domingo , 22 dezembro , 2024

LEMBRA DELE? | ‘Scooby-Doo 2: Monstros à Solta’ completa 20 anos

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Vivendo uma fase dourada em Hollywood atualmente, o diretor, produtor e roteirista James Gunn despontou nos grandes estúdios como a mente criativa por trás da subversiva adaptação em live action da franquia Scooby-Doo. Roteirista do primeiro e do segundo filme, Gunn apostou em uma versão mais adolescente da Mistério S/A, deixando de lado aquela inocência típica das animações para focar em piadas de duplo sentido, para explorar um pouco mais da sexualidade e personalidade dos ícones dos desenhos animados que fizeram sucesso no mundo inteiro. Apesar do primeiro filme ter sofrido com críticas que apontavam justamente essa “adultização” como algo problemático, o retorno financeiro foi o bastante para garantir uma continuação. E foi assim que o mundo conheceu, há exatos 20 anos, Scooby-Doo 2: Monstros à Solta, uma sequência menos adulta, mas ainda mais divertida que seu antecessor.



A franquia Scooby-Doo nos cinemas foi algo único no início dos anos 2000. No auge dos filmes de ‘besteirol’, a Warner decidiu aprovar uma adaptação da animação mais popular da história trazendo uma abordagem mais próxima dessas aventuras adolescentes, só que estreladas por Salsicha, Velma, Daphne e Fred. Entretanto, a versão original do roteiro do primeiro filme ousava “até demais”, já que traria menções ao Fred ter disfunção erétil – e tendo sua sexualidade questionada, Daphne e Velma sendo bissexuais e o Salsicha sendo claramente usuário de drogas. Para chegar aos cinemas, o estúdio solicitou alterações em cima da hora que cortaram praticamente tudo isso. Porém, o diretor Raja Gosnell conseguiu manter algumas piadocas dessas de maneira sutil, como Scooby e Salsicha na Máquina de Mistério soltando fumando fumaça enquanto ouviam reggae.

Pois bem, quando a sequência foi aprovada, a equipe criativa já tinha uma noção melhor do que o estúdio queria. Assim, Gunn e Gosnell decidiram resgatar os clássicos para trabalhar em cima dos vilões icônicos das animações, enquanto seus protagonistas viam sua fase de glória ruir diante da opinião pública.

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É interessante ver os planos da franquia, que foi pensada para ser uma trilogia. O primeiro filme mostraria a ascensão da Mistério S/A, que enfrentaria um caso de monstros reais. Já o segundo teria os monstros clássicos virando ameaças reais, enquanto a credibilidade do grupo seria posta à prova. E a terceira aventura, que nunca saiu do papel, levaria o grupo a repensar completamente suas crenças em uma trama internacional, na qual os monstros seriam as verdadeiras vítimas.

Partindo desse ponto, Monstros à Solta é um tipo de resgaste do Scooby-Doo clássico, com direito àquele espírito gostoso de mistério e aventura que as animações dos anos 1960 tinham. Para criar essa sensação nostálgica, Gasnell fez um filme que explorava de forma lúdica as investigações. Tudo parece uma grande brincadeira de detetive com os amigos, com direito a duelo de cowboys, ‘snowboard’ em uma montanha, arremesso de ‘frisbee’ e ser perseguido por um dinossauro fantasma no meio do trânsito. O diretor conseguiu sintetizar algumas das mais populares brincadeiras infantis em uma trama divertidíssima.

Ao mesmo tempo em que trouxe uma visão mais infantil para o projeto, a sequência manteve parte daquele espírito sacana adolescente do original, mas de forma suavizada. O exemplo clássico é todo o arco do encontro da Velma (Linda Cardellini) com Patrick, que tem seu ápice num momento hilário, em que a detetive tenta ser mais sexy e aparece com uma roupa de couro selada á vácuo. Na verdade, a própria presença de Patrick, o curador do museu, nesse filme é uma grande presença desse humor jovem, politicamente incorreto, visto que ele foi interpretado por Seth Green, que vinha de uma série de comédias adolescentes e viria a se eternizar como o gênio perturbado por trás de Frango Robô (Robot Chicken), série de maior sucesso do Adult Swim, segmento voltado ao público adulto do Cartoon Network.

É ao redor do misterioso curador do museu que ocorrem as maiores e mais hilárias bizarrices do filme, como essa sequência do encontro e a ida de Salsicha e Scooby-Doo a um bar de criminosos com temática setentista, com direito ao cachorro vestido de humano, usando um black power e um macacão colorido. É tudo muito absurdo, mas já faz rir só de lembrar do coitado do Scooby dançando com os bandidos que ajudou a prender, passando tranquilamente por um ser humano, até o momento em que a peruca cai e eles percebem que era um cachorro disfarçado de gente. Quer situação mais lúdica que essa?

É um filme propositalmente caricato com a missão de divertir e encantar todos aqueles que já viram ao menos um episódio de qualquer versão das animações. E parte desse sucesso gira em torno de explorar os vilões icônicos da Mistério S/A, que ganham vida após uma nova ameaça utilizar uma máquina sobrenatural que “possui” os trajes clássicos dos inimigos da turma de detetives. A trama é conduzida essencialmente pelo Fantasma do Pterodáctilo, pelo Cavaleiro Negro e pelo Monstro de Piche, mas é impossível não abrir um sorriso quando ícones da série original, como o Capitão Cutler, os Homens-Esqueleto, o Zumbi e o Fantasma de 10.000 volts aparecem em versões “reais”.

Outro ponto fundamental é a ambientação. O filme recria com perfeição a estética dos cenários da década de 60, com mansões medievais cheias de detalhes, galpões abandonados, fábricas e museus. As artes dos cenários da animação original são muito marcantes, com páginas na internet dedicadas exclusivamente a mostrá-los, e terem conseguido replicar essa estética em um filme de 2004 foi algo digno de aplausos. Sem contar uma trilha musical espetacular, que trouxe nomes como Simple Plan, Fatboy Slim e New Radicals para compor as cenas. Puro suco de anos 2000.

O resultado foi um filme geracional que fez a alegria da molecada que cresceu nos anos 2000, sendo praticamente um desenho animado vivo. Infelizmente, o longa não cumpriu as expectativas do estúdio, apesar de ter se pagado, enterrando qualquer chance de realização do terceiro filme. Foram mais de 181 milhões de dólares arrecadados contra um orçamento de US$ 80 milhões.

De qualquer forma, o filme estreou com críticas mistas e foi virando ‘cult’ com o passar dos anos. Hoje em dia, Scooby-Doo 2: Monstros à Solta acabou virando um retrato nostálgico de infância para muitos jovens-adultos, que lembram com muito carinho dessa aventura divertidíssima.

Scooby-Doo 2: Monstros à Solta está disponível no Max.

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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Vivendo uma fase dourada em Hollywood atualmente, o diretor, produtor e roteirista James Gunn despontou nos grandes estúdios como a mente criativa por trás da subversiva adaptação em live action da franquia Scooby-Doo. Roteirista do primeiro e do segundo filme, Gunn apostou em uma versão mais adolescente da Mistério S/A, deixando de lado aquela inocência típica das animações para focar em piadas de duplo sentido, para explorar um pouco mais da sexualidade e personalidade dos ícones dos desenhos animados que fizeram sucesso no mundo inteiro. Apesar do primeiro filme ter sofrido com críticas que apontavam justamente essa “adultização” como algo problemático, o retorno financeiro foi o bastante para garantir uma continuação. E foi assim que o mundo conheceu, há exatos 20 anos, Scooby-Doo 2: Monstros à Solta, uma sequência menos adulta, mas ainda mais divertida que seu antecessor.

A franquia Scooby-Doo nos cinemas foi algo único no início dos anos 2000. No auge dos filmes de ‘besteirol’, a Warner decidiu aprovar uma adaptação da animação mais popular da história trazendo uma abordagem mais próxima dessas aventuras adolescentes, só que estreladas por Salsicha, Velma, Daphne e Fred. Entretanto, a versão original do roteiro do primeiro filme ousava “até demais”, já que traria menções ao Fred ter disfunção erétil – e tendo sua sexualidade questionada, Daphne e Velma sendo bissexuais e o Salsicha sendo claramente usuário de drogas. Para chegar aos cinemas, o estúdio solicitou alterações em cima da hora que cortaram praticamente tudo isso. Porém, o diretor Raja Gosnell conseguiu manter algumas piadocas dessas de maneira sutil, como Scooby e Salsicha na Máquina de Mistério soltando fumando fumaça enquanto ouviam reggae.

Pois bem, quando a sequência foi aprovada, a equipe criativa já tinha uma noção melhor do que o estúdio queria. Assim, Gunn e Gosnell decidiram resgatar os clássicos para trabalhar em cima dos vilões icônicos das animações, enquanto seus protagonistas viam sua fase de glória ruir diante da opinião pública.

É interessante ver os planos da franquia, que foi pensada para ser uma trilogia. O primeiro filme mostraria a ascensão da Mistério S/A, que enfrentaria um caso de monstros reais. Já o segundo teria os monstros clássicos virando ameaças reais, enquanto a credibilidade do grupo seria posta à prova. E a terceira aventura, que nunca saiu do papel, levaria o grupo a repensar completamente suas crenças em uma trama internacional, na qual os monstros seriam as verdadeiras vítimas.

Partindo desse ponto, Monstros à Solta é um tipo de resgaste do Scooby-Doo clássico, com direito àquele espírito gostoso de mistério e aventura que as animações dos anos 1960 tinham. Para criar essa sensação nostálgica, Gasnell fez um filme que explorava de forma lúdica as investigações. Tudo parece uma grande brincadeira de detetive com os amigos, com direito a duelo de cowboys, ‘snowboard’ em uma montanha, arremesso de ‘frisbee’ e ser perseguido por um dinossauro fantasma no meio do trânsito. O diretor conseguiu sintetizar algumas das mais populares brincadeiras infantis em uma trama divertidíssima.

Ao mesmo tempo em que trouxe uma visão mais infantil para o projeto, a sequência manteve parte daquele espírito sacana adolescente do original, mas de forma suavizada. O exemplo clássico é todo o arco do encontro da Velma (Linda Cardellini) com Patrick, que tem seu ápice num momento hilário, em que a detetive tenta ser mais sexy e aparece com uma roupa de couro selada á vácuo. Na verdade, a própria presença de Patrick, o curador do museu, nesse filme é uma grande presença desse humor jovem, politicamente incorreto, visto que ele foi interpretado por Seth Green, que vinha de uma série de comédias adolescentes e viria a se eternizar como o gênio perturbado por trás de Frango Robô (Robot Chicken), série de maior sucesso do Adult Swim, segmento voltado ao público adulto do Cartoon Network.

É ao redor do misterioso curador do museu que ocorrem as maiores e mais hilárias bizarrices do filme, como essa sequência do encontro e a ida de Salsicha e Scooby-Doo a um bar de criminosos com temática setentista, com direito ao cachorro vestido de humano, usando um black power e um macacão colorido. É tudo muito absurdo, mas já faz rir só de lembrar do coitado do Scooby dançando com os bandidos que ajudou a prender, passando tranquilamente por um ser humano, até o momento em que a peruca cai e eles percebem que era um cachorro disfarçado de gente. Quer situação mais lúdica que essa?

É um filme propositalmente caricato com a missão de divertir e encantar todos aqueles que já viram ao menos um episódio de qualquer versão das animações. E parte desse sucesso gira em torno de explorar os vilões icônicos da Mistério S/A, que ganham vida após uma nova ameaça utilizar uma máquina sobrenatural que “possui” os trajes clássicos dos inimigos da turma de detetives. A trama é conduzida essencialmente pelo Fantasma do Pterodáctilo, pelo Cavaleiro Negro e pelo Monstro de Piche, mas é impossível não abrir um sorriso quando ícones da série original, como o Capitão Cutler, os Homens-Esqueleto, o Zumbi e o Fantasma de 10.000 volts aparecem em versões “reais”.

Outro ponto fundamental é a ambientação. O filme recria com perfeição a estética dos cenários da década de 60, com mansões medievais cheias de detalhes, galpões abandonados, fábricas e museus. As artes dos cenários da animação original são muito marcantes, com páginas na internet dedicadas exclusivamente a mostrá-los, e terem conseguido replicar essa estética em um filme de 2004 foi algo digno de aplausos. Sem contar uma trilha musical espetacular, que trouxe nomes como Simple Plan, Fatboy Slim e New Radicals para compor as cenas. Puro suco de anos 2000.

O resultado foi um filme geracional que fez a alegria da molecada que cresceu nos anos 2000, sendo praticamente um desenho animado vivo. Infelizmente, o longa não cumpriu as expectativas do estúdio, apesar de ter se pagado, enterrando qualquer chance de realização do terceiro filme. Foram mais de 181 milhões de dólares arrecadados contra um orçamento de US$ 80 milhões.

De qualquer forma, o filme estreou com críticas mistas e foi virando ‘cult’ com o passar dos anos. Hoje em dia, Scooby-Doo 2: Monstros à Solta acabou virando um retrato nostálgico de infância para muitos jovens-adultos, que lembram com muito carinho dessa aventura divertidíssima.

Scooby-Doo 2: Monstros à Solta está disponível no Max.

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