Ao longo do polêmico processo judicial envolvendo Johnny Depp e Amber Heard, quando ela o acusou de agressões físicas e psicológicas, o astro acabou sendo demitido da franquia ‘Animais Fantásticos‘.
Isso porque ele perdeu o caso de difamação contra o The Sun, jornal britânico que publicou um extenso artigo afirmando a culpa de Depp em relação às acusações de Heard.
Depois disso, o astro vem fazendo inúmeras críticas à chamada ‘cultura do cancelamento’ e se diz perseguido pela mídia e por anônimos fanáticos.
De acordo com o Deadline, o mais recente episódio aconteceu durante uma coletiva de imprensa no Festival de Cinema de San Sebastian, quando Depp foi homenageado e questionado sobre o assunto.
“Essa cultura do cancelamento nada mais é que um desejo instantâneo que as pessoas têm de julgar os outros. Isso está tão fora de controle agora que posso garantir que ninguém está seguro. Nenhum de vocês, basta um deslize, uma frase mal interpretada…”, disse ele. “Seu tapete será puxado com você junto. Não foi só comigo que isso aconteceu, aconteceu com muitas pessoas. Esse tipo de coisa aconteceu com mulheres, homens. Infelizmente, a certa altura, uma pessoa acha é normal agir dessa forma. Até que ela seja a cancelada da vez.”
Ele ainda finalizou com uma frase motivadora:
“Quando há uma injustiça, seja contra você ou alguém que você ama, ou alguém em quem você acredita – levante-se e se defenda, não fique calado.”
Antes disso, Depp afirmou ao The Times que estava sendo boicotado por Hollywood e disse que lutará para se manter na indústria.
Para o ator, sua luta será para honrar o apoio e a fidelidade de seus fãs, que ele mesmo diz ser seus “verdadeiros patrões”.
“Eles [os fãs] sempre foram meus patrões. Eles são todos os nossos empregadores. Eles compram os ingressos, os produtos. Eles enriqueceram todos aqueles estúdios, mas aquelas pessoas se esqueceram disso há muito tempo. Mas eu definitivamente não me esqueci. E estou orgulhoso dessas pessoas, por causa do que estão tentando dizer, que é dizer a verdade. A verdade que eles estão tentando divulgar, já que os veículos mais convencionais não o fazem. É uma longa estrada que às vezes fica difícil. Às vezes é simplesmente estúpido. Mas eles continuaram andando comigo e é por eles que lutarei. Sempre, até o fim. Independente de qual luta for.”
Sobre o suposto boicote
Em uma recente entrevista ao Sunday Times para promover o filme ‘Minamata‘, o ator disse que sua imagem pública está atrapalhando o lançamento do longa nos cinemas dos Estados Unidos.
A produção é centrada na negligência da Chisso Corporation em despejar resíduos de mercúrio nas cidades costeiras do Japão, causando uma onda de infecções e mortes que atingiu a população local pela ingestão de peixe. Na trama, Depp dá vida a Eugene Smith, famoso fotojornalista que se desconectou do mundo – mas resolveu aceitar uma última missão do editor da revista Life (Bill Nighy). Ele é acompanhado por um tradutor japonês e encorajado por um habitante local (Hiroyuki Sanada) a ajudar a expor décadas de negligência da corporação.
O ator revelou que “olhou nos olhos dos executivos de Hollywood” e disse que o filme mostraria as verdadeiras tragédias que aconteceram, mas o filme foi boicotado por sua causa.
“Alguns filmes tocam as pessoas. É o caso do que aconteceu em Minamata e com pessoas que passam por coisas semelhantes. Mas antes de pensarem nisso, eles valorizaram mais o boicote que Hollywood promoveu para mim. Um homem, um ator em uma situação desagradável e complicada nos últimos anos”, afirmou.
O diretor Andrew Levitas já havia enviado uma carta de reclamação aos estúdios da MGM e outros para protestar contra a decisão de “enterrar” o filme ‘Minamata’ após os escândalos e as alegações de abuso doméstico de Depp.
Jun Kunimura, Ryo Kase, Tadanobu Asano e Akiko Iwase também fazem parte do elenco.
O longa foi adquirido no terceiro trimestre do ano passado pela MGM. A ideia era lançá-lo nos cinemas e em Video On Demand em fevereiro de 2021, mas os planos não se concretizaram. O acordo foi feito enquanto Depp enfrentava sua ex-esposa Amber Heard nos tribunais, defendendo-se de acusações de abuso físico e verbal, como parte das notícias publicadas pelo tabloide inglês The Sun – que o ator eventualmente perdeu. Pouco depois, Depp anunciou que a Warner Bros. pediu que ele abandonasse o papel de Grindelwald na franquia ‘Animais Fantásticos e Onde Habitam’, sendo substituído por Mads Mikkelsen.
Levitas escreveu que o diretor de aquisições da MGM, Sam Wollman, em virtude de todos os acontecimentos, não iria mais promover ‘Minamata’ e que a companhia “decidiu enterrar o filme”. Levitas, dessa forma, enviou a carta não apenas à MGM, mas também à Fundação Eugene Smith de apoio aos realizadores cinematográficos e à Fundação Minamata.
Ele também exigiu que a MGM reconsiderasse e acredita que o estúdio não está dando importância o bastante para o tema retratado no longa, que expõe a indiferença e os erros de uma corporação multimilionária.
Leia a carta na íntegra aqui!