sábado , 23 novembro , 2024

‘Homeland’ Completa 10 Anos – Relembre a série de espionagem premiada

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Sucesso da Showtime colecionou prêmios e estabeleceu Claire Danes como uma das grandes atrizes da TV americana

Em outro texto publicado pelo autor, cuja temática foi a evolução do cinema de espionagem, foi discutido o quanto esse tipo de obra dialoga muito com os tempos em que ela é feita. Isso porque o tema da espionagem está muito ligado a desconfiança natural de um indivíduo com outro bem como a questões mais sérias como a segurança pública e como está suscetível a ataques de pessoas mal intencionadas.



Leia também: De James Bond a Jason Bourne – Conheça a história da Espionagem no cinema

Por volta do ano de 2011 um tema como terrorismo ainda instigava medo e, principalmente, interesse na população mundial e mais especificamente na norte-americana. Afinal, nesse ano ocorreram ataques como o da Noruega, em que mais de sessenta pessoas morreram em diferentes localidades. 

Outra noção potencializada nesse período foi o das operações secretas de grupos como a CIA, nas quais agiam em qualquer canto do mundo, representados por soldados e espiões; a descoberta e eventual morte de Osama Bin Laden nesse mesmo ano por forças de operações especiais (os JSOC) reviveram todo um interesse do público por esse tipo de assunto que não se via desde a época da guerra fria.

Lançado no ano seguinte à operação, “A Hora mais Escura” foi fortemente influenciado pelo episódio

Dessa forma por volta do ano de 2010, Alex Gansa e Howard Gordon começaram a discutir um novo projeto. Ambos já haviam trabalhado juntos anos antes em um outro show cuja proposta era quase idêntica, a idolatrada 24 Horas. Oficialmente eles tinham em mente como material fonte a série israelense Hatufim de 2010, esta que conta o retorno de um soldado para casa após um longo período de negociações entre os sequestradores e o governo.

Ao voltar ele imediatamente demonstra sinais do quão desacostumado estava com aquela realidade, bem como exibia as várias outras sequelas do período de cárcere e tortura a que foi submetido. Seu comportamento logo levanta a suspeita de que ele possa ter se convertido para o lado inimigo e agora era um agente infiltrado. Esse resumo funciona muito bem tanto para Hatufim quanto para Homeland, mas também para o filme Sob o Domínio do Mal.

Apesar de não admitir publicamente, é bem difícil não imaginar que o filme de Jonathan Demme, lançado em 2004, – assim como o original de 1962 e o livro de Richard Condon – não tenham servido de inspiração de maneira alguma. Da mesma forma que nos dois seriados, a trama fala sobre um soldado que é sequestrado durante uma operação na Guerra do Golfo/Coreia e é vítima de lavagem cerebral. Dessa forma, quando ele retorna, é recebido como um herói e as portas da política vão se abrindo naturalmente.

A trama sobre um herói possivelmente convertido foi o norte das primeiras temporadas

De qualquer jeito, logo no início da produção o primeiro nome a ser confirmado foi o de Claire Danes no papel da protagonista Carrie Mathison. Danes até então era um nome um tanto conhecido no cinema mesmo sem ter tido um franquia ou seriado ao qual poderia mesclar seu nome. Em 1996 ela havia estrelado junto a Leonardo DiCaprio o drama Romeu + Julieta e em 2007 a aventura Stardust que é baseada na história de mesmo nome escrita por Neil Gaiman.

O modo como a história de Homeland foi pensada e transmitida, principalmente em suas primeiras temporadas, evoca um ritmo muito parecido com o de 24 horas (mesmo que não copie a ferramenta de contagem regressiva) de manter viva a urgência da ameaça de um ataque terrorista iminente mesmo durante momentos de puro diálogo.

Na verdade, os momentos de ação no decorrer da série são pontuais ao passo de serem escassos mas isso só acontece porque aqui eles são um clímax de uma tensão construída em episódios anteriores unicamente pelo diálogo dos personagens. O seriado não trata cenas de ação como algo obrigatório de se ter no fim de cada episódio, como se vê na maioria das séries policiais.

Momentos de ação em Homeland são pontuais e muito bem trabalhados

Ao mesmo tempo, o programa sofreu durante um tempo algumas críticas sobre como eles representavam a comunidade muçulmana, principalmente associando-os bastante com as forças vilanescas. Não à toa, em 2017 (quando o programa estava em sua sexta temporada) o advogado Ramzi Kassem foi convidado para servir como uma espécie de consultor. Ele que fornece defesa legal para os detentos em Guantánamo teve como tarefa ajudar os produtores a darem mais nuance aos personagens muçulamanos do seriado.

O programa foi ao ar entre 2011 e 2020; nesse meio tempo acumulou diversos elogios da crítica especializada e público, principalmente em suas primeiras temporadas, além de ganhar Golden Globes e Emmys tanto como melhor série dramática quanto pela atuação de Claire Danes. Além disso, o show acumula uma quantidade impressionante de nomeações aos prêmios mencionados e outros como o BAFTA e Directors Guild of America.

Homeland é o tipo de programa que soube combinar momentos de escrita muito competentes, principalmente envolvendo jargões técnicos usados pela CIA e a forma de vigilância, com momentos de ação cirúrgicos; nada é utilizado aos montes e os responsáveis sabem quando usar cada elemento para criar a tensão necessária. 

  

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Em outro texto publicado pelo autor, cuja temática foi a evolução do cinema de espionagem, foi discutido o quanto esse tipo de obra dialoga muito com os tempos em que ela é feita. Isso porque o tema da espionagem está muito ligado a desconfiança natural de um indivíduo com outro bem como a questões mais sérias como a segurança pública e como está suscetível a ataques de pessoas mal intencionadas.

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Por volta do ano de 2011 um tema como terrorismo ainda instigava medo e, principalmente, interesse na população mundial e mais especificamente na norte-americana. Afinal, nesse ano ocorreram ataques como o da Noruega, em que mais de sessenta pessoas morreram em diferentes localidades. 

Outra noção potencializada nesse período foi o das operações secretas de grupos como a CIA, nas quais agiam em qualquer canto do mundo, representados por soldados e espiões; a descoberta e eventual morte de Osama Bin Laden nesse mesmo ano por forças de operações especiais (os JSOC) reviveram todo um interesse do público por esse tipo de assunto que não se via desde a época da guerra fria.

Lançado no ano seguinte à operação, “A Hora mais Escura” foi fortemente influenciado pelo episódio

Dessa forma por volta do ano de 2010, Alex Gansa e Howard Gordon começaram a discutir um novo projeto. Ambos já haviam trabalhado juntos anos antes em um outro show cuja proposta era quase idêntica, a idolatrada 24 Horas. Oficialmente eles tinham em mente como material fonte a série israelense Hatufim de 2010, esta que conta o retorno de um soldado para casa após um longo período de negociações entre os sequestradores e o governo.

Ao voltar ele imediatamente demonstra sinais do quão desacostumado estava com aquela realidade, bem como exibia as várias outras sequelas do período de cárcere e tortura a que foi submetido. Seu comportamento logo levanta a suspeita de que ele possa ter se convertido para o lado inimigo e agora era um agente infiltrado. Esse resumo funciona muito bem tanto para Hatufim quanto para Homeland, mas também para o filme Sob o Domínio do Mal.

Apesar de não admitir publicamente, é bem difícil não imaginar que o filme de Jonathan Demme, lançado em 2004, – assim como o original de 1962 e o livro de Richard Condon – não tenham servido de inspiração de maneira alguma. Da mesma forma que nos dois seriados, a trama fala sobre um soldado que é sequestrado durante uma operação na Guerra do Golfo/Coreia e é vítima de lavagem cerebral. Dessa forma, quando ele retorna, é recebido como um herói e as portas da política vão se abrindo naturalmente.

A trama sobre um herói possivelmente convertido foi o norte das primeiras temporadas

De qualquer jeito, logo no início da produção o primeiro nome a ser confirmado foi o de Claire Danes no papel da protagonista Carrie Mathison. Danes até então era um nome um tanto conhecido no cinema mesmo sem ter tido um franquia ou seriado ao qual poderia mesclar seu nome. Em 1996 ela havia estrelado junto a Leonardo DiCaprio o drama Romeu + Julieta e em 2007 a aventura Stardust que é baseada na história de mesmo nome escrita por Neil Gaiman.

O modo como a história de Homeland foi pensada e transmitida, principalmente em suas primeiras temporadas, evoca um ritmo muito parecido com o de 24 horas (mesmo que não copie a ferramenta de contagem regressiva) de manter viva a urgência da ameaça de um ataque terrorista iminente mesmo durante momentos de puro diálogo.

Na verdade, os momentos de ação no decorrer da série são pontuais ao passo de serem escassos mas isso só acontece porque aqui eles são um clímax de uma tensão construída em episódios anteriores unicamente pelo diálogo dos personagens. O seriado não trata cenas de ação como algo obrigatório de se ter no fim de cada episódio, como se vê na maioria das séries policiais.

Momentos de ação em Homeland são pontuais e muito bem trabalhados

Ao mesmo tempo, o programa sofreu durante um tempo algumas críticas sobre como eles representavam a comunidade muçulmana, principalmente associando-os bastante com as forças vilanescas. Não à toa, em 2017 (quando o programa estava em sua sexta temporada) o advogado Ramzi Kassem foi convidado para servir como uma espécie de consultor. Ele que fornece defesa legal para os detentos em Guantánamo teve como tarefa ajudar os produtores a darem mais nuance aos personagens muçulamanos do seriado.

O programa foi ao ar entre 2011 e 2020; nesse meio tempo acumulou diversos elogios da crítica especializada e público, principalmente em suas primeiras temporadas, além de ganhar Golden Globes e Emmys tanto como melhor série dramática quanto pela atuação de Claire Danes. Além disso, o show acumula uma quantidade impressionante de nomeações aos prêmios mencionados e outros como o BAFTA e Directors Guild of America.

Homeland é o tipo de programa que soube combinar momentos de escrita muito competentes, principalmente envolvendo jargões técnicos usados pela CIA e a forma de vigilância, com momentos de ação cirúrgicos; nada é utilizado aos montes e os responsáveis sabem quando usar cada elemento para criar a tensão necessária. 

  

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