PAI E FILHO
“Seu pai tem Alzheimer?”, pergunta a moça. “Não. Ele acredita no que as pessoas dizem”, responde David (Will Forte), sobre seu pai Woody Grant (Bruce Dern). Esse dialogo fornece uma interessante chave para se compreender Nebraska, de Alexander Payne.
David assume a missão de levar o pai até a cidade de Lincoln, nos estado de Nebraska, mesmo sabendo que o prêmio de 1 milhão de dólares não passa de propaganda enganosa. Mas, como convencer o pai, depois dele tentar ir a pé?! Afinal, Woody está na fronteira da senilidade. Mais do que isso, ele é um crédulo.
No caminho, eles param em Hawthorne, cidade natal de Woody. Nela, ele reencontrará parentes e pendências, que gerarão situações ora engraçadas, ora constrangedoras; David encontram o passado de seu pai. Pelo meio do filme, Kate Grant (June Squibb), mãe de David, e Ross (Bob Odenkirk), seu irmão, dirigem-se à Hawthorne. Todos se unirão para proteger Woody das consequências de revelar para a cidade inteira que supostamente recebeu 1 milhão.
Em nenhum momento Woody tem sua boa-fé abalada. Até nos instantes mais difíceis ele continuará crédulo. Não dirigirá infâmias aos que lhe maltratam, nem deixará de acreditar no seu prêmio.
Como tantos road movies, o destino importa menos do que a viagem. Para David importa se aproximar do pai. Para o público, resta acompanhá-los, e pensar em coisas como: teríamos a mesma paciência dele? Estamos afastados de nossos pais? Por que nós não conseguimos ser tão crédulos quanto Woody? Quando ficarmos velhos, como seremos?