Em entrevista ao podcast Meghan McCain Has Entered the Chat, Melissa Joan Hart quebrou o silêncio sobre as polêmicas acusações de pedofilia do documentário ‘Quiet on Set‘, que detalha os horrores que atores tiveram que enfrentar nos bastidores das produções da Nickelodeon.
Conhecida por estrelar a popular série ‘Sabrina, Aprendiz de Feiticeira‘, a atriz protagonizou a série ‘Clarissa Sabe Tudo‘, em 1991.
“Eu não sei sobre a experiência das outras pessoas, e não estou negando nada do que eles disseram, mas nunca havia ouvido essas histórias do documentário [‘Quiet on Set’] anteriormente. Pessoalmente, nunca ouvi nada de nenhum ator da Nickelodeon, mas eu acredito completamente neles. Confio 100%.”
Ela completa, “Eu tive uma ótima experiência, apesar das crianças trabalharem muito mais pesado do que legalmente deveriam. Eu estive cercada por uma equipe incrível, que cuidou muito bem de mim. Eles eram muito protetores.”
Anteriormente, o diretor Dan Schneider, conhecido por séries infantis de sucesso da Nickelodeon como ‘iCarly’, ‘Brilhante Victória’ e ‘Drake & Josh’, havia se pronunciado após o lançamento do documentário ‘Quiet on Set: O Lado Sombrio da TV Infantil’.
A série documental expõe supostos ambientes de trabalho tóxicos e comportamentos inapropriados nos sets de filmagem das séries infantis da Nickelodeon .
Durante uma entrevista ao DanWarp, Schneider admite que o documentário foi difícil de assistir e que se arrepende de seu comportamento no passado:
“Assistir nos últimos dois dias foi muito difícil. Eu enfrentando meus comportamentos passados, alguns dos quais são embaraçosos e que eu lamento. Definitivamente, devo um pedido de desculpas a algumas pessoas”.
Entre as acusações feitas a Schneider incluem-se a tolerância a condições de trabalho precárias, supostos abusos e humilhações sofridos pelo elenco e equipe em seus sets de TV.
“Quando assisti ao programa, pude ver a dor nos olhos de algumas pessoas e me senti terrível, arrependido e triste. Gostaria de poder voltar atrás, especialmente para aqueles primeiros anos da minha carreira, e trazer o crescimento e a experiência que tenho agora e fazer um trabalho melhor e nunca, jamais, sentir que estava tudo bem ser um idiota com alguém, jamais”, disse Schneider.
Drake Bell, estrela de ‘Drake & Josh’, relata ter sido vítima de abuso sexual por parte do preparador de elenco Brian Peck. Schneider afirma que não contratou Peck e que ficou “devastado” ao saber do abuso.
“Quando Drake e eu conversamos e ele me contou sobre o que aconteceu, fiquei mais devastado com isso do que com qualquer coisa que já aconteceu comigo em minha carreira até agora. E eu disse a ele: ‘Estou aqui para você'”, disse Schneider.
Schneider também responde às críticas de que seus roteiros continham piadas inadequadas para crianças: “Todas essas piadas… o programa abordou ao longo das duas últimas noites, cada uma dessas piadas foi escrita para um público infantil porque as crianças achavam que eram engraçadas, e apenas engraçadas. Vamos cortar essas piadas do programa, assim como eu teria feito há 20 anos ou 25 anos. Quero que meus programas sejam populares. Quero que todo mundo goste (dos programas), quanto mais pessoas gostarem dos programas, mais feliz estou. Então, se houver algo que precise ser cortado porque está incomodando alguém, vamos cortar”.
O diretor reconhece que poderia ter tratado as pessoas com mais respeito e pede desculpas por sua arrogância e grosseria: “Definitivamente, há coisas que eu faria de forma diferente. A principal coisa que eu mudaria é como trato as pessoas e todos. Definitivamente, às vezes, não dei às pessoas o melhor de mim. Não mostrei paciência suficiente. Eu poderia ser arrogante e definitivamente super ambicioso, e às vezes apenas rude e grosseiro e sinto muito que eu já tenha sido”.
Schneider também pede desculpas por pedir a alguém no set que lhe desse massagens: Estava errado. Estava errado que eu alguma vez colocasse alguém nessa posição. Estava errado fazer isso. Nunca faria isso hoje. Estou envergonhado por ter feito isso naquela época. Peço desculpas a qualquer pessoa que eu já coloquei nessa situação”.
E ele abordou piadas inadequadas contadas e brincadeiras que ele fez na sala de roteiristas: “Deixe-me dizer, nenhum escritor deve se sentir desconfortável em qualquer sala de roteiristas, nunca. Ponto final. Sem desculpas”.
Schneider diz que se arrepende de não ter sido um líder mais humano e que deseja poder voltar no tempo para corrigir seus erros: “Posso dizer por que dói muito para mim. Eu era verde. Estava com medo. Estava animado. Significava o mundo para mim que eu estava recebendo essas oportunidades. E eu entrei e tive sorte, porque minhas primeiras experiências foram fantásticas. E o fato de eu não ter retribuído a todos os funcionários que passaram pela minha porta, machuca meu coração porque eu deveria ter e eu queria poder voltar e consertar isso.”
Ele também abordou as críticas sobre as esquetes inapropriadas de “On Air Dare”, na qual Schneider concordou que, em alguns casos, “foram longe demais”.
“Quando assisti ao programa ao longo das duas últimas noites, agora sei que havia crianças que tinham problemas com os ‘On Air Dares’, e isso partiu meu coração. Estou tão triste e peço desculpas a qualquer criança que já teve que fazer um desafio ou qualquer coisa que não quisesse fazer ou não estivesse confortável fazendo”, disse ele.
Intitulada ‘Quiet On Set: The Dark Side of Kids TV’, a série documental mergulha nas alegações de assédio sexual que ocorriam nos bastidores das séries da Nickelodeon.
A produção foi exibida nos dias 17 e 18 de março nos Estados Unidos, ainda sem previsão de chegada ao Brasil.
A docussérie é formada por quatro episódios e tem como enfoque as péssimas e abusivas condições de trabalhos enfrentadas pelos astros-mirins das séries de TV infantis dos anos 1990 e 2000, particularmente as feitas na Nickelodeon.
‘Quiet on Set’ abre a cortina de um império construído pelo criador Dan Schneider, que tinha um controle inegável sobre a cultura pop. Séries como ‘All That’ e ‘The Amanda Show’, entre outras, foram consumidas obsessivamente por crianças de todo o país e definiram a comédia por uma geração. Mas por trás da presença otimista na tela desses programas com piadas questionáveis e esquetes exageradas, a docussérie revela um ambiente insidioso repleto de alegações de abuso, sexismo, racismo e dinâmicas inadequadas com suas estrelas e equipe menores de idade.