sábado , 21 dezembro , 2024

Lenda das HQs, John Romita morre aos 93 anos

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Por meio de suas redes sociais, John Romita Jr., o “Romitinha“, comunicou que seu pai, o lendário John Romita faleceu na manhã da última segunda-feira (12), aos 93 anos, enquanto dormia.



“É com muita dor no coração que digo que meu pai, John Romita, faleceu pacificamente enquanto dormia na manhã desta segunda-feira. Ele é uma lenda no mundo da arte e seria uma honra seguir seus passos. Por favor, mantenha seus pensamentos e condolências em respeito à minha família.

Ele foi o maior homem que já conheci”, disse Romita Jr. no comunicado.

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Nascido no Brooklyn, Nova York, em 1930, Romita cresceu num lar simples com seus pais e mais quatro irmãos. Com interesse pelas artes, ele não seguiu os passos do pai, que trabalhava como padeiro, e ingressou na School of Industrial Art de Manhattan, onde se formou aos 17 anos de idade.

Sua carreira, porém, não começou logo nos quadrinhos. Ele iniciou seus trabalhos como artista de storyboards em uma agência de publicidade. Em 1949, ele foi contratado pela Timely Comics, que viria a ser tornar a Marvel, para atuar como “artista fantasma”, em que ilustrava pequenas histórias sem ser creditado, onde conheceu um jovem Stan Lee. Em 1951, quando a Timely já havia virado Atlas, ele passou a ilustrar histórias de terror. Seu trabalho chamou atenção e ele passou a desenhar o Capitão América, na tentativa de trazer suas aventuras de volta no pós-guerra. Mesmo sem tanta popularidade, essa fase do herói fez com que a DC Comics contratasse o artista para trabalhar exclusivamente com a editora.

Na grande rival da Marvel, Romita Sr. trabalhou de 1958 até 1965, onde foi escalado para desenhar histórias de romance e contos mais alternativos. Nessa leva, apesar de não ter emplacado nenhum trabalho efetivamente icônico, ele desenvolveu uma habilidade única que faria dele um dos nomes eternos dos quadrinhos nos anos seguintes: como desenhar mulheres.

Em 1965, ele retorna a sua antiga casa – com um convite do próprio Stan Lee -, que agora é conhecida e exaltada como Marvel Comics, no auge da chamada Era de Prata. Nessa fase, a Marvel passou a desenvolver super-heróis humanizados, contando histórias em que a pessoa por baixo da máscara muitas vezes importava mais do que o super-herói que se popularizava em seu universo. Foi nessa leva que surgiram ícones como Quarteto Fantástico, Incrível Hulk, Thor, Os Vingadores, Demolidor e o Homem-Aranha.

Inicialmente, ele fez capas e finalizou artes, até que foi convidado para assumir as histórias do Homem Sem Medo. Só que seu trabalho estava tão apurado, que, com a saída de Steve Ditko em 1966, Lee decidiu designar a ele sua “garota dos olhos”, o fenômeno da época, Homem-Aranha. Como teste, ele colocou Romita para ilustrar duas histórias do Demolidor em que o Cabeça de Teia aparecia. O resultado foi espetacular e não houve dúvidas: ele passaria a desenhar as desventuras do jovem Peter Parker. O resto é história.

À frente do Teioso, Romita ilustrou histórias simplesmente lendárias e criou algumas das capas e ilustrações que se tornaram símbolo do herói. Com ele, “O Espetacular Homem-Aranha” deixou de ser a segunda revista mais vendida da Marvel para assumir a liderança, consolidando Peter Parker como o principal rosto da empresa no mercado editorial.

Mais do que isso, ele revolucionou o estilo de histórias do herói, trazendo para o título grande parte de seu trabalho na DC: o romance. E se falamos em romance no Homem-Aranha, é inegável pensar em seu eterno interesse amoroso. Sim, Romita utilizou sua técnica impressionante de desenhar mulheres para criar a ruivinha mais famosa dos quadrinhos, a estonteante Mary Jane Watson.

O mais curioso dessa situação toda é que Romita se apaixonou tanto pelas histórias do Demolidor que ele resistiu para assumir o Aranha. Sua ideia era mesmo marcar época à frente do Demônio de Hell’s Kitchen, a ponto dele não se interessar tanto pelo principal herói da casa. E a deliciosa ironia dessa história é que a popularidade do herói cresceu ainda mais com sua arte e foi justamente pelos traços de John Romita que o Homem-Aranha passou a integrar – literalmente – o logo da Marvel.

Nos anos 1970, com sua arte já sendo celebrada por uma multidão de fãs, Romita foi promovido a Diretor de Arte da Marvel e redefiniu a estética da empresa, trazendo uma arte repleta de dinâmica e expressões bem definidas. Nesse cargo, ele marcou época, já que as artes dos anos 70 e 80, fortemente influenciadas por ele, se eternizaram no imaginário popular como umas das mais belas e marcantes de todos os tempos. Com o passar dos anos, ele ajudou a criar outros ícones da Marvel Comics, como Wolverine, Justiceiro, Rei do Crime, Mercenário e o Luke Cage.

Em 1976, ele integrou o time que fez história ao promover o primeiro crossover entre Marvel e DC, com o lendário team-up entre Super-Homem e Homem-Aranha. Ao lado de Neal Adams, que ilustrava as histórias do kryptoniano, Romita, que desenhava o Aranha, liderou a equipe artística desta aventura ambiciosa centrada no mundo do jornalismo, e que inspiraria inúmeras incursões entre as empresas rivais nos anos seguintes.

Sua ligação com o Homem-Aranha é tão marcante que até mesmo seu falecimento traz uma coincidência quase sobrenatural relacionada ao personagem. Em 2018, os criadores do Homem-Aranha, Stan Lee e Steve Ditko, morreram. Foi neste mesmo ano que estreou nos cinemas a animação Homem-Aranha no Aranhaverso. Agora, em 2023, com Homem-Aranha: Através do Aranhaverso, sequência da animação de 2018, se consolidando como um dos melhores filmes do ano, foi John Romita, o artista que revolucionou e um dos que mais contribuiu para o cânone do Cabeça de Teia, que se despediu deste mundo. Infelizmente, não houve tempo para que a direção do novo filme dedicasse ou fizesse uma homenagem para o artista na aventura pelo Multiverso.

Por meio de sua arte, John Romita foi um dos lendários quadrinistas cuja caneta, literalmente, definiu a história, permitindo que jovens de todas as idades se interessassem pela leitura, se inspirassem nos feitos impressionantes de seus personagens e acreditassem que sonhar era importante. Por sua relevância, ele foi integrado ao Hall da Fama do Prêmio Eisner (o Oscar dos quadrinhos) em 2002. Fora das páginas, Romita foi casado com sua paixão de infância, Virginia Bruno, com quem teve dois filhos: Victor e John. O caçula seguiu o mesmo rumo do pai e se tornou artista de histórias em quadrinhos. Ao longo de sua história, John Romita Jr. assumiu títulos imortalizados por seu pai, como o próprio Homem-Aranha, e deixou sua marca em histórias como Kick-Ass.

Que agora John Romita possa descansar em paz, ciente de que marcou a vida de incontáveis gerações e certamente ajudou a fazer do mundo um lugar mais divertido.

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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“É com muita dor no coração que digo que meu pai, John Romita, faleceu pacificamente enquanto dormia na manhã desta segunda-feira. Ele é uma lenda no mundo da arte e seria uma honra seguir seus passos. Por favor, mantenha seus pensamentos e condolências em respeito à minha família.

Ele foi o maior homem que já conheci”, disse Romita Jr. no comunicado.

Nascido no Brooklyn, Nova York, em 1930, Romita cresceu num lar simples com seus pais e mais quatro irmãos. Com interesse pelas artes, ele não seguiu os passos do pai, que trabalhava como padeiro, e ingressou na School of Industrial Art de Manhattan, onde se formou aos 17 anos de idade.

Sua carreira, porém, não começou logo nos quadrinhos. Ele iniciou seus trabalhos como artista de storyboards em uma agência de publicidade. Em 1949, ele foi contratado pela Timely Comics, que viria a ser tornar a Marvel, para atuar como “artista fantasma”, em que ilustrava pequenas histórias sem ser creditado, onde conheceu um jovem Stan Lee. Em 1951, quando a Timely já havia virado Atlas, ele passou a ilustrar histórias de terror. Seu trabalho chamou atenção e ele passou a desenhar o Capitão América, na tentativa de trazer suas aventuras de volta no pós-guerra. Mesmo sem tanta popularidade, essa fase do herói fez com que a DC Comics contratasse o artista para trabalhar exclusivamente com a editora.

Na grande rival da Marvel, Romita Sr. trabalhou de 1958 até 1965, onde foi escalado para desenhar histórias de romance e contos mais alternativos. Nessa leva, apesar de não ter emplacado nenhum trabalho efetivamente icônico, ele desenvolveu uma habilidade única que faria dele um dos nomes eternos dos quadrinhos nos anos seguintes: como desenhar mulheres.

Em 1965, ele retorna a sua antiga casa – com um convite do próprio Stan Lee -, que agora é conhecida e exaltada como Marvel Comics, no auge da chamada Era de Prata. Nessa fase, a Marvel passou a desenvolver super-heróis humanizados, contando histórias em que a pessoa por baixo da máscara muitas vezes importava mais do que o super-herói que se popularizava em seu universo. Foi nessa leva que surgiram ícones como Quarteto Fantástico, Incrível Hulk, Thor, Os Vingadores, Demolidor e o Homem-Aranha.

Inicialmente, ele fez capas e finalizou artes, até que foi convidado para assumir as histórias do Homem Sem Medo. Só que seu trabalho estava tão apurado, que, com a saída de Steve Ditko em 1966, Lee decidiu designar a ele sua “garota dos olhos”, o fenômeno da época, Homem-Aranha. Como teste, ele colocou Romita para ilustrar duas histórias do Demolidor em que o Cabeça de Teia aparecia. O resultado foi espetacular e não houve dúvidas: ele passaria a desenhar as desventuras do jovem Peter Parker. O resto é história.

À frente do Teioso, Romita ilustrou histórias simplesmente lendárias e criou algumas das capas e ilustrações que se tornaram símbolo do herói. Com ele, “O Espetacular Homem-Aranha” deixou de ser a segunda revista mais vendida da Marvel para assumir a liderança, consolidando Peter Parker como o principal rosto da empresa no mercado editorial.

Mais do que isso, ele revolucionou o estilo de histórias do herói, trazendo para o título grande parte de seu trabalho na DC: o romance. E se falamos em romance no Homem-Aranha, é inegável pensar em seu eterno interesse amoroso. Sim, Romita utilizou sua técnica impressionante de desenhar mulheres para criar a ruivinha mais famosa dos quadrinhos, a estonteante Mary Jane Watson.

O mais curioso dessa situação toda é que Romita se apaixonou tanto pelas histórias do Demolidor que ele resistiu para assumir o Aranha. Sua ideia era mesmo marcar época à frente do Demônio de Hell’s Kitchen, a ponto dele não se interessar tanto pelo principal herói da casa. E a deliciosa ironia dessa história é que a popularidade do herói cresceu ainda mais com sua arte e foi justamente pelos traços de John Romita que o Homem-Aranha passou a integrar – literalmente – o logo da Marvel.

Nos anos 1970, com sua arte já sendo celebrada por uma multidão de fãs, Romita foi promovido a Diretor de Arte da Marvel e redefiniu a estética da empresa, trazendo uma arte repleta de dinâmica e expressões bem definidas. Nesse cargo, ele marcou época, já que as artes dos anos 70 e 80, fortemente influenciadas por ele, se eternizaram no imaginário popular como umas das mais belas e marcantes de todos os tempos. Com o passar dos anos, ele ajudou a criar outros ícones da Marvel Comics, como Wolverine, Justiceiro, Rei do Crime, Mercenário e o Luke Cage.

Em 1976, ele integrou o time que fez história ao promover o primeiro crossover entre Marvel e DC, com o lendário team-up entre Super-Homem e Homem-Aranha. Ao lado de Neal Adams, que ilustrava as histórias do kryptoniano, Romita, que desenhava o Aranha, liderou a equipe artística desta aventura ambiciosa centrada no mundo do jornalismo, e que inspiraria inúmeras incursões entre as empresas rivais nos anos seguintes.

Sua ligação com o Homem-Aranha é tão marcante que até mesmo seu falecimento traz uma coincidência quase sobrenatural relacionada ao personagem. Em 2018, os criadores do Homem-Aranha, Stan Lee e Steve Ditko, morreram. Foi neste mesmo ano que estreou nos cinemas a animação Homem-Aranha no Aranhaverso. Agora, em 2023, com Homem-Aranha: Através do Aranhaverso, sequência da animação de 2018, se consolidando como um dos melhores filmes do ano, foi John Romita, o artista que revolucionou e um dos que mais contribuiu para o cânone do Cabeça de Teia, que se despediu deste mundo. Infelizmente, não houve tempo para que a direção do novo filme dedicasse ou fizesse uma homenagem para o artista na aventura pelo Multiverso.

Por meio de sua arte, John Romita foi um dos lendários quadrinistas cuja caneta, literalmente, definiu a história, permitindo que jovens de todas as idades se interessassem pela leitura, se inspirassem nos feitos impressionantes de seus personagens e acreditassem que sonhar era importante. Por sua relevância, ele foi integrado ao Hall da Fama do Prêmio Eisner (o Oscar dos quadrinhos) em 2002. Fora das páginas, Romita foi casado com sua paixão de infância, Virginia Bruno, com quem teve dois filhos: Victor e John. O caçula seguiu o mesmo rumo do pai e se tornou artista de histórias em quadrinhos. Ao longo de sua história, John Romita Jr. assumiu títulos imortalizados por seu pai, como o próprio Homem-Aranha, e deixou sua marca em histórias como Kick-Ass.

Que agora John Romita possa descansar em paz, ciente de que marcou a vida de incontáveis gerações e certamente ajudou a fazer do mundo um lugar mais divertido.

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
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