O que um duende perverso que só quer seu pote de ouro e corre atrás da estrela de ‘Friends’ tem a ver com Jason Voorhees, um dos assassinos mais icônicos do cinema slasher? O que extraterrestres tem a ver com dinossauros ou cães criados em laboratório para serem máquinas assassinas? O que Stephen King tem a ver com Guillermo del Toro? A resposta para essas perguntas é que todos estão presentes em filmes de terror que completam 30 anos de lançamentos em 2023. Sim, querido leitor, chegou aquela hora de revisitarmos as produções do gênero que tanto amamos em mais uma matéria nostálgica, que nos convida a voltamos três décadas no tempo, para os anos 90, e darmos uma olhada em alguns dos longas de terror que mais marcaram aquela época. Vem com a gente conferir.
Jason Vai para o Inferno
Sim, querido leitor, a icônica franquia slasher ‘Sexta-Feira 13’ possui um exemplar chamado ‘Jason Vai para o Inferno’! Este é nada menos que o nono capítulo da saga do assassino mascarado mais famoso do subgênero. Depois de 8 filmes nos anos 80, a Paramount resolveu que já estava legal da franquia e a vendeu para a New Line, que rapidamente tirou esse projeto do papel. Porém, o novo estúdio resolvia fazer “igual, mas diferente”, mudando um pouco a fórmula e acrescentando elementos nunca mostrados nesta mitologia – como a ligação de Jason com seus parentes, e o vilão ser na verdade uma criatura parasítica passada de corpo em corpo. Muitos dizem que a coisa mais legal é a brincadeira com Freddy Krueger no final.
O Duende
Recentemente escrevi uma matéria dedicada aos 30 anos desse terror trash, que marca a estreia da estrela Jennifer Aniston no cinema. Antes de ficar eternizada como a Rachel de ‘Friends’, a musa ainda bem novinha estrelou essa produção B – afinal é preciso começar de algum lugar. Aniston é acusada de negar a existência desse filme, e quem pode culpa-la? Na trama, um duende maligno é enganado, roubado e aprisionado. Muitas décadas depois, é acidentalmente solto por jovens reformando uma casa de campo. Quem interpreta o vilão de baixa estatura é Warwick Davis, o ‘Willow’ em pessoa. O longa fez sucesso no “submundo” e acabou gerando uma franquia longa, que já dura 8 filmes até 2018.
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Cronos
Primeiro filme de um certo Guillermo del Toro, hoje a produção se tornou cult e um dos filmes de vampiros mais interessantes a serem descobertos pelos aficionados. O diretor mexicano vencedor do Oscar por ‘A Forma da Água’ sempre traz uma veia bizarra em seus projetos, com elementos de terror na maioria de seus trabalhos – ele é um apaixonado pelo cinema de monstros e há 30 anos ganhava sua primeira grande oportunidade de demonstrar todo o talento nessa produção mexicana. Aqui, del Toro brinca bastante com a mitologia dos vampiros, ao apresentar um artefato antigo, uma espécie de escaravelho mecânico, que é a fonte da transformação de pessoas em vampiros.
Trocas Macabras
É quase impossível falar de terror sem falar de Stephen King. O autor é simplesmente o mais adaptado da história, seja no cinema ou na TV – através de filmes ou séries. Então, é claro que não passa um ano sequer sem que tenhamos alguma produção que leva o nome de King. E quando voltamos 30 anos no passado, temos pelo menos três marcantes. A primeira é esta protagonizada pelo saudoso gigante Max von Sydow, Ed Harris e Bonnie Bedelia (‘Duro da Matar’). Quem conhece o trabalho do autor, consegue notar certas semelhanças entre suas obras – e aqui temos muito de ‘Os Vampiros de Salem’, por exemplo, com a história de um homem misterioso abrindo uma loja em uma pequena cidade e sacudindo as coisas por lá. A sacada é que os objetos vendidos no local realizam os desejos dos compradores, mas cobram um preço alto por isso.
A Metade Negra
Outro filme com a assinatura de Stephen King, baseado em um de seus livros. Aqui temos uma nova colaboração entre King e seu colega, o saudoso George A. Romero (o pai dos zumbis no cinema). Os dois haviam trabalhado juntos em ‘Creepshow’ e aqui refaziam a parceria. Na trama, o vencedor do Oscar Timothy Hutton (‘Gente como a Gente’) interpreta um bem-sucedido autor de livros de terror (outro elemento muito usado por King em suas histórias), que descobre segredos familiares obscuros – com forte ligação sobre sua própria personalidade e o pseudônimo que usava em seu trabalho. O texto foi forte influência para ‘Maligno’ (2021), de James Wan.
A Volta dos Mortos Vivos 3
Por falar em George A. Romero, o seu ‘A Noite dos Mortos Vivos’ se tornou uma das obras de terror mais influentes de todos os tempos, patenteando assim a criação dos mortos vivos ou zumbis. Uma das homenagens mais divertidas é ‘A Volta dos Mortos Vivos’, de 1985, que brinca muito com o conceito criado por Romero, adicionando o sabor único dos anos 80 na mistura. O longa ganharia a primeira continuação em 1988. E uma terceira parte, mais barra-pesada, há 30 anos. É deste filme que falamos aqui, que funciona como uma história de amor passada nessa realidade caótica. Somos apresentados a um jovem casal apaixonado. Após um acidente de moto, Julie, a namorada de Curt, termina morrendo. Se sentindo culpado, o rapaz, que é filho de um militar de alta patente do exército, resolve trazê-la de volta à vida com os experimentos secretos do governo que rolavam dentro de uma base, dando início a um novo pesadelo.
Trilogia do Terror
Por falar em mestres do terror, nenhuma lista está completa sem mencionar John Carpenter, o criador da franquia ‘Halloween’ e ‘O Enigma de Outro Mundo‘. Há 30 anos, o diretor lançava uma de suas produções mais obscuras, que até mesmo muitos fãs do cineasta podem não conhecer. Trata-se de um filme feito para a TV, que reúne três contos de horror comandados por Carpenter (‘The Gas Station’ e ‘Hair’) e Tobe Hooper (‘Eye’). Carpenter também apresenta os segmentos, como uma espécie de mestre de cerimônias, no papel de um legista muito macabro.
Trauma
Outra lenda do terror que lançava um filme há 30 anos era o rei do cinema Giallo, o italiano Dario Argento. Aqui, utilizando como protagonista novamente sua filha, Asia Argento, o diretor filma em inglês e conta sobre um tema recorrente em sua filmografia: a caça a um serial killer. Na trama, um jovem casal parte numa investigação própria atrás do assassino dos pais dela, mas a história é mais complexa do que poderiam imaginar, já que possui ligação com fatos ocorridos muitos anos antes.
Os Invasores de Corpos
Uma das ideias de ficção científica e terror mais usadas em produções do gênero, aqui temos a clássica trama dos alienígenas vivendo entre nós, dispostos a nos substituírem por clones de sua própria espécie, assim dominando nosso planeta. Tudo começou na década de 1950, no auge da Guerra Fria, funcionando como grande analogia ao medo do comunismo – em ‘Vampiros de Almas’. Em 1978, ganhávamos a primeira refilmagem modernizando o tema. E novamente há 30 anos, com ‘Os Invasores de Corpos’, numa história envolvendo conspiração governamental dentro de uma base militar.
Fogo no Céu
Por falar em seres extraterrestres como tópico de um filme de terror, esse foi um longa bastante marcante da época – que certamente assustou todos que o assistiram. Produção da Paramount Pictures estrelada pelo sumido D.B. Sweeney, a trama relata uma suposta abdução real de um sujeito no Arizona na década de 1970, por criaturas alienígenas. Simplesmente de arrepiar.
Tommyknockers
Ainda no tema dos visitantes de outro planeta, o misturando com o icônico Stephen King. Sim, o autor já usou este tópico em muitos de seus textos, e um dos mais famosos é este ‘Tommyknockers’, sobre uma pequena cidade assombrada por estranhos acontecimentos, todos ligados à descoberta de uma nave e seres alienígenas numa caverna local. Essa aqui na verdade é uma minissérie em dois episódios, mas quem viveu os anos 90 lembra bem da fita VHS dupla das locadoras. Um remake estava sendo reimaginado por James Wan – mas parece que o projeto está parado.
Carnossauro
Agora pulamos dos Ets para criaturas assassinas. Nenhum outro animal jamais será tão ameaçador para os seres humanos do que os lagartos gigantes conhecidos como dinossauros. Ainda bem que a natureza e a evolução trataram de nos separar deles. Mas no cinema, vira e mexe tal encontro acontece. E aqui, ao voltamos 30 anos no passado, nos deparamos com o lançamento de ‘Jurassic Park’, um filme que inaugurou uma nova era para os dinos nos cinemas. No mesmo ano, uma produção muito cara de pau, chamada ‘Carnossauro’ aproveitava o hype para se beneficiar e apostar muito mais no gore.
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Max – Fidelidade Assassina
No passado, cachorros assassinos já foram tópico de filmes cult de terror. Temos, exemplo, o cão da raça São Bernardo em ‘Cujo’, baseado no conto de Stephen King sobre um cachorro mordido por um morcego, adquirindo raiva e fazendo uma mãe e seu pequeno filho alvo de sua fúria. Depois, com ‘Beethoven – O Magnífico’ (1992) limparam a barra desta raça tão bonachona. O cult ‘Cão Branco’ (1982) falava sobre um cachorro da raça Pastor Alemão Branco, que havia sido treinado por um supremacista branco para atacar somente pessoas negras. O cão é adotado por uma mulher que passa a “desprograma-lo”. Aqui em ‘Max – Fidelidade Assassina’ temos um Rottweiler criado em laboratório que é praticamente um “exterminador do futuro”. Ele é encontrado por uma família que passa a amá-lo, enquanto seu criador o persegue. Quem cresceu na época certamente lembra.