sexta-feira , 21 fevereiro , 2025

Netflix Crítica | Emily em Paris – Terceira Temporada roda, roda e continua no mesmo Lugar


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Com todo o charme da capital parisiense para explorar e todos os aspectos da adaptação em uma nova cultura, a produção de Darren Starr dá as mesmas voltas sem objetivos. A terceira temporada se ancora na enfadonha e sem sex appeal trama romântica — Emily e Gabriel (Lucas Bravo) —, rodeada de roupas extravagantes.  

Desde a primeira temporada, Emily em Paris já apresenta-se ancorada em clichês bobos, mas engraçados. O público não espera profundidade e nem crises existencialistas da personagem título. Apesar de todo encanto aos olhos e de looks exuberantes, a protagonista é a personagem mais insípida de todo o seriado. Apresentada como uma jovem aventureira e esperta, Emily (Lily Collins) sabe apenas ser insistente, fazer lives e usar hashtags. 



emily 6

Embora acompanhamos sua “aventura” parisiense há três anos, Emily ainda não completou um ano em solo estrangeiro. Sem calendários pontuais no roteiro, a grávidez de Madeline (Kate Walsh)  é a nossa referência temporal. Quando o bebê nasce nesta temporada, é possível imaginar que a jovem executiva de marketing está mais ou menos há nove meses em Paris e não sente um pingo de saudade de casa, família, amigos, etc. 

Aliás, este é um ponto de incômodo para qualquer expatriado. Como um personagem em decisão de voltar ao país de origem e seguir em um estrangeiro não tem o seu momento de reflexão baseado em suas âncoras afetivas? Emily tem amigos além de Mindy Chen (Ashley Park)? Pai, mãe, irmãos? Colega da faculdade? Ela está o tempo todo nas redes sociais, mas não se comunica com ninguém além dos seus novos amigos na França. 


emily 8

O círculo social da protagonista é de meia dúzia de pessoas e seus seguidores virtual, mas como “workaholic”, ela não se importa, afinal seu trabalho sempre está associado a festas, jantares e viagens. A difícil escolha de Emily no final da segunda temporada não é feita, tanto quanto ao trabalho quanto sua ao relacionamento. A ideia é que não fazer escolhas é também uma escolha, isto é, ela é na vibe “deixa a vida me levar”.  

Durante dois episódios, a protagonista vê-se sem emprego, sem visto e sem perspectivas futuras. Sua resposta a isso? Fazer turismo e lives no Instagram. Os produtores da série já deixaram claro que trata-se de uma comédia alto astral, mas Emily não derramou uma lágrima em 30 episódios. Ou seja, ela torna-se uma personagem sem vida, não conquista empatia e o público se afasta. 

Assista também: 
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emily 7

Há coisas boas na nova temporada? Evidentemente. Outros cantos de Paris são apresentados como o parque de La Villette, suas festas e exposições, como o sucesso de público Pop Air — a da piscina de bolinhas para adultos —, além de outros pontos turísticos, como a Basílica de Sacré Coeur, o Muro de Je t’aime e o Museu de la Vie Romantique. Para além da cidade título, o seriado leva os espectadores aos encantadores campos de lavanda em Aix-de-Provence. 

Apesar da falta de desenvolvimento na trama, a comédia ainda tem cenas engraçadas, protagonizadas principalmente por Luc (Bruno Gouery) e sua maneira “sem filtro” de ser. Sem destaque nas duas últimas temporadas, o colega de trabalho ganha mais espaço e até uma utilitária ex-namorada (Laurence Gormezano). Vale pontuar ainda a apresentação de uma versão francesa (comme si, comme ça) de Shallow, da Lady Gaga, por Mindy e a estranha permanência de Alfie (Lucien Laviscount) em Paris, assim como as decisões de Sylvie (Philippine Leroy-Beaulieu) sobre o futuro de sua empresa. 

emily 2

Em contrapartida, quase todos os personagens parecem ser apenas utilitários para Emily, eles estão sempre dispostos a ajudá-la, a dar mais uma chance e se deixar encantar por ela. Do outro lado da tela, a pergunta continua: será que Emily é talentosa como o roteiro deseja martelar? Não, ela não tem ideias brilhantes. Todas as suas ideias são muletas e sem grande inspiração, porém ela apresenta como se fosse uma descoberta de ouro.

O segredo de Emily é: fazer um bom pitch. Ela é uma executiva de marketing, mas é tratada como sócia da agência, algo que aliás, finalmente causa revolta no seu colega Julien (Samuel Arnold). O mundo de Emily é lúdico. É possível entrar na brincadeira da jovem de manter-se positiva e sem emoções fortes em uma vida filtrada para as redes sociais, caso Emily em Paris fosse uma crítica velada da vida pueril construída pela geração Z, mas não é. 

emily 10

O problema é que os produtores perderam a mão da comédia e armaram um rocambole novelesco sem fim. Após 10 episódios, o relacionamento de Emily e Alfie é desconstruído em segundos, o rapaz londrino é irreconhecível nos últimos minutos. No fim, tudo volta à dinâmica modorrenta de Gabriel e Emily separados pelo inconveniente dele ter uma namorada (Camille Razat). Sim, mais uma vez, porque a quarta temporada já está confirmada. 


IMPERDÍVEL! Você vai VICIAR nessa história de Vingança à moda antiga....

Letícia Alassë
Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

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Desde a primeira temporada, Emily em Paris já apresenta-se ancorada em clichês bobos, mas engraçados. O público não espera profundidade e nem crises existencialistas da personagem título. Apesar de todo encanto aos olhos e de looks exuberantes, a protagonista é a personagem mais insípida de todo o seriado. Apresentada como uma jovem aventureira e esperta, Emily (Lily Collins) sabe apenas ser insistente, fazer lives e usar hashtags. 

emily 6

Embora acompanhamos sua “aventura” parisiense há três anos, Emily ainda não completou um ano em solo estrangeiro. Sem calendários pontuais no roteiro, a grávidez de Madeline (Kate Walsh)  é a nossa referência temporal. Quando o bebê nasce nesta temporada, é possível imaginar que a jovem executiva de marketing está mais ou menos há nove meses em Paris e não sente um pingo de saudade de casa, família, amigos, etc. 

Aliás, este é um ponto de incômodo para qualquer expatriado. Como um personagem em decisão de voltar ao país de origem e seguir em um estrangeiro não tem o seu momento de reflexão baseado em suas âncoras afetivas? Emily tem amigos além de Mindy Chen (Ashley Park)? Pai, mãe, irmãos? Colega da faculdade? Ela está o tempo todo nas redes sociais, mas não se comunica com ninguém além dos seus novos amigos na França. 

emily 8

O círculo social da protagonista é de meia dúzia de pessoas e seus seguidores virtual, mas como “workaholic”, ela não se importa, afinal seu trabalho sempre está associado a festas, jantares e viagens. A difícil escolha de Emily no final da segunda temporada não é feita, tanto quanto ao trabalho quanto sua ao relacionamento. A ideia é que não fazer escolhas é também uma escolha, isto é, ela é na vibe “deixa a vida me levar”.  

Durante dois episódios, a protagonista vê-se sem emprego, sem visto e sem perspectivas futuras. Sua resposta a isso? Fazer turismo e lives no Instagram. Os produtores da série já deixaram claro que trata-se de uma comédia alto astral, mas Emily não derramou uma lágrima em 30 episódios. Ou seja, ela torna-se uma personagem sem vida, não conquista empatia e o público se afasta. 

emily 7

Há coisas boas na nova temporada? Evidentemente. Outros cantos de Paris são apresentados como o parque de La Villette, suas festas e exposições, como o sucesso de público Pop Air — a da piscina de bolinhas para adultos —, além de outros pontos turísticos, como a Basílica de Sacré Coeur, o Muro de Je t’aime e o Museu de la Vie Romantique. Para além da cidade título, o seriado leva os espectadores aos encantadores campos de lavanda em Aix-de-Provence. 

Apesar da falta de desenvolvimento na trama, a comédia ainda tem cenas engraçadas, protagonizadas principalmente por Luc (Bruno Gouery) e sua maneira “sem filtro” de ser. Sem destaque nas duas últimas temporadas, o colega de trabalho ganha mais espaço e até uma utilitária ex-namorada (Laurence Gormezano). Vale pontuar ainda a apresentação de uma versão francesa (comme si, comme ça) de Shallow, da Lady Gaga, por Mindy e a estranha permanência de Alfie (Lucien Laviscount) em Paris, assim como as decisões de Sylvie (Philippine Leroy-Beaulieu) sobre o futuro de sua empresa. 

emily 2

Em contrapartida, quase todos os personagens parecem ser apenas utilitários para Emily, eles estão sempre dispostos a ajudá-la, a dar mais uma chance e se deixar encantar por ela. Do outro lado da tela, a pergunta continua: será que Emily é talentosa como o roteiro deseja martelar? Não, ela não tem ideias brilhantes. Todas as suas ideias são muletas e sem grande inspiração, porém ela apresenta como se fosse uma descoberta de ouro.

O segredo de Emily é: fazer um bom pitch. Ela é uma executiva de marketing, mas é tratada como sócia da agência, algo que aliás, finalmente causa revolta no seu colega Julien (Samuel Arnold). O mundo de Emily é lúdico. É possível entrar na brincadeira da jovem de manter-se positiva e sem emoções fortes em uma vida filtrada para as redes sociais, caso Emily em Paris fosse uma crítica velada da vida pueril construída pela geração Z, mas não é. 

emily 10

O problema é que os produtores perderam a mão da comédia e armaram um rocambole novelesco sem fim. Após 10 episódios, o relacionamento de Emily e Alfie é desconstruído em segundos, o rapaz londrino é irreconhecível nos últimos minutos. No fim, tudo volta à dinâmica modorrenta de Gabriel e Emily separados pelo inconveniente dele ter uma namorada (Camille Razat). Sim, mais uma vez, porque a quarta temporada já está confirmada. 

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Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

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