Em novembro deste ano, passa a vigorar a Instrução Normativa 128/2016, da Agência Nacional do Cinema (Ancine), que obriga os cinemas a adaptarem os conteúdos dos filmes em formato de audiodescrição, closed caption (legenda) e LIBRAS (Linguagem Brasileira de Sinais) para deficientes auditivos e visuais.
As principais soluções criadas com este objetivo estarão expostas na Expocine – maior exposição voltada ao mercado do cinema na América Latina e segunda maior do mundo -, entre os próximos dias 27 e 29 de setembro no Centro de Convenções Frei Caneca, na capital paulista. O evento também contará com uma palestra sobre o tema no dia 28, ministrada por Guido Lemos (Assista Tecnologia), Luciano Taffetani (Diretor de Vendas, Dolby) e Maurício Hirata Filho (ANCINE).
“O mercado precisou se movimentar para criar tecnologias capazes de incluir os cegos e surdos nestes espaços, mas sem interferir na experiência dos demais espectadores. Foi um desafio muito grande e cujas soluções encontradas tornaram o Brasil referência mundial em acessibilidade de conteúdo nos cinemas. Países como Inglaterra, Estados Unidos e França, por exemplo, que também estão passando por este processo, voltam os olhos voltados para cá e as nossas empresas passaram a dar consultorias lá fora sobre isso”, afirma Marcelo Lima, diretor da Expocine.
Dispositivos colocados nas poltronas para o espectador ler as legendas closed caption, óculos eletrônicos que exibem nas lentes a imagem do intérprete ou o texto das legendas, aplicativos de celular que amplificam o áudio do filme e ferramentas que fornecem a audiodescrição em tempo real são algumas das tecnologias que serão expostas na Expocine.
“Adaptar os filmes significa ter acesso a eles antes da sua chegada aos cinemas. E num mercado bilionário, repleto de superproduções Hollywoodianas e distribuidoras extremamente receosas com o vazamento destes materiais, esta questão precisou ser analisada com um cuidado muito especial. E nossas empresas deram conta de usar a tecnologia para solucionar isso”, diz Lima.
Para o diretor da Expocine, os cinemas tendem a se beneficiar dessa mudança na legislação a médio e longo prazos, à medida que se abrem para um público de cerca de 7,2 milhões de deficientes visuais e 2,2 milhões auditivos, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Porém, o curto prazo para se adaptar à obrigatoriedade e a falta de apoio financeiro do governo federal têm causado preocupação às redes de cinema do País.
“Trata-se de uma mudança que gerará um alto custo e nem todas as redes estão preparadas financeiramente para isso, sobretudo as pequenas e médias. Ainda mais após o alto gasto com a digitalização de seus cinemas cinemas”, explica Lima.