Lançado em 2021, a animação Luca se tornou um fenômeno dentre as animações recentes da Pixar. Ambientada na Riviera Italiana, o longa conta a história de um monstro marinho tímido, cujo melhor amigo o leva para explorar o mundo mágico da superfície. Por lá, a dupla conhece uma menina serelepe, que vai precisar da ajuda deles para vencer uma prova de velocidade. Popularizando frases como “Silenzio, Bruno!” e fazendo com que metade dos fãs pesquisassem o preço de uma Vespa na internet, Luca foi um verdadeiro sucesso de crítica.
Parte importante da trama é que o jovem Luca, diferentemente do amigo Alberto, nunca teve contato com a vida humana e a sociedade da superfície. Para ele, que tem contato apenas com alguns objetos que caem de barcos, tudo aquilo que aparece na cidade portuária de Portorosso é novidade, ainda que as estruturas familiares sejam muito parecidas com as do mundo submarino. Entretanto, por muito pouco, esse ‘fascínio’ do personagem não foi retratado de maneira diferente.
Como visto no mapa que está no barco dos pescadores do início do filme, a região costeira de Portorosso tem uma ilha chamada de Isola del Mare, que, em italiano, significa ‘Ilha Marinha’. No longa, ela é retratada como uma ilha mal-assombrada, que conta com um farol destruído e abandonado. Os humanos contam histórias assustadoras sobre ela, que supostamente esconde monstros marinhos que matam marinheiros. No fim das contas, ela até esconde uma criatura mítica mesmo, mas é o Alberto, que transformou as instalações abandonadas em seu esconderijo para coisas humanas que encontra.
Inspirada na Isola del Tino, que fica no Mar da Ligúria, a ilha quase teve um papel mais complexo na trama. Isso porque na primeira versão do roteiro, ela seria maior e esconderia uma cidade portuária bem parecida com a dos humanos, mas completamente habitada pelos monstros marinhos, mas de difícil acesso, já que seria cercada pelas pedras.
A ideia original trazia uma sentinela que tocaria um sino para avisar os moradores quando embarcações humanas se aproximassem da costa. Assim, um grupo de monstros ficaria seco, assumindo a forma humana, para cumprimentar de longe os marinheiros, evitando que eles adentrassem nos domínios da ilha. Dessa forma, quando eles se afastassem, todos tomariam ‘banhos’ para voltarem às formas de monstro, permitindo que os habitantes voltassem a sua rotina normal.
Artes conceituais chegaram a ser feitas, e o visual parecia ser incrível. Só que a equipe criativa logo percebeu que mesmo sendo fascinante, essa proposta de trabalhar com duas orlas diferentes tiraria um pouco do encanto do Luca com o mundo humano, porque seria tudo muito parecido, visualmente falando. E poderia deixar a abordagem de Portorosso redundante. Então, a cidade de Isola del Mare foi descartada, transformando o local apenas no esconderijo de Alberto.
Com o sucesso do filme, a questão dessa cidade dos monstros na superfície foi pouco comentada e nem fez falta. Mas quem leu o livro de artes conceituais do longa sabe como era uma ideia com potencial. Felizmente – para a Pixar, eles não precisaram animar uma vilarejo inteiro de criaturas marinhas para que o longa fosse celebrado pelo público. Então, cabe aos fãs torcerem para que uma possível continuação seja feita nos próximos anos e que explorem outros grupos de monstros do mar que talvez tenham uma cidade escondida na superfície.
Você gostaria de ver essa ideia saindo do papel? Diga nos comentários!
Luca está disponível no catálogo do Disney+.