[ANTES DE COMEÇAR A MATÉRIA, FIQUE CIENTE QUE ELA ESTÁ RECHEADA DE SPOILERS]
Se você ainda não assistiu ao primeiro episódio de Mulher-Hulk: Defensora de Heróis, evite esta matéria, pois ela contém spoilers.
Demorou, mas chegou. Repleta de desconfiança do público por conta do CGI tenebroso dos trailers, Mulher-Hulk: Defensora de Heróis teve seu primeiro episódio lançado nesta quinta, no Disney+, e aposto que todos que tinham um pé atrás com a produção já devem ter mudado de ideia a esta altura. Com uma pegada cômica maravilhosa, o primeiro episódio fez uma introdução que valorizou bastante as origens da personagem e ajudou para falar mais sobre seu primo, Bruce Banner (Mark Ruffalo), que vem fazendo umas pontas no MCU, mas andava meio deixado de lado. Pois bem, vamos falar mais sobre isso e outros easter eggs desse primeiro episódio. Então, reforçando o alerta lá de cima, daqui para baixo é uma zona em que os spoilers estão liberados. Ou seja, se não tiver assistido ao episódio, assista e depois volte aqui, beleza?
Selvagem Mulher-Hulk
Logo no começo do episódio, enquanto ensaia seu discurso para a defesa no tribunal, Jennifer Walters (Tatiana Maslany), escuta de sua melhor amiga que ela está com o “Olhar selvagem de Jennifer Walters”.
Por mais sutil que seja, essa é uma referência bem interessante aos quadrinhos. Assim como o Hulk é conhecido como O Incrível Hulk, a Mulher-Hulk foi concebida como A Selvagem Mulher-Hulk.
No entanto, com o passar do tempo e com o avanço da personagem, que tinha mais controle sobre os poderes do que seu primo, a Mulher-Hulk acabou perdendo o “Selvagem”.
E como a série é toda construída na personagem tendo controle sobre seus poderes, a produção acabou fazendo essa singela homenagem ao título original da Mulher-Hulk nesse diálogo inicial.
A Origem
Nos quadrinhos, a origem da Mulher-Hulk se dá quando ela está no carro com Bruce e acaba sendo alvejada por bandidos que queriam matá-la por conta de um caso dos tribunais. Na série, porém, a origem ganhou uma pegada espacial com ligação a Thor: Ragnarok (2017). Enquanto estava na estrada com seu primo, Bruce Banner, Jen se assustou com uma espaçonave que interceptou seu carro, fazendo com que ela perdesse o controle e rolasse barranco abaixo. Então, em vez de improvisarem uma transfusão sanguínea de Bruce para salvar a prima, a série mostrou que a Jen tentou salvar o primo, que estava desacordado e acabou que o sangue dele escorreu para as feridas dela, “contaminando” a advogada com os Genes Gama.
Por que a nave?
Apesar de parecer meio gratuita, a aparição dessa nave, que é descrita pelo próprio Bruce Banner como uma Nave-Correio de Sakaar, traz à tona uma teoria relativamente antiga dos fãs: o Hulk teve um filho.
Bizarro, né? Mas isso existe nas HQs mesmo. No Universo Cinematográfico, é bem provável que justifiquem o nascimento/ chegada do jovem Sakaar, como fruto de uma relação do Hulk com alguma guerreira ou concubina nas arenas de batalha de Sakaar, onde o Hulk se tornou o maior gladiador do planeta, como visto em Thor: Ragnarok.
E como se passaram dois anos do Hulk esmagando sabe-se lá quem e o quê em Sakaar, são bem grandes as chances do filhote do Hulk aparecer pelos próximos episódios, ainda mais depois do discurso de Jen sobre Bruce ter ganho seus poderes e se tornado alguém solitário e que não convive com a família por medo de perdê-la.
Forma humana
Ainda sobre o Hulk, uma das grandes questões que a aparição de Bruce Banner em Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis (2021) foi o motivo dele estar em sua forma humana. Afinal, a última vez que ele tinha sido visto foi em Vingadores: Ultimato (2019), quando estalou os dedos com a Manopla Stark e teve seu braço atrofiado pela energia das Joias do Infinito. Na série, Bruce explica que desenvolveu um dispositivo para ajudá-lo a manter sua forma humana enquanto se recuperava do efeito das joias. Só que o trequinho quebra e ele volta a assumir sua forma verde e forte para observar e tentar treinar a prima.
Mulher-Hulk
Um dos pontos mais legais desse episódio é a relação entre Jen e Bruce. Enquanto Bruce tenta treinar a prima para ser parte dos heróis, ensinando a ela seus métodos de controle e relaxamento – incluindo o truque de respiração que ele aprendeu com os Gracie no Rio de Janeiro, lá em 2008 -, a Jen simplesmente consegue controlar seu “monstro interior” sem muito esforço. Isso realmente acontece nos quadrinhos, mas a justificativa dada na série combina bem demais com a pegada Girl Power pretendida pela produção.
Jen afirma que consegue controlar sua raiva com mais facilidade que o primo por conta de seus perrengues diários sendo mulher. Situações como assédio, subvalorização e preconceito a deixaram treinada na hora de manter o controle, senão ela seria taxada como histérica e descontrolada, o que acabaria com sua carreira. A própria forma como Bruce reage a ela se dar melhor com os poderes com mais facilidade exemplifica o machismo diário sofrido por mulheres no mundo todo.
Bromance
Grande parte desse primeiro episódio se passa em uma propriedade nas praias do México que Tony Stark (Robert Downey Jr.) construiu para e com Bruce no passado. Foi lá que Banner treinou e conseguiu atingir a paz entre Bruce e Hulk, resultando no Professor Hulk de Ultimato.
Enquanto conta a história do lugar para a prima, Bruce deixa claro que sente muita falta do amigo e dos outros Vingadores. Ele também revela que Tony e ele cansaram de encher a cara no boteco da casa, e que Stark falava muito mal de Steve Rogers (Chris Evans) quando estavam a sós. Junto a isso, vemos uma inscrição das iniciais de Bruce Banner e Tony Stark, fortalecendo o Bromance dos dois que vinha desde Os Vingadores (2012).
A volta de Ultron?
Enquanto explorava a casa, Jen acaba encontrando a cabeça do androide que foi o primeiro “hospedeiro” do Ultron lá em Vingadores: A Era de Ultron (2015). Mas por que isso chama atenção, além de ser um simples easter egg?
Bem, nos quadrinhos, a fórmula básica para derrotar de vez o Ultron era esmagar sua cabeça. Enquanto ela estivesse inteira, ele poderia transferir sua inteligência artificial para outro robô ou dispositivo eletrônico. E como não é a primeira vez que uma cabeça do Ultron é mostrada no MCU pós-Vingadores 2, fica aí o questionamento se a Marvel não está preparando um retorno do robozão genocida.
Cavirjão América
Uma das melhores piadas desse episódio é o fascínio da Jennifer em saber se o Capitão América morreu virgem ou não. Além de demonstrar mais da descontração da protagonista, que se interessa até demais na vida sexual dos heróis, essa brincadeira é uma das poucas conotações sexuais do MCU até hoje, reafirmando que super-heróis também fazem sexo.
Mais do que isso, o episódio termina com o Hulk revelando que o Steve perdeu a virgindade em 1943 durante uma das excursões do exército, quando ele tinha em torno de uns 23 anos. Cruzando essas informações, os fãs chegaram à possível “primeira vez” de Steve.
Um ponto curioso dessa jovem sorridente, que teve uma troca de olhares intensa com o Steve em Capitão América: O Primeiro Vingador (2011), é que ela é interpretada por Laura Haddock, que alguns anos mais tarde viria a interpretar Meredith Quill, a mãe do Senhor das Estrelas (Chris Pratt), na franquia Guardiões da Galáxia. No entanto, podem parar com as teorias. Já faz alguns anos que o diretor James Gunn confirmou que não há nenhum tipo de parentesco entre as duas personagens.
Quarta Parede
Por fim, mas não menos importante, o episódio traz Jennifer Walters quebrando a quarta parede algumas vezes. Isso deve ser frequenta ao longo da série, já que é uma das características mais famosas da personagem nos quadrinhos. Nos momentos finais, após Jen contar sua origem, vemos a protagonista atuando como advogada até ver a corte sendo atacada por Titânia, que será a principal antagonista da série a partir do próximo episódio, fazendo com que Jennifer revele ao mundo sua versão Mulher-Hulk.
Os novos episódios de Mulher-Hulk: Defensora de Heróis estreiam toda quinta no Disney+.