sexta-feira , 15 novembro , 2024

Minha Vida Dava um Filme

TUDO PODE DAR CERTO (OU TERRIVELMENTE ERRADO)

Minha Vida Dava um Filme (Girl Most Likely) é uma dessas produções que se acham mais do que são. Com uma trama simples e reciclada, recheada de clichês do gênero, e sem momentos de brilho para dar espaço a seus atores, o filme soa extremamente genérico. Essa é também uma produção altamente esquecível, que desafiará nossas mentes por uma lembrança no mês quem vem. A pergunta que fica é: Por que diabos a distribuidora nacional Paris Filmes achou válido lançá-lo nos cinemas, ao invés de no sistema de home vídeo (sua casa mais apropriada).

Aqui temos a protagonista Imogene, vivida pela talentosa e graciosa Kristen Wiig (emergida do Saturday Night Live), uma das personagens mais angustiantes e menos identificáveis do cinema americano recente. Sabemos que Wiig possui talento, e que foi sucesso em Missão Madrinha de Casamento, mas aqui a comediante não tem muito com o que trabalhar em seu novo papel protagonista. Imogene é um ex-talento promissor na juventude, que deixou sua grande chance escapar e desde então viveu na sombra daquele momento. A personagem lembra o protagonista de Ben Stiller no ótimo O Solteirão (Greenberg), de Noah Baumbach.

10



A personagem de Wiig é autora de peças, e quando seu namorado a deixa, surta e simula o suicídio. Personagem adorável, não? Ainda estão acompanhando? O ocorrido faz as autoridades responsáveis a colocaram novamente sob os cuidados de sua mãe extremamente disfuncional e odiosa, papel da grande Annette Bening (outra que desperdiça o talento aqui). É muito difícil nos identificarmos e nos importarmos com essas personagens, quando tudo o que queremos é parar de assistir e fugir para bem longe o mais rápido possível. O que acontece é que imediatamente criamos ligação com as pessoas que deveriam ser as antagonistas aqui, e entendemos o seu ponto de vista, em relação à forma como se comportam e se relacionam com a “heroína” de Wiig.

11

Eles são os certos, e ela é a errada. Um desastre de trem em forma de ser humano, o qual todos nós temos em nossas vidas, e que na maioria das vezes está acima da redenção. E não estou execrando todos os filmes com personagens incorretos e odiosos, já que existem grandes obras-primas com personalidades assim. O fato é que tais filmes não tentam redimir seus personagens, e os tratam como são. Minha Vida Dava um Filme, escrito por Michelle Morgan (Middle of Nowhere) e dirigido por Shari Springer Berman e Robert Pulcini (Anti-Herói Americano), quer nos fazer acreditar, através de cenas e momentos indigestos, que todas as pessoas ao redor de Imogene são as erradas, frias e sem coração por a tratarem de tal forma. Quando na verdade, no mundo real, essa personagem de baixa autoestima, e perigosa para si mesma e para outros, é a verdadeira ameaça para a sociedade.

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A proposta é tão falha, que todos os personagens apresentados como alvo de tiração de sarro, como o “agente secreto” de Matt Dillon, são na verdade os mais carismáticos, e pelos quais criamos mais afeto. Já os que estão do lado de Imogene, os “bonzinhos”, são os verdadeiros repelentes, como o personagem de Darren Chriss (da série Glee). Ele é um “bom moço” que não hesita em levar uma garota para o quarto que aluga, numa casa de família, para fazer sexo. E se apresenta numa boy band cover de Backstreet Boys (adorável não é, como alguém deixou escapar esse príncipe encantado). Tudo o que os realizadores tentam aqui dá errado, e se volta contra eles emitindo o efeito oposto. Esse é um exercício cínico e sem alma, que representa tudo o que de pior existe no cinema americano formulaico.  Ainda existe espaço para personagens caricatos, como o irmão que desenvolveu uma concha de molusco em tamanho humano (é claro, por que não?); e o desfecho acontece da forma mais improvável, cartunesca e inacreditável do cinema nos últimos anos.

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Minha Vida Dava um Filme (Girl Most Likely) é uma dessas produções que se acham mais do que são. Com uma trama simples e reciclada, recheada de clichês do gênero, e sem momentos de brilho para dar espaço a seus atores, o filme soa extremamente genérico. Essa é também uma produção altamente esquecível, que desafiará nossas mentes por uma lembrança no mês quem vem. A pergunta que fica é: Por que diabos a distribuidora nacional Paris Filmes achou válido lançá-lo nos cinemas, ao invés de no sistema de home vídeo (sua casa mais apropriada).

Aqui temos a protagonista Imogene, vivida pela talentosa e graciosa Kristen Wiig (emergida do Saturday Night Live), uma das personagens mais angustiantes e menos identificáveis do cinema americano recente. Sabemos que Wiig possui talento, e que foi sucesso em Missão Madrinha de Casamento, mas aqui a comediante não tem muito com o que trabalhar em seu novo papel protagonista. Imogene é um ex-talento promissor na juventude, que deixou sua grande chance escapar e desde então viveu na sombra daquele momento. A personagem lembra o protagonista de Ben Stiller no ótimo O Solteirão (Greenberg), de Noah Baumbach.

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A personagem de Wiig é autora de peças, e quando seu namorado a deixa, surta e simula o suicídio. Personagem adorável, não? Ainda estão acompanhando? O ocorrido faz as autoridades responsáveis a colocaram novamente sob os cuidados de sua mãe extremamente disfuncional e odiosa, papel da grande Annette Bening (outra que desperdiça o talento aqui). É muito difícil nos identificarmos e nos importarmos com essas personagens, quando tudo o que queremos é parar de assistir e fugir para bem longe o mais rápido possível. O que acontece é que imediatamente criamos ligação com as pessoas que deveriam ser as antagonistas aqui, e entendemos o seu ponto de vista, em relação à forma como se comportam e se relacionam com a “heroína” de Wiig.

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Eles são os certos, e ela é a errada. Um desastre de trem em forma de ser humano, o qual todos nós temos em nossas vidas, e que na maioria das vezes está acima da redenção. E não estou execrando todos os filmes com personagens incorretos e odiosos, já que existem grandes obras-primas com personalidades assim. O fato é que tais filmes não tentam redimir seus personagens, e os tratam como são. Minha Vida Dava um Filme, escrito por Michelle Morgan (Middle of Nowhere) e dirigido por Shari Springer Berman e Robert Pulcini (Anti-Herói Americano), quer nos fazer acreditar, através de cenas e momentos indigestos, que todas as pessoas ao redor de Imogene são as erradas, frias e sem coração por a tratarem de tal forma. Quando na verdade, no mundo real, essa personagem de baixa autoestima, e perigosa para si mesma e para outros, é a verdadeira ameaça para a sociedade.

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A proposta é tão falha, que todos os personagens apresentados como alvo de tiração de sarro, como o “agente secreto” de Matt Dillon, são na verdade os mais carismáticos, e pelos quais criamos mais afeto. Já os que estão do lado de Imogene, os “bonzinhos”, são os verdadeiros repelentes, como o personagem de Darren Chriss (da série Glee). Ele é um “bom moço” que não hesita em levar uma garota para o quarto que aluga, numa casa de família, para fazer sexo. E se apresenta numa boy band cover de Backstreet Boys (adorável não é, como alguém deixou escapar esse príncipe encantado). Tudo o que os realizadores tentam aqui dá errado, e se volta contra eles emitindo o efeito oposto. Esse é um exercício cínico e sem alma, que representa tudo o que de pior existe no cinema americano formulaico.  Ainda existe espaço para personagens caricatos, como o irmão que desenvolveu uma concha de molusco em tamanho humano (é claro, por que não?); e o desfecho acontece da forma mais improvável, cartunesca e inacreditável do cinema nos últimos anos.

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