, mas em quanto você arriscaria para estar em sua presença?”, afirma.
O cineasta concluiu utilizando uma metáfora poderosa para ilustrar seu ponto de vista: “É como pedir a uma chave inglesa para construir uma garagem. É impossível. Você não pode pegar a chave inglesa e dizer: ‘ok, conserte meu banheiro’. É uma ferramenta e não deve estar nas mãos de qualquer um. Deve ser opcional e estar nas mãos do artista”.