A palavra de ordem em Hollywood atualmente é franquia. Ou como é referido em inglês “IP” – Intellectual Property (“propriedade intelectual” na tradução), algo como uma marca registrada. A aposta fica mais fácil para os produtores quando sabem que irão investir em um produto conhecido e querido pelo público, aumentando assim as chances de sucesso e do retorno financeiro. Afinal, cinema ainda é primordialmente um negócio, mesmo aquele filme pequeno que custou o troco do lanche. No gênero do terror o mesmo ocorre, ainda em maior escala, já que este tipo de filme é considerado barato para ser produzido e altamente lucrativo. Ter uma franquia de sucesso no terror é quase como encontrar uma mina de ouro. Ao voltarmos apenas 10 anos no passado, iremos nos deparar com o surgimento de algumas das mais lucrativas franquias de terror da atualidade, que davam seu pontapé inicial há uma década. Volte no tempo com a gente e relembre as 10 obras do gênero mais marcantes de 10 anos atrás.
Invocação do Mal
Sem dúvida o maior sucesso do terror não apenas de 10 anos atrás, como um dos maiores desde então, foi este longa dirigido pelo Midas do gênero James Wan. Na época, ninguém poderia imaginar que o filme da New Line iria se tornar a potência no terror que se tornou, mesmo com um orçamento de US$20 milhões – mais folgado do que geralmente é visto no gênero. Mas foi só as primeiras exibições do filme acontecerem (com exibições na Espanha e Reino Unido em Junho – e a pré-estreia nos EUA em 15 de Julho), que ‘Invocação do Mal’ já era enaltecido como o filme de terror mais assustador desde ‘O Exorcista’. O mais impressionante é ver que ele foi responsável pelo surgimento de um universo próprio, o chamado ‘Invocaverso’ – seguido por ‘Annabelle’ (2014), ‘Invocação do Mal 2’ (2016), ‘Annabelle 2’ (2017), ‘A Freira’ (2018), ‘Annabelle 3’ (2019), ‘Invocação do Mal 3’ (2021) e este ano teremos ‘A Freira 2’. O filme está disponível na HBO Max e na Amazon Prime Video.
A Morte do Demônio
Ao contrário do item acima, ‘A Morte do Demônio’ não estava iniciando uma franquia do zero há 10 anos, mas sim dando continuidade de certa forma a uma marca criada 32 anos antes de forma experimental por um cineasta então novato chamado Sam Raimi. Na época com 22 anos, Raimi reuniu uns amigos e foi fazer um filme de terror sobre uma cabana na floresta, um livro, uma maldição e espíritos malignos. O que era para ser um projeto amador, acabou se tornando um dos filmes mais queridos de todos os tempos no gênero, que de quebra serviu para criar um subgênero próprio, o chamado “terror na cabana”. É claro que estamos falando de ‘Evil Dead – A Morte do Demônio’, que em 1987 geraria sua primeira continuação/reboot. Já em 1992, foi a vez do exagerado e cômico terceiro ato ‘Army of Darkness’. A franquia só despertaria novamente com este exemplar, uma tentativa de reiniciar do zero – com um filme mais visceral, tenso e menos cômico. Apesar a boa bilheteria, essa linha narrativa jamais seria continuada. Este ano, um novo reinício surge com ‘A Morte do Demônio – A Ascensão’, que visa dar prosseguimento à trilogia original. O Filme está disponível na HBO Max.
Uma Noite de Crime
Outra franquia muito popular que tinha início há 10 anos é ‘Uma Noite de Crime’, ou ‘The Purge’ (O Expurgo). O sucesso da obra escrita e dirigida por James DeMonaco foi tão grande que logo no ano seguinte uma continuação foi lançada, visando expandir ainda mais o universo criado pelo cineasta. Dois anos depois, chegava a terceira parte, com objetivo, mais uma vez, de aumentar ainda mais as apostas e explorar esse “admirável novo mundo” futurista e violento. Mas nenhum outro ano foi tão produtivo para James DeMonaco e sua franquia quanto 2018. Primeiro, ele lançaria o quarto exemplar nos cinemas, uma pré-sequência, desta vez apenas no cargo de roteirista. Logo depois, estreava uma série para a TV de criação sua sobre o tópico, que durou duas temporadas. Em 2021, o cineasta ainda lançaria nos cinemas um quinto exemplar. O filme está disponível na Star+, na Amazon Prime Video e na Paramount+.
Sobrenatural: Capítulo 2
Na lista até agora já tivemos dois filmes que deram origem a franquias numerosas e até mesmo um remake de um verdadeiro clássico. Agora, chega a primeira continuação. O primeiro ‘Sobrenatural’ ou ‘Insidious’ (no original) é uma espécie de ‘Poltergeist – O Fenômeno’ (1982) mais barra-pesada, escrito por Leigh Whannell e dirigida por James Wan como homenagem ao clássico. Na trama, uma família é assombrada por espíritos malignos em sua nova casa – os patriarcas são interpretados por Patrick Wilson (que depois migraria para ‘Invocação do Mal’) e Rose Byrne. Há 10 anos chegava a primeira continuação, com a família Lambert novamente se tornando alvo de forças misteriosas e de outro mundo. Depois vieram duas pré-sequências (de 2015 e 2018). Este ano, o ator Patrick Wilson estreia na direção com o quinto exemplar da franquia, dando continuidade pela primeira vez à linha narrativa do segundo filme. O filme está disponível na Netflix.
Mama
Não é incomum vermos um curta-metragem lançado online fazer tanto sucesso que chama atenção de Hollywood. Afinal, graças a este tipo de plataforma, como o Youtube, em que qualquer um pode realizar seu filme caseiro e o exibir para o mundo, novos talentos são revelados a todo instante. O momento certo nunca foi melhor do que este. Foi desta forma que o diretor uruguaio Fede Alvarez e o sueco David F. Sandberg foram revelados. E foi desta forma também que o argentino Andy Muschietti viu seu talento atingir um número cada vez maior de pessoas. Tudo o que bastou foi o renomado mexicano Guillermo del Toro bater os olhos no curta ‘Mamá’ (2008) para mexer seus pauzinhos e o transformar no longa ‘Mama’, com direito a atriz indicada ao Oscar protagonizando e tudo (Jessica Chastain). Muschietti seguiu para os dois ‘It’ e esse ano entrega ‘The Flash’. Seu primeiro filme, no entanto, nunca teve uma continuação. O filme está disponível na Star+.
Carrie – A Estranha
Talvez tarefa tão ingrata quanto continuar um filme de sucesso, seja refilma-lo. Tudo bem, alguns se saem bem na tarefa. Mas não foi exatamente este o caso com o remake do querido ‘Carrie – A Estranha’ (1976), que marcou o primeiro livro adaptado ao cinema de Stephen King e também o primeiro sucesso da carreira de Brian De Palma. Para termos uma ideia do prestígio do ‘Carrie’ original, ele foi indicado a dois Oscar – para as atrizes Sissy Spacek (atriz principal) e Piper Laurie (coadjuvante). Nem mesmo ter talentos consagrados no elenco, como Julianne Moore e Chloë Grace Moretz, pareceu ajudar essa reimaginação a se aproximar um pouco mais da popularidade do original. O filme está disponível na Amazon Prime Video.
O Espelho
Ainda falando na seleta listinha de diretores que tiveram sua grande chance no cinema graças a curtas que dirigiram originalmente e puderam transformá-los em longas-metragens, não poderíamos terminar sem citar o nome de Mike Flanagan, hoje um dos maiores expoentes do terror. E sua virada na carreira ocorreria justamente ao lançar o curta ‘Oculus’ em 2006, e esperar pacientemente sete anos para transformá-lo em ‘O Espelho’, ótimo exemplar do terror, infelizmente ainda muito desconhecido do grande público e justamente por isso subestimado. Hoje, Flanagan é um dos nomes mais badalados do terror, com obras como ‘Missa da Meia-Noite’, ‘A Maldição da Residência Hill’ e ‘Doutor Sono’ no currículo. ‘O Espelho’ é protagonizado por Karen Gillan e fala sobre uma família aterrorizada graças a uma maldição vinda de um espelho antigo. O filme foi sucesso de bilheteria, mas nunca teve uma continuação.
O Massacre da Serra Elétrica 3D
O primeiro exemplar da franquia clássica do maníaco Leatherface criado com o artifício do 3D, é outro que foi lançado há 10 anos. Tudo começou, é claro, com o clássico dos clássicos ‘O Massacre da Serra Elétrica’, de 1974, dirigido por Tobe Hooper – filme tido por muitos como um dos responsáveis pelo surgimento dos chamados “Slasher”. Hooper continuou seu filme em 1986, mas enfureceu os “picaretas” da Cannon Films ao entregar uma gozação que mais parecia uma paródia e não algo nos moldes do anterior – hoje, o segundo filme se tornou um cult quase tão querido quanto o original. Depois de mais duas sequências na década de 1990, uma refilmagem e sua pré-sequência nos anos 2000, a opção dos produtores ao adentrarem na nova década foi o uso do 3D. Essa linha narrativa, que coloca o vilão Leatherface como anti-herói, defendendo sua prima Alexandra Daddario, e que possui um dos maiores erros cronológicos da história recente no cinema, também jamais seria continuada. O filme está disponível na Netflix, na Amazon Prime Video e na Paramount+.
A Maldição de Chucky
Com este filme, o boneco mais assustador do cinema adentrava pela primeira vez no território dos lançamentos direto em vídeo – e aqui estamos falando de uma época em que os streamings não eram nem de longe o que são hoje, e o termo lançamento em vídeo ainda era sim muito pejorativo. Depois de cinco filmes estreando nos cinemas, o boneco ruivo Chucky, criação de Don Mancini, teve como opção continuar suas histórias longe das salas de cinema – tudo isso graças ao fracasso de ‘O Filho de Chucky’ (2004), filme que quase colocou tudo a perder e um ponto final na jornada do pequeno homicida de plástico. Apesar de ser uma estreia no mercado de home vídeo, ‘A Maldição de Chucky’ voltava às origens do personagem, mais voltado ao terror de verdade, e fez sucesso com os fãs. Tanto que essa narrativa ganhou outro filme em vídeo, ‘O Culto de Chucky’ e hoje segue firme e forte na série de TV, ‘Chucky’. O filme está disponível na Star+.
Canibais
Finalizando a lista dos filmes de terror mais famosos que completam 10 anos em 2023, temos um exemplar do “carniceiro” Eli Roth. Conhecido por seus exemplares de “torture porn” vide ‘Cabana do Inferno’ e principalmente ‘O Albergue’ e sua continuação, há 10 anos o cineasta “parça” de Quentin Tarantino tirava do papel seu quarto longa-metragem para o cinema. “Canibais” é uma espécie de homenagem / remake do clássico cult ‘Holocausto Canibal’ (1980), de Ruggero Deodato, que fala sobre uma equipe de documentaristas atacada na Amazônia por uma tribo de indígenas selvagens e canibais. No filme de Roth, as vítimas agora são estudantes idealistas e ambientalistas.