‘Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore’ é um dos filmes mais aguardados do ano e promete revitalizar uma franquia que vem passando por inúmeros percalços.
Controvérsias à parte, é inegável dizer que o universo mágico arquitetado por J.K. Rowling encantou o mundo desde seu nascimento, em 1997, com a publicação de ‘Harry Potter e a Pedra Filosofal’. Agora, estamos diante da contínua expansão desse panteão com mais um capítulo do spin-off ‘Animais Fantásticos’, que chega aos cinemas brasileiros amanhã, 14 de abril.
O CinePOP já assistiu ao longa-metragem e você pode conferir nossa crítica clicando aqui. E, além disso, também participamos de uma recente coletiva de imprensa em que o elenco da produção se reuniu para comentar sobre a narrativa do mais novo capítulo.
Um dos temas principais que Rowling e Steve Kloves, co-roteiristas do projeto, trouxeram às telonas foi o desenvolvimento do arco de Alvo Dumbledore (Jude Law), um dos personagens mais conhecidos do universo bruxo. Na saga original, tanto de livros quanto de filmes, Alvo posava como um grandioso e sábio bruxo, dotado de uma experiência invejável e servindo como mentor para os jovens protagonistas. Aqui, voltamos no tempo para vê-lo de uma forma mais complexa, batalhando contra seus demônios interiores e lutando contra os próprios princípios e seu amor verdadeiro para impedir que o mundo bruxo e o mundo trouxa colidam em uma batalha sangrenta e interminável.
Durante a coletiva, Law comentou sobre o desenrolar do arco de Dumbledore, caracterizando a jornada que experimenta no longa não como uma mudança, e sim como uma regressão, quando comparada às outras vezes que o personagem foi levado aos cinemas – por Richard Harris, em ‘A Pedra Filosofal’ e ‘A Câmara Secreta’, e por Michael Gambon nos outros capítulos.
“Não é um processo de mudança, e sim de regressão, creio eu”, ele disse. “Uma das maravilhas que [o diretor] David [Yates] me permitiu investigar, em vez de sentir o peso das incríveis performances de Michael Gambon e Richard Harris foi poder retornar e compreender que ele não é o Dumbledore completamente formado de ‘Harry Potter’, e sim um homem que ainda está encontrando seu caminho, ainda confrontando e resolvendo seus demônios – e é isso que eu quero dizer por ‘regressão’. Neste filme, em particular, ele está enfrentando seu passado, a si mesmo e à sua própria culpa. Mas se houvesse uma qualidade que se conecta a ele eu diria que é sua malícia, seu humor e sua crença nas pessoas. Ele vê o positivo, nós vemos que Dumbledore acreditou em Draco [Malfoy], ele até acreditou em Tom Riddle. Ele vê o bom, a bondade em potencial. E creio que é algo que ele sempre teve”.
Law foi além e, quando questionado sobre o motivo de ter aceitado o papel de Dumbledore e como foi a experiência de mergulhar na história desse icônico e marcante personagem, revelou que já estava se preparando para compreendê-lo há muito tempo, quando lia os livros para os filhos.
Ele comenta: “foi algo incrível. Sabe, me perguntaram: ‘você gostaria de interpretar Alvo Dumbledore?’. Sim, eu gostaria [risos]. Acho que eu estava subconscientemente em preparação para o papel desde o momento em que comecei a ler os livros para os meus filhos. E há muito sobre o personagem para investigar como um ator. E isso é antes mesmo de entrarmos nesse extraordinário mundo de magia. É [investigá-lo] como um humano. Mas a magia é muito divertida também”.
É claro que Dumbledore não é o único foco de ‘Animais Fantásticos 3’, e sim uma das grandes engrenagens de um organismo muito maior que envolve seu arqui-inimigo e ex-amante, Gellert Grindelwald (interpretado brilhantemente por Mads Mikkelsen), e o relacionamento que tem com Newt Scamander (Eddie Redmayne), protagonista do capítulo inicial que vem dividindo os holofotes com Dumbledore desde a estreia de ‘Os Crimes de Grindelwald’.
A verdade é que, no começo, Dumbledore e Newt não pareciam estar em um patamar de igualdade, visto que Newt, trabalhando apenas como magizoologista e não se envolvendo com os preceitos políticos que ferviam dentro do mundo bruxo, teve de aprender a lidar com as forças das trevas e teve Dumbledore como guia. Agora, os papéis se invertem e, como apontou Redmayne na coletiva, é isso que permite que a história cresça ainda mais.
“Eu amo o relacionamento entre Newt e Dumbledore. Para mim, o que eu amo é a complexidade entre mestre e aprendiz, mas evoluiu através dos filmes para se tornar algo quase fraternal, eu diria, algo como irmão mais velho e irmão mais novo”, ele disse. “E há um momento em que Newt percebe e vê e vulnerabilidade em Dumbledore e tenta passar um momento de sabedoria para ele. E o que eu amo sobre Newt é que ele é, fundamentalmente, introvertido e está mais confortável com suas criaturas e seu próprio mundo. Mas Dumbledore viu uma qualidade nele que é o potencial de liderança. E o que eu amo mais sobre esse filme é que é uma obra sobre um roubo bruxo em que um grupo se junta e todos nós somos fora do convencional”.
Newt permanece como uma importante peça do desenrolar da trama e, além de impactar na narrativa do filme, também dialogou em níveis bem íntimos com o próprio Redmayne, que se apaixonou pela personalidade empática e introvertida do adorável herói.
“Eu adoro o Newt”, ele falou. “E há várias coisas que eu amo sobre ele, eu amo que ele é uma pessoa extremamente empática, que ele procura pela bondade nas pessoas… Ele também é bastante feliz com a própria companhia e na companhia de criaturas. Ele é alguém que gosta do silêncio – e eu sou alguém que, dentro da minha ansiedade, gosta do silêncio. Mas, ao longo disso, há vários epítetos ou coisas que ele diz que eu tento levar para a minha vida. Uma delas é: se preocupar é sofrer em dobro. No primeiro filme, eu sou um grande guerreiro e eu me dizia: ‘se essas coisas vão acontecer, não há motivo para me preocupar. Só vai aumentar minha dor’. E há algo que ele diz a Dumbledore, que eu adoro: ‘todos nós cometemos erros na vida, mas nós podemos tentar e fazer as coisas melhor. E é a tentativa que conta'”.