domingo , 22 dezembro , 2024

Lenda da Pixar é DEMITIDA no processo de reestruturação da Disney

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Nos últimos meses, os executivos da Disney vêm tomando uma série de decisões controversas visando uma readequação financeira, que renderam inúmeras reclamações dos fãs e muitas incertezas acerca do futuro de franquias queridas. Dentre as polêmicas, as mais recentes foram a exclusão de conteúdos originais do Disney+ para reduzir a carga tributária, mesmo que isso signifique apagar produções que existiam exclusivamente na plataforma, e agora a demissão de 75 funcionários de uma de suas marcas mais poderosas: a Pixar.

Pixar demite 75 funcionários em meio à reestruturação da Disney



O mais curioso disso tudo é que a Pixar já vinha numa época de crise há alguns anos, e isso se intensificou após John Lasseter se desligar da empresa por acusações de assédio sexual. Para piorar a cena, no período pandêmico, as concorrentes no setor de animação parecem ter encontrado novos caminhos inovadores para conquistar o público, enquanto a Pixar seguiu com sua fórmula padrão, que já está desgastada para boa parte dos espectadores, o que reflete diretamente nas bilheterias de seus últimos projetos.

Segundo a agência de notícias Reuters, uma das principais causas para a Pixar entrar na rota de demissões foi o desempenho baixíssimo de Lightyear (2022), que não conseguiu se pagar com seu baixo desempenho em críticas e bilheteria, rendendo um grande prejuízo para os cofres da Disney. E não pense que a reestruturação afetou apenas as partes mais simples da empresa. Alguns medalhões foram mandados embora, como Angus MacLane e a LENDA Galyn Susman. Para quem não conhece, ambos estavam na Pixar desde o começo da empresa, mas Galyn ficou imortalizada no meio da animação por ter salvo o trabalho de milhares de colegas com uma ação simples e despretensiosa há algumas décadas.

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Galyn se tornou uma lenda nos estúdios da Pixar

Nos anos 90, após o lançamento e a enxurrada de críticas positivas de Toy Story (1995), a Pixar entrou de vez no ramo das grandes animações cinematográficas e começou a trabalhar incansavelmente para manter o alto padrão que eles mesmos estabeleceram e colocaram como meta seguir inovando o máximo possível. Isso rendeu ao time de animadores e roteiristas uma estafa mental gigantesca, que atingiu seu ápice na produção de Toy Story 2, como revelou o cofundador da Pixar, Ed Catmull, em seu livro Creativity Inc., lançado em 2014.

O contexto era o seguinte: os executivos haviam decidido que iriam investir no mercado Home Video, e que a melhor forma para chamar atenção para esse ramo seria trazer a sequência do fenômeno dos cinemas como um lançamento exclusivo para esse formato, com Toy Story 2. Então, era um filme que não poderia dar errado, já que poderia colocar em risco toda a segmentação de Home Video da empresa. Só que a equipe criativa vinha de dois projetos enormes, Toy Story (1995) e Vida de Inseto (1998), e estavam todos esgotados. Isso refletiu diretamente na produção da sequência, que não estava fluindo.

Com essa “crise criativa” e a estagnação da equipe, parecia que eles não conseguiriam fazer um Toy Story tão bom quanto o original, o que só aumentou a pressão para cima do time. Para complicar ainda mais a situação já precária dos animadores, um dos funcionários acidentalmente apagou de forma irreversível aproximadamente 90% de tudo que já havia sido produzido de Toy Story 2, com mecanismos, efeitos, cenários e personagens animados indo embora com o simples digitar do código /bin/rm -r -f *.

Agora pense: se a situação já estava ruim com a equipe criativa precisando de um descanso para pensar em como concluir o filme, o quanto mais insalubre ficaria sua condição de trabalho se o longa precisasse ser reanimado todinho de novo? O desespero foi tanto que eles tentaram cortar a energia do prédio para impedir que o apagamento fosse concluído, mas correram em vão. E a situação foi tão aterrorizante que até mesmo o arquivo de backup do filme estava corrompido. Ou seja, foram meses de trabalho efetivamente jogados no lixo por acidente.

No entanto, como mar calmo nunca fez bom marinheiro, foi no meio desse caos que Galyn Susman se consagrou como uma das maiores lendas da história da Pixar. Na época, ela fazia a supervisão da direção técnica do projeto, mas teve que se afastar por conta do nascimento de seu bebê. Só que ela não queria deixar de trabalhar, mesmo estando de licença maternidade, porque sabia como o time estava cheio de trabalho e não queria complicar ainda mais a produção do filme.

Por conta desse pensamento proativo, Galyn realizou uma cópia de praticamente tudo que havia sido produzido até então e levou para casa para poder supervisionar de lá e eventualmente ligar para os companheiros para passar orientações. Assim, quando chegou a notícia de que haviam apagado o filme todo por acidente, a supervisora avisou que tinha uma cópia dos arquivos e levou para a equipe um raio de esperança, salvando a produção do filme.

Com essa raio de luz trazido por Galyn, a equipe conseguiu finalizar o filme a tempo e entregar para o estúdio. Então terminou tudo bem, certo? Errado! Isso porque apesar da Disney ter aprovado o projeto, que foi finalizado a duras penas, John Lasseter chegou da turnê de divulgação de Vida de Inseto e correu para assistir o corte final de Toy Story 2, dirigido pelo então iniciante Ash Brannon (Tá Dando Onda). E o resultado foi um filme tão genérico e previsível, que Lasseter ligou imediatamente para a Disney e pediu um prazo para refazer o projeto todo. Inicialmente, o estúdio achou que era piada, já que o processo médio de realização de um longa animado era de aproximadamente quatro anos. Mas o diretor insistiu e a empresa deu a ele um prazo máximo de apenas um ano para entregar o novo filme.

Foi assim que John Lasseter abriu mão de suas férias, afastou Brannon do projeto e se reuniu com a equipe criativa para escrever um novo roteiro do zero, inserindo a trama da Jessie e do Mineiro e toda a sequência final ambientada no aeroporto. Com isso, o filme ganhou muito mais alma e aventura, fazendo dele o sucesso que é amado até os dias de hoje. Para não dizer que a ação de Galyn foi descartada por isso, seu resgate do filme original permitiu que os animadores reaproveitassem alguns códigos e personagens já animados previamente para ajudar na construção do novo filme. E foi por meio dessa reciclagem, que aproveitou também cenários e elementos de animações prévias, que os animadores conseguiram finalizar o projeto com excelência nesse prazo recorde de um ano.

Quando os executivos viram o novo filme, eles acharam o resultado tão espetacular que desistiram da ideia do Home Video e prepararam um pomposo lançamento para os cinemas, correndo o risco de terem mais uma sequência com o selo Disney indo mal nas bilheterias. E isso logo se provou uma grande besteira, já que a altíssima qualidade do filme o levou a arrecadar impressionantes 512 milhões de dólares ao redor do mundo, fazendo dele um grande sucesso da casa.

Agora, com a demissão de Galyn Susman, que ascendeu na empresa até virar produtora, a Pixar se despede de uma de suas maiores lendas, que marcou época não só com essa história incomum, mas principalmente por sua contribuição para alguns dos maiores sucessos da casa.

Toy Story 2 está disponível no Disney+

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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Pixar demite 75 funcionários em meio à reestruturação da Disney

O mais curioso disso tudo é que a Pixar já vinha numa época de crise há alguns anos, e isso se intensificou após John Lasseter se desligar da empresa por acusações de assédio sexual. Para piorar a cena, no período pandêmico, as concorrentes no setor de animação parecem ter encontrado novos caminhos inovadores para conquistar o público, enquanto a Pixar seguiu com sua fórmula padrão, que já está desgastada para boa parte dos espectadores, o que reflete diretamente nas bilheterias de seus últimos projetos.

Segundo a agência de notícias Reuters, uma das principais causas para a Pixar entrar na rota de demissões foi o desempenho baixíssimo de Lightyear (2022), que não conseguiu se pagar com seu baixo desempenho em críticas e bilheteria, rendendo um grande prejuízo para os cofres da Disney. E não pense que a reestruturação afetou apenas as partes mais simples da empresa. Alguns medalhões foram mandados embora, como Angus MacLane e a LENDA Galyn Susman. Para quem não conhece, ambos estavam na Pixar desde o começo da empresa, mas Galyn ficou imortalizada no meio da animação por ter salvo o trabalho de milhares de colegas com uma ação simples e despretensiosa há algumas décadas.

Galyn se tornou uma lenda nos estúdios da Pixar

Nos anos 90, após o lançamento e a enxurrada de críticas positivas de Toy Story (1995), a Pixar entrou de vez no ramo das grandes animações cinematográficas e começou a trabalhar incansavelmente para manter o alto padrão que eles mesmos estabeleceram e colocaram como meta seguir inovando o máximo possível. Isso rendeu ao time de animadores e roteiristas uma estafa mental gigantesca, que atingiu seu ápice na produção de Toy Story 2, como revelou o cofundador da Pixar, Ed Catmull, em seu livro Creativity Inc., lançado em 2014.

O contexto era o seguinte: os executivos haviam decidido que iriam investir no mercado Home Video, e que a melhor forma para chamar atenção para esse ramo seria trazer a sequência do fenômeno dos cinemas como um lançamento exclusivo para esse formato, com Toy Story 2. Então, era um filme que não poderia dar errado, já que poderia colocar em risco toda a segmentação de Home Video da empresa. Só que a equipe criativa vinha de dois projetos enormes, Toy Story (1995) e Vida de Inseto (1998), e estavam todos esgotados. Isso refletiu diretamente na produção da sequência, que não estava fluindo.

Com essa “crise criativa” e a estagnação da equipe, parecia que eles não conseguiriam fazer um Toy Story tão bom quanto o original, o que só aumentou a pressão para cima do time. Para complicar ainda mais a situação já precária dos animadores, um dos funcionários acidentalmente apagou de forma irreversível aproximadamente 90% de tudo que já havia sido produzido de Toy Story 2, com mecanismos, efeitos, cenários e personagens animados indo embora com o simples digitar do código /bin/rm -r -f *.

Agora pense: se a situação já estava ruim com a equipe criativa precisando de um descanso para pensar em como concluir o filme, o quanto mais insalubre ficaria sua condição de trabalho se o longa precisasse ser reanimado todinho de novo? O desespero foi tanto que eles tentaram cortar a energia do prédio para impedir que o apagamento fosse concluído, mas correram em vão. E a situação foi tão aterrorizante que até mesmo o arquivo de backup do filme estava corrompido. Ou seja, foram meses de trabalho efetivamente jogados no lixo por acidente.

No entanto, como mar calmo nunca fez bom marinheiro, foi no meio desse caos que Galyn Susman se consagrou como uma das maiores lendas da história da Pixar. Na época, ela fazia a supervisão da direção técnica do projeto, mas teve que se afastar por conta do nascimento de seu bebê. Só que ela não queria deixar de trabalhar, mesmo estando de licença maternidade, porque sabia como o time estava cheio de trabalho e não queria complicar ainda mais a produção do filme.

Por conta desse pensamento proativo, Galyn realizou uma cópia de praticamente tudo que havia sido produzido até então e levou para casa para poder supervisionar de lá e eventualmente ligar para os companheiros para passar orientações. Assim, quando chegou a notícia de que haviam apagado o filme todo por acidente, a supervisora avisou que tinha uma cópia dos arquivos e levou para a equipe um raio de esperança, salvando a produção do filme.

Com essa raio de luz trazido por Galyn, a equipe conseguiu finalizar o filme a tempo e entregar para o estúdio. Então terminou tudo bem, certo? Errado! Isso porque apesar da Disney ter aprovado o projeto, que foi finalizado a duras penas, John Lasseter chegou da turnê de divulgação de Vida de Inseto e correu para assistir o corte final de Toy Story 2, dirigido pelo então iniciante Ash Brannon (Tá Dando Onda). E o resultado foi um filme tão genérico e previsível, que Lasseter ligou imediatamente para a Disney e pediu um prazo para refazer o projeto todo. Inicialmente, o estúdio achou que era piada, já que o processo médio de realização de um longa animado era de aproximadamente quatro anos. Mas o diretor insistiu e a empresa deu a ele um prazo máximo de apenas um ano para entregar o novo filme.

Foi assim que John Lasseter abriu mão de suas férias, afastou Brannon do projeto e se reuniu com a equipe criativa para escrever um novo roteiro do zero, inserindo a trama da Jessie e do Mineiro e toda a sequência final ambientada no aeroporto. Com isso, o filme ganhou muito mais alma e aventura, fazendo dele o sucesso que é amado até os dias de hoje. Para não dizer que a ação de Galyn foi descartada por isso, seu resgate do filme original permitiu que os animadores reaproveitassem alguns códigos e personagens já animados previamente para ajudar na construção do novo filme. E foi por meio dessa reciclagem, que aproveitou também cenários e elementos de animações prévias, que os animadores conseguiram finalizar o projeto com excelência nesse prazo recorde de um ano.

Quando os executivos viram o novo filme, eles acharam o resultado tão espetacular que desistiram da ideia do Home Video e prepararam um pomposo lançamento para os cinemas, correndo o risco de terem mais uma sequência com o selo Disney indo mal nas bilheterias. E isso logo se provou uma grande besteira, já que a altíssima qualidade do filme o levou a arrecadar impressionantes 512 milhões de dólares ao redor do mundo, fazendo dele um grande sucesso da casa.

Agora, com a demissão de Galyn Susman, que ascendeu na empresa até virar produtora, a Pixar se despede de uma de suas maiores lendas, que marcou época não só com essa história incomum, mas principalmente por sua contribuição para alguns dos maiores sucessos da casa.

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