domingo , 22 dezembro , 2024

‘Jason Vai Para o Inferno’ – Os 30 Anos do Início com “Pé Esquerdo” da Franquia ‘Sexta-Feira 13’ fora da Paramount!

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Você certamente já ouviu o título ‘Sexta-Feira 13’, mesmo que não goste particularmente de terror ou sequer tenha assistido a um dos capítulos desta que é uma das mais longínquas séries cinematográficas do gênero. É inegável que sua fama a precede. ‘Sexta-Feira 13’ marcou uma época, os anos 80, e ao lado de ‘A Hora do Pesadelo’ foi a franquia assustadora mais famosa do período, e uma das mais bem-sucedidas de todos os tempos. E pensar que a franquia do imortal Jason nem mesmo tinha o Jason em seu primeiro exemplar.

Tudo começou com o produtor Sean S. Cunningham, que estava numa pior e precisava fazer um dinheiro rápido. Antenado, ele percebeu o sucesso que ‘Halloween – A Noite do Terror’, de John Carpenter, havia feito em 1978, se tornando um fenômeno e o filme independente mais rentável da época. ‘Halloween’ pode ser considerado o “pai” dos slasher. E bem, ‘Sexta-Feira 13’ foi a “mãe”. Cunninghan contratou o roteirista Victor Miller e o pediu para “copiar, mas fazer diferente” do que havia visto em ‘Halloween’. Assim, o escritor bolou uma história passada em um acampamento de verão para crianças (um cenário inocente e longe de qualquer perigo).



Apesar de ser a estrela da franquia, o mascarado Jason só daria as caras no segundo filme de ‘Sexta-Feira 13’.

Acontece que o acampamento Crystal Lake tinha fama de ser amaldiçoado. Isso porque décadas antes, assassinatos misteriosos fizeram o lugar fechar. Assim, um grupo de adolescentes anos depois retorna ao local, com o novo dono, com o propósito de reforma-lo e fazê-lo funcionar novamente. Mas alguém não está feliz com esta iniciativa, e irá eliminar os jovens um a um. É a Sra. Voorhees, a antiga cozinheira do local, cujo filho havia se afogado por negligência dos monitores. Assim, numa espécie de ‘Psicose’ invertido, Jason (o filho) e sua mãe se tornam um só, e ela massacra todos que tentam reabrir o lugar traumático.

Corta para 1993, treze anos depois do sucesso do primeiro ‘Sexta-Feira 13’, uma data emblemática. Treze anos depois e nada menos que oito filmes produzidos. Sim, ‘Sexta-Feira 13’ dominou os anos 80, batendo ponto quase em todos os anos da década, deixando escapar apenas dois, com todas as obras produzidas pela Paramount – por uma década a franquia foi uma verdadeira “galinha dos ovos” de ouro para o estúdio, lucrando mais que muitas das produções mais sérias do estúdio. Assim, a Paramount, mesmo tendo um pouco de vergonha de ser associada ao que os críticos da época chamavam de “terror barato”, não recusava suas bilheterias lucrativas.

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Durante toda a década de 80, a Paramount foi a casa do maníaco Jason, lucrando com o personagem por oito filmes.

Imagina só, o valor somado do orçamento de todos os ‘Sexta-Feira 13’ nos anos 80 não chegava sequer a US$20 milhões. Por outro lado, o valor somado em bilheteria do resultado destes mesmos oito filmes foi igual a US$206.2 milhões. Ou seja, um lucro de dez vezes mais. Só o primeiro filme, o mais rentável de toda a franquia na época, arrecadou mais do que o investimento na franquia inteira nos anos 80. Apesar disso, com os filmes cada vez mais caros e obtendo um retorno cada vez menor, com o oitavo longa, de Nova York, sendo o maior fracasso financeiro (e o mais caro), a Paramount percebeu que era a hora de passar a bola.

A Paramount havia usado e abusado o quanto pôde da criação de Sean S. Cunninghan, que surgiu como puro plágio de ‘Halloween’. Aliás, é seguro dizer que o estúdio igualmente descaracterizou bastante o que o criador original havia planejado, e isso logo no segundo episódio. Acontece que a assassina Sra. Voorhees havia sido decapitada ao final do primeiro filme. Mas com o sucesso, o estúdio queria realizar uma parte dois.

Após oito filmes na década de 80, a Paramount disse “está bom”, e passou os direitos para a New Line Cinema nos anos 90.

Como fazer isso? A opção foi por trazer o filho da mulher, Jason, agora adulto e vivendo na floresta. Mas ele também havia morrido afogado ao início do original. Essa investida sem sentido fez todos os envolvidos originais, incluindo o diretor e produtor Cunninghan, o roteirista Victor Miller, o técnico em efeitos Tom Savini e a atriz Betsy Palmer ficarem bem longe da sequência.

Pior que a ideia de ‘jegue’ deu certo, e Jason se tornava a cada filme um vilão mais popular do que sua mãe havia sido, até chegar no ícone pop que conhecemos hoje. Assim, ao longo da década de 80 o assassino mudava de forma, de cabeludo e barbudo ficava careca, sua deformidade facial também mudava a cada filme, o que não podia mudar era seu símbolo máximo, a máscara de hóquei introduzida no terceiro filme (isso mesmo). Ele foi esfaqueado, machadado, enforcado, picotado, enforcado, afogado, eletrocutado, morreu, foi enterrado, foi ressuscitado por um raio, enfrentou o clone de ‘Carrie – A Estranha’ e foi passear em Nova York, até a Paramount dizer chega e transforma-lo novamente em criança.

Em ‘Jason Vai para o Inferno’, o vilão ganhava uma família para chamar de sua e novas regras em sua mitologia, aos 45 do segundo tempo.

Com o fim dos anos 80, a Paramount finalmente vendia os direitos de ‘Sexta-Feira 13’ para outro estúdio, a New Line Cinema. Bem, em partes. Acontece que quando o assunto envolve dinheiro, todos sempre querem uma parte. Assim, uma briga judicial pelos direitos da franquia se iniciou entre Sean S. Cunninghan, o dono do conceito, e Victor Miller, o roteirista do filme original. Quando foi vendida para o novo estúdio, o novo proprietário poderia usar o vilão Jason e a mitologia, mas não o título ‘Sexta-Feira 13’ e tampouco a mãe do assassino.

Assim surgia ‘Jason Vai Para o Inferno’, frisando em primeiro plano o nome do vilão. Subtitulado ‘A Última Sexta-Feira’ – repare que não é “A Última Sexta-Feira 13”, e sim ‘A Última Sexta-Feira’. Já que não podiam criar um elo na trama com a mãe de Jason, os realizadores resolveram criar uma família para o vilão, uma que nunca havíamos ouvido falar, com inclusive uma irmã para o psicopata imortal e uma sobrinha. Aliás, nesse tempo todo ficou frisado que Jason era filho único. Se isso não é apelar…

Jason sofreu com as mudanças criativas dos realizadores de seu primeiro filme na New Line, e o longa se tornou o menos apreciado de toda a franquia.

 

Vale dizer a esta altura que a primeira incursão de Jason em sua nova casa (a New Line) o castigou mais que qualquer final girl. ‘Jason Vai para o Inferno’ se tornaria o episódio pelo qual, digamos, os fãs possuem menos afeto na franquia. E isso em uma série que possui os já pouco apreciados ‘Parte 5 – Um Novo Começo’ (1985), ‘Parte 8 – Jason Ataca em Nova York’ (1989) e ‘Jason X’ (2001).

O motivo de tanto desprezo é para além de uma família de última hora para Jason, ou sequer o fato de o maníaco ressurgir do nada, sem qualquer conexão com o episódio anterior. A barreira maior se encontra na gimmick encontrada para tirar a franquia da mesmice. Coisa que se for distanciar muito do que o público está acostumado, quase sempre resulta em rejeição. A parte 5, por exemplo, deixou Jason de fora (já que havia morrido) e trouxe um farsante em seu lugar. Ninguém comprou. O mesmo foi tentado com o recente ‘Halloween Ends’, que sofreu enorme backlash.

Logo na cena de abertura de ‘Jason Vai para o Inferno’, as expectativas são subvertidas quando o maníaco é explodido em pedaços.

Em ‘Jason vai para o Inferno’, o que os produtores quiseram tentar para sair da mesmice de “Jason ataca jovens no acampamento” foi trazer uma trama totalmente sobrenatural para o episódio 9. Na história, Jason é explodido em pedaços logo na cena de abertura, quando o psicopata acha que vai se dar bem com uma nova vítima sozinha em sua casa no lago – acontece que era uma emboscada do FBI; e o maníaco encontra finalmente o seu fim, já que fica desmembrado.

“The End”? Ainda não. Pois na mesa do legista o coração de Jason começa a bater novamente, e enfeitiça o sujeito que o come a dentadas, assim sendo possuído pelo espírito maligno do vilão. Sem dúvidas é diferente e original, algo nunca tentado na franquia anteriormente. E o que acontece depois daí? O legista assume o manto de Jason, mas o que vemos é um sujeito normal cometendo os crimes do matador de Crystal Lake. E aí temos o mesmo problema da Parte 5: não é quem queremos ver, mesmo que a essência seja dele, a forma não.

A trama inventiva do nono filme traz Jason pulando de corpo em corpo, antes de literalmente ir parar no inferno.

Mas não para por aí, pois a invencionice dos realizadores parece transbordar cada vez mais. Jason não fica no corpo do legista para sempre, já que para fazer graça, o nono filme resolve se tornar também um “whodunit”, aquela espécie na qual temos que adivinhar quem dentre os personagens é o assassino. Aqui sabemos que é Jason, mas a pegadinha se torna: “no corpo de quem Jason está agora”? Isso porque sua essência maligna fica pulando de corpo em corpo, possuindo a população da pequena cidade, desde policiais até advogados. E como ele faz isso: passando uma criatura que mais parece um verme gigante pela boca das vítimas – esse ser é o “Jason real”. É mole?

Mexer tanto no cânone de uma franquia, mesmo sendo um terror slasher, é procurar encrenca com sua base de fãs. E foi justamente isso que ‘Jason vai para o Inferno’ fez. Quis ousar demais, e terminou se tornando blasfemo. Para piorar a situação dos “acréscimos narrativos aos 45 do segundo tempo”, ainda somos introduzidos a um arqui-inimigo de Jason, nas formas de Creighton Duke (Steven Williams), de uma adaga com poderes mágicos, que é a única coisa que de fato pode matar o vilão (e que só pode ser empunhada por uma parente dele) e a regra de que ele poderá voltar à sua forma original caso possua o corpo de alguém da família, coisa que faz e retorna como o mascarado monstruoso. Esse é também o único filme da franquia em que Jason não mostra seu belo rosto para o público.

O nono filme de Jason deveria ser o tão sonhado encontro com Freddy Krueger, já que ambos agora estavam no mesmo estúdio.

No fim das contas, como diz o título, Jason finalmente é mandado para o inferno, com direito a demônios vindo busca-lo aqui na Terra, e puxá-lo para embaixo do solo. A cena final é a mais comentada do filme, e a única coisa pela qual os fãs possuem carinho de verdade. Acontece que ficamos com aquela sensação de que o filme todo só foi produzido para unir no mesmo estúdio os dois grandes monstros dos anos 80: Jason e Freddy Krueger, encontro que já era ensaiado em tal década. Agora, com ambos na New Line o sonho era possível. E a prova disso é tal cena: na qual após ser puxado para o inferno, a mão de Freddy sai do solo para buscar a máscara de Jason, que havia ficado para trás. Esse encontro, no entanto, levaria nada menos que dez anos para sair do papel. O filme está disponível na HBO Max.

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‘Jason Vai Para o Inferno’ – Os 30 Anos do Início com “Pé Esquerdo” da Franquia ‘Sexta-Feira 13’ fora da Paramount!

Você certamente já ouviu o título ‘Sexta-Feira 13’, mesmo que não goste particularmente de terror ou sequer tenha assistido a um dos capítulos desta que é uma das mais longínquas séries cinematográficas do gênero. É inegável que sua fama a precede. ‘Sexta-Feira 13’ marcou uma época, os anos 80, e ao lado de ‘A Hora do Pesadelo’ foi a franquia assustadora mais famosa do período, e uma das mais bem-sucedidas de todos os tempos. E pensar que a franquia do imortal Jason nem mesmo tinha o Jason em seu primeiro exemplar.

Tudo começou com o produtor Sean S. Cunningham, que estava numa pior e precisava fazer um dinheiro rápido. Antenado, ele percebeu o sucesso que ‘Halloween – A Noite do Terror’, de John Carpenter, havia feito em 1978, se tornando um fenômeno e o filme independente mais rentável da época. ‘Halloween’ pode ser considerado o “pai” dos slasher. E bem, ‘Sexta-Feira 13’ foi a “mãe”. Cunninghan contratou o roteirista Victor Miller e o pediu para “copiar, mas fazer diferente” do que havia visto em ‘Halloween’. Assim, o escritor bolou uma história passada em um acampamento de verão para crianças (um cenário inocente e longe de qualquer perigo).

Apesar de ser a estrela da franquia, o mascarado Jason só daria as caras no segundo filme de ‘Sexta-Feira 13’.

Acontece que o acampamento Crystal Lake tinha fama de ser amaldiçoado. Isso porque décadas antes, assassinatos misteriosos fizeram o lugar fechar. Assim, um grupo de adolescentes anos depois retorna ao local, com o novo dono, com o propósito de reforma-lo e fazê-lo funcionar novamente. Mas alguém não está feliz com esta iniciativa, e irá eliminar os jovens um a um. É a Sra. Voorhees, a antiga cozinheira do local, cujo filho havia se afogado por negligência dos monitores. Assim, numa espécie de ‘Psicose’ invertido, Jason (o filho) e sua mãe se tornam um só, e ela massacra todos que tentam reabrir o lugar traumático.

Corta para 1993, treze anos depois do sucesso do primeiro ‘Sexta-Feira 13’, uma data emblemática. Treze anos depois e nada menos que oito filmes produzidos. Sim, ‘Sexta-Feira 13’ dominou os anos 80, batendo ponto quase em todos os anos da década, deixando escapar apenas dois, com todas as obras produzidas pela Paramount – por uma década a franquia foi uma verdadeira “galinha dos ovos” de ouro para o estúdio, lucrando mais que muitas das produções mais sérias do estúdio. Assim, a Paramount, mesmo tendo um pouco de vergonha de ser associada ao que os críticos da época chamavam de “terror barato”, não recusava suas bilheterias lucrativas.

Durante toda a década de 80, a Paramount foi a casa do maníaco Jason, lucrando com o personagem por oito filmes.

Imagina só, o valor somado do orçamento de todos os ‘Sexta-Feira 13’ nos anos 80 não chegava sequer a US$20 milhões. Por outro lado, o valor somado em bilheteria do resultado destes mesmos oito filmes foi igual a US$206.2 milhões. Ou seja, um lucro de dez vezes mais. Só o primeiro filme, o mais rentável de toda a franquia na época, arrecadou mais do que o investimento na franquia inteira nos anos 80. Apesar disso, com os filmes cada vez mais caros e obtendo um retorno cada vez menor, com o oitavo longa, de Nova York, sendo o maior fracasso financeiro (e o mais caro), a Paramount percebeu que era a hora de passar a bola.

A Paramount havia usado e abusado o quanto pôde da criação de Sean S. Cunninghan, que surgiu como puro plágio de ‘Halloween’. Aliás, é seguro dizer que o estúdio igualmente descaracterizou bastante o que o criador original havia planejado, e isso logo no segundo episódio. Acontece que a assassina Sra. Voorhees havia sido decapitada ao final do primeiro filme. Mas com o sucesso, o estúdio queria realizar uma parte dois.

Após oito filmes na década de 80, a Paramount disse “está bom”, e passou os direitos para a New Line Cinema nos anos 90.

Como fazer isso? A opção foi por trazer o filho da mulher, Jason, agora adulto e vivendo na floresta. Mas ele também havia morrido afogado ao início do original. Essa investida sem sentido fez todos os envolvidos originais, incluindo o diretor e produtor Cunninghan, o roteirista Victor Miller, o técnico em efeitos Tom Savini e a atriz Betsy Palmer ficarem bem longe da sequência.

Pior que a ideia de ‘jegue’ deu certo, e Jason se tornava a cada filme um vilão mais popular do que sua mãe havia sido, até chegar no ícone pop que conhecemos hoje. Assim, ao longo da década de 80 o assassino mudava de forma, de cabeludo e barbudo ficava careca, sua deformidade facial também mudava a cada filme, o que não podia mudar era seu símbolo máximo, a máscara de hóquei introduzida no terceiro filme (isso mesmo). Ele foi esfaqueado, machadado, enforcado, picotado, enforcado, afogado, eletrocutado, morreu, foi enterrado, foi ressuscitado por um raio, enfrentou o clone de ‘Carrie – A Estranha’ e foi passear em Nova York, até a Paramount dizer chega e transforma-lo novamente em criança.

Em ‘Jason Vai para o Inferno’, o vilão ganhava uma família para chamar de sua e novas regras em sua mitologia, aos 45 do segundo tempo.

Com o fim dos anos 80, a Paramount finalmente vendia os direitos de ‘Sexta-Feira 13’ para outro estúdio, a New Line Cinema. Bem, em partes. Acontece que quando o assunto envolve dinheiro, todos sempre querem uma parte. Assim, uma briga judicial pelos direitos da franquia se iniciou entre Sean S. Cunninghan, o dono do conceito, e Victor Miller, o roteirista do filme original. Quando foi vendida para o novo estúdio, o novo proprietário poderia usar o vilão Jason e a mitologia, mas não o título ‘Sexta-Feira 13’ e tampouco a mãe do assassino.

Assim surgia ‘Jason Vai Para o Inferno’, frisando em primeiro plano o nome do vilão. Subtitulado ‘A Última Sexta-Feira’ – repare que não é “A Última Sexta-Feira 13”, e sim ‘A Última Sexta-Feira’. Já que não podiam criar um elo na trama com a mãe de Jason, os realizadores resolveram criar uma família para o vilão, uma que nunca havíamos ouvido falar, com inclusive uma irmã para o psicopata imortal e uma sobrinha. Aliás, nesse tempo todo ficou frisado que Jason era filho único. Se isso não é apelar…

Jason sofreu com as mudanças criativas dos realizadores de seu primeiro filme na New Line, e o longa se tornou o menos apreciado de toda a franquia.

 

Vale dizer a esta altura que a primeira incursão de Jason em sua nova casa (a New Line) o castigou mais que qualquer final girl. ‘Jason Vai para o Inferno’ se tornaria o episódio pelo qual, digamos, os fãs possuem menos afeto na franquia. E isso em uma série que possui os já pouco apreciados ‘Parte 5 – Um Novo Começo’ (1985), ‘Parte 8 – Jason Ataca em Nova York’ (1989) e ‘Jason X’ (2001).

O motivo de tanto desprezo é para além de uma família de última hora para Jason, ou sequer o fato de o maníaco ressurgir do nada, sem qualquer conexão com o episódio anterior. A barreira maior se encontra na gimmick encontrada para tirar a franquia da mesmice. Coisa que se for distanciar muito do que o público está acostumado, quase sempre resulta em rejeição. A parte 5, por exemplo, deixou Jason de fora (já que havia morrido) e trouxe um farsante em seu lugar. Ninguém comprou. O mesmo foi tentado com o recente ‘Halloween Ends’, que sofreu enorme backlash.

Logo na cena de abertura de ‘Jason Vai para o Inferno’, as expectativas são subvertidas quando o maníaco é explodido em pedaços.

Em ‘Jason vai para o Inferno’, o que os produtores quiseram tentar para sair da mesmice de “Jason ataca jovens no acampamento” foi trazer uma trama totalmente sobrenatural para o episódio 9. Na história, Jason é explodido em pedaços logo na cena de abertura, quando o psicopata acha que vai se dar bem com uma nova vítima sozinha em sua casa no lago – acontece que era uma emboscada do FBI; e o maníaco encontra finalmente o seu fim, já que fica desmembrado.

“The End”? Ainda não. Pois na mesa do legista o coração de Jason começa a bater novamente, e enfeitiça o sujeito que o come a dentadas, assim sendo possuído pelo espírito maligno do vilão. Sem dúvidas é diferente e original, algo nunca tentado na franquia anteriormente. E o que acontece depois daí? O legista assume o manto de Jason, mas o que vemos é um sujeito normal cometendo os crimes do matador de Crystal Lake. E aí temos o mesmo problema da Parte 5: não é quem queremos ver, mesmo que a essência seja dele, a forma não.

A trama inventiva do nono filme traz Jason pulando de corpo em corpo, antes de literalmente ir parar no inferno.

Mas não para por aí, pois a invencionice dos realizadores parece transbordar cada vez mais. Jason não fica no corpo do legista para sempre, já que para fazer graça, o nono filme resolve se tornar também um “whodunit”, aquela espécie na qual temos que adivinhar quem dentre os personagens é o assassino. Aqui sabemos que é Jason, mas a pegadinha se torna: “no corpo de quem Jason está agora”? Isso porque sua essência maligna fica pulando de corpo em corpo, possuindo a população da pequena cidade, desde policiais até advogados. E como ele faz isso: passando uma criatura que mais parece um verme gigante pela boca das vítimas – esse ser é o “Jason real”. É mole?

Mexer tanto no cânone de uma franquia, mesmo sendo um terror slasher, é procurar encrenca com sua base de fãs. E foi justamente isso que ‘Jason vai para o Inferno’ fez. Quis ousar demais, e terminou se tornando blasfemo. Para piorar a situação dos “acréscimos narrativos aos 45 do segundo tempo”, ainda somos introduzidos a um arqui-inimigo de Jason, nas formas de Creighton Duke (Steven Williams), de uma adaga com poderes mágicos, que é a única coisa que de fato pode matar o vilão (e que só pode ser empunhada por uma parente dele) e a regra de que ele poderá voltar à sua forma original caso possua o corpo de alguém da família, coisa que faz e retorna como o mascarado monstruoso. Esse é também o único filme da franquia em que Jason não mostra seu belo rosto para o público.

O nono filme de Jason deveria ser o tão sonhado encontro com Freddy Krueger, já que ambos agora estavam no mesmo estúdio.

No fim das contas, como diz o título, Jason finalmente é mandado para o inferno, com direito a demônios vindo busca-lo aqui na Terra, e puxá-lo para embaixo do solo. A cena final é a mais comentada do filme, e a única coisa pela qual os fãs possuem carinho de verdade. Acontece que ficamos com aquela sensação de que o filme todo só foi produzido para unir no mesmo estúdio os dois grandes monstros dos anos 80: Jason e Freddy Krueger, encontro que já era ensaiado em tal década. Agora, com ambos na New Line o sonho era possível. E a prova disso é tal cena: na qual após ser puxado para o inferno, a mão de Freddy sai do solo para buscar a máscara de Jason, que havia ficado para trás. Esse encontro, no entanto, levaria nada menos que dez anos para sair do papel. O filme está disponível na HBO Max.

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