Título é extremamente importante nos games mas a ausência de informações sobre a adaptação preocupa
No campo da ficção científica em vídeo games existe um “panteão” de obras que personalizam esse gênero na indústria e que foram importantes para ela em termos de evolução gráfica, narrativa ou jogabilidade. Por exemplo, Mass Effect elevou o nível de história interativa que a desenvolvedora Bioware já demonstrava desde Knights of Old Republic para outro nível e Half-Life impactou o gênero de FPS (tiro em primeira pessoa) até hoje.
Junto a esse grupo surgiu, em 2001, Halo: Combat Evolved desenvolvido pela Bungie e publicado pela Xbox para atuar como o primeiro exclusivo do seu então novo console. O projeto em si remonta há pouco antes, mais especificamente 1999, quando a Bungie tinha a ambição de consolidar seu nome no mercado de jogos voltados para o Macintosh da Apple. Até então eles contavam com títulos de relativo sucesso como Operation: Desert Storm (criado na onda da Guerra do Golfo em 1991) e Minotaur: The Labyrinths of Crete lançado em 1992.
Esse jogo tinha um foco principal no multiplayer e estratégia por meio de um cenário de labirinto, o que motivou os desenvolvedores a criarem um novo projeto focado também no estilo de estratégia em tempo real (em 1998 a Blizzard provou com o sucesso de Starcraft que esse gênero era rentável). Porém, como é comum no período de pré-produção, os desenvolvedores começaram a trilhar um caminho que em muito se afastou da ideia inicial.
Com isso o assim chamado Halo: Combat Evolved foi lançado um shooter (jogo de tiro) em primeira pessoa com um foco pesado na mitologia do universo dentro do jogo e mecânicas diversas no manuseio de vários tipos de armamento; dirigibilidade de veículos e um multiplayer bem elaborado.
Sob um prisma geral o enredo da saga se passa no século XXVI, quando a humanidade domina a técnica da viagem espacial e assim passa a praticar a colonização de novos mundos. Não mais organizada em nações, a Terra é representada pelo Comando Espacial das Nações Unidas (UNSC) e é justamente essa organização quem lidera a iniciativa de pesquisa conhecida como projeto Spartan; a criação de um exército de super soldados.
É a esse grupo que pertence o protagonista de toda a saga, Master Chief (ou John-117). Não surpreendente a contínua expansão humana pela galáxia acabou atraindo a atenção de um grupo conhecido como “Pacto”, uma coalizão de diferentes raças alienígenas que se uniram em prol de uma mesma ideologia religiosa e veem na raça humana uma afronta a essa crença.
Inevitavelmente eclode um confronto entre essa coalizão e a humanidade, que se estende até o período que se inicia a história do primeiro jogo. Em Combat Evolved o jogador acompanha Master Chief e a inteligência artificial, conhecida como Cortana, que após terem sua nova emboscada por forças do Pacto aterrissam em um planeta anelar desconhecido. Eventualmente é descoberto que o nome do planeta é Halo e que membros do Pacto acreditam que ele é uma arma.
Halo foi um dos primeiros jogos a chamar a atenção para o valioso modelo de produtos exclusivos entre consoles, mesmo não sendo concebido originalmente como um produto do Xbox ele precisou se readaptar quando a Bungie foi comprada pela Microsoft em junho de 2000. Seu primeiro título vendeu, nos primeiros cinco meses após o lançamento, um milhão de unidades, mas esse não foi o ponto principal da estreia da franquia.
O fato do estreante Xbox contar com um novo e empolgante título foi um chamariz que promoveu e muito o novo aparelho da Microsoft. Em uma matéria de 2002 para o site Wired, Andy Patrizio afirma que dos um milhão e meio de Xbox vendidos à época, o estreante Halo foi responsável por cinquenta por cento de vendas desse total.
Não surpreendente, esse foi apenas o começo da saga de Master Chief. Ao longo dos anos seguintes a franquia contaria com quatorze títulos lançados, além de um remake do primeiro jogo em 2011 e uma coletânea com quase todos os títulos lançados até 2014. Financeiramente a saga é um sucesso absoluto, tendo até 2021 vendido 81 milhões de cópias e com uma margem de lucro que há certo tempo já ultrapassou a faixa do bilhão.
O sucesso nos games chamou a atenção para a possibilidade de expandir a marca para o campo do live action, mais especificamente no formato de um seriado. Em 2013 foi confirmado pela 343 Industries (empresa da Microsoft responsável pela franquia Halo unicamente) que uma adaptação estava sendo considerada e que teria, no cargo de produtor executivo, ninguém menos que Steven Spielberg.
Em 2014 o nome de Neill Blomkamp, em alta após o lançamento de Elysium em 2013, foi ventilado para dirigir o episódio piloto. No ano seguinte o canal a cabo Showtime foi confirmado como sendo a “casa” da adaptação. A previsão inicial era que a estreia fosse em meados de 2019, no entanto, essa estimativa foi adiada; em abril de 2019 o nome de Pablo Schreiber foi confirmado no papel de Master Chief.
Grande parte dos episódios foi filmada entre 2019 e 2020, no limite da paralisação em decorrência da pandemia, ainda que à época não se soubesse se a primeira temporada estava finalizada. No entanto, em novembro de 2020 o perfil do seriado confirmou por meio de suas redes sociais que as gravações estavam retornando aos poucos em meio a todos os protocolos de segurança.
Ao todo a produção já teve investido mais de US$ 40 milhões em uma primeira temporada planejada para ter, originalmente, dez episódios mas que em 2019 teve esse número reduzido para nove. Até o fechamento deste texto a expectativa de estreia é para algum momento em 2021, ainda que não haja uma postura oficial do Showtime ou dos produtores sobre quaisquer previsões para o lançamento ou anúncios de adiamento.