segunda-feira , 4 novembro , 2024

Jurassic Park ou Jurassic World? As ideias do livro que foram usadas na nova trilogia

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O primeiro Jurassic Park (1993) é baseado no livro homônimo lançado em 1990. Escrito por Michael Crichton, o romance tem pouco mais de 500 páginas e discute bastante sobre a [falta de] ética no meio científico e como a ganância empresarial é responsável por diversos atrasos para a humanidade. Quando a história virou filme, Steven Spielberg chamou o próprio Crichton para ajudar na transição para os cinemas. À frente do projeto mais uma vez, o autor cortou diversas passagens importantes para criar uma adaptação primorosa, mas que preza mais pela aventura e o suspense do que a ficção e o terror. No entanto, alguns dos fragmentos deixados de lado acabaram entrando nos outros dois filmes da trilogia, como o ataque dos procompsognatos a uma menina na praia e a perseguição de um grande predador dentro do rio principal da ilha.

Porém, quem melhor aproveitou essas ideias descartadas do primeiro livro foram Colin Trevorrow e J.A. Bayona, diretores dos primeiros Jurassic World, a franquia estrelada por Chris Pratt. Inclusive, há momentos muito criticados dos filmes que vieram de ideias do livro. Se você ficou curioso com quais seriam essas ideias, separamos elas logo abaixo. Confira!

Lidando com o divórcio Em Jurassic Park (1993), Lex (Ariana Richards) e Tim (Joseph Mazzello) vão para o parque porque John Hammond (Richard Attenborough) diz que eles são “o tipo de público que queremos no parque”. No livro, eles vão para a ilha porque os pais estão se divorciando e John achou que os netos poderiam lidar melhor com esse processo tendo um fim de semana cheio de novidades e diversão (além de ajudar no relatório de aprovação para tentar abrir legalmente o parque). Essa ideia não foi incluída no corte do filme de 1993, mas entrou em Jurassic World (2015). Os irmãos Zach (Nick Robinson) e Gray (Ty Sympkins) vão passar um fim de semana no parque porque os pais acreditam que isso poderá ajudá-los a lidar com o divórcio iminente dos pais. Inclusive, há alguns traços de personalidade dos irmãos do livro para a dupla de 2015, como o mais velho ser mais frio e interessado nas meninas, enquanto o caçula é mais fofo e meio bobão.

O centro de visitantesO centro de visitantes do livro é descrito como uma construção piramidal com diversas peças de vidro na parte superior. Enquanto a versão de 1993 traz o centro parecendo uma mistura de um bangalô com um hotel 5 estrelas, o centro de visitantes do Jurassic World é uma representação fidedigna do que é falado no livro. A única diferença é que o Tiranossauro robô localizado no meio do prédio foi substituído por um holograma interativo que passa informações sobre o parque.

O herói de ação

Todos nós adoramos o Dr. Alan Grant (Sam Neil), o paleontólogo ranzinza que não gosta de crianças, é todo certinho e não se dá bem com máquinas, mas que é apaixonado pela profissão exercida. Apesar de Neil ter dado muita personalidade em sua atuação, o Dr. Grant do livro é um clássico herói de ação. Na casa dos 40 anos, despojado, forte e ostentando uma bela barba, ele vai para o passeio da Ilha Nublar usando bermuda e uma camisa havaiana. Outra característica marcante é que ele… Adora crianças. Se Grant ficou distante do personagem mostrado nas telonas, podemos dizer que Owen Grady (Chris Pratt) herdou bastante do protagonista do livro. Tirando a parte da barba, ele se encaixa certinho naquilo que Chrichton escreveu sobre o personagem.

O assessor de imprensa

No livro, Ed Regis é um personagem importantíssimo. Chefe de Relações Públicas do parque, ele fica encarregado de servir de “babá” dos irmãos. Obviamente, ele fica muito frustrado com seu papel e passa o tempo todo reclamando disso, mostrando que está insatisfeito com a função e sendo um mala com as crianças. Em Jurassic Park, ele faz uma ponta muita rápida na cena em que os cientistas estão chegando ao parque. Ele é o rapaz de rosa que aparece dirigindo o Jeep. Seu papel na trama acabou sendo substituído pelo advogado Donald Gennaro (Martin Ferrero), que também foi retratado de forma bem diferente do livro. Em 2015, a pobre Zara Young (Katie McGrath) vira uma versão feminina do Ed. Assim como no livro, ela é uma assessora frustrada por ter sido designada para servir de babá dos sobrinhos da chefe. A personagem ficou famosa por ter uma das mortes mais cruéis da saga, sendo afogada por um pteranodon e depois engolida pelo mosassauro.

Pobre Zara…

Treinador de Raptores

Uma das cenas mais emblemáticas – e criticadas – de Jurassic World (2015) já havia sido idealizada lá em 1990. O fato de Owen Grady (Chris Pratt) treinar os velociraptores como se fossem uma alcateia virou piada entre alguns biólogos por ser praticamente impossível desenvolver uma relação afetiva com um réptil, considerando que esses animais não demonstram tal capacidade. O problema é que, além de se tratar dos animais mais inteligentes desse universo FICTÍCIO, há um momento no livro de 1990 em que é dito que a ideia base do parque é fazer os animais responderem às ações dos tratadores, tal qual animais de zoológico que não atacam seus tratadores na hora da alimentação ou do banho. Para que, criando um vínculo quase afetivo, eles pudessem ser treinados e utilizados nas atrações do parque.

Além disso, em Jurassic World: Reino Ameaçado (2018), o personagem de Chris Pratt é mostrado treinando a velociraptor Blue ainda filhote. Ele dá agrados, faz carinho, e ela vem se aproximando do treinador de forma dócil e fofa. No livro, enquanto eles fazem o tour e passam pelo setor de biotecnologia, Tim entra no berçário e prontamente um bebê velociraptor pula em seu colo, cheio de chamego.

A obsessão de WuHenry Wu é um personagem importantíssimo na mitologia do Jurassic Park. Ele é o cientista responsável por descobrir como trazer os dinossauros de volta à vida. Tudo bem, ele morre estripado por um velociraptor no livro, mas sua versão cinematográfica, vivida por BD Wong, não apenas sobreviveu aos eventos do parque, como também virou o grande vilão da trilogia nova. Obcecado pela perfeição, ele cria novas espécies “melhoradas” e “sem defeitos”, causando uma série de catástrofes, como a destruição do parque e a liberação de dinossauros no mundo. Essa sede por “melhorar” os animais já é mostrada na história original. Chamado “versão 4.4”, esse capítulo traz Wu tentando convencer John Hammond a deixar que ele altere geneticamente o comportamento das próximas ninhadas para que elas viessem mais lentas e domesticadas, mais parecidas com animais de zoológico. John nega e dá uma humilhada básica no jovem geneticista, que segue tratando os dinossauros como itens de laboratório.

O logo do parque

O livro descreve a identidade visual do parque voltada para o azul. A próprio logo era composta por um dinossauro azulado. A versão de cinema trouxe uma versão amarela, preta e vermelha. Já Jurassic World apostou mais no azul do livro.

Atrações

É inegável que um dos maiores atrativos de Jurassic World foi poder ver um mundo em que o Jurassic Park conseguiu contornar as mortes da tragédia de 1993 e enfim foi aberto para o público. Vê-lo funcionando como um verdadeiro parque temático foi de encher os olhos, e a equipe de produção fez um trabalho impecável montando a caracterização dos funcionários, dos brinquedos, do merchandising… Enfim, eles realmente criaram um parque de diversões para a gravação do filme. E algumas das atrações já haviam sido citadas por Ed Regis e John Hammond no livro.O passeio no rio, que foi retratado de forma breve como o “Cruzeiro no Cretáceo”, é comentado inúmeras vezes no livro. O vale da girosfera, em que os turistas passeiam entre os dinossauros dentro de uma bola de vidro, foi comentado por Ed Regis, que diz: “Em algum momento, esperamos poder dirigir entre os animais, como eles fazem nos parques de caça na África”.

Gigantes GentisNa atração “Gigantes Gentis”, que funcionava como uma fazendinha de dinossauros, crianças de até 1,20 m podem entrar nos cercados e montar nos bebês dinossauros mais parrudos. No livro, logo após os eventos causados pelo primeiro ataque do Tiranossauro, Grant e as crianças se escondem em um galpão para poderem descansar. Em dado momento, Lex – a caçula no livro – aparece brincando com um bebê triceratops, a quem ela chama de Ralph (por se parecer com um amiguinho de mesmo nome da escola). A menina diz que o dinossaurinho é mansinho e poderia até mesmo montar nele se quisesse. Atitude essa imediatamente reprovada por Grant, que pede para a menina deixar o Ralph em paz. Em Jurassic World, lá está uma menina montando um bebê triceratops.

Matando por esporteOutro momento emblemático de Jurassic World é quando Owen (Chris Pratt) e Claire (Bryce Dallas Howard) chegam a um vale e encontram alguns apatossauros agonizantes, vítimas da Indominus Rex. Observando o padrão das mortes, que não mostrava nenhuma marca do predador ter se alimentado dos animais que matou, Owen diz que o dinossauro híbrido: “está matando por esporte”. No livro, o perito em predadores Robert Muldoon, interpretado por Bob Peck, no filme de 1993, alerta os cientistas sobre o perigo dos velociraptores, dizendo que eles nunca recusam uma presa e caçam mesmo sem estar com fome. Ou seja, eles caçam por esporte.

Pequeno contratempo Diferentemente de Jurassic Park (1993), no livro, quando os bugs no sistema inseridos por Dennys Nedry (Wayne Knight) começam a fazer efeito, a equipe não fica achando que foi tudo por água abaixo. Na verdade, assim que eles conseguem restabelecer a energia, a primeira atitude dos cerca de 20 funcionários presentes no parque é identificar os animais que haviam se soltado para capturá-los, recolocá-los nas jaulas e consertar o que tivesse sido quebrado durante a falha. Ou seja, o parque não para de funcionar. Hammond e John Arnold – que foi vivido por Samuel L. Jackson nos cinemas – lidam com a situação como se fosse um pequeno contratempo no cronograma. Mais pra frente, a situação ficaria ainda pior e terminaria com a morte de ambos. Da mesma forma, no filme de 2015, quando a Indominus Rex escapa do padoque e sai por aí matando tudo e todos que aparecem pela frente, a direção do Jurassic World lida como se fosse um pequeno contratempo, mostrando o total desrespeito pela vida humana e uma soberba absurda diante da criatura que eles fizeram no laboratório. Por conta disso milhares de pessoas morrem ou saem feridas, inclusive o Sr. Masrani (Irrfan Khan), até então dono do parque.

Norman AthertonNo livro, mesmo sem aparecer de forma física – ele é apenas citado em um flashback -, Atherton é um personagem muito importante. Mentor de Henry Wu, ele era um geneticista genial que ajudou a criar e a transformar a InGen na empresa multibilionária que era. Quando John Hammond saía para reuniões com possíveis investidores, sempre levava junto um elefante em miniatura criado por Norman Atherton usando a biotecnologia. O animalzinho chamava a atenção de todos, que ficavam chocados com o poder da manipulação do DNA e acabavam investindo na empresa. Atherton falece de um problema cardíaco antes que Hammond inicie o projeto dos dinossauros. Em Jurassic World: Reino Ameaçado (2018), somos apresentados a um antigo sócio de John Hammond (Richard Attenborough), chamado Benjamin Lockwood (James Cromwell). Ele foi parceiro de Hammond e os primeiros dinossauros foram criados no porão de sua propriedade. Apesar de não ter confirmação, é quase certo que Lockwood seja o Atherton da versão cinematográfica da obra, já que os dois personagens são muito parecidos. A diferença é que, em vez de clonar um elefante, Lockwood clonou a própria filha em segredo. Uma curiosidade interessante é que Lockwood é o único personagem da franquia a ser morto diretamente por um ser-humano, e não por um dinossauro.

Vulcão NublarApesar de ser constantemente chamada de Ilha Nublar, a região que sedia o Jurassic Park/ World não é exatamente uma ilha. Uma das primeiras coisas faladas quando os personagens do livro chegam ao parque é que ele foi construído em região vulcânica, por isso havia bastante vegetação e vários pontos em que os turistas poderiam ver jatos de gás saindo do chão, o que não era figuração colocada para dar um ar mais “jurássico”, mas efeito do vulcão Nublar. Isso nunca tinha sido dito nos filmes até que J. Bayona resolveu colocá-lo em erupção em Jurassic World: Reino Ameaçado (2018).

A vida encontra um meio

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A frase do Dr. Ian Malcolm (Jeff Goldblum) virou sinônimo da franquia dos dinossauros nos cinemas. No livro, ele explica várias vezes sobre seu trabalho com as equações não-lineares e a teoria do caos. Acaba que, independentemente da versão, ele está sempre certo. Em um dos milhares de momento em que ele para pra explicar para Gennaro como funciona a teoria do caos, o Dr. Malcolm diz que as pessoas consideram eventos inesperados, como uma batida de carro, como um desvio da normalidade, mas que o caos já previa isso como parte do todo. Em Jurassic Park (1993), a cena em questão acabou reduzida e virou um momento em que Malcolm tenta dar uma cantada na Dra. Ellie Sattler (Laura Dern) dentro do carro. O trecho descartado, que fala sobre a interferência humana e a batida de carro, é utilizado palavra por palavra no discurso de Ian Malcolm no encerramento de Jurassic World: Reino Ameaçado (2018).

Lewis Dodgson retornará em Jurassic World: Dominion, podendo explorar um pouco mais de seu background dos livros.

Com cinco filmes já produzidos, sobraram poucas coisas do primeiro livro para serem exploradas em Jurassic World: Dominion, que tem previsão de estreia para 2022. No entanto, já se sabe que o trio principal do primeiro filme retornará, assim como o geneticista Lewis Dodgson, que foi vivido por Cameron Thor em Jurassic Park (1993), e agora será interpretado por Campbell Scott. No livro, Dodgson é o principal geneticista da BioSyn, uma concorrente da InGen que realiza roubo de pesquisa para criar suas vacinas e animais. Dodgson suborna Dennys Nedry para conseguir os embriões do Jurassic Park para reproduzi-los antes que a InGen registrasse a patente dos dinossauros. Ele acreditava que Hammond queria fazer dinossauros em miniatura para vender como pet para as crianças, o que faria muito dinheiro internacionalmente. Como o personagem vai retornar para o terceiro filme da nova trilogia, espera-se que ele tenha conseguido criar seus próprios animais e que, de alguma forma, ele se encaixe na trama de tráfico internacional de dinossauros para uso bélico que foi estabelecida em Jurassic World: Reino Ameaçado (2018).

Jurassic World: Dominion está com estreia prevista para 10 de junho de 2022. Ansiosos?

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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O primeiro Jurassic Park (1993) é baseado no livro homônimo lançado em 1990. Escrito por Michael Crichton, o romance tem pouco mais de 500 páginas e discute bastante sobre a [falta de] ética no meio científico e como a ganância empresarial é responsável por diversos atrasos para a humanidade. Quando a história virou filme, Steven Spielberg chamou o próprio Crichton para ajudar na transição para os cinemas. À frente do projeto mais uma vez, o autor cortou diversas passagens importantes para criar uma adaptação primorosa, mas que preza mais pela aventura e o suspense do que a ficção e o terror. No entanto, alguns dos fragmentos deixados de lado acabaram entrando nos outros dois filmes da trilogia, como o ataque dos procompsognatos a uma menina na praia e a perseguição de um grande predador dentro do rio principal da ilha.

Porém, quem melhor aproveitou essas ideias descartadas do primeiro livro foram Colin Trevorrow e J.A. Bayona, diretores dos primeiros Jurassic World, a franquia estrelada por Chris Pratt. Inclusive, há momentos muito criticados dos filmes que vieram de ideias do livro. Se você ficou curioso com quais seriam essas ideias, separamos elas logo abaixo. Confira!

Lidando com o divórcio Em Jurassic Park (1993), Lex (Ariana Richards) e Tim (Joseph Mazzello) vão para o parque porque John Hammond (Richard Attenborough) diz que eles são “o tipo de público que queremos no parque”. No livro, eles vão para a ilha porque os pais estão se divorciando e John achou que os netos poderiam lidar melhor com esse processo tendo um fim de semana cheio de novidades e diversão (além de ajudar no relatório de aprovação para tentar abrir legalmente o parque). Essa ideia não foi incluída no corte do filme de 1993, mas entrou em Jurassic World (2015). Os irmãos Zach (Nick Robinson) e Gray (Ty Sympkins) vão passar um fim de semana no parque porque os pais acreditam que isso poderá ajudá-los a lidar com o divórcio iminente dos pais. Inclusive, há alguns traços de personalidade dos irmãos do livro para a dupla de 2015, como o mais velho ser mais frio e interessado nas meninas, enquanto o caçula é mais fofo e meio bobão.

O centro de visitantesO centro de visitantes do livro é descrito como uma construção piramidal com diversas peças de vidro na parte superior. Enquanto a versão de 1993 traz o centro parecendo uma mistura de um bangalô com um hotel 5 estrelas, o centro de visitantes do Jurassic World é uma representação fidedigna do que é falado no livro. A única diferença é que o Tiranossauro robô localizado no meio do prédio foi substituído por um holograma interativo que passa informações sobre o parque.

O herói de ação

Todos nós adoramos o Dr. Alan Grant (Sam Neil), o paleontólogo ranzinza que não gosta de crianças, é todo certinho e não se dá bem com máquinas, mas que é apaixonado pela profissão exercida. Apesar de Neil ter dado muita personalidade em sua atuação, o Dr. Grant do livro é um clássico herói de ação. Na casa dos 40 anos, despojado, forte e ostentando uma bela barba, ele vai para o passeio da Ilha Nublar usando bermuda e uma camisa havaiana. Outra característica marcante é que ele… Adora crianças. Se Grant ficou distante do personagem mostrado nas telonas, podemos dizer que Owen Grady (Chris Pratt) herdou bastante do protagonista do livro. Tirando a parte da barba, ele se encaixa certinho naquilo que Chrichton escreveu sobre o personagem.

O assessor de imprensa

No livro, Ed Regis é um personagem importantíssimo. Chefe de Relações Públicas do parque, ele fica encarregado de servir de “babá” dos irmãos. Obviamente, ele fica muito frustrado com seu papel e passa o tempo todo reclamando disso, mostrando que está insatisfeito com a função e sendo um mala com as crianças. Em Jurassic Park, ele faz uma ponta muita rápida na cena em que os cientistas estão chegando ao parque. Ele é o rapaz de rosa que aparece dirigindo o Jeep. Seu papel na trama acabou sendo substituído pelo advogado Donald Gennaro (Martin Ferrero), que também foi retratado de forma bem diferente do livro. Em 2015, a pobre Zara Young (Katie McGrath) vira uma versão feminina do Ed. Assim como no livro, ela é uma assessora frustrada por ter sido designada para servir de babá dos sobrinhos da chefe. A personagem ficou famosa por ter uma das mortes mais cruéis da saga, sendo afogada por um pteranodon e depois engolida pelo mosassauro.

Pobre Zara…

Treinador de Raptores

Uma das cenas mais emblemáticas – e criticadas – de Jurassic World (2015) já havia sido idealizada lá em 1990. O fato de Owen Grady (Chris Pratt) treinar os velociraptores como se fossem uma alcateia virou piada entre alguns biólogos por ser praticamente impossível desenvolver uma relação afetiva com um réptil, considerando que esses animais não demonstram tal capacidade. O problema é que, além de se tratar dos animais mais inteligentes desse universo FICTÍCIO, há um momento no livro de 1990 em que é dito que a ideia base do parque é fazer os animais responderem às ações dos tratadores, tal qual animais de zoológico que não atacam seus tratadores na hora da alimentação ou do banho. Para que, criando um vínculo quase afetivo, eles pudessem ser treinados e utilizados nas atrações do parque.

Além disso, em Jurassic World: Reino Ameaçado (2018), o personagem de Chris Pratt é mostrado treinando a velociraptor Blue ainda filhote. Ele dá agrados, faz carinho, e ela vem se aproximando do treinador de forma dócil e fofa. No livro, enquanto eles fazem o tour e passam pelo setor de biotecnologia, Tim entra no berçário e prontamente um bebê velociraptor pula em seu colo, cheio de chamego.

A obsessão de WuHenry Wu é um personagem importantíssimo na mitologia do Jurassic Park. Ele é o cientista responsável por descobrir como trazer os dinossauros de volta à vida. Tudo bem, ele morre estripado por um velociraptor no livro, mas sua versão cinematográfica, vivida por BD Wong, não apenas sobreviveu aos eventos do parque, como também virou o grande vilão da trilogia nova. Obcecado pela perfeição, ele cria novas espécies “melhoradas” e “sem defeitos”, causando uma série de catástrofes, como a destruição do parque e a liberação de dinossauros no mundo. Essa sede por “melhorar” os animais já é mostrada na história original. Chamado “versão 4.4”, esse capítulo traz Wu tentando convencer John Hammond a deixar que ele altere geneticamente o comportamento das próximas ninhadas para que elas viessem mais lentas e domesticadas, mais parecidas com animais de zoológico. John nega e dá uma humilhada básica no jovem geneticista, que segue tratando os dinossauros como itens de laboratório.

O logo do parque

O livro descreve a identidade visual do parque voltada para o azul. A próprio logo era composta por um dinossauro azulado. A versão de cinema trouxe uma versão amarela, preta e vermelha. Já Jurassic World apostou mais no azul do livro.

Atrações

É inegável que um dos maiores atrativos de Jurassic World foi poder ver um mundo em que o Jurassic Park conseguiu contornar as mortes da tragédia de 1993 e enfim foi aberto para o público. Vê-lo funcionando como um verdadeiro parque temático foi de encher os olhos, e a equipe de produção fez um trabalho impecável montando a caracterização dos funcionários, dos brinquedos, do merchandising… Enfim, eles realmente criaram um parque de diversões para a gravação do filme. E algumas das atrações já haviam sido citadas por Ed Regis e John Hammond no livro.O passeio no rio, que foi retratado de forma breve como o “Cruzeiro no Cretáceo”, é comentado inúmeras vezes no livro. O vale da girosfera, em que os turistas passeiam entre os dinossauros dentro de uma bola de vidro, foi comentado por Ed Regis, que diz: “Em algum momento, esperamos poder dirigir entre os animais, como eles fazem nos parques de caça na África”.

Gigantes GentisNa atração “Gigantes Gentis”, que funcionava como uma fazendinha de dinossauros, crianças de até 1,20 m podem entrar nos cercados e montar nos bebês dinossauros mais parrudos. No livro, logo após os eventos causados pelo primeiro ataque do Tiranossauro, Grant e as crianças se escondem em um galpão para poderem descansar. Em dado momento, Lex – a caçula no livro – aparece brincando com um bebê triceratops, a quem ela chama de Ralph (por se parecer com um amiguinho de mesmo nome da escola). A menina diz que o dinossaurinho é mansinho e poderia até mesmo montar nele se quisesse. Atitude essa imediatamente reprovada por Grant, que pede para a menina deixar o Ralph em paz. Em Jurassic World, lá está uma menina montando um bebê triceratops.

Matando por esporteOutro momento emblemático de Jurassic World é quando Owen (Chris Pratt) e Claire (Bryce Dallas Howard) chegam a um vale e encontram alguns apatossauros agonizantes, vítimas da Indominus Rex. Observando o padrão das mortes, que não mostrava nenhuma marca do predador ter se alimentado dos animais que matou, Owen diz que o dinossauro híbrido: “está matando por esporte”. No livro, o perito em predadores Robert Muldoon, interpretado por Bob Peck, no filme de 1993, alerta os cientistas sobre o perigo dos velociraptores, dizendo que eles nunca recusam uma presa e caçam mesmo sem estar com fome. Ou seja, eles caçam por esporte.

Pequeno contratempo Diferentemente de Jurassic Park (1993), no livro, quando os bugs no sistema inseridos por Dennys Nedry (Wayne Knight) começam a fazer efeito, a equipe não fica achando que foi tudo por água abaixo. Na verdade, assim que eles conseguem restabelecer a energia, a primeira atitude dos cerca de 20 funcionários presentes no parque é identificar os animais que haviam se soltado para capturá-los, recolocá-los nas jaulas e consertar o que tivesse sido quebrado durante a falha. Ou seja, o parque não para de funcionar. Hammond e John Arnold – que foi vivido por Samuel L. Jackson nos cinemas – lidam com a situação como se fosse um pequeno contratempo no cronograma. Mais pra frente, a situação ficaria ainda pior e terminaria com a morte de ambos. Da mesma forma, no filme de 2015, quando a Indominus Rex escapa do padoque e sai por aí matando tudo e todos que aparecem pela frente, a direção do Jurassic World lida como se fosse um pequeno contratempo, mostrando o total desrespeito pela vida humana e uma soberba absurda diante da criatura que eles fizeram no laboratório. Por conta disso milhares de pessoas morrem ou saem feridas, inclusive o Sr. Masrani (Irrfan Khan), até então dono do parque.

Norman AthertonNo livro, mesmo sem aparecer de forma física – ele é apenas citado em um flashback -, Atherton é um personagem muito importante. Mentor de Henry Wu, ele era um geneticista genial que ajudou a criar e a transformar a InGen na empresa multibilionária que era. Quando John Hammond saía para reuniões com possíveis investidores, sempre levava junto um elefante em miniatura criado por Norman Atherton usando a biotecnologia. O animalzinho chamava a atenção de todos, que ficavam chocados com o poder da manipulação do DNA e acabavam investindo na empresa. Atherton falece de um problema cardíaco antes que Hammond inicie o projeto dos dinossauros. Em Jurassic World: Reino Ameaçado (2018), somos apresentados a um antigo sócio de John Hammond (Richard Attenborough), chamado Benjamin Lockwood (James Cromwell). Ele foi parceiro de Hammond e os primeiros dinossauros foram criados no porão de sua propriedade. Apesar de não ter confirmação, é quase certo que Lockwood seja o Atherton da versão cinematográfica da obra, já que os dois personagens são muito parecidos. A diferença é que, em vez de clonar um elefante, Lockwood clonou a própria filha em segredo. Uma curiosidade interessante é que Lockwood é o único personagem da franquia a ser morto diretamente por um ser-humano, e não por um dinossauro.

Vulcão NublarApesar de ser constantemente chamada de Ilha Nublar, a região que sedia o Jurassic Park/ World não é exatamente uma ilha. Uma das primeiras coisas faladas quando os personagens do livro chegam ao parque é que ele foi construído em região vulcânica, por isso havia bastante vegetação e vários pontos em que os turistas poderiam ver jatos de gás saindo do chão, o que não era figuração colocada para dar um ar mais “jurássico”, mas efeito do vulcão Nublar. Isso nunca tinha sido dito nos filmes até que J. Bayona resolveu colocá-lo em erupção em Jurassic World: Reino Ameaçado (2018).

A vida encontra um meio

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A frase do Dr. Ian Malcolm (Jeff Goldblum) virou sinônimo da franquia dos dinossauros nos cinemas. No livro, ele explica várias vezes sobre seu trabalho com as equações não-lineares e a teoria do caos. Acaba que, independentemente da versão, ele está sempre certo. Em um dos milhares de momento em que ele para pra explicar para Gennaro como funciona a teoria do caos, o Dr. Malcolm diz que as pessoas consideram eventos inesperados, como uma batida de carro, como um desvio da normalidade, mas que o caos já previa isso como parte do todo. Em Jurassic Park (1993), a cena em questão acabou reduzida e virou um momento em que Malcolm tenta dar uma cantada na Dra. Ellie Sattler (Laura Dern) dentro do carro. O trecho descartado, que fala sobre a interferência humana e a batida de carro, é utilizado palavra por palavra no discurso de Ian Malcolm no encerramento de Jurassic World: Reino Ameaçado (2018).

Lewis Dodgson retornará em Jurassic World: Dominion, podendo explorar um pouco mais de seu background dos livros.

Com cinco filmes já produzidos, sobraram poucas coisas do primeiro livro para serem exploradas em Jurassic World: Dominion, que tem previsão de estreia para 2022. No entanto, já se sabe que o trio principal do primeiro filme retornará, assim como o geneticista Lewis Dodgson, que foi vivido por Cameron Thor em Jurassic Park (1993), e agora será interpretado por Campbell Scott. No livro, Dodgson é o principal geneticista da BioSyn, uma concorrente da InGen que realiza roubo de pesquisa para criar suas vacinas e animais. Dodgson suborna Dennys Nedry para conseguir os embriões do Jurassic Park para reproduzi-los antes que a InGen registrasse a patente dos dinossauros. Ele acreditava que Hammond queria fazer dinossauros em miniatura para vender como pet para as crianças, o que faria muito dinheiro internacionalmente. Como o personagem vai retornar para o terceiro filme da nova trilogia, espera-se que ele tenha conseguido criar seus próprios animais e que, de alguma forma, ele se encaixe na trama de tráfico internacional de dinossauros para uso bélico que foi estabelecida em Jurassic World: Reino Ameaçado (2018).

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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