William Hurt sempre foi um ator muito peculiar, ora possuía um comportamento calmo, ora era excêntrico, mas sempre curioso e apaixonado por sua profissão. Uma verdadeira estrela de cinema que sempre entregou papéis memoráveis por como conseguia construi-los, de maneira muito pessoal e diferente dos demais, e não importava o tamanho deles.
Hurt, que faleceu neste domingo (13) aos 71 anos, era um daqueles artistas que pareciam muito cultos e ao mesmo tempo empático, quer interpretasse figuras nobres, santos ou vilões manipuladores. Conhecidamente, o ator tinha desprezo pela indústria cinematográfica de Hollywood, mas nunca demonstrou desprezo pelo seu público. Tanto que atuou em filmes populares, de super-heróis, como o General Ross em longas da Marvel como ‘O Incrível Hulk’, ‘Capitão América: Guerra Civil’ e ‘Vingadores: Guerra Infinita’.
O seu maior auge foi durante a década de 1980, quando viveu diversos papéis que variavam entre um cientista explorando os limites da consciência, ‘Viagens Alucinantes‘ (1980), a um escritor em luto (‘O Turista Acidental‘), resumindo, ele nunca parou de trabalhar. Ele já falou que tinha orgulho de encontrar satisfação em papéis no teatro por US$ 250 por semana e, recentemente, transformou uma aparição num episódio da série ‘Mythic Quest‘ uma visão comovente sobre fraternidade e os laços que nos unem.
No dia de sua partida, decidimos homenagear esse grande e único ator que já nos brindou com papéis inesquecíveis que merecem ser lembrados e redescobertos. Vendo, pelo menos, alguns desses filmes, você vai entender o porquê de William Hurt sempre ser tão prestigiado, mesmo com a sua personalidade forte e de ser assumidamente contra a indústria.
10 – Nos Bastidores da Notícia (1987)
O mestre James L. Brooks apresenta uma sátira inteligente do telejornalismo americano. Três ambiciosos profissionais do jornalismo, vividos por William Hurt, Albert Brooks e Holly Hunter, estão à solta na sala de imprensa de uma rede de TV onde suas vidas acabam irremediavelmente interligadas. ‘Broadcast News’ (no original) foi indicado a 8 Oscars, dentre eles, Melhor Filme, Diretor, Ator e Atriz.
09 – Viagens Alucinantes (1980)
Na trama, o respeitado cientista e professor de psicologia Edward Jessup (William Hurt) decidem combinar suas experiências em tanques de privação sensorial, com poderosas drogas alucinógenas, convencido de que isto poderá ajudar a desbloquear diferentes estados de consciência. As experiências são um sucesso no início, mas quando Jessup continua seu trabalho começa a experimentar alteração do estado mental e também físico. William Hurt foi indicado ao Globo de Ouro como Melhor Ator.
08 – Cortina de Fumaça (1995)
No bairro do Brooklin, em Nova Iorque, Auggie Wren (Harvey Keitel) tem uma tabacaria há mais de dez anos e um hábito peculiar: fotografar sua loja pelo lado de fora todos os dias. Apesar de aparentemente iguais, as fotos retratam detalhes de cada dia. Em sua rotina, Auggie conhece Paul Benjamin (William Hurt), um novelista desastroso que nunca mais publicou coisa alguma desde a morte da esposa e, Rashid Cole (Harold Perrineau Jr.), um jovem mentiroso que está à procura do pai. A partir do drama dos três, Auggie descobre que sua filha é viciada e está grávida – eles terão suas vidas interligadas e mudadas para sempre.
07 – Os Filhos do Silêncio (1986)
James Leeds (William Hurt) é um idealista professor de linguagem de sinais que gosta de usar métodos pouco convencionais. Na escola em que acaba de ser contratado ele conhece Sarah Norman (Marlee Matlin), uma mulher arredia e fechada que continua na escola mesmo após ter se formado. Ao perceber o medo que a jovem tem do mundo, ele tenta se aproximar e ajudá-la, e o que era um desafio profissional logo transforma-se em uma louca paixão.
Venceu o Oscar na categoria de Melhor Atriz, com Marlee Matlin, e foi indicado nas de melhor filme, melhor roteiro adaptado, melhor actor (William Hurt) e melhor atriz coadjuvante (Piper Laurie).
06 – Mistério no Parque Gorky (1983)
Dirigido por Michael Apted, vemos na história investigador da polícia de Moscou (Hurt) precisa solucionar um triplo assassinato que aconteceu no Parque Gorky. Ele suspeita que ninguém quer que o caso seja realmente solucionado, além de começar a perceber que é algum tipo de conspiração que envolve a alta sociedade de Moscou e seus governantes. Foi indicado ao BAFTA e Globo de Ouro.
05 – Cidade das Sombras (1998)
Em uma cidade em que sempre noite, John Murdoch (Rufus Sewell) acorda sozinho em um hotel, para descobrir que perdeu sua memória e o principal suspeito de ser o autor de brutais e bizarros assassinatos. Ele passa então a ser implacavelmente perseguido por um inspetor (William Hurt), ao mesmo tempo em que conta com a ajuda do Dr. Pehreber (Kiefer Sutherland) para compreender o que está acontecendo. Ganhou o Bram Stoker Award e Saturn Award.
04 – O Turista Acidental (1988)
Macon Leary (William Hurt) é um metódico escritor de guias de viagens, que é abandonado por Sarah (Kathleen Turner), sua mulher, após a morte do único filho. A trágica e sem graça vida do escritor, que não gosta de viajar nem de viver, ganha uma nova luz quando conhece Muriel (Geena Davis), uma jovem e extrovertida divorciada.
No Rotten Tomatoes, o filme tem um índice de aprovação de 81% com base em 32 resenhas com o consenso de que “Generoso com as fraquezas e virtudes de seu personagem, o filme é um drama pensativo investido em uma visão das complicações dos relacionamentos”.
03 – O Reencontro (1983)
O filme mostra o reencontro de sete colegas da Universidade de Michigan, após dez anos da formatura, devido ao suicídio de um amigo em comum. A partir dessa reunião, eles iniciam um complexo balanço de suas vidas e muitos segredos e mentiras serão revelados. Recebeu três indicações, nas categorias de Melhor Filme, Melhor Atriz Coadjuvante (Glenn Close) e Melhor Roteiro Original.
02 – Corpos Ardentes (1981)
Em uma pequena cidade da Flórida, durante um tórrido verão, Ned Racine (William Hurt), um advogado sem talento, se envolve com Matty Walker (Kathleen Turner), uma bela e sensual socialite casada, que é dotada de vários atributos físicos, mas desprovida de qualquer escrúpulo. Ned é tomado por uma paixão avassaladora e Matty o convence a assassinar Edmund (Richard Crenna), seu marido. Assim Ned se vê dentro de uma intrincada trama recheada de ameaças e incertezas, onde os dois planejam matar o marido dela para ficar com sua fortuna.
O filme também foi a estreia na direção de Lawrence Kasdan, que escreveu os roteiros de Os Caçadores da Arca Perdida e O Império Contra-Ataca. George Lucas foi um dos produtores, mas recusou crédito na tela, pois acreditava que o conteúdo picante da trama iria refletir seriamente sobre sua reputação familiar.
01 – O Beijo da Mulher-Aranha (1985)
Em uma prisão na América do Sul, dois prisioneiros dividem a mesma cela. Um é homossexual e está preso por comportamento imoral e o outro é um prisioneiro político. O primeiro, para fugir da triste realidade que o cerca, inventa filmes cheios de mistério e romance, mas o outro tenta se manter o mais politizado possível em relação ao momento que vive. Mas esta convivência faz com que os dois homens se compreendam e se respeitem.
O filme estreou no Festival de Cannes de 1985, onde Willian Hurt ganhou o prêmio de Melhor interpretação masculina e Babenco sendo indicado para a Palma de Ouro, sendo posteriormente lançado nos Estados Unidos em 26 de julho de 1985 e no Brasil em 13 de abril do ano seguinte. ‘O Beijo da Mulher Aranha’ recebeu elogios da crítica; com Hurt vencendo o Oscar e o BAFTA de Melhor Ator, além do ser indicado ao Oscar de Melhor Filme, perdendo para Entre Dois Amores.