domingo , 22 dezembro , 2024

Morre Kentaro Miura, um grande artista japonês – Conheça seu legado

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Mangaká conquistou renome mundial graças a seu estilo de ilustração extremamente detalhado e intenso

Na madrugada do último dia 19 foi anunciado o falecimento de Kentaro Miura, aos 54 anos, devido à dissecção da aorta. O comunicado foi realizado pela Hakusensha, editora para o qual ele escrevia desde os anos 80, porém o óbito de fato aconteceu no dia 6 de maio. Ainda segundo o grupo, a família do autor já realizou um velório mais íntimo para prestar as devidas despedidas; ele não era casado e nem tinha filhos.



Miura nasceu em 1966, na cidade de Chiba, Japão, sendo filho de um casal já pertencente ao mundo das artes. Seus pais se conheceram ainda na Escola de Artes de Musashino e mais tarde sua mãe se tornou professora de curso, enquanto que seu pai se especializou em storyboards publicitários. Aos dez anos ele fez seu primeiro mangá, Miuranger, unicamente para seus colegas de classe.

A série teve circulação restrita a consumo interno da escola e durou por quarenta volumes; ainda que não haja uma reimpressão do título ou quaisquer imagens oficiais de alguma das quarenta edições, esse é considerado oficialmente pelos fãs do mangaká como seu primeiro trabalho. A partir de seu segundo mangá, Ken e no michi lançado em 1977, Miura começou a testar novas formas de traçado que remetessem a algo mais profissional. É constantemente apontado que foi a partir desse trabalho que ele passou a utilizar tinta nanquim nas ilustrações.

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À altura de 1985 ele se candidatou a uma vaga no curso de artes da Universidade de Nihon, a maior do Japão, e para tanto candidatou seu projeto intitulado Futatabi para avaliação. Esse é um one-shot (história limitada a uma única edição e não parte de um formato serializado) focado em Rick, um aprendiz de mecânico que vive em uma comunidade subterrânea e que em determinado dia conhece uma jovem que se diz pertencer a outro mundo.

A obra garantiu não só a matrícula de Miura na instituição como também uma nomeação ao prêmio de melhor autor jovem pela conceituada publicação Weekly Shonen Magazine. Com as portas do mercado abertas para ele, em 1985 foi lançado Noa, outro one-shot. A trama apresenta misturas de elementos de ficção científica e ambientação pós-apocalíptica aonde o protagonista, Noah, age como uma espécie de protetor para aqueles que se aventuram pelo deserto de Gobi contra gangues de criminosos. Seu corpo cibernético lhe garante vantagem em batalha mas é somente quando ele conhece Angel que ele passa a ter esperança no futuro.

O caminho percorrido pelo artista não foi fácil e mesmo com a má recepção de “Noa” ele não desistiu

Nessa obra o mangaká já demonstrava algumas características que estariam presentes, anos depois, no seu trabalho mais famoso: um guerreiro solitário; um mundo sem esperança; a gradativa recuperação da mencionada esperança pelo protagonista. Ainda assim as vendas de Noa foram bastante negativas, bem como a aceitação da história também não tendo sido positiva.

Tão logo chegou o ano de 1988 e a carreira de Miura não só se estabilizaria como alcançaria um novo patamar com o lançamento do protótipo de Berserk. Apresentando um mundo inspirado no período medieval europeu e em obras de fantasia como Senhor dos Anéis era apresentado ao mundo, pela primeira vez, o espadachim negro conhecido como Gatts.

Essa era uma história diferente de tudo que ele havia mostrado até então; não só a qualidade do traçado apresentava detalhes extraordinários ou esteticamente cada um dos inimigos eram muito diferenciados uns dos outros mas também pela melancolia apresentada pelo protagonista e pela violência explícita que rondava cada canto e vida daqueles que habitavam aquele mundo.

Com a obra prima da sua carreira, “Berserk”, Miura elevou o nível da indústria de mangás

O sucesso obtido pelo one shot garantiu o início de uma série iniciada em 1989 pela Hakusensha, com o lançamento do primeiro volume. O protagonista Gatts é reapresentado ao público como um andarilho solitário, armado com uma espada tão pesada que poucos conseguem empunhar e um braço mecânico projetado para lançar flechas. De temperamento antissocial e violento ele tem seus objetivos próprios e recusa sempre que possível ser taxado de herói.

Eventualmente Miura dividiu a narrativa de Berserk em períodos, ou arcos, da vida do próprio Gatts; o primeiro sendo chamado de Espadachim Negro tem caráter introdutório de mundo e personagens, é nele que Gatts ainda está em sua forma mais crua e individualista bem como é ali que alguns antagonistas (como os cinco membros da Mão de Deus) são introduzidos, sendo que um deles abre espaço para a introdução do próximo arco.

O segundo, A Era de Ouro, volta para o passado quando o protagonista ainda bastante jovem encontra a felicidade e companheirismo junto a um grupo de mercenários chamado Bando do Falcão, estes sendo liderados pelo carismático Griffith (peça central para a história e uma cicatriz eternamente aberta na vida do protagonista). É o arco mais adaptado para anime e o mais elogiado.

Miura constantemente usa Griffith como uma recordação para Gatts do quão ferido ele foi no passado

Ele então é seguido por mais três arcos (Convicção, Falcão do Milênio e Fantasia) cada um inserindo um novo tijolo na personalidade de Gatts, que aos poucos vai aprendendo a confiar em outras pessoas novamente. Com 363 capítulos lançados até o momento, sendo que a história ainda está em aberto, Berserk é uma das peças mais importantes da indústria de mangás; seu protagonista é constantemente um exemplo de personagem complexo, formado por diversos traumas e agonias; a ambientação é trabalhada como uma extensão da psicologia daqueles personagens, sendo sempre hostil mas também bem variada.

Enquanto ainda era responsável pelas aventuras de Gatts, o mangaká lançaria outros títulos one shot ao longo dos anos como Japan Gigantomachia. O que Miura alcançou com esta obra foi a imortalidade cultural, mostrando ao mundo que seu talento tanto visual quanto escrito era imensurável. Sua perda é um choque para fãs, indústria e qualquer um que goste de grandes histórias.

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Mangaká conquistou renome mundial graças a seu estilo de ilustração extremamente detalhado e intenso

Na madrugada do último dia 19 foi anunciado o falecimento de Kentaro Miura, aos 54 anos, devido à dissecção da aorta. O comunicado foi realizado pela Hakusensha, editora para o qual ele escrevia desde os anos 80, porém o óbito de fato aconteceu no dia 6 de maio. Ainda segundo o grupo, a família do autor já realizou um velório mais íntimo para prestar as devidas despedidas; ele não era casado e nem tinha filhos.

Miura nasceu em 1966, na cidade de Chiba, Japão, sendo filho de um casal já pertencente ao mundo das artes. Seus pais se conheceram ainda na Escola de Artes de Musashino e mais tarde sua mãe se tornou professora de curso, enquanto que seu pai se especializou em storyboards publicitários. Aos dez anos ele fez seu primeiro mangá, Miuranger, unicamente para seus colegas de classe.

A série teve circulação restrita a consumo interno da escola e durou por quarenta volumes; ainda que não haja uma reimpressão do título ou quaisquer imagens oficiais de alguma das quarenta edições, esse é considerado oficialmente pelos fãs do mangaká como seu primeiro trabalho. A partir de seu segundo mangá, Ken e no michi lançado em 1977, Miura começou a testar novas formas de traçado que remetessem a algo mais profissional. É constantemente apontado que foi a partir desse trabalho que ele passou a utilizar tinta nanquim nas ilustrações.

À altura de 1985 ele se candidatou a uma vaga no curso de artes da Universidade de Nihon, a maior do Japão, e para tanto candidatou seu projeto intitulado Futatabi para avaliação. Esse é um one-shot (história limitada a uma única edição e não parte de um formato serializado) focado em Rick, um aprendiz de mecânico que vive em uma comunidade subterrânea e que em determinado dia conhece uma jovem que se diz pertencer a outro mundo.

A obra garantiu não só a matrícula de Miura na instituição como também uma nomeação ao prêmio de melhor autor jovem pela conceituada publicação Weekly Shonen Magazine. Com as portas do mercado abertas para ele, em 1985 foi lançado Noa, outro one-shot. A trama apresenta misturas de elementos de ficção científica e ambientação pós-apocalíptica aonde o protagonista, Noah, age como uma espécie de protetor para aqueles que se aventuram pelo deserto de Gobi contra gangues de criminosos. Seu corpo cibernético lhe garante vantagem em batalha mas é somente quando ele conhece Angel que ele passa a ter esperança no futuro.

O caminho percorrido pelo artista não foi fácil e mesmo com a má recepção de “Noa” ele não desistiu

Nessa obra o mangaká já demonstrava algumas características que estariam presentes, anos depois, no seu trabalho mais famoso: um guerreiro solitário; um mundo sem esperança; a gradativa recuperação da mencionada esperança pelo protagonista. Ainda assim as vendas de Noa foram bastante negativas, bem como a aceitação da história também não tendo sido positiva.

Tão logo chegou o ano de 1988 e a carreira de Miura não só se estabilizaria como alcançaria um novo patamar com o lançamento do protótipo de Berserk. Apresentando um mundo inspirado no período medieval europeu e em obras de fantasia como Senhor dos Anéis era apresentado ao mundo, pela primeira vez, o espadachim negro conhecido como Gatts.

Essa era uma história diferente de tudo que ele havia mostrado até então; não só a qualidade do traçado apresentava detalhes extraordinários ou esteticamente cada um dos inimigos eram muito diferenciados uns dos outros mas também pela melancolia apresentada pelo protagonista e pela violência explícita que rondava cada canto e vida daqueles que habitavam aquele mundo.

Com a obra prima da sua carreira, “Berserk”, Miura elevou o nível da indústria de mangás

O sucesso obtido pelo one shot garantiu o início de uma série iniciada em 1989 pela Hakusensha, com o lançamento do primeiro volume. O protagonista Gatts é reapresentado ao público como um andarilho solitário, armado com uma espada tão pesada que poucos conseguem empunhar e um braço mecânico projetado para lançar flechas. De temperamento antissocial e violento ele tem seus objetivos próprios e recusa sempre que possível ser taxado de herói.

Eventualmente Miura dividiu a narrativa de Berserk em períodos, ou arcos, da vida do próprio Gatts; o primeiro sendo chamado de Espadachim Negro tem caráter introdutório de mundo e personagens, é nele que Gatts ainda está em sua forma mais crua e individualista bem como é ali que alguns antagonistas (como os cinco membros da Mão de Deus) são introduzidos, sendo que um deles abre espaço para a introdução do próximo arco.

O segundo, A Era de Ouro, volta para o passado quando o protagonista ainda bastante jovem encontra a felicidade e companheirismo junto a um grupo de mercenários chamado Bando do Falcão, estes sendo liderados pelo carismático Griffith (peça central para a história e uma cicatriz eternamente aberta na vida do protagonista). É o arco mais adaptado para anime e o mais elogiado.

Miura constantemente usa Griffith como uma recordação para Gatts do quão ferido ele foi no passado

Ele então é seguido por mais três arcos (Convicção, Falcão do Milênio e Fantasia) cada um inserindo um novo tijolo na personalidade de Gatts, que aos poucos vai aprendendo a confiar em outras pessoas novamente. Com 363 capítulos lançados até o momento, sendo que a história ainda está em aberto, Berserk é uma das peças mais importantes da indústria de mangás; seu protagonista é constantemente um exemplo de personagem complexo, formado por diversos traumas e agonias; a ambientação é trabalhada como uma extensão da psicologia daqueles personagens, sendo sempre hostil mas também bem variada.

Enquanto ainda era responsável pelas aventuras de Gatts, o mangaká lançaria outros títulos one shot ao longo dos anos como Japan Gigantomachia. O que Miura alcançou com esta obra foi a imortalidade cultural, mostrando ao mundo que seu talento tanto visual quanto escrito era imensurável. Sua perda é um choque para fãs, indústria e qualquer um que goste de grandes histórias.

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