O novo filme de Johnny Depp, ‘Modi’, enfrentou um boicote significativo no Festival de Cinema de San Sebastián.
Isso porque segundo o Deadline, na terça-feira, jornalistas deixaram uma coletiva de imprensa, na qual entrevistariam Depp, após o publicitário responsável decidir reunir todos em uma única sessão de mesa redonda encurtada.
Os jornalistas consideraram esse formato inviável, refletindo um descontentamento crescente na imprensa cinematográfica internacional em relação à falta de acesso a talentos durante os festivais, uma questão já levantada em Veneza.
Inicialmente, os jornalistas esperavam entrevistar Depp, com os membros do elenco Riccardo Scamarcio e Antonia Desplat, por 15 minutos, em grupos de seis, em uma coletiva organizada pela DDA.
Marco Consoli, jornalista freelancer italiano e líder do protesto, comentou que, embora não fosse a opção ideal, aceitaram o formato.
“Todos queríamos Johnny Depp, mas, como muitas vezes acontece, nos foi oferecida uma mesa redonda com Johnny, Riccardo Scamarcio e Antonia Desplat”, explicou ele.
Consoli ressaltou que esse formato é impraticável para jornalistas que buscam realizar entrevistas para publicação. “Na maioria das vezes, quando fazemos uma pergunta, eles começam a conversar entre si, dificultando a obtenção de uma entrevista adequada – acabamos recebendo apenas algumas citações, muitas vezes menos do que em uma coletiva tradicional”, disse ele.
Consoli destacou que essa abordagem não é adequada para discutir um filme, especialmente considerando que Depp é também o diretor e produtor da obra.
A situação se complicou ainda mais quando a equipe do filme não chegou a tempo, e a DDA informou que todos seriam encaixados em uma sessão encurtada com Depp, Scamarcio e Desplat.
Os publicitários tomaram essa decisão devido ao compromisso inadiável de Depp na coletiva principal logo após a coletiva de imprensa, programada para as 15h30.
A decisão de se retirar da coletiva veio após uma carta aberta publicada durante Veneza, onde cerca de 100 jornalistas expressaram sua insatisfação com a falta de acesso a estrelas como Angelina Jolie, Brad Pitt e George Clooney.
A carta enfatizava que as restrições ao acesso da imprensa em Veneza ocorreram em um momento em que o jornalismo cinematográfico já estava em “risco de extinção”, sugerindo que tal política ameaçava os meios de subsistência dos jornalistas, cuja cobertura é essencial para o sucesso dos filmes e a reputação de diretores e atores.