O Rio está em festa! Apesar de lidarmos com os problemas diários de nossa cidade, em especial a violência, precisamos celebrar a arte em momentos difíceis, pois ela salva e educa! Começou o Festival do Rio, um dos maiores eventos de cinema do Brasil, que desde 1999 recebe todo ano centenas de filmes internacionais, promove filmes nacionais em competição para prêmios e traz para a festa os artistas mais badalados do país e do resto do mundo. Em 2023 não será diferente.
O evento que teve sua pré-estreia na última quinta-feira, vai até o dia 15 de outubro, fazendo os cinéfilos, jornalistas e também o grande público percorrer a cidade atrás dos filmes – cujo acervo esse ano conta com pérolas nacionais como ‘Meu Nome é Gal’ e ‘Mussum – O Filmis’, e longas badalados internacionalmente, vide ‘Pobres Criaturas’ e ‘Segredos de um Escândalo’.
Aqui, em homenagem a esse grande encontro de fãs para celebrar a sétima arte em pleno território brasileiro, resolvemos por uma matéria diferente – mais uma vez apostando na nostalgia. Voltaremos dez anos no passado para relembrar alguns dos filmes mais marcantes que foram exibidos na edição de 2013 do Festival do Rio – que contou entre outras coisas com a vinda da jovem Dakota Fanning para promover o suspense ‘Movimentos Noturnos’. Os mais velhos certamente irão lembrar como se fosse ontem. Já os mais jovens irão conhecer um pouco mais do que era mostrado no evento na época. Confira abaixo.
Gravidade
O grande chamariz do Festival do Rio 2013 foi o badaladíssimo ‘Gravidade’, do mexicano Alfonso Cuarón. O longa aportava em terras tupiniquins após ter feito sucesso em festivais internacionais como Veneza e Toronto. Protagonizado por Sandra Bullock e George Clooney, a superprodução conta sobre dois astronautas em missão fora da Terra, quando um desastre atinge sua nave. Os dois precisam lutar por sobrevivência e encontrar uma forma de retornar ao planeta. ‘Gravidade’, é claro, marcaria presença no Oscar 2014, indicado para melhor filme, melhor atriz e outros 8 prêmios, dos quais levou 7, incluindo melhor diretor.
Blue Jasmine
Outra estrela da edição de 10 anos atrás foi ‘Blue Jasmine’, de Woody Allen, numa época pré-cancelamento do diretor (ou na qual suas polêmicas ainda eram aceitáveis). E se Sandra Bullock foi indicada pelo filme acima, ela batia de frente com o paredão chamado Cate Blanchett, que levava seu segundo Oscar (dessa vez como atriz principal) por este filme. O filme conta sobre uma socialite que perdeu tudo e precisa ir morar com a irmã como último recurso, mesmo desdenhando de seu modo de vida e escolha de relacionamentos.
Fruitvale Station – A Última Parada
Saído de Sundance e Cannes debaixo de inúmeros aplausos, o drama racial chegava ao Rio causando muita comoção. O filme apresentou ao mundo os talentos do diretor Ryan Coogler e do ator Michael B. Jordan, que cresceriam para se tornar duas potências em Hollywood – entre outras coisas, envolvidos com a franquia ‘Pantera Negra’ da Marvel. Aqui, eles contam a história do jovem negro Oscar Grant, que ao voltar de uma festa de Reveillon se envolve numa briga a bordo de um vagão do metrô nos EUA, e termina morto pela brutalidade policial. Algo que continua a ocorrer por lá, vide o caso com George Floyd em 2020 – e que os brasileiros conhecem muito bem, infelizmente.
A Grande Beleza
Agora temos uma produção de fora dos EUA na lista, com o italiano ‘A Grande Beleza’, saído diretamente de Cannes e Toronto para aportar em nossas terras no Festival do Rio. Escrito e dirigido por Paolo Sorrentino, e protagonizado por Toni Servillo, o filme é uma olhada única na vida de um jornalista boêmio da terceira idade, que prova que nunca se está velho demais para se divertir. O discurso do protagonista vai contra o que a sociedade geralmente espera do cidadão, ou seja, socialmente formar uma família. O longa chegou até o Oscar e levou o prêmio de filme estrangeiro.
Serra Pelada
Agora temos uma produção cem por cento nacional, que também causou alvoroço naquela edição, sendo um dos longas brasileiros mais disputados de dez anos atrás. Não por menos, foi o filme escolhido para encerrar o evento. Escrito e dirigido por Heitor Dhalia, um grande elenco desfila em tela para contar a história do maior garimpo a céu aberto do mundo. Durante os anos 70, tivemos uma verdadeira corrida do ouro no Brasil, com a promessa de fortuna enterrada nas terras da Serra dos Carajás, no sul do Estado do Pará. O filme possui todo um outro contexto visto hoje, numa época em que se combate de forma ferrenha esta atividade. Júlio Andrade e Juliano Cazarré protagonizam, com participações de Sophie Charlotte, Matheus Nachtergaele e um irreconhecível Wagner Moura saído de sucessos como os dois ‘Tropa de Elite’ e ‘O Homem do Futuro’.
Entre Nós
Por falar em produções nacionais de prestígio, é claro que no Festival do Rio tivemos muitas. Aqui destacamos esse ‘Entre Nós’ como um dos mais chamativos, já que foi um dos grandes papa-prêmios da edição. O filme tem roteiro e direção de Paulo Morelli, que convidou seu filho Pedro Morelli para estrear no comando de uma obra ao seu lado. Pedro viria a marcar presença no Festival do Rio e em Toronto dois anos depois com ‘Zoom’. O filme levou os prêmios de melhor roteiro e atuações para Júlio Andrade e Martha Nowill no evento. Na trama, um grupo de jovens amigos reunidos em uma casa de campo vivem relacionamentos e escrevem cartas para abrirem dali a dez anos. No elenco, Carolina Dieckmann, Caio Blat, Maria Ribeiro, Paulo Vilhena, além dos citados Andrade e Nowill.
Apenas Deus Perdoa
A primeira parceria entre o diretor dinamarquês Nicolas Winding Refn e o ator Ryan Gosling rendeu o cult adorado ‘Drive’ (2011), que também fez sua estreia em terras brasileiras no Festival do Rio daquele ano. Dois anos depois, e a dupla repetia a dobradinha no mais enigmático ‘Apenas Deus Perdoa’ – sem o mesmo impacto, mas mesmo assim objeto de culto por uma parcela de cinéfilos que curtem obras mais esquisitonas. Saído do Festival da Cannes, aqui o diretor cria uma obra digna de Shakespeare, repleta de questões existenciais. Na trama passada em Bangcoc, Gosling vive Julian, um criminoso que precisa vingar a morte do irmão a pedido da mãe autoritária e chantagista – com quem tem uma relação de amor e ódio (papel de Kristin Scott Thomas). Mas para isso, ele precisará enfrentar um super policial imbatível do local.
Como Não Perder Essa Mulher
Saído dos Festivais de Sundance, Berlim e Toronto, este filme foi outra das grandes atrações do Festival do Rio de dez anos atrás. Isso porque em seu elenco traz duas das maiores estrelas de Hollywood vindas de gerações diferentes. Primeiro, por se tratar na época do novo filme da musa Scarlett Johansson, então no auge de sua popularidade. Seguindo de perto, a veterana Julianne Moore, um ano antes de ser presenteada com o Oscar de atuação. O filme marcou a estreia na direção do ator Joseph Gordon-Levitt, que também escreve e dirige, e estava com a “corda toda” na época, entregando um sucesso atrás do outro. O filme é uma sátira a um tipo de comportamento fútil masculino, no qual homens só desejam um corpo sarado e dormir com o maior número de mulheres possível, sem aspirações significativas. Brie Larson antes da fama também marca presença.
Joe
Hoje, o nome do diretor David Gordon Green é mais associado à nova trilogia de ‘Halloween’ – que dividiu a opinião dos fãs, dos críticos e do grande público de forma geral. O cineasta acaba de lançar nos cinemas o novo capítulo de franquia ‘O Exorcista’, que igualmente vem dividindo opiniões. Mas há dez anos, o nome de Green era mais associado a comédias e a dramas independentes. Na seara deste segundo, o diretor entregava o que muitos consideram um de seus melhores trabalhos e um dos filmes recentes mais interessantes da carreira do astro Nicolas Cage, que o ajudou a recuperar certo status na época. O filme saiu de Veneza e Toronto e correu para o Rio. Na trama, Cage vive um ex-condenado que conhece um menino, faz amizade com ele e tem a chance de mudar sua vida. Um belo drama.
Jovem e Bela
Mais uma produção internacional. Dessa vez paramos na França para um filme que fez sua estreia mundial em Cannes, é claro. Sua próxima parada foi Toronto e logo depois seguiu para águas cariocas no Festival do Rio. Trata-se de um drama estarrecedor do prestigiado diretor François Ozon, que como sempre também assina o roteiro. O cineasta descobria aqui a bela Marine Vacth, que interpreta Isabelle, uma jovem de classe média francesa que decide um belo dia começar a levar uma segunda vida como prostituta – encontrando homens em hotéis em segredo. Um drama impactante.