‘Invocação do Mal 3 – A Ordem do Demônio‘ já está disponível na HBO Max.
No filme, os caçadores sobrenaturais Ed e Lorraine Warren (Patrick Wilson e Vera Farmiga, respectivamente) vão investigar o caso de Arne Cheyenne Johnson (Ruairi O’Connor), o primeiro homem dos Estados Unidos a tentar se defender de uma acusação de homicídio justificando estar possuído pelo demônio. E como esse caso macabro foi inspirado em uma história real, a situação fica ainda mais assustadora.
[Possíveis SPOILERS adiante]
Tudo começou com a família Glatzel, em 1980. Na época, o pequeno David Glatzel, de apenas 11 anos, foi limpar uma casa antiga alugada junto da família. Ele levou um tombo muito feio e disse ter sido empurrado e ameaçado por um idoso de aparência estranha, que falava latim e além de ter ameaçado roubar sua alma, afirmou que, caso a família se mudasse para aquela residência, seria amaldiçoada com uma série de desgraças. A princípio, a família achou que o menino estava enrolando para não ter que arrumar a casa. Porém, conforme os dias foram passando, ele foi demonstrando um comportamento esquisito. Ele acordava de pesadelos terríveis cheio de hematomas, arranhões e machucados, e estaria vendo criaturas sinistras com chifres e olhos escuros. Desesperados, os Glatzel recorreram a um padre da igreja, que teria convocado os Warren para analisar o caso.
Com a chegada do casal, o garoto teria passado a falar em idiomas distintos, rosnar, ser visto próximo a névoas escuras e aparentando estar sendo sufocado por uma pessoa invisível. A cada nova sessão dos Warren, o menino ficava acompanhado de um familiar ou pessoa próxima, enquanto sofria dores, convulsões e perda de ar. Assim, os caçadores paranormais iniciaram pequenos exorcismos para tentar livrar o menino do suposto mal. Eles identificaram nada menos que 43 demônios dentro do corpinho da criança, que precisou passar por diversas sessões. Em uma delas, na presença do namorado da irmã de David, Arne Johnson, o rapaz teria intercedido no exorcismo e feito um desafio aos demônios: deixar o corpo de David para assumir o seu.
E foi aí que começou a controvérsia. Em diversos relatos, Arne afirmou ter feito contato com um demônio pouco tempo depois, o que teria consumado a possessão. Conforme o tempo foi passando, ele começou a ter lapsos de memória e a apresentar comportamentos parecidos com o de David. Temendo pela vida da namorada, ele e Debbie Glatzel se mudaram, e a garota começou a trabalhar como cuidadora dos cachorrinhos de Alan Bono, um novo residente da região.
Em 16 de fevereiro de 1981, em Brookfield, Connecticut, que não registrava um caso de homicídio há décadas, o jovem Arne Johnson, se sentindo mal, levou a irmãzinha, Wanda, a namorada, Debbie e a priminha dela, Mary, para um almoço com Bono. Tudo estava indo bem, com muita bebedeira, até que Arne começou a discutir com Alan, puxou um canivete, desferindo cinco golpes no peito de Bono e um corte que ia do estômago ao coração do futuro defunto. Tudo isso enquanto rosnava e fazia sons estranhos. Johnson foi encontrado a cerca de três quilômetros de distância do local do crime, desmemoriado, segundo o próprio. Ele foi preso.
Com as notícias se espalhando, Lorraine Warren reconheceu o rapaz da sessão de exorcismo do ano anterior e comunicou à imprensa que ele estaria possuído pelo demônio. Em meio a uma onda de filmes sobre demônios e exorcismos que assolava os Estados Unidos, a imprensa se interessou pelo caso e o povo embarcou na histeria, transformando o caso em um fenômeno. Quem gostou dessa história foi o advogado de Arne, Martin Minnella. Com a imprensa ao seu favor, ele começou a buscar depoimentos e algo que embasasse a suposta possessão demoníaca para liberar seu cliente. Ele tentou emplacar uma declaração de inocência em seu cliente alegando que o diabo o teria obrigado a cometer o crime. No entanto, por falta de evidências, o juiz negou o pedido. Enquanto isso, os Warren davam grandes entrevistas, comentavam o caso e apresentavam supostas provas que não provavam nada. Eles surfaram na onda enquanto puderam, mas logo a situação virou uma grande piada na imprensa e Arne Cheyenne Johnson foi condenado por homicídio culposo a cumprir de 10 a 20 anos de prisão. Desse tempo, ele cumpriu apenas cinco anos e foi solto por bom comportamento.