Junho é época do verão norte-americano. O período se tornou conhecido por ser a época de lançamento dos maiores filmes de cada ano. Por ser a época de férias da garotada, os grandes estúdios reservam suas maiores estreias justamente para o período, por saberem que o público-alvo irá poder ver e rever tais filmes sem problemas, enquanto celebram o tão aguardado descanso das aulas. Assim, o período de junho a agosto ficaria conhecido como “a casa” dos maiores blockbusters de seus respectivos anos. Com o aumento da oferta de grandes produções, essa faixa de lançamento começou a ficar mais larga e atualmente já ganhamos alguns dos maiores filmes do ano em maio e abril; além, é claro, do fim do ano.
Esse ano, como não poderia deixar de ser, junho chegou quente, iniciando os trabalhos com o elogiadíssimo ‘Homem-Aranha Através do Aranhaverso’. Na semana seguinte foi a vez de ‘Transformers: O Despertar das Feras’. Neste último fim de semana, ganhamos ‘The Flash’ e a animação da Disney ‘Elementos’. O mês termina em grande estilo com ‘Indiana Jones e a Relíquia do Destino’. Mas ainda sobrou espaço para o terror ‘Boogeyman: Seu Medo é Real’, o escracho de Jennifer Lawrence, ‘Que Horas Eu te Pego?’, e no streaming a ação fica por conta de Chris Hemsworth em ‘Resgate 2’.
Como nosso tópico recorrente é sempre a nostalgia, aqui iremos voltar nada menos que 30 anos no passado para recordar o que estava sendo lançado nos cinemas no mês de junho naquela época. Uma dica: os dinossauros voltavam à vida em grande estilo. Confira abaixo.
Jurassic Park – O Parque dos Dinossauros
No dia 11 de junho de 1993, há 30 anos no passado, Steven Spielberg fazia de novo e criava uma obra lendária para a história do cinema. O diretor nos fazia lembrar mais uma vez o motivo dele ser considerado o rei do cinema entretenimento. Seus filmes são espetáculos visuais sem precedentes, e com o primeiro ‘Jurassic Park’ ele dava um novo passo na tecnologia dos efeitos especiais, trazendo dinossauros de volta à vida como nunca antes. Para o filme dar certo, era necessário que tais efeitos funcionassem de forma crível – e foi exatamente o que o cineasta atingiu. Mas ‘Jurassic Park’ não é só visual, possui muito conteúdo, questionamentos, personagens marcantes e adrenalina de sobra. Foi o maior sucesso do ano, marcou a década e a história da sétima arte. Um verdadeiro rolo compressor, só estando vivo na época para compreender o que foi o filme.
O Último Grande Herói
‘Jurassic Park’ foi o maior sucesso de 30 anos atrás no cinema, e quando pensamos no ano de 1993, automaticamente pensamos no filme dos dinos de Steven Spielberg. Mas o blockbuster pré-histórico não esteve sozinho, e teve grande companhia no mês de junho. Talvez tão grande quanto um dinossauro, era a figura do austríaco Arnold Schwarzenegger nas décadas de 80 e 90. O rei da ação na época havia acabado de sair de seu maior sucesso, o fenômeno ‘O Exterminador do Futuro 2’ (1991) e estava no topo do mundo. Foi essa euforia que fez inchar ainda mais seu ego, e confiante no impacto de seu filme seguinte, fez pouco caso dos dinossauros de Spielberg, marcando a estreia de ‘O Último Grande Herói’ para a semana seguinte de ‘Jurassic Park’. Mistura de comédia, fantasia, ação e muita metalinguagem, o filme de Arnold não atingiu o esperado e viria anos depois a ser redescoberto como cult. Mas na época foi “pisoteado” pelos lagartões.
A Firma
Ao contrário da superprodução de Arnold Schwarzenegger, que riu da cara do perigo e decidiu enfrentar os dinossauros de Spielberg, levando a pior, o astro Tom Cruise deu uma distância segura dos lagartões e estreou seu thriller ‘A Firma’ no dia 30 de junho, uma quarta-feira, quase 3 semanas depois de ‘Jurassic Park’, garantindo assim o topo das bilheterias daquele fim de semana. Com o nome de Cruise à frente do projeto da Paramount, o longa ainda contou com grandes nomes no elenco, como Gene Hackman, Ed Harris e Holly Hunter (que no mesmo ano venceria o Oscar por ‘O Piano’ – sendo indicada por esse filme também). Na trama, escrita pelo romancista John Grisham, um advogado idealista começa a trabalhar numa firma de advocacia misteriosa, que está sendo investigada pela justiça.
Sintonia de Amor
No início dos anos 90, Hollywood ainda vivia a era dos astros. Ou seja, tudo o que bastava para atrair o grande público era o nome de um ator ou uma atriz muito queridos estampando o cartaz de determinado filme. Não que a qualidade do projeto também não fosse determinante. Assim, em meio ao verão norte-americano, entre dinossauros e o novo filme de ação de Arnold Schwarzenegger, um encantador romance da Columbia Pictures (Sony) chamou atenção e se tornou sucesso. O motivo para isso era a química perfeita entre Tom Hanks e Meg Ryan, que já haviam estrelado ‘Joe Contra o Vulcão’ e voltariam a se encontrar em ‘Mens@gem para Você’. Essa é uma das comédias românticas mais queridas da década e apresenta Hanks como um pai viúvo, cujo pequeno filho acredita que está na hora dele seguir com sua vida e arrumar uma nova companheira. Assim, liga para uma rádio e conta a história de seu pai. Ouvindo o programa está a personagem de Ryan, que se encanta com a história. ‘Sintonia de Amor’ estreou duas semanas depois de ‘Jurassic Park’ e embora não tenha conseguido “derrotar” a liderança dos dinos, se tornou a maior estreia daquele fim de semana.
Dennis – O Pimentinha
No mesmo fim de semana de ‘Sintonia de Amor’, estreava a primeira e única adaptação para o cinema do clássico infantil ‘Dennis – O Pimentinha’. O personagem nasceu nas tirinhas de jornais criado por Hank Ketcham, e nos anos 1960 ganharia um seriado com atores reais na TV. Ao longo desta estrada o personagem seguiu na cultura pop, ganhando desenhos animados, por exemplo. Há 30 anos, aproveitando o sucesso de ‘Esqueceram de Mim’ e sua sequência (1990 e 1992), que seguia uma trama parecida, trazendo um menino aprontando todas, a Warner resolveu pegar o gancho e levar aos cinemas o clássico, com o menino Mason Gamble no papel principal, e o veterano Walter Matthau como o sofredor Sr. Wilson. O filme foi um sucesso com a criançada, embora não tenha sido páreo para ‘Jurassic Park’ ou sequer ‘Sintonia de Amor’.
Tina – A Verdadeira História de Tina Turner
Com um dos piores títulos em português da história, assim ficou a tradução para ‘What’s Love Got to Do With It’ (o título original do longa – que também é uma música icônica da cantora). A lendária Tina Turner nos deixou recentemente, mas seu legado segue mais vivo do que nunca. Felizmente, a estrela da música ganhou uma cinebiografia ainda em vida e pôde celebrar seu sucesso nesses 30 anos desde que o filme foi lançado. Quem interpreta Tina Turner no filme é a igualmente maravilhosa Angela Bassett, que saiu da experiência com sua primeira indicação ao Oscar. E quando falamos de filmes corajosos, o único que se dispôs a enfrentar os dinossauros de Spielberg num confronto mano a mano foi ‘Tina’, que teve a tremenda ousadia de estrear no mesmo dia. É claro, buscando um público bem diferente da aventura pré-histórica.
Um Talento Muito Especial
O astro Michael J. Fox será para sempre lembrado pelo atemporal ‘De Volta para o Futuro’ e suas duas continuações. Alguns atores trabalham uma vida inteira e jamais conseguem o sucesso que Fox obteve nesta trilogia, que ainda seguem como alguns dos filmes mais queridos da sétima arte. Mas Fox não ficou só nisso, apesar de nenhum outro projeto seu ter chegado perto do sucesso que é a trilogia sobre viagem no tempo. Há 30 anos, após o relativo sucesso de ‘Dr. Hollywood – Uma Receita de Amor’ (1991), o ator protagonizava ‘Um Talento Muito Especial’ para a Disney (através da Touchstone Pictures). Na história ele vivia um ex-astro mirim, que agora possui uma agência para descobrir o novo sucesso infantil do mercado. ‘Um Talento Especial’ estreou uma semana antes de ‘Jurassic Park’ e se tornou um dos filmes mais esquecidos da carreira do ator.
Culpado como o Pecado
No mesmo fim de semana da estreia de ‘Um Talento Muito Especial’, outro filme se deu bem melhor nas bilheterias, igualmente estreando uma semana antes de ‘Jurassic Park’ e podendo desfrutar do fato. Trata-se do suspense ‘Culpado como o Pecado’, estrelado pela loiraça Rebecca De Mornay, que no ano anterior havia atingido o auge de sua carreira com o thriller ainda muito lembrado ‘A Mão que Balança o Berço’. Assim, o mesmo estúdio resolvia aproveitar a figura da atriz para embalar outro longa de teor parecido. A Disney colocava dois filmes para públicos diferentes nos cinemas uma semana antes de ‘Jurassic Park’: uma comédia para toda a família (‘Um Talento Muito Especial’), através da Touchstone Pictures, e um suspense mais adulto, (‘Culpado como o Pecado’), através da Hollywood Pictures. Dirigido pelo prestigiado Sydney Lumet, a trama apresenta De Mornay como uma advogada, contratada para defender um homem de negócios suspeito de ter matado a própria esposa, papel do eterno Sonny Crockett de ‘Miami Vice’, Don Johnson.
Era uma Vez na Floresta
Fechando a lista das principais estreias de junho de 30 anos atrás, temos uma das animações mais obscuras da história do cinema. Voltando para o terceiro fim de semana de junho, tivemos a estreia de uma animação da 20th Century Fox, produzida pela Hanna-Barbera. Bem que a Disney+ poderia disponibilizar esse filme esquecido em seu acervo, afinal todo filme merece ser descoberto e assistido, até os que passaram abaixo de todos os radares em sua época de lançamento. Na história, um ratinho, uma toupeira e um ouriço partem em uma aventura na floresta atrás de um remédio para o amigo texugo, que foi envenenado pelo homem. A mensagem é ecológica, mas a animação não foi muito bem em sua estreia (você já tinha ouvido falar?), comendo poeira não apenas de ‘Jurassic Park’, como também de ‘O Último Grande Herói’.